segunda-feira, 31 de agosto de 2020

VARzea?

O equipamento do VAR danificado pelo goleiro Gatito Fernández
(imagem extraída de www.facebook.com/desimpedidos/)



O VAR (sigla para video assistant refree -"assistente de árbitro por vídeo", traduzido do inglês) foi protagonista em pelo menos dois jogos do Brasileirão neste último final de semana. O recurso foi utilizado para anular dois gols do Santos contra o Flamengo e também dois tentos do Botafogo contra o Internacional. No último caso, o goleiro Gatito Fernández, do Fogão, não se conteve e danificou o monitor utilizado pela arbitragem (veja na foto acima).

O VAR vem sendo utilizado no Brasileirão desde o ano passado. O recurso foi implantado às pressas após pressão de alguns clubes insatisfeitos com os frequentes erros da arbitragem. O, então, novo dispositivo gerou muitas controvérsias entre clubes, árbitros e mídia. E continua desencadeando muitas discussões a respeito de sua utilização.

O novo recurso, de fato, ajuda a minimizar erros de arbitragem, porém sua aplicação ainda é confusa e nem sempre trivial. Não foram raros os casos em que o árbitro de campo se negou a revisar lances duvidosos por vídeo a despeito dos apelos de jogadores. Ademais, ficou bastante claro que o VAR não é infalível, podendo gerar erros dependendo do posicionamento das câmeras ou da interpretação de seus operadores.
 
 
 

Imagem extraída de www.facebook.com/desimpedidos/



O VAR, como disseram e escreveram muitos comentaristas, veio para ficar. A mudança dificilmente terá volta visto que o recurso foi implantado justamente para acabar com as polêmicas envolvendo a arbitragem, algo sempre desejado pelos próprios clubes.

A execução, contudo, ainda é falha e requer muitas melhorias. Como o recurso é novo mesmo no exterior, ainda há alguns erros crassos atribuídos ao recurso. Durante a Copa das Confederações de 2017, por exemplo, um jogador do Camarões foi expulso de forma incorreta durante partida contra a Alemanha após revisão do lance através do VAR.

As melhorias, obviamente, vêm com o tempo e à medida que a arbitragem vai se adaptando (e aceitando) o novo recurso. O VAR necessita de mais agilidade (as avaliações levam tempo em demasia para serem realizadas), mais câmeras ou melhor posicionamento destas (eu recomendaria a adição de drones) e mais transparência nas análises -as reclamações dos jogadores seriam atenuadas se as imagens dos lances em questão fossem exibidas em um telão no estádio, o que acabaria imediatamente com qualquer dúvida.

O VAR, a despeito das polêmicas, é um caminho sem volta. O recurso foi implantado para acabar com as injustiças em campo. A tecnologia utilizada ainda não é perfeita e nem isenta de erros, mas as melhorias só virão com o tempo.



Imagem extraída de www.facebook.com/desimpedidos/


 
 

domingo, 30 de agosto de 2020

Entrevista: a Baixa Popularidade do Handebol no Brasil





Bom dia, querido leitor e leitora!

Esta é a segunda entrevista que realizo em meu blog. Perguntei informalmente a meus amigos qual deveria ser o assunto, handebol ou rúgbi. A maioria deles optou pelo handebol. Não se preocupem porque futuramente farei uma entrevista sobre rúgbi nos mesmos moldes.

Escolhi estas modalidades porque elas são pouco populares entre o público brasileiro a despeito de serem bastante praticadas em escolas e, principalmente, universidades.

O handebol, em especial, tinha tudo para explodir no Brasil, mais precisamente em 2013 quando a seleção feminina conquistou pela primeira vez o mundial da categoria na Sérvia -o canal Esporte Interativo, que era aberto via internet e UHF na época, cobriu a competição.

A modalidade, porém, teve um aumento de popularidade tímido em terras tupiniquins mesmo com o campeonato inédito. O handebol não teve a mesma sorte de tênis, surfe ou MMA, cujos títulos geraram aumento do interesse do público.

O blog Farma Football, pensando nisso, resolveu ouvir as opiniões de jogadores e ex-jogadores de handebol da Faculdade de Ciências Farmacêuticas para descobrir o que falta à modalidade para que consiga a mesma popularidade do futebol, vôlei, basquete e afins.






Farma Football- Nome completo

Aurélio- Aurélio Pedrazzoli Neto

Beatriz- Beatriz Barbuy Paes de Almeida

Johnny- Johnny Francisco da Silva

Juliana- Juliana Bistriche 

Natalia- Natalia Castro



FF- Há quanto tempo você joga handebol? Ou durante quanto tempo você jogou handebol no caso de ex-praticante?

Aurélio- Comecei a jogar handebol no 6°ano do colégio e fui obrigado a parar quando entrei no primeiro do ensino médio. Só regressei ao esporte no 2° ano de faculdade e estou no time desde então.

Beatriz- Cinco anos.

Johnny- Desde que entrei na faculdade em 2014. Entrei no time no final de maio acredito.

Juliana- Comecei a treinar em 2002, na Escola da Vila.

Natalia- Oito anos.



FF- Em qual posição você joga, ou jogava no caso de ex-praticante?

Aurélio- Minha posição principal é ponta direita, mas às vezes jogo na meia direita também.

Beatriz- Central.

Johnny- Goleiro.

Juliana- Oficialmente, durante a faculdade eu treinei para jogar de central, ponta esquerda e meia direita ou esquerda. Mas, dependendo do jogo, já joguei de pivô e fui no gol (risos)... 

Natalia- Ponteira direita.



FF- Quantos títulos você conquistou pela sua faculdade?

Aurélio- Duas medalhas de prata e uma de ouro.

Beatriz- Três, duas pratas e um ouro.

Johnny- Fomos vice-campeões da Série Laranja da Copa USP em 2014, Vice-campeões da série B da NDU em 2015, Campeões do Copa Farma de 2015, Vice-campeões da Série Prata do Torneio EEFE, Vice-campeões da Série Laranja da Copa USP em 2017, Campeões da série D da NDU em 2018, Campeões da Série Prata dos Jogos da Liga em 2018, Vice-campeões da série laranja da Copa USP em 2019 e Vice-campeões da Série Prata dos Jogos da Liga em 2019.

Juliana- Pela Farmácia conquistamos a Copa USP e os Jogos da Liga. A gente foi vice nas duas participações do CaipirUSP, estamos esperando muito o ouro na próxima edição!!! 

Natalia- Um.



FF- Como você se interessou pelo handebol? Se quiser, conte um pouco de sua trajetória na modalidade.

Aurélio- Sempre gostei muito de esportes, mas no colégio o pessoal só jogava futebol, modalidade na qual eu era muito ruim. No 6° ano, passaram a ter treinos de handebol extracurriculares. Eu por ser um esporte diferente e desconhecido para mim, resolvi tentar. De cara curti muito o esporte. Gostava da dinâmica, da correria e principalmente do fato de eu não ser tão ruim quanto no futebol. Mesmo após ficar um tempo sem jogar, por conta de um período de estudos pré-vestibular, quando retomei o esporte na faculdade, a paixão só cresceu e é atualmente uma das minhas atividades favoritas.

Beatriz- Sempre joguei handebol, desde a época do colégio. Praticava nas aulas de educação física e treinava com o time da escola.

Johnny- A princípio eu entrei no time devido a galera que treinava o handebol e rúgbi. Assim que entrei na faculdade, entrei no time de rúgbi e tive bastante contato com os veteranos e eles ficaram me chamando pra jogar o handebol também. Somei isto ao fato de que joguei todos os esportes coletivos no BICHUSP (n.e.: torneio esportivo realizado entre os ingressantes da Universidade de São Paulo) e o handebol foi um dos que mais gostei de jogar -apesar de ter enfrentado alguns "rebixos" (n.e.: alunos que ingressaram novamente na universidade) logo no primeiro jogo, sendo que naquela época o torneio era com eliminação direta, só joguei uma partida. 

Juliana- Eu comecei a treinar na Escola da Vila. O projeto pedagógico da escola estimula a prática de esportes. A gente tinha diversas competições internas, externas e internacionais, festa para homenagear os atletas... Eram poucos os alunos que não treinavam. Além do estimulo da escola, eu tenho 3 irmãos mais velhos que treinavam handebol e outros esportes, e eles acabaram me influenciando também. Na escola eu cheguei a treinar handebol, vôlei, futsal e escalada, mas a minha paixão sempre foi o handebol. Tanto é, que é a modalidade que eu carrego comigo até hoje. Muitos atletas e técnicos de handebol do pinheiros e da seleção eram da escola da Vila, então sempre foi um desafio e um aprendizado enorme participar do time, estimulando cada vez mais. Teve um ano que até tentaram me levar para participar da peneira para jogar pelo Pinheiros, mas acabei desistindo... Continuei praticando depois de entrar na faculdade, pela Farmácia USP, mas depois de duas cirurgias por lesão de LCA (n.e.: ligamento cruzado anterior, localizado atrás do joelho) estou um pouco mais distante, pensando em me cuidar...

Natalia- Conheci o esporte ainda no colégio. Quando comecei a faculdade, de todos os esportes oferecidos era o que mais me interessava. Gosto do fato de que é uma mistura de explosão e estratégia.



FF-  O handebol não é muito popular entre o público brasileiro de modo geral. Para você, o que falta para que a modalidade consiga mais adeptos no país?

Aurélio- Acho que é um canal que tem pouquíssima visibilidade no país. De um lado, os jornais, canais de televisão e até mesmo redes sociais falam muito pouco de handebol, passam pouquíssimos jogos na televisão também. Por outro lado, ainda é um dos esportes coletivos menos praticados no país, sendo até que raro um contato inicial de crianças e jovens com o esporte na escola, e consequentemente a modalidade acaba ficando um pouco desconhecida.

Beatriz- Apoio financeiro.

Johnny- O Brasil tem um problema crônico no que diz respeito aos esportes, e o nome é mídia. A partir do momento que todos só consomem futebol na TV aberta, que até muito recentemente era o único meio de atingir a grande massa, a tendência é que o público só se interesse por futebol. Só de haver transmissões esporádicas da seleções de vôlei na TV já podemos perceber que há uma popularidade maior do esporte se comparado com os demais que não o futebol. Enviei recentemente um e-mail em formato de carta para o canal SporTV, comentando sobre tal assunto, pois um canal que se vangloria de ter a melhor transmissão das olimpíadas, não deveria negligenciar os esportes durante as competições regulares.

Juliana- Acho que não tem muito o que falar. A nossa cultura voltada totalmente para o futebol tira visibilidade e investimento das outras modalidades. O handebol acaba ficando muito distante da população. Tem muitas pessoas que nunca nem ouviram falar desse esporte... (n.e.: posteriormente, a entrevistada declarou que, segundo o treinador Washington Nunes em palestra, o handebol era sempre visto como um jogo violento, com muitas faltas; mas que vem transformações/adaptações tornando o jogo mais fluido e agradável de se assistir).

Natalia- Acho que precisa de mais cobertura da mídia.



FF- Você chegou a acompanhar os mundiais de handebol em algum canal de televisão? Se sim, mencione o canal e diga o que achou da cobertura da emissora.

Aurélio- Na televisão os únicos jogos que assisti foram os das olimpíadas. Mas no geral, os jogos que eu assisti de handebol foram ou reprises no YouTube, ou pelo ehftv.com (n.e: European Handball Federation TV, canal pertencente à federação de handebol europeu). Esse site é gratuito e transmite vários jogos de handebol, ele é ótimo para quem tem interesse em acompanhar um pouco mais sobre a modalidade.

Beatriz- Sim, EHFTV. A cobertura é só de jogos da Europa, mas é muito boa. O mundial nem foi transmitido por falta de verba.

Johnny- Infelizmente o mundial de 2019 não foi transmitido por nenhum canal nacional. Acompanhei os jogos junto com os outros rapazes do time por meio de transmissões internacionais, em sites piratas que caíam diversas vezes durante a partida.

Juliana- Sempre que possível, eu acompanho. Acho que já vi na SporTV, mas normalmente vejo pela internet... 

Natalia- Sim. Esporte Interativo era o meu canal de escolha. Agora morando nos EUA, às vezes, consigo assistir por um dos canais da ESPN, mas a cobertura aqui é ainda mais restrita do que no Brasil.







FF- As seleções brasileiras apostaram bastante em treinadores estrangeiros (Morten Soubak, Jordi Ribera, Jorge Dueñas, ...). O que falta, em sua opinião, aos treinadores daqui?

Aurélio- Eu acho que essa expectativa de treinadores estrangeiros muito se dá devido a cultura que o handebol não tem muito no Brasil, mas tem nesses outros países. Talvez as pessoas acreditem que falta um pouco conhecimento e experiência para os treinadores brasileiros comparado aos estrangeiros, porém acredito que esse cenário esteja se alterando. Tive a oportunidade de ter contato com pessoas que participaram da comissão técnica da seleção e sinto que há um grande vontade por parte de vários profissionais de aprender e entender melhor o esporte. E acredito que isso elevara os níveis dos treinadores aqui no Brasil.

Beatriz- Acho que na verdade não depende dos treinadores. Não adianta os treinadores irem atrás de jogadores estrangeiros se não têm dinheiro suficiente pra pagar os jogadores. Tudo se inicia pelo incentivo financeiro.

Johnny- Acredito que falte uma liga local em um nível superior à atual. Por mais conhecimento que os treinadores e aspirantes a treinadores daqui conquistem, há fatores que freiam o crescimento deles: o primeiro é a quantidade de times realmente competitivos, a liga nacional masculina por exemplo ocorre desde 1997 e só teve 5 campeões diferentes; e segundo é o nível de maneira geral, um campeonato com um nível técnico superior exige e proporciona um desenvolvimento do técnico. Porém Washington Nunes está de volta e acredito em um excelente trabalho dele.

Juliana- Visibilidade e acabar com a crença de que treinadores estrangeiros são melhores. Nós temos técnicos excelentes aqui no Brasil, que estão cada vez mais capacitados. Se você for ver as seleções de base, no decorrer do tempo, tivemos muitos técnicos brasileiros. Com certeza todos esses técnicos estrangeiros tiveram uma importância grande para a história do handebol nacional. Trouxeram uma bagagem grande e ensinaram demais, ajudando a capacitar ainda mais os técnicos brasileiros. O atual técnico da seleção masculina, Washington Nunes, é brasileiro e é um excelente profissional! Ele era assistente do Jordi e fala que aprendeu muito com ele. Ele conseguiu um feito inédito com a seleção no mundial em 2019, mas acabou sendo demitido depois da seleção ter sido eliminada nas semifinais do Pan... Esses dias o confederação voltou atrás e reconheceu todo o trabalho do Washington, que acabou voltou para o comando da seleção!!

Natalia- Acredito que mais exposição. E experiência. Como o esporte é relativamente "novo" e o Brasil começou a sua história meio que recentemente, fica a impressão que a solução tem que vir do exterior.



FF- A maioria dos jogadores convocados atua em países europeus como Hungria, Espanha, Romênia e França. Em sua opinião, o que os clubes daqui precisam oferecer aos atletas para que possam competir mais em nível internacional?

Aurélio- Acho que não só os clubes, mas em geral todo mídia esportiva do país tem que dar mais visibilidade e suporte, tanto estrutural quanto financeiro, para os jogadores de todas as categorias (desde a base até o profissional). Acredito que mesmo sendo um esporte desconhecido, o Brasil tem ótimos jogadores e grandes nomes para serem possíveis futuras estrelas no esporte, mas que acabam perdendo um pouco de motivação, pela falta de incentivo do handebol em geral no país.

Beatriz- Incentivo financeiro, mas não da parte dos clubes, e sim da mídia e dos investidores.

Johnny- No Brasil, infelizmente é difícil viver financeiramente de algum esporte que não seja o futebol. Mais uma vez preciso jogar parte da culpa na mídia, mas fica muito difícil conseguir patrocínio e apoio das empresas quando não se pode oferecer um retorno grande de exposição. Os baixos salários, estrutura dos clubes e campeonatos (ginásios, calendário, nível de competição...) e um reconhecimento maior por parte do público, não deixam dúvidas na cabeça dos atletas na hora que lhes surgem uma oportunidade de atuar fora do Brasil.

Juliana- Um atleta não consegue se dedicar inteiramente ao handebol aqui no Brasil e os salários são muito baixos, é difícil segurar esses atletas aqui. E não culpo só os clubes, é uma questão cultural/estrutural. 

Natalia- Acredito que incentivo financeiro e a criação de uma liga competitiva. Fazendo um paralelo com o vôlei, há algum tempo atras, foi feito um incentivo financeiro e a criação da Superliga no Brasil. Com isso, os clubes brasileiros passaram a ser uma alternativa aos clubes europeus para os atletas.



FF- O brasileiro, de modo geral, aumenta seu interesse por um esporte com os títulos. A Seleção Feminina conquistou o mundial em 2013 e, mesmo assim, não houve aumento do interesse na modalidade. Por que você acha que isto aconteceu?

Aurélio- Mais uma vez acredito ser por conta da visibilidade que a mídia esporte dá para essa modalidade. A equipe feminina de handebol do Brasil é fortíssima, porém muitas pessoas não sabem nem que o Brasil tem um time feminino de handebol, e muito menos os títulos que ele conquistou.

Beatriz- Desde essa época o incentivo financeiro vem caindo. Por exemplo, em 2018 ou 2019 o Banco do Brasil era um dos maiores financiadores e por isso foi cancelada a transmissão.

Johnny- O titulo foi muito comemorado pela comunidade do handebol, porém não chegou ao conhecimento do grande público ou chegou de maneira sutil. O Esporte Interativo fez uma excelente transmissão dos jogos, porém infelizmente o canal não possui o alcance necessário para alavancar uma modalidade.

Juliana- Aumentou muito a visibilidade da modalidade e o número de praticantes na época mas, com o tempo, foi diminuindo novamente. 

Natalia- Acredito porque mesmo com a vitoria das meninas, a mídia não ajudou! O futebol ainda é bem predominante na TV.



FF- Você acredita que o esporte universitário pode ajudar o handebol no Brasil de alguma maneira?

Aurélio- Sim, acredito que o esporte universitário auxilia tanto na parte estrutural quanto na divulgação do esporte. Muitas pessoas passam a conhecer a modalidade por parentes ou amigos que jogam na faculdade. Além disso, com o aumento do número de pessoas jogando. Há também o aumento de campeonatos, que consequentemente gera um aumento de audiência. A medida que o esporte se torna mais conhecido, as pessoas passam a criar um maior interesse pelo mesmo, e cada vez mais e mais pessoas passam a prática e a modalidade. Há também os talentos que são descobertos na faculdade e são chamados para jogar em clubes nos anos seguintes. E ter atletas de clube jogando no nível universitário eleva o nível das competições, o que é muito positivo para quem pratica a modalidade.

Beatriz- Não exatamente. Talvez o esporte universitário dê mais visibilidade para o esporte já que envolve milhares de pessoas. Porém acredito que o esporte infantil deveria ser incentivado, para criar uma base sólida.

Johnny- Acredito, sim. Se por um lado falta espaço para os técnicos em equipes competitivas nos clubes, sobra espaço nas equipes universitárias. Muito mais que um laboratório de novos atletas, o handebol universitário vem revelando excelentes técnicos. Além disto, o cenário universitário ajuda a popularizar o esporte. Muitas vezes pessoas que nunca viram um jogo de handebol se deparam, durante os jogos universitários, dentro do ginásio torcendo e tentando entender um pouco da modalidade.

Juliana- Com certeza. Contribui com visibilidade e apoio a modalidade.

Natalia- Sim. A maioria dos atletas profissionais americanos (se não todos) saem da liga universitária. Um modelo parecido poderia ser utilizado no Brasil. 




FF- De que maneiras o handebol ajuda ou ajudou você?

Aurélio- O handebol moldou muito do meu caráter atual. Sempre tive o esporte como prioridade para mim, tento não faltar em treinos, aprender com meus erros, ficar atento ao que os companheiros de equipe fazem e falam. E essas coisas, querendo ou não, acabam se arrastando para outros espectros da vida, passei a ser uma pessoa mais organizada e disciplinada com as tarefas em geral. Posso dizer até que o handebol me ajudou a conseguir meu primeiro emprego, pois durante o processo seletivo, pediram que eu escrevesse uma redação de tema livre, e eu escrevi sobre o quanto o meu time de handebol era importante para mim, e o quanto eu gostaria que a minha equipe de trabalho fosse assim também. Sem falar que grande parte dos meus amigos mais próximos são esses caras, que dividem quadra comigo, estamos sempre juntos, vitória ou derrota.

Beatriz- Totalmente. Fazer parte de um time te faz entender muitas coisas em relação à vida profissional, como comportamento, liderança, parceira, submissão e muitos outros aspectos.

Johnny- Tanto o handebol, como o rúgbi e, mais recentemente, o vôlei me trouxeram muitas coisas boas. De lá vieram meus melhores amigos. É lá que eu me mantenho fisicamente ativo, onde consigo recuperar um pouco da saúde mental. Sei que posso contar com todos os meus colegas de time e isso me trás muita segurança para a vida.

Juliana- Nossa, o handebol sempre foi muito importante em todas as áreas da minha vida. Começou na escola. Para treinar todas as modalidades que eu tinha de ir bem na escola (era uma acordo que eu tinha com o pessoal da escola e com a minha mãe). Eu precisei de bastante organização e disciplina. O esporte sempre me ajudou muito no equilíbrio mente X corpo. Às vezes até sinto que sou viciada porque faz uma diferença enorme na minha vida (risos). O esporte também traz uma compreensão de construção coletiva e individual muito grande, que ajuda demais no nosso desenvolvimento. Por exemplo: pensando coletivamente, muitos trabalhos são feitos por um time e precisamos saber nos comunicar e trabalhar em equipe. Pensando no individual, tudo na vida depende de treino e determinação. Quanto antes você começa a praticar isso, melhor seu desenvolvimento. E claro, a família que a gente constrói dentro do time é uma das melhores coisas. Você tem a oportunidade de conhecer pessoas que talvez nunca nunca conheceria e isso também traz aprendizados incríveis.   

Natalia- A maioria dos meus amigos de faculdade eram dos times, eu fui DM (n.e.: diretora de modalidade) e isso ajudou com minha habilidade de gerenciamento. Sempre adorei esportes e o handebol me ajudou a manter meus hábitos saudáveis durante a faculdade.


FF- Em alguns países existe a possibilidade do esportista universitário se profissionalizar em sua modalidade. Você gostaria de seguir no esporte caso houvesse a oportunidade?

Aurélio- Sim, seria um sonho. Como eu havia falado anteriormente, tenho uma grande paixão por esportes. E só de imaginar a ideia de poder viver disso é algo que me empolga, uma realização dessas me deixaria muito feliz. E mesmo que não consiga me profissionalizar, pretendo continuar no esporte por um bom tempo ainda, pois acho que já faz parte da minha rotina e sinto que isso me faz muito bem.

Beatriz- Sim.

Johnny- Pretendo continuar batendo bola com os meus amigos após concluir a faculdade, porém com certeza não no profissional (risos). Não tenho capacidade técnica para isso.

Juliana- Eu amo esporte, mas nunca pensei como uma profissão. Até quando eu era menor, pensei em participar da seleção do Pinheiros, mas acabei desistindo, acho que nunca quis (risos).

Natalia- COM CERTEZA! Mas nunca fui boa o suficiente para isso...



FF- Você gostaria de deixar alguma mensagem aos calouros e aos interessados em praticar handebol?

Aurélio- Aos calouros e a qualquer pessoa que tenha interesse em treinar handebol. Deem uma chance a esse esporte, ele é transformador, hoje em dia posso alegar que sou uma pessoa muito mais feliz, e muito mais madura por conta do esporte, e grande parte dos melhores momentos que tive na faculdade vieram daí. Conheci pessoas incríveis que gostaria de levar para o resto da minha vida, e acho que atividades assim são essenciais na formação de seres humanos. Venham calouros, o handebol está pronto para receber vocês de braços abertos!!

Johnny- Experimentem o esporte, ele irá agregar diversas coisas na sua vida. Independente de ser ou não o handebol, o esporte é algo que vai te ajudar muito.

Juliana- O esporte traz oportunidades e ensinamentos muito importantes para nosso desenvolvimento como pessoa, como profissional, como estudante... Mesmo que você nunca tenha praticado nenhum esporte, dê uma chance, principalmente na faculdade. Todo mundo começou sem saber correr e respirar ao mesmo tempo (risos), então não fiquem envergonhadas. Com o tempo, o desenvolvimento vai se construindo!! As veteranas sempre estarão para ajudar e não só dentro de quadra. O apoio é uma das melhores coisas que tem! Treinem!!! 

Natalia- Eu aconselho todo mundo a fazer parte de um time. Handebol era a minha paixão de faculdade... A ligação que você cria com os seus colegas de time é muito forte. Acredito que parte da experiência universitária passa pelo esporte.



Agradecimentos muito especiais ao Aurélio, à Beatriz, ao Johnny, à Juliana e à Natalia pelas entrevistas e por compartilharem um pouco de suas experiências no handebol com o blog! MUITO OBRIGADO!








sábado, 29 de agosto de 2020

Auba e T'Challa

Aubameyang imitando o personagem "Pantera Negra", interpretado por
Boseman no cinema (reprodução www.instagram.com/aubameyang97/).



Confesso que nunca tinha ouvido falar do ator Chadwick Boseman que faleceu ontem aos 43 anos em decorrência de um câncer. Eu sequer assisti ao seu trabalho mais lembrado, o filme "Pantera Negra", filmagem sobre um herói homônimo da editora Marvel Comics. Nem estava pensando em fazer um texto sobre o artista.

Apenas hoje eu descobri a profunda relação do ator com o esporte. Boseman havia interpretado nos ciemans Jackie Robinson (primeiro jogador negro a se profissionalizar e conquistar a liga de baseball norte-americana) além de ser amigo de muitos esportistas. Com os feitos, o artista ganhou importância na luta contra o racismo e sua morte ocorreu justamente em um momento quando protestos contra o preconceito explodiram novamente.
 
O atacante gabonês Pierre-Emerick Aubameyang estava entre os muitos fãs declarados de Boseman. Com o sucesso do filme, o jogador passou a comemorar seus gols imitando os gestos da personagem "Pantera Negra" e até utilizando a máscara do herói, criando uma grande identificação entre ambos.


Auba fez questão de homenagear Boseman, dentro e fora de
campo (imagem extraída de www.facebook.com/Arsenal/)
 
 
 
Para os que acreditam em destino, podemos dizer que ele foi generoso com Aubameyang no dia de hoje. O gabonês foi a campo contra o Liverpool em partida válida pela FA Community Shield, a supercopa da Inglaterra, e anotou o gol do Arsenal -os Reds empatariam no segundo tempo com gol de Minamino. O jogo, que terminou em 1 x 1, inevitavelmente seria decidido nos pênaltis.

Auba cobrou o último pênalti e garantiu o título para os Gunners (Arsenal 5 x 4 Liverpool, com  Brewster errando sua cobrança para os Reds). O gabonês fez questão de prestar muitas homenagens ao seu ídolo, dentro e fora de campo.

A identificação de Aubameyang com o Pantera Negra não poderia ser mais oportuna. O gabonês, em um dia iluminado, decidiu a partida para o seu time e pôde trazer um pouco de alegria em uma ocasião tão melancólica. Era quase como se Boseman estivesse clareando os caminhos de seu ilustre fã.

Aubameyang foi o grande herói do Arsenal na partida de hoje. E Boseman foi o herói do herói.

#WakandaForever



Imagem extraída de www.facebook.com/Arsenal/

 


Vidas Negras Ainda Importam

 

Imagem extraída de www.facebook.com/milwaukeebucks/
 
 
 
O preconceito contra negros nos Estados Unidos tem motivação histórica, mais precisamente na Guerra de Secessão, guerra civil entre Yankees e Confederados ocorrida em meados do Século XIX. 

A abolição da escravatura, defendida pelos Yankees, foi um dos motivos que desencadearam o embate que terminou com vitória dos abolicionistas.

Ficou o rancor dos derrotados contra os afrodescendentes como uma herança da batalha, algo que continua a ser praticado até os dias de hoje.

Muitos negros nascidos nos Estados Unidos têm origem humilde. Grande parte deles já sentiu na pelo o ódio motivado pelo racismo.

O esporte acaba se tornando um meio para que estas pessoas consigam se inserir e se afirmar na sociedade. Muitos dos grandes jogadores da NBA são negros que tiveram infância pobre.

O esporte também torna-se um poderoso canal de comunicação. Atletas, que são pessoas públicas, utilizam suas imagens para divulgar mensagens e apoiar causas.

Uma destas causas foi justamente o Black Lives Matter ("vidas negras importam", traduzido do inglês), motivado pela morte de George Floyd, um homem negro, pelas mãos de um policial.

A grande maioria dos jogadores participantes da NBA abraçou a causa.



Imagem extraída de www.facebook.com/milwaukeebucks/



Um novo caso de violência policial contra um homem negro veio à tona na semana passada. Jacob Blake recebeu sete tiros pelas costas.

Jogadores do Milwaukee Bucks, revoltados com mais este incidente, recusaram-se a entrar em quadra contra o Orlando Magics na última quarta-feira.

Exigiam mais respeito às pessoas negras e ações mais rígidas contra o racismo.

A atitude dos Bucks ganhou apoio dos adversários (os Magics também recusaram-se a jogar), dos próprios dirigentes do clube, de outras equipes da NBA e de dezenas de esportista ao redor do mundo.

A NBA parou mais uma vez.

Manifestações e protestos ganharam força novamente.

As feridas do caso George Floyd estavam abertas mais uma vez.

Organizadores, preocupados com o andamento da competição, fizeram um acordo com os jogadores. Prometeram dar mais atenção às manifestações dos atletas.

A NBA deve voltar esta noite.

Resta saber se após mais esta série de manifestações, as mudanças revindicadas pelos jogadores enfim chegarão. Ou se será necessário que mais derramamento de sangue cause a erupção de novos protestos.

Os jogadores, independente de terem ou não suas revindicações atendidas, já deram o recado.

Vidas negras ainda importam.



Imagem extraída de www.facebook.com/milwaukeebucks/




sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Sem Saída

Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc/



Hoje, em princípio, faria um post dedicado aos protestos contra o racismo na NBA, o que causou uma crise e suspensão de vários jogos da liga, mas optei por postergar sua publicação porque eu não estava totalmente a par dos acontecimentos. Estou publicando este texto para não deixar o blog sem atualização enquanto elaboro o texto sobre os incidentes nos Estados Unidos.

Têm sido frequentes casos de jogadores que buscam rescisão contratual com seus clubes na justiça. Gustavo Scarpa com o Fluminense, Fred com o Cruzeiro, e tantos outros. Há casos em que a atitude do atleta se justifica, afinal não raros os casos de atrasos nos salários ou ameaças por parte de torcedores, argumentos bastante utilizados pelos esportistas para requererem a saída de seus times.

Há, porém, ações que são movidas em circunstâncias suspeitas. Os clubes quase sempre contra-argumentam que jogadores que buscam a justiça para rescindirem seus contratos o fazem motivados pela ação de empresários ou porque há interesse de outros clubes nos atletas em questão.

Everson, o goleiro apresentado aqui neste post, buscou a justiça para se desvincular do Santos. O arqueiro, junto com o atacante Eduardo Sasha, acionaram o clube alegando atrasos em seus respectivos vencimentos. Dirigentes santistas contra-argumentaram alegando que o ex-treinador do Peixe, Jorge Sampaoli (atualmente no Atlético-MG) estaria induzindo os atletas a tomarem tal atitude para assinarem com o Galo.

Sasha acabou fazendo um acordo com o Santos e assinou com o Atlético-MG, mas Everson acabou derrotado em primeira instância e foi obrigado a permanecer na Baixada Santista. O goleiro, inclusive, já foi reintegrado ao elenco (deverá ser aproveitado pelo treinador Cuca) e terá de se esforçar para limpar seu nome ante sua torcida.
 
 
 

Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc/



Everson, naturalmente, buscou seus direitos na justiça. A relação entre clube e jogador deve ser como a de uma empresa e funcionário, com a instituição pagando em dia o que está em contrato e o trabalhador honrando esse salário. Era justo, portanto, que o atleta buscasse o que a instituição lhe devia.

Utilizar a justiça, porém, deveria ser o último recurso para um jogador buscar seus direitos ou para se desvincular de um clube. Com a atitude, o jogador acabou se "queimando" no Santos e dificilmente terá clima para continuar atuando no time.

O jogador escreveu um post em suas redes sociais alegando arrependimento por suas atitudes, mas terá de fazer muito mais para reconquistar a confiança do clube, colegas e torcedor. Talvez sua relação com fãs e instituição nunca mais seja a mesma.

O meio judicial, sem dúvida, é uma maneira de um jogador buscar seus direitos ou de deixar um clube. Há possibilidade de sucesso, como aconteceu com muitos atletas. Mas há também a possibilidade do requerente perder a causa e ter de arcar com as consequências.



Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc/




quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Mal Necessário?

 

Imagem extraída de www.facebook.com/fcbarcelona/



2008. O Barcelona encerrou a temporada sem um troféu sequer. A fantástica geração bicampeã da Champions League (Ronaldinho, Eto'o, Deco, ...) já não encantava e nem decidia os jogos como na primeira metade daquela década. A ideias do treinador Frank Rijkaard também já não pareciam suficientes para fazer o time reagir. Eram necessárias mudanças.

O clube demitiu Rijkaard e apostou no então pouco conhecido Josep "Pep" Guardiola, então treinador do time B do Barça. O catalão promoveu uma verdadeira revolução na equipe principal ao dispensar estrelas como Ronaldinho e Deco (Eto'o deixaria o clube mais tarde, em 2009) para dar mais espaço às pratas da casa como Xavi, Iniesta e Busquets. O resultado? O comandante revolucionou o futebol com seu Tiki-Taka, conquistou a Champions League duas vezes (2009 e 2011) e devolveu ao Barcelona o respeito que a instituição merece.

2020. O Barcelona encerra uma temporada melancólica sem nenhum troféu. Não obstante, o clube acumulou atuações pífias na Champions League ao longo dos anos, o elenco parecia não mais render como antes, as contratações (tanto de jogadores quanto de treinadores) não obedeciam nenhum critério senão a pressa e os dirigentes tomavam decisões cada vez mais equivocadas. Uma nova revolução parecia ser necessária.

O clube recorreu ao ex-zagueiro Ronald Koeman, holandês, ex-jogador do próprio Barcelona, discípulo de Johan Cruyff e ex-colega de Guardiola. O ex-defensor ganhou relevância na Inglaterra quando classificou o Southampton (que contava com Sadio Mané, Virgil van Dijk e Dejan Lovren) para a Europa League em 2014. Seu estilo combina influencias de seu mentor com o pragmatismo e a força física típicos do futebol inglês. Koeman estava envolvido com a renovação da seleção de seu país, mas não hesitou quando recebeu o convite para retornar à Catalunha.

Koeman mal retornou ao Barcelona e já iniciou uma verdadeira revolução ao declarar que não contaria com medalhões como Umtiti, Vidal, Rakitić e Suárez. O treinador pretendia utilizar Lionel Messi em seu projeto de renovação do elenco, mas o argentino, insatisfeito com as atitudes do clube, pediu para deixar o time. A possível saída do atacante desencadeou uma comoção na Catalunha e uma série de protestos contra o presidente do Barça, Josep Barrtomeu. Até mesmo autoridades catalãs se mobilizaram contra a saída do camisa 10.



Imagem extraída de www.facebook.com/fcbarcelona/



As atitudes de Koeman são questionáveis, mas compreensíveis. Um grupo, sobretudo quando realiza muitas conquistas, tende a se acomodar com o tempo. A geração de Lionel Messi também está envelhecendo, como apontei em post anterior, e entrega cada vez menos a intensidade exigida no futebol atual. O Barcelona precisava, portanto, sair de sua zona de conforto e renovar seu elenco, algo que condiz com as ações do novo comandante.

Koeman tratou de demonstrar que está disposto a cobrar e enfrentar o elenco por mais conquistas que os jogadores tenham obtido no passado. A maneira como o holandês anunciou as prováveis dispensas foi muito semelhante à de seu ex-colega Guardiola quando abriu mão de seu principal astro, Ronaldinho Gaúcho. Foi um duro aviso a atletas e torcedores de que a revolução está a caminho.

A possível saída de Messi pode, de fato, ser um problema a curto prazo. O arquirrival Real Madrid serve como exemplo negativo quando prescindiu do talento de Cristiano Ronaldo. Uma eventual transferência do argentino, porém, também pode ser um mal necessário ao clube. Basta lembrar do próprio Ronaldinho, maior jogador do Barcelona na primeira metade da década de 2000. O time sentiu a ausência de seu astro inicialmente, mas soube se reinventar com a ausência do ídolo conquistando a tríplice coroa já na primeira temporada sem o "Bruxo".

Koeman, com ou sem Messi, é a revolução que o Barcelona precisava neste momento de crise, tirando os jogadores do comodismo e tentando resgatar os valores que o clube perdeu ao longo dos anos. Eu mesmo cheguei a recomendar a contratação do holandês no passado.

O treinador já deu o primeiro passo para as mudanças necessárias. Resta saber se conseguirá dar continuidades a elas. A revolução de Koeman não se dará em águas tranquilas, sobretudo após ter atingido o maior ídolo do elenco.



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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

O Dilema de Neymar

 

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague

 
  
Quando Neymar aceitou a proposta do Paris Saint-Germain e sair do Barcelona em 2017, sem dúvida passaram muitos anseios pela cabeça do jogador. A transferência para a França significaria um melhor salário, assumir o protagonismo em uma equipe européia, a possibilidade de fazer história em um clube que jamais venceu a Champions League e sair da sombra de Lionel Messi.

O que deveria ser um conto de fadas, contudo, se tornou em uma história de amor e ódio. Neymar teve problemas com alguns companheiros de equipe (o uruguaio Cavani foi o principal deles), não se adaptou à vida na França (ele chegou a ser cobrado por não saber falar francês), sofreu com lesões em momentos cruciais e sempre foi visto em noitadas. O jogador chegou a externar sua insatisfação em alguns momentos que coincidiram com os muitos rumores de que o brasileiro desejava voltar ao Barcelona. Messi e Suárez, aliás, sempre publicaram fotos juntos com o amigo e nunca esconderam o desejo de contar com o atacante novamente no Barça.

O ano de 2020, no entanto, trouxe uma virada na carreira de Neymar. O jogador demonstrou foco e comprometimento como nunca em seu clube. O atacante foi bem na retomada da Champions League após a pandemia, passando a jogar mais pelo grupo (foi menos individualista nos lances e ajudava os companheiros a preencher os espaços) e ainda contou com a sorte ao encarar adversários com menos tradição na reta final da competição -Atalanta e Red Bull Leipzig.

A derrota na final para o Bayern München, porém, foi uma ducha de água fria no bom momento de Neymar. O brasileiro foi quem mais sentiu a perda do troféu que seria a grande consagração de sua carreira. O atacante sabia que a conquista daquele título o colocaria de vez na história do futebol além de abrir-lhe as portas para a Bola de Ouro. O camisa 10 estava tão abalado que foi consolado até mesmo pelos adversários e pelo presidente do PSG, Nasser el-Khelaifi, com quem viveu às turras nestes últimos anos.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



Neymar agora terá um período decisivo em sua carreira. Passado o "luto" pela perda do troféu, o jogador terá de decidir seu futuro. Aos 28 anos, o atacante está se aproximando de seu auge físico e técnico. Ele terá de pensar bem as possibilidades para não desperdiçar um tempo precioso em sua trajetória.

O Barcelona ainda parece disposto a contar novamente com o brasileiro, tanto pelo seu talento quanto pela sua amizade com Lionel Messi, o que ajudaria a manter o insatisfeito argentino na Catalunha. Mas, devido à crise financeira causada pelo coronavírus, dificilmente os Blaugranas teriam como desembolsar os mesmos 222 milhões de Euros pagos pelo PSG na época. Ademais, o novo treinador do Barça, Ronald Koeman, ainda não se manifestou sobre a possibilidade de contar com o atacante.

Outros clubes não se manifestaram sobre a possibilidade de tirar Neymar do PSG provavelmente em virtude da crise financeira. Mesmo o Real Madrid, que sonhava com o brasileiro há alguns anos atrás, agora parece mais interessado em Mbappé neste momento.

A tendência, portanto, é que Neymar permaneça no Paris Saint-Germain na próxima temporada. As cobranças que haviam diminuído com a boa fase do atacante deverão voltar na próxima temporada e o brasileiro terá de jogar mais do que nunca para limpar seu nome ante sua exigente torcida.

O conto de fadas ainda não acabou, mas o final feliz só dependerá de Neymar.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague




terça-feira, 25 de agosto de 2020

Saída de Emergência

Antony saiu do São Paulo para assinar com o Ajax
(imagem extraída de www.facebook.com/afcajax/).



Antony, Pedrinho e Everton Cebolinha foram alguns dos nossos jovens talentos que rumaram para a Europa nesta janela de transferências. O trio possui o perfil desejado pelos clubes europeus: jogadores de pouca idade com potencial para evoluir.

A tendência, porém, é que mais jogadores brasileiros façam o mesmo caminho do trio nas próximas semanas. O motivo? A pandemia causou uma crise econômica generalizada nos clubes europeus o que dificultará as grandes negociações. Dificilmente teremos, portanto, cifras astronômicas como as das transferências de Gareth Bale para o Real Madrid ou a de Neymar para o Paris Saint-Germain.

O Brasil, neste cenário, poderia ser uma solução para os clubes europeus se reforçarem. Isto porque o Real está bastante desvalorizado diante do Euro (R$ 6,62 na cotação de ontem), o que significa que os times do Velho Continente poderiam pagar valores relativamente baixos para adquirirem atletas que atuam em nosso país.



Everton deixou o Grêmio para se juntar ao Benfica
(imagem extraída de www.facebook.com/SLBenfica/).



Os clubes brasileiros, também afetados pela crise, pouco poderiam fazer para segurar seus jogadores, sobretudo levando-se em conta que a maioria deles está endividada ou em situação deficitária. Eventuais vendas trariam um grande alívio financeiro às instituições.

Isso sem mencionar que a grande maioria de nossos atletas sonha em jogar na Europa, seja pelo dinheiro, prestígio ou crescimento profissional. A facilidade oferecida pela ocasião deve atiçar a vontade dos jogadores de saírem.

Não será surpresa, portanto, se clubes europeus vierem com força total ao nosso país em busca de jogadores. O momento econômico obriga o Velho Continente a observar mercados periféricos em busca de reforços mais viáveis financeiramente, assim como nossos times não devem dificultar eventuais negociações pela situação vivida.

Resta torcer para que seu time preferido tenha recursos ou um bom banco de reservas para amenizar eventuais perdas no elenco.



Pedrinho foi negociado pelo Corinthians com o Benfica
(imagem extraída de www.facebook.com/SLBenfica/).




segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Allons Enfants de... L'Afrique?

Imagem extraída de www.facebook.com/rbleipzigEN/



Dayot Upamecano (foto acima), Houssem Aouar, Nordi Mukiele, Rayan Cherki e Christopher Nkunku. Cinco jovens atletas nascidos na França que foram muito bem na edição 2019-20 da Champions League.

O quinteto conseguiu levar suas equipes às semifinais da Champions o que não é nenhum demérito, visto que conseguiram ficar à frente de clubes muito mais endinheirados e, por excelência, com melhores elencos como Manchester City, Barcelona, Real Madrid, Liverpool, Chelsea, ...

O treinador Didier Deschamps também deve estar muito feliz com o quinteto, afinal ele poderá contar com estes cinco jovens para renovar o elenco da França e adicionar mais estes talentos ao já estrelado elenco dos Bleus neste ciclo.

Ou, talvez, não.

Todos os jogadores aqui mencionados são descendentes de africanos (seus países de origem estão mencionados abaixo) e cada um deles poderia se naturalizar para defender alguma seleção do continente.

Dinheiro, chances de títulos ou prestígio podem não ser suficientes para convencer o quinteto a vestir a camisa francesa. Um exemplo foi o zagueiro Kalidou Koulibally que nasceu na França, jogou pelas categorias de bases dos Bleus, chegou a ser sondado pelo treinador Didier Deschamps, mas optou por defender o Senegal mesmo assim.

Será que Upamecano, Aouar, Mukiele, Cherki e Nkunku irão defender o país onde nasceram (França)? Ou deixarão suas raízes africanas falarem mais alto? Confira as possibilidades que os jogadores têm em mãos.



DAYOT UPAMECANO



Reprodução www.instagram.com/upamecano_5/



Clube: Red Bull Leipzig (Alemanha)

Posição: zagueiro

Idade: 21 anos

Países que Pode Representar: França e Guiné-Bissau

Dayotchanculle "Dayot" Oswald Upamecano foi o principal destaque do Red Bull Leipizig nesta temporada. O nome do jogador foi ventilado em clubes como Real Madrid, Barcelona e Arsenal, mas os alemães se precaveram e anunciaram a renovação de contrato com o defensor. Como o atleta está em alta, é provável que a França faça um grande esforço para que o zagueiro não se naturalize guineense.



HOUSSEM AOUAR



Reprodução www.instagram.com/houssem_aouar/
 
 
 
Clube: Lyon (França)

Posição: volante/meia

Idade: 22 anos

Países que Pode Representar: França e Argélia

O meio-campista também terminou a temporada em alta sendo considerado a principal estrela do Lyon. O dirigente Juninho Pernambucano, inclusive, reconheceu que será difícil segurar o jogador após tantas boas exibições. O atleta também deve gerar mais uma bela disputa entre França e Argélia para contar com o talento do jogador. A tendência é que ele atue pelos Bleus mesmo, visto que está tão badalado quanto Upamecano e faltam jogadores com suas características no selecionado francês -Paul Pogba e Nabil Fekir são os únicos articuladores no atual elenco.



NORDI MUKIELE



Reprodução www.instagram.com/nordimukiele/



Clube: Red Bull Leipzig (Alemanha)

Posição: lateral-direito/meia

Idade: 22 anos

Países que Pode Representar: França e República Democrática do Congo

Dos jogadores aqui apresentados, Mukiele é o que menos teria chances de representar a França visto que sua posição está bastante disputada -Benjamin Pavard, Léo Dubois, Lucas Digne e Djibril Sidibé (os dois últimos podem atuar nas duas laterais). Mas a versatilidade do jogador pode fazer o treinador Deschamps oferecer alguma oportunidade ao jovem atleta.



RAYAN CHERKI



Reprodução www.instagram.com/rayan_cherki/



Clube: Lyon (França)

Posição: meia/atacante

Idade: 17 anos

Países que Pode Representar: França e Argélia

O mais jovem dos atletas apresentados, Cherki ainda teria bastante tempo para escolher qual nação representar. Sua posição, porém, está em falta na Seleção Francesa e isto poderia acelerar sua profissionalização. Um possível concorrente seria justamente seu colega Houssem Aouar.



CHRISTOPHER NKUNKU



Reprodução www.instagram.com/c_nkunku/



Clube: Red Bull Leipzig (Alemanha)

Posição: meia/atacante

Idade: 22 anos

Países que Pode Representar: França e República Democrática do Congo

Nkunku é um jogador extremamente versátil, podendo atuar como meia, volante, ponta-esquerda e atacante. O jogador seria bastante útil aos Bleus, mas pode encontrar concorrência pesada dependendo da posição que escolher.
 
 
 
 

domingo, 23 de agosto de 2020

O Homem de Gelo

O goleiro Manuel Neuer decidiu o jogo para o Bayern München
(imagem extraída de www.facebook.com/BundesligaOfficial/)
 
 

Enquanto todos os holofotes estavam apontados para os homens de frente (Neymar, Lewandowski, Mbappé, ...), um herói improvável surgiu nesta edição da Champions

Seu nome? Manuel Neuer, 34 anos, 1,93 m de altura, capitão do Bayern München desde 2017 e dono de uma personalidade fria e calculista. Sua confiança era tamanha que o goleiro não demonstrava nenhum medo de encarar os habilidosos atacantes do Paris Saint-Germain no mano-a-mano, ou de sair jogando mesmo com a marcação alta dos parisienses. Sua segurança sob as balizas foi o grande diferencial para os bávaros em uma partida bastante equilibrada.

O Paris Saint-Germain foi a campo com a mesma formação (4-2-3-1) e escalação utilizadas contra o Red Bull Leipzig, à exceção de Keylor Navas, já recuperado de lesão, no lugar de Sergio Rico. Diferente da partida anterior, porém, o PSG foi mais ofensivo, avançando em bloco, adiantando suas linhas e tentando pressionar o Bayern, o que tornou o jogo mais aberto e equilibrado.

O Bayern também repetiu o 4-2-3-1 mas trocou o ponteiro esquerdo (saiu Ivan Perišić e entrou Kingsley Coman). E os bávaros repetiram a estratégia de adiantar seus jogadores. Os Roten, porém, deram uma aula prática de "perde-pressiona" em campo: a cada bola perdida, alguns alemães cercavam o condutor da pelota enquanto os demais recompunham a defesa. As subidas do time de Munique ofereciam espaços para os atacantes rivais atacarem, mas o destemido goleiro Manuel Neuer conseguia interceptar cada investida adversária em uma demonstração de frieza e auto-confiança. O treinador Hansi Flick ainda teve o azar de perder Boateng lesionado, sendo obrigado a queimar uma substituição logo no primeiro tempo.



Diferente das partidas anteriores, PSG (em 4-2-3-1) atacava e contra-atacava
avançando em linhas compactas chegando a imprensar os rivais em certos momentos,
mas paravam no "perde-pressiona" do Bayern ou no goleiro Neuer. Bávaros,
também em 4-2-3-1, repetem a estratégia das partidas anteriores tentando achar um
gol na base da pressão e marcação alta (imagem obtida via this11.com).



As equipes voltaram sem mudanças no segundo tempo. O Bayern, insistindo em sua marcação alta e linhas avançadas, encontrou seu gol com Kingsley Coman após uma troca de passes próxima à área de Keylor Navas.

Thomas Tuchel, sem saída foi obrigado a soltar sua equipe para correr atrás do prejuízo. Ainda deu azar em perder Bernat, lesionado. Seus jogadores, aos poucos, foram se enervando e começaram a cometer faltas, catimbar ou discutir com os adversários, em especial Neymar e Paredes.

Hansi Flick, por outro lado, fez apenas substituições pontuais para dar descanso aos mais desgastados. Seus jogadores passaram a exagerar na força física e nas divididas, o que resultou em muitos cartões para os bávaros. Alguns, inclusiva, chegaram entrar na catimba dos rivais.

O Bayern seguia com sua marcação alta. PSG jogava nas costas dos defensores com Neymar e Mbappé, mas a dupla esbarrava no goleiro Manuel Neuer, que estava em uma tarde inspirada. Desta vez, nem as subidas do zagueiro Marquinhos salvaram os franceses.



Mesmo com a vantagem no placar, Bayern mantêm a pressão e tenta ampliar.
PSG tenta jogar nas costas dos zagueiros aproveitando as subidas bávaras, mas
o "perde-pressiona" alemão e o goleiro Neuer sepultaram a reação parisiense
(imagem obtida via this11.com).



Bayern sagra-se hexacampeão da Champions com méritos. A equipe quase tão perfeita quanto a da temporada 2012-13 ergue a sua sexta taça com uma campanha impecável (venceu todos os jogos da competição), consegue a segunda tríplice coroa de sua história e joga um futebol quase sem defeitos -as falhas defensivas foram pouco percebidas graças à grande atuação de seu goleiro Neuer.

PSG vê adiado mais uma vez o sonho de se firmar de vez na elite do futebol. O coletivo bávaro superou as individualidades parisienses e demonstraram, mais uma vez, que tradição não pode ser comprada. Foi a melhor campanha dos franceses na história da Champions, mas faltou maturidade, poder de decisão e sorte diante de um rival com uma camisa mais pesada.

Neuer se sagra como o grande herói de uma tarde mágica. Sua personalidade fria e ousada foi uma clara demonstração da confiança mútua entre capitão e grupo. Certamente, a equipe não se arriscaria adiantando suas linhas, incluindo a zaga, se desconhecesse o talento de seu goleiro.



Imagem extraída de www.facebook.com/BundesligaOfficial/




A Final, Afinal

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague/



Chegamos, enfim, à final da Champions League 2019-20, competição que foi marcada por algumas zebras e pela interrupção devido à pandemia de COVID-19. A pausa para a quarentena, aliás, obrigou a UEFA a acelerar a fase final do campeonato para não comprometer ainda mais o calendário da próxima temporada.

Paris Saint-Germain da França e Bayern München da Alemanha farão a grande final a ser realizada hoje às 16h no horário de Brasília. Será a primeira vez que o PSG chega à decisão desde os seus 50 anos de fundação, enquanto os bávaros já estiveram lá em dez oportunidades tendo vencido cinco delas.

O Paris Saint-Germain chega com uma boa campanha, com oito vitórias, um empate (diante do Real Madrid na fase de grupos) e uma derrota (sofrida para o Borussia Dortmund durante o jogo de ida nas oitavas). O Bayern, por sua vez, venceu todas as dez partidas disputadas na Champions, algo que nem mesmo a equipe de Jupp Heynckes conseguiu em 2012-13 quando faturou a tríplice coroa.

Ambas as equipes possuem algumas semelhanças como os treinadores alemães (Thomas Tuchel no PSG e Hans-Dieter "Hansi" Flick no Bayern) e a mesma formação tática, o 4-2-3-1.

O Paris Saint-Germain, porém, vem utilizando um jogo mais defensivo, com todo o meio-de-campo mais voltado para a marcação do que a criação e se valendo das individualidades de seu trio de ataque, Neymar, Mbappé e Di María. A formação permite variar para o 5-4-1 (com Marquinhos se juntando a zaga), 4-1-4-1 (conforme o número de meias e volantes) e até 4-3-3 (com Marquinhos tendo liberdade para se juntar aos meias).

O defensivismo do PSG ajudou o time a superar a Atalanta e o Red Bull Leipzig, mas também chegou a deixar a equipe à mercê de seus adversários como aconteceu nas quartas-de-final quando a Dea esteve próxima de eliminar os franceses -se os italianos não tivessem sido tão faltosos, provavelmente o Paris não estivesse nas finais agora. Outro problema é a dependência excessiva de suas individualidades: se Neymar, Di María e/ou Mbappé se lesionarem ou não estiverem bem em campo, o time parisiense perde todo seu poder de fogo, sendo que os reservas (Sarabia e Icardi) não se mostraram à altura dos titulares. O goleiro Keylor Navas é dúvida, mas o reserva Sergio Rico deu conta do recado.



Paris Saint-Germain escalado em 4-2-3-1 na semifinal contra o
Red Bull Leipzig, mas com o goleiro Keylor Navas no lugar
de Sergio Rico (imagem obtida via www.footballuser.com/).



O Bayern vem adotando um futebol bem mais ofensivo nos últimos anos. A equipe alemã ainda joga o mesmo futebol baseado em força e marcação forte como nos tempos de Beckenbauer, mas sabendo absorver influências como o toque de bola espanhol e o dinamismo holandês.

Os bávaros avançam com todo o time em bloco, prendendo a bola no campo de ataque, fazendo marcação alta e sempre mantendo algum jogador pronto para pegar alguma sobra. Se isso torna a equipe uma máquina de fazer gols, também deixa muitos espaços às costas dos zagueiros. O Lyon, por acaso, tirou proveito desses espaços e só não conseguiu a vitória porque pecou nas finalizações. O lateral David Alaba, deslocado para a zaga, também foi outro elo fraco dos Roten e o Barcelona quase mudou o cenário da partida se valendo disto.



Bayern München escalado em 4-2-3-1 na semifinal contra
o Lyon (imagem obtida via www.footballuser.com/).



Os torcedores do PSG, sem dúvida, estarão de olho em Neymar e Mbappé, os dois habilidosos atacantes que sempre fazem a diferença com velocidade e improviso, mas Marquinhos foi, certamente, o jogador mais importante da equipe neste retorno após a pandemia. O zagueiro deslocado para o meio-de-campo apareceu como elemento surpresa na área e fez dois gols importantíssimos (um contra a Atalanta e outro contra o Red Bull).

Pelo Bayern, chega a ser uma injustiça apontar um destaque individual visto que o time é um exemplo de jogo coletivo e trabalho em grupo, mas o lateral-esquerdo Alphonso Davies merece uma menção. O ganês naturalizado canadense foi uma aposta que os bávaros trouxeram no inverno (verão para nós) de 2019 e vem demonstrando muita maturidade em campo a despeito da pouca idade (possui apenas 19 anos) com muita velocidade, habilidade e força física.

Resta saber o que triunfará: as individualidades do Paris Saint-Germain ou o coletivo do Bayern München.

Hoje às 16h no horário de Brasília.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague/
 
 


sábado, 22 de agosto de 2020

Mais Mudanças





Quando voltei a escrever no blog após quase quatro anos de inatividade, eu estava bem diferente da época quando havia começado, em 2013. Eu era bem mais radical nas opiniões e escrevia praticamente tudo o que eu bem entendia.

Treinadores haviam sido os principais alvos de minhas críticas no passado pelas escalações que considerava equivocadas, convocações consideradas sem sentido ou estilo de jogo que via como "feio" ou "ineficiente".

Hoje, quando faço uma crítica, costumo pensar um pouco na parte criticada. Sempre meço minha palavra e tento me colocar na pessoa a quem direciono o comentário.

Pensei nisso quando vi aqueles poucos torcedores do São Paulo e do Palmeiras protestando contra suas próprias equipes. Reconheço que algumas das revindicações são justas, mas as cobranças são desproporcionais e feitas de maneira extremamente violenta, com jogadores e treinadores sendo insultados ou ameaçados.

Vejo também certos veículos de imprensa que exageram nas críticas -alguns comentaristas chegam até a ser maldosos. Tudo em nome da polêmica ou para fazer média com espectador/torcedor, afinal isto sempre gera audiência e, consequentemente, lucros.







Criticar é diferente de insultar. O limiar entre a crítica e o insulto é tênue, mas há como distinguir as duas coisas.

"Criticar" serve para que o criticado aprenda com os seus erros e melhore com isso. Não é o que torcedores fazem quando chamam o treinador de "burro", o jogador de "chinelinho" ou o dirigente de "corrupto".

Tem sido cada vez mais frequente a falta de empatia do brasileiro, a capacidade de se colocar no lugar do outro ou de enxergar por outro ponto de vista.

Pensando em tudo isso, eu tenho evitado o tom inflamado de outrora e as críticas mais duras, exceto por um ou outro ponto.

Não acredito mais que eu consiga mudar ou melhorar algo através da violência, mesmo que verbal. 

Críticas são necessárias,  mas o insulto não.