Luiz Henrique foi negociado com o Zenit da Rússia (imagem extraída de www.facebook.com/Botafogo). |
Os clubes-empresas foram apontados por muitos como a solução para o atraso do futebol brasileiro. O modelo faz com que os clubes sejam geridos de maneira mais profissional visto que o controle das instituições estará nas mãos de empresários que visam lucro, e não mais da cartolagem que administra os times de forma quase sempre amadora. As sociedades anônimas de futebol (ou SAFs), porém, não estão livre de desvantagens e o torcedor botafoguense pôde atestar algumas delas durante o final de ano.
As SAFs permitem que um mesmo empresário ou conglomerado possa controlar diversos clubes ao redor do mundo, fazendo com que os times pertençam literalmente a uma "rede" de empresas. O City Football Group Limited, por exemplo, é proprietário do Manchester City, Girona, Bahia, Bolivar e muitos outros. A Red Bull, por sua vez, administra Leipzig, Salzburg, Bragantino, dentre outros. E nas tais "redes", sempre haverá equipes que acabam privilegiadas em detrimento às outras mais periféricas.
O botafoguense mal teve tempo de saborear as conquistas da Libertadores e do Brasileirão em 2024. O Glorioso, exaurido após uma longa temporada, foi eliminado já na estreia do Mundial de Clubes (agora chamado de "Copa Intercontinental") e ainda viu seus melhores atletas irem embora para a Europa. Thiago Almada foi cedido ao Lyon (clube que também pertence ao empresário John Textor) enquanto Luiz Henrique foi negociado com o Zenit. E mais saídas devem se concretizar durante os próximos dias.
Situação semelhante à ocorrida com o Girona: após a campanha histórica do clube catalão em 2023-24 (quanto o time terminou em terceiro em La Liga e se classificou pela primeira vez à Champions League em sua história), seus melhores jogadores foram realocados à "matriz" ou, simplesmente, foram negociados. Assim, Savinho se transferiu para o Manchester City enquanto Yan Couto e Artem Dovbyk foram vendidos por grandes fortunas.
Thiago Almada foi realocado para o Lyon, clube também pertencente a John Textor (imagem extraída de www.facebook.com/Botafogo). |
Parte das atitudes de John Textor se devem à situação do Lyon: os Gones descumpriram as regras de Fair Play financeiro na França e agora o empresário precisa fazer caixa para evitar o rebaixamento do clube ao final da temporada. Assim, o empresário decidiu "sacrificar" o Botafogo (que estava com o elenco valorizado) para salvar a sua "matriz" na Europa. Em paralelo a estes fatos, o Glorioso recusou uma proposta de aumento ao treinador Artur Jorge (que se transferiu para o Catar) e ainda atrasou a premiação do elenco (referente aos títulos conquistados em 2024).
O Botafogo, logo, não passa de uma "filial" no conglomerado de John Textor, cuja prioridade é o futebol europeu justamente por ser o mais lucrativo. Ainda que o Glorioso conquiste títulos, sua função principal na "rede" é projetar jogadores para abastecerem as "matrizes" europeias ou, então, negociados por grandes fortunas. O mesmo vale para o Red Bull Bragantino e também ao Bahia.
Torcedores podem reclamar do desmanche sofrido pelo Botafogo mas empresários adquirem clubes com o mero propósito de obter retorno financeiro. E não há nada de errado nisso sob o ponto de vista legal visto que Textor não cometeu nenhum crime em suas atitudes e o capitalismo é amoral.
As SAFs, portanto, surgem como possível solução para acabar com o atraso e o amadorismo que impera no futebol brasileiro há anos. O modelo, porém, não é perfeito e há uma série de desvantagens como estas explanadas neste post. Resta ao botafoguense se conformar com o desmanche do elenco e torcer para que as reposições mantenham a competitividade do time. Quem sabe com novos títulos, o Glorioso não se torne mais lucrativo e possa ascender sua posição na "rede" empresarial de John Textor.
O elenco campeão da Libertadores 2024. Quem será o próximo a ir embora (imagem extraída de www.facebook.com/Botafogo)? |
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