sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O Erro de Guardiola

Imagem extraída do Facebook oficial do Bayern München- www.facebook.com/FCBayern



Agora é fato: Josep Guardiola vai mesmo deixar o Bayern München ao término da temporada 2015-16 e será substituído pelo italiano Carlo Ancelotti. O provável destino do treinador catalão é o Manchester City da Inglaterra.

Guardiola chegou à Baviera em 2013 após um "ano sabático" e assumiu o time que venceu tudo com Jupp Heynckes. Era esperado que o ex-volante faturasse tantos troféus quanto ele conseguira à frente do Barcelona.

O treinador, porém, cometeu um grande erro quando chegou à Alemanha: Guardiola tentou implantar sua filosofia de jogo no Bayern ao invés de criar um esquema tático apropriado aos atletas que tinha à disposição.

Tal erro, aliás, é muito comum entre os treinadores daqui. Os técnicos, quando assumem uma nova equipe, trazem vícios de seus trabalhos anteriores e tentam impor, muitas vezes à força, seu estilo de jogo. Os atletas, obviamente, nem sempre assimilam as novas ideias e acabam entrando em confronto com os comandantes. Ou então, sujeitam-se aos improvisos e acabam atuando fora das posições em que estão habituados a jogarem.



Barcelona na final da Champions League em 2011: a equipe
atuava sem atacantes de referência e a zaga precisava ter saída
de bola. O objetivo era ganhar o meio-de-campo para manter
a posse da bola e tirar os espaços rivais (obtido via this11.com). 



Quando Guardiola conceituou o Tiki-Taka para o Barcelona, ele possuía jogadores com o perfil adequado para tal estratégia: os atletas do Barça eram quase todos baixinhos, fisicamente fracos, mas com excelente controle de bola no chão.

O Bayern, porém, era um time mais físico, de força e movimentação intensa. Seus atletas eram quase todos grandes, melhores no jogo aéreo e nas jogadas individuais velozes. Muitos deles provavelmente não serviriam para o estilo de Guardiola.

O atacante grandão Mandžukić, o lento zagueiro Dante e o volante fortão Schweinsteiger não se adequaram à sua nova realidade e, temporada após temporada, foram dispensados um a um.



O Bayern de Heynckes (esquerda) e o de Guardiola (direita): os esquemas são semelhantes no papel, mas
sua execução é totalmente diferente (imagem obtida via this11.com).



A passagem de Guardiola pelo Bayern não pode ser considerada um fracasso, afinal ele conquistou muitos títulos (cinco até o momento) e manteve a regularidade da equipe na Champions, chegando a duas semifinais consecutivas parando apenas nos rivais que viriam a ser campeões da competição -Real Madrid em 2014 e Barcelona em 2015.

Faltou ao treinador catalão, contudo, a humildade de se aprender com os jogadores. Ele deveria ter criado um estilo de jogo adequado ao perfil de seus atletas ao invés de tentar fazer do Bayern um novo Barcelona. Ou, ao menos, tentar criar um meio termo entre o estilo alemão e o espanhol de jogo, assim como Jürgen Klopp e Thomas Tuchel fizeram no Borussia Dortmund.

Que Guardiola tenha sorte em Manchester e que as três temporadas tenham side de valia para seu aprendizado.



Imagem extraída do Facebook oficial do Bayern München- www.facebook.com/FCBayern



OS ACERTOS DE TITE

Ao mesmo tempo que imaginava os erros que Guardiola cometera no Bayern, pensava nos acertos que Tite teve no Corinthians em 2015. O treinador gaúcho trouxe novas ideias da Espanha após um estágio com Carlo Ancelotti, então treinador do Real Madrid. Tite, porém, não tentou implantar sua nova filosofia de jogo à força. Ao invés disso, ele dispôs seus jogadores em campo de modo que se sentissem confortáveis para jogar. Seu único improviso foi deslocar o meia Jadson para a ponta direita, mas isto em nada prejudicou o desempenho do camisa 10. Se há algo que Tite poderia ensinar a Guardiola é justamente isto: montar um esquema tático adequado aos jogadores é melhor do que tentar adequar os atletas a uma filosofia de jogo pré-determinada.



LEICESTER CITY

Impressiona como o modesto Leicester City vem conseguindo liderar a Premier League à frente dos rivais magnatas, como o Manchester City, o Manchester United e o Chelsea. Em uma liga onde o dinheiro parece ser mais importante do que a qualidade técnica, os Foxes surpreendem e caminham a passos largos rumo ao primeiro troféu na primeira divisão. O futebol praticado não é uma maravilha, com a equipe mais preocupada em evitar os gols do que fazê-los, mas foi a maneira que o treinador Claudio Ranieri encontrou para encaixar os atletas que tinha à disposição.


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