domingo, 31 de janeiro de 2021

Entrevista: 2020, o Ano Sem Eventos




A quarentena do ano de 2020 afetou todos os setores da sociedade e o ensino não foi exceção. Aulas tiveram de ser realizadas à distância ou simplesmente foram suspensas. Esforço necessário para evitar a propagação do coronavírus e, consequentemente, evitar que a doença fizesse mais vítimas.

As universidades, obviamente, também foram atingidas pelas restrições. Além das aulas, eventos relacionados ao mundo universitário também tiveram de ser suspensos ou cancelados, tais como competições esportivas, festas e viagens. Com isso, os alunos tiveram poucas oportunidades de conhecer mais a fundo o que a instituição tem a oferecer. Os prejuízos, consequentemente, foram muito além do ensino.

O blog Farma Football, pensando nisto, entrevistou alguns integrantes da Associação Atlética Acadêmica Farmácia Bioquímica (AAAFB). Foi perguntado aos entrevistados a respeito dos desafios enfrentados pela entidade neste ano excepcional quando eventos presencias não puderam ser realizados, bem como possíveis prejuízos que alunos poderiam sofrer sem tais eventos.



Farma Football: Nome completo.

Camila: Camila Megumi Hirokawa

Matheus: Matheus Dufrayer de Moura Leite Campos



Farma Football: Qual é o seu cargo na Atlética?

Camila: Presidente 

Matheus: Vice-Presidente



Farma Football: O que motivou você a ingressar na Atlética?

Camila: No início, lá no meu ano de bixete (ingressante), foram principalmente pelas pessoas. Meus amigos mais próximos estavam na Atlética e gostava muito dos veteranos (alunos que estão em seu 2° ano ou adiante) da AAAFB. Me sentia super à vontade na entidade e, depois de um tempo, já estava super interessada em todos os projetos, eventos. O primeiro ano foi super importante para eu criar esse carinho enorme pela AAAFB e essa vontade de querer contribuir de alguma forma.

Matheus: Eu já tinha muito envolvimento com esportes, já gostava muito de festas. Todo pessoal que me recebeu assim que entrei na faculdade era da atlética, e a maioria dos meus amigos nos anos de bixo também entraram na entidade.



Farma Football: Qual a importância de uma associação atlética para uma faculdade?

Camila: Toda vez que apresentamos a AAAFB, sempre dizemos que é uma entidade voltada para o fomento do esporte universitário. Uma associação atlética é muito importante pra esse incentivo, estimular a prática de atividades esportivas e também fornecer uma forma de integração com a vida universitária e escape de toda sobrecarga que a graduação pode trazer.

Matheus: Como todos sabemos a graduação é muito cansativa e exaustiva. Logo é muito importante que os alunos tenham momentos de descontração. É ai que a Atlética entra, possibilitando que os alunos possam participar de diversos times, irem a festas e criarem laços dentro da faculdade, melhorando sua qualidade de vida durante a graduação.



Farma Football: De que maneira os eventos como festas, campeonatos, confraternizações e viagens contribuem com a formação do aluno?

Camila: Assim como qualquer atividade extracurricular, criar laços fora da graduação te moldam como pessoa em todos os aspectos; e eventos desse tipo possibilitam exatamente isso. Além de fazer amizades que podem te ajudar na vida profissional no futuro, você aprende muito tendo que lidar com pessoas diferentes; e todo mundo que você conhece e conversa nesses eventos agrega de alguma maneira na sua formação pessoal, profissional, acadêmica, enfim. Então, acho uma parte essencial para a vivência universitária.

Matheus: Esses eventos fazem com que os alunos interajam de outras formas, fora da graduação, e criem novas amizades e gerem um grande networking (rede de contatos profissionais), o que pode ajudar muito sua vida profissional. Falando principalmente sobre Inters (InterUSP, competição entre faculdades realizadas durante os feriados de Corpus Christi), não faltam palavras para descrever a sensação de ir e jogar um Inter com sua faculdade.






Farma Football: Não houve como realizar eventos físicos no ano de 2020 em virtude da pandemia. De que maneiras a Atlética tentou compensar tais ausências?

Camila: Tentamos adaptar o que era possível para um formato on-line. Fizemos diversas reuniões internas por meet (conferência virtual) e também realizamos alguns encontros abertos para o público da Farma. Um desses projetos que surgiu foi o Papo de CV (centro de vivência) e de CEPE (CEPEUSP, o Centro de Práticas Esportivas da USP), rodas de conversa com os veteranos focando principalmente em atingir os bixos. Falamos sobre diversos assuntos como graduação, estágio, entidades, times, que normalmente conversaríamos com eles no CV entre as aulas; e achamos muito importante manter esse contato com os veteranos e compartilhar experiências da faculdade. Nesse momento difícil de pandemia que vivemos, também organizamos um projeto social para arrecadar doações para o CUFA (Central Única das Favelas, organização não-governamental) e fizemos diversas lives (vídeos ao vivo) nas nossas redes sociais para impulsionar o projeto e falar sobre assuntos relevantes para o nosso público. Abordamos pautas como racismo, igualdade de gênero, saúde mental e nutrição esportiva; e foi um bate papo incrível com todos os convidados; e o projeto deu super certo. 

Matheus: Do ponto de vista esportivo, criamos o "TreinAAAFB", uma competição entre times para incentivar que continuasse treinando mesmo na pandemia, de forma remota, e por mais de 2 meses. Vimos que vários atletas continuaram muito  empenhados em treinar, e esperamos que o "TreinAAAFB" tenha ajudado o máximo de pessoas possível, visto que a prática de exercícios físicos ajuda muito a levar o isolamento social. Com relação aos bixos e toda experiência que a faculdade proporcionaria para eles, fizemos o "Papo de CV", uma conversa com veteranos convidados e os bixos sobre diversos temas, como estágios, graduação, esportes e Inters. É muito difícil passar a experiência que é viver a faculdade pro completo, espero que ano que vem, com a vacina, todos possam aproveitar ao máximo de tudo que a faculdade tem para oferecer.



Farma Football: Em sua opinião, qual foi o maior desafio/dificuldade da Atlética durante este período de quarentena?

Camila: Bem difícil dizer apenas um desafio durante esse período, haha! No início, a incerteza de quando tudo voltaria ao normal foi bem desgastante, mas, quando o cenário não parecia mudar tão cedo, acho que nossa maior preocupação foi em relação ao futuro da entidade depois desse ano sem nossos eventos principais. Apenas com reuniões e projetos on-line, era difícil mensurar como estava o envolvimento e interesse dos membros da Atlética, principalmente dos bixos que estavam tendo suas primeiras experiências na entidade totalmente de forma on-line. Fizemos o máximo para deixar tanto os membros do 1º ano quanto do 2º a par do que acontecia e passar nossa experiência de Atlética, mas foi uma preocupação manter o interesse deles e criar esse carinho pela entidade, ao mesmo tempo que tentávamos transmitir nosso conhecimento 100% a distância, já que, agora em 2021, já assumiriam cargos na nova gestão. 

Matheus: Creio que foi manter a atlética presente na vida dos atleticanos. Muitas áreas já não tinham tanto trabalho como antes, como o esportivo ou o patrimônio, por exemplo. Junto a esse desafio, também temos a dificuldade de planejamento dentro dentro do lockdown, não tínhamos previsão de vacina ou de fim da quarentena.



Farma Football: As redes sociais, de certa forma, ajudam a amenizar o distanciamento. O que, em sua opinião, elas ainda não podem fazer pelo aluno?

Camila: Apesar de possibilitar esse contato, acho que ele acontece de uma forma muito superficial. Para quem estava acostumado a encontrar amigos, colegas e professores todos os dias, não ter esse encontro presencial faz muita falta, que não é suprido 100% pelas redes sociais. Além disso, em questão de aulas, reuniões, o digital não possui a mesma produtividade e rendimento do que presencialmente. Então mesmo que ajude, elas não conseguem ainda substituir completamente o presencial. 

Matheus: Creio que perdemos todos os benefícios da interação dentro da vida real, convivência com diversas pessoas que não temos pelas redes sociais. Aquela sensação de estar no CV e conversar com várias pessoas que estão chegando, as vezes ficar mais lá que na sala de aula (risos)!



Farma Football: Os alunos que ingressaram em 2020 praticamente não puderam participar de eventos visto que a quarentena começou em março, próximo ao início do ano letivo. Que prejuízos você acredita que eles terão?

Camila: Acho que um ponto muito importante que os ingressantes de 2020 ainda conseguiram participar foi a Semana de Recepção, que é o primeiro contato com as pessoas e com a faculdade. Então, acredito que o prejuízo maior vai ser relacionado à vivência de faculdade mesmo. Apesar de participarem das aulas, entidades, times de forma on-line, a rotina presencial é bem diferente e muito mais corrida. Então, quando voltarmos ao presencial, eles terão que se readaptar e se reorganizar com as responsabilidades que eles adquiriram durante a quarentena. Além disso, mesmo com conversas como nosso Papo de CV, acredito que ainda houve uma falta de contato com os veteranos e até mesmo entre os próprios bixos, algo que aconteceria de forma natural pelos arredores e em eventos da Farma. 

Matheus: Perderam vários eventos que aconteceriam na faculdade, o que é triste, mas acredito que não vai faltar tempo, nem Inter, nem festa, nem barzinho pra todo mundo aproveitar assim que todos estivermos imunizados.






Farma Football: Qual seu maior aprendizado como atleticano (a) durante este período de quarentena?

Camila: Para mim, foi valorizar até os pequenos momentos dentro da entidade, que fizeram tanta falta nessa período. Das ordinárias semanais até as intermináveis reuniões de planejamento, senti muita falta de ter esses encontros presenciais. Além de mais produtivas, encontrar pessoas e ter companhia nesses momentos era muito bom. Com todo prazer teria reuniões de 10h presenciais toda semana se eu pudesse agora, haha! E também realmente aproveitar todos os momentos durante os 3 anos dentro da entidade, já que sua vivência de atlética é muito mais do que seu ano de gestão; e tudo que você aprendeu e realizou durante todo o período é importante para a entidade e para o seu crescimento. 



Farma Football: Que legado a atual gestão deixa para a faculdade?

Camila: Mesmo com as adversidades de 2020, acredito que nossa gestão conseguiu se adaptar e manter a Atlética ativa mesmo que apenas de forma on-line, estando presente nas redes sociais e não deixando a AAAFB estagnada. Isso foi muito importante para diversas pessoas que têm um carinho pela entidade e não a viram desaparecer mesmo durante a pandemia; e, nesse período tão complicado, foi uma forma de se manter conectado com a faculdade de alguma forma e conseguir um escape em meio ao caos. Então acho que o trabalho da gestão nesse cenário e o impacto interna e externamente mostrou o quanto as entidades são realmente muito importantes para a faculdade e para os alunos e que, como membros e gestão, precisamos cumprir nosso papel mesmo com as dificuldades, já que, no fim, as coisas sempre se acertam e é muito gratificante ver o resultado final. 



Farma Football: Além dos eventos físicos, o que mais você gostaria de ter feito pela faculdade?

Camila: Difícil não pensar, primeiramente, em todos os eventos presenciais que gostaríamos de ter feito nesse ano de gestão; mas gostaria de ter feito mais projetos sociais dentro da AAAFB, principalmente relacionados com esporte e prática de atividade física. Como entidade e como faculdade, temos muito potencial de contribuir para a comunidade e retornar um pouco do que nos é proporcionado em uma universidade pública; então gostaria de ter explorado mais essa parte social dentro da Atlética e da FCF.  



Farma Football: Você gostaria de deixar alguma mensagem aos alunos ingressantes de 2021?

Camila: Daria, primeiramente, as boas vindas e que aproveitem os melhores anos das suas vidas que estão por vir. Diria para conhecerem tudo que a faculdade tem a oferecer e, principalmente, participar de entidades e times, mesmo que, no início, seja de forma on-line. A graduação pode ser bem estressante e cansativa em alguns momentos, então qualquer atividade extracurricular ajuda demais a lidar com tudo isso e fornecer uma distração do cotidiano. Participar disso é uma experiência incrível e traz um crescimento pessoal gigantesco, então se permitam conhecer e viver nesses primeiros anos de faculdade. Em especial, diria para conhecerem e fazerem parte da Atlética, uma entidade que faz coisas incríveis. Tenho certeza que vocês vão conhecer amigos para a vida toda e colecionar várias memórias aqui dentro, assim como eu. 

Matheus: Aproveitem ao máximo a faculdade, entrem nas entidades, entrem nos times, vão nas viagens, entrem nos times, vão nos Inters, participem dos projetos, aproveitem o CV, entrem nos times, aproveitem os barzinhos e as festas, tudo ao máximo que conseguirem, e 90% é confiança.






Agradecimentos à Camila e ao Matheus por nos cederem um pouco de seu tempo e compartilharem algumas de suas memórias com o blog! Muito obrigado!




sábado, 30 de janeiro de 2021

Derradeiro

Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras



O Palmeiras é bicampeão da Libertadores! Após uma espera de 22 anos, o Verdão reconquista o troféu e terá, enfim, a chance de acabar com as incômodas piadas a respeito do Mundial de Clubes. E o título veio de forma dramática, sendo conquistado durante o que seria o último lance do jogo.

O atacante Breno Lopes, que havia entrado durante os minutos finais do jogo -possivelmente para a prorrogação- foi o grande herói palmeirense neste final de tarde. Foi de seus pés que saiu o gol que sacramentou o bicampeonato do Verdão na Libertadores.

Palmeiras e Santos começaram com formações semelhantes. O Peixe tomou a iniciativa, avançando em bloco e imprensando o Porco. O Verdão, encurralado, utilizava Rony pela esquerda e Marcos Rocha pela direita como desafogos, mas a recomposição santista conseguia abafar os contragolpes alviverdes.

O Peixe era a imagem e semelhança de seu treinador Cuca: bastante agitado, intenso e enérgico até demais. Os praianos foram bastante ríspidos e faltosos durante boa parte do primeiro tempo.

O Palmeiras só parece ter entrado no jogo ao fim do primeiro tempo, após uma sequência de três escanteios consecutivos. Só a partir deste momento observou-se o Porco adiantando linhas e crriando chances mais claras de gol.



Santos no 4-3-3 adianta suas linhas e encurrala o Palmeiras.
Verdão em 4-1-4-1 aceita a pressão e busca contra-ataques pelos
lados com Rony e Marcos Rocha (imagem obtida via this11.com)



Palmeiras equilibra o duelo no segundo tempo, adiantando suas linhas e pressionando mais a saída de bola santista. O Peixe é obrigado a buscar os contra-ataques mas mantem a estratégia de avançar em bloco como no primeiro tempo.

Toda a intensidade do Santos durante o primeiro tempo, cobrou o seu preço no segundo. O Peixe notadamente cansou na etapa complementar e permitiu o crescimento do Palmeiras. A recomposição praiana já não era tão eficaz e o time se mostrava dependente demais dos talentos individuais de Soteldo e Marinho.

Cuca tentou recuperar o fôlego de sua equipe trocando o volante Sandry pelo meia-atacante Lucas Braga. Abel Ferreira, por sua vez, trocou o meia Zé Rafael pelo cabeça-de-área Patrick de Paula. E, posteriormente, tirou o apagado Gabriel Menino para dar lugar ao atacante Breno Lopes e dar um descanso para Marcos Rocha na direita. Mesmo com as mudanças, porém, os dois times permaneciam desgastados e pareciam conformados com a prorrogação.



Palmeiras em 4-3-3 adianta suas linhas e pressiona o Santos.
Peixe, em 4-4-2, se defende e tenta contra-atacar em bloco, mas
o cansaço freia os avanços alvinegros e o time de Cuca passa a
depender em demasia da bola parada e dos talentos individuais
de seus dois atacantes (imagem obtida via this11.com)



O que faltava de futebol no jogo, passou a sobrar em faltas e discussões. Foram muitos lances ríspidos, bate-bocas e cartões durante a segunda etapa. Em um desses momentos, o treinado Cuca tentou atrapalhar o lateral Marcos Rocha e foi merecidamente expulso.

O nervosismo do lance parece ter desconcentrado o Santos que cedeu espaços para que Rony pudesse cobrar uma falta e servir Breno Lopes. O camisa 19 não desperdiçou a oportunidade e deu números finais ao jogo. O Peixe ainda tentou uma última cartada lançando todos os seus jogadores para o ataque, mas não havia mais tempo, força física ou mental para que o time praiano pudesse tentar uma reação.

Palmeiras conquista seu título com méritos mas também com algumas ressalvas. Poderia ter demonstrado aquele dinamismo e aquela volúpia exibida em partidas anteriores, mas é compreensível a atitude do Porco em campo visto que um único erro poderia ter colocado tudo a perder.

Santos chega à final com méritos. Superou muitas dificuldades até aqui como salários atrasados, a turbulência política, as sanções da FIFA e o elenco curto. O Peixe tem méritos, mas pagou o preço por não ter opções no banco de reservas (o que ajudaria a  resolver o problema do cansaço) e também por se descontrolar em um momento quando não deveria.

O Palmeiras e sua parceira Crefisa, enfim, conquistam sua grande obsessão. Foram seis anos de parceria, erros e acertos até este esperado momento. E terão, finalmente, a chance de acabar com as incômodas provocações de seus rivais.



Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras




Alviverde X Alvinegro

Imagem extraída de www.facebook.com/CopaLibertadores



Chegou o dia! A esperada final da Copa Libertadores da América 2020 será disputada entre Palmeiras e Santos durante a tarde de hoje no Maracanã. Será a terceira vez na história que a competição será decidida entre duas equipes brasileiras (São Paulo e Athletico decidiram em 2005 e Internacional e São Paulo realizaram a final em 2006) e a primeira em que dois times de um mesmo Estado (São Paulo, no caso) brigarão pelo troféu.

Ambas as equipes tiveram trajetórias relativamente tranquilas até aqui e chegaram à final por méritos próprios, sem lances polêmicos a seu favor ou sorte. Não há, portanto, nada que desmereça a campanha dos dois rivais paulistas.

Faremos um comparativo entre as duas equipes, apontando seus pontos fortes e seus pontos fracos para que o leitor chegue às suas próprias conclusões a respeito de quem merece o troféu. Confira!



ELENCO:



Imagem extraída de www.facebook.com/CopaLibertadores



O Palmeiras, sob o ponto de vista individual, conta com o elenco muito superior ao do Santos, tanto no time titular quanto no banco de reservas. Sob a ótica coletiva, porém, o Peixe leva vantagem sobre o Porco. Sim, o Alvinegro, com um elenco mais curto e com limitações se comparado ao rival, conseguiu fazer frente a adversários com mais estrelas e poder aquisitivo, o que demonstra a força do conjunto.

Um outro detalhe que pode fazer a diferença é a força mental e o Santos também leva vantagem neste tipo de quesito pelo mesmo motivo: ter superado rivais tecnicamente muito superiores (Grêmio nas quartas-de-final e Boca Juniors nas semifinais) e ambos por placares convincentes. O Palmeiras, por sua vez, desmoronou diante do River Plate e quase perdeu sua vaga diante dos determinados argentinos. Abel Ferreira terá de trabalhar muito o psicológico dos jogadores para que o Verdão não tropece novamente em suas próprias pernas na final.



TREINADOR: 


Abel Ferreira (esquerda), treinador do Palmeiras e Cuca (direita), técnico do Santos
(montagem feita com imagens extraídas de www.facebook.com/CopaLibertadores)



Ambos os treinadores podem ser considerados "modernos" sob o ponto de vista tático (detalhes nos próximos tópicos), sabendo alternar entre a ousadia e o pragmatismo conforme o adversário.

Cuca tem mais experiência no campeonato visto que já dirigiu várias equipes na Libertadores, além de ter um título com o Atlético Mineiro, conquistado em 2013. Abel, por outro lado, disputa sua primeira grande competição na América do Sul e ainda é bastante jovem (tem apenas 42 anos), mas traz o conhecimento do futebol europeu, algo que já fez muita diferença por aqui com Jorge Jesus diante do Flamengo.

Cuca, que era um treinador visto como passivo e bonzinho demais, mudou radicalmente de personalidade durante esta década e seu estilo de jogo refletiu tais mudanças, com equipes mais intensas e dinâmicas. O paranaense, porém, passou a se notabilizar pelo temperamento explosivo, chegando a se desentender com seus próprios atletas e a apresentar problemas cardíacos. Abel, por sua vez, é mais tranquilo, mas seu Palmeiras é igualmente moderno e letal. O português, apesar de não ser adepto do rodízio, sabe muito bem como motivar e trabalhar os jogadores, inclusive os reservas. Que o digam Gustavo Scarpa e Raphael Veiga.

Uma coincidência: ambos os treinadores assumiram suas respectivas equipes com a temporada já em andamento. Cuca chegou ao Santos em agosto de 2020 após a demissão de Jesualdo, e Abel desembarcou no Palmeiras em outubro para substituir Vanderlei Luxemburgo.



CAMPANHA E MOMENTO:



O Palmeiras chega a final com a melhor campanha geral na competição, com 9 vitórias, 2 empates e apenas uma derrota. O Santos, por sua vez, obteve 8 vitórias, 3 empates e uma derrota. Ambos, portanto, chegam à final com desempenhos semelhantes.

Nenhum dos times, porém, vive um grande momento atual. Palmeiras e Santos parecem deliberadamente ter aberto mão do Campeonato Brasileiro em prol da Libertadores. As equipes vêm apresentando apenas espasmos de bom futebol durante as últimas partidas e atuando com reservas em muitos jogos.

O Palmeiras teve uma sequência de jogos um pouco maior que a do Santos por ter chegado às finais da Copa do Brasil e isto teve reflexos no desempenho recente do Verdão, com o time apresentando visíveis sinais de cansaço durante as últimas partidas.



COMO O PALMEIRAS JOGA?



Palmeiras escalado em um 4-3-3 "teórico"
(imagem obtida via www.footballuser.com)



O estilo de Abel Ferreira tem alguns toques de Johan Cruyff, com jogadores capazes de desempenhar mais de uma função em campo, trocas de posições e dinamismo. Isso significa que, embora a equipe entre com uma formação tática, ela pode variar conforme a necessidade.

Contra o River Plate, por exemplo, o esquema foi de um 4-3-3 "teórico" para um 3-6-1 "pratico", com Marcos Rocha atuando como um terceiro zagueiro, Viña e Gabriel Menino usados como alas ou wingbacks, Scarpa e Rony voltando para compor o meio-de-campo e Luiz Adriano como centroavante de referência. Pode-se alterar o desenho tático conforme a necessidade ou a versatilidade dos atletas -a equipe chegou a mudar para 4-2-3-1, 4-4-2, 4-1-4-1, ...

A execução das jogadas é direta, sem muitos passes trocados. O futebol praticado, porém, é vistoso e agradável de se ver -possivelmente alguns resquícios deixados pelo interino Cebola.



COMO O SANTOS JOGA?



Santos escalado em 4-3-3 (imagem obtida via www.footballuser.com)



Cuca, que era volante quando jogador, sempre privilegiou a posição como técnico. O paranaense quase sempre adotou esquemas com três meias com poder de marcação, como 4-3-3 ou 4-4-2 losango. Os atacantes eram quase todos velozes, com poder de recomposição e com a obrigação de buscar a bola na maioria das vezes.

No Santos, Cuca também prioriza a marcação no meio-de-campo mas os jogadores agora têm mais liberdade para encostar nos atacantes, até porque poucos jogadores conseguem organizar as jogadas e servir os definidores.

O Santos atua com um jogo vertical e intenso, com os jogadores avançando ou recompondo conforme a necessidade. O treinador parece ter deixado de lado o estilo "galo doido" (marcado pelo ataque desorganizado e dependente em demasia dos talentos na frente) que o consagrou no Atlético Mineiro, e o "cucabol" (com o meio-de-campo voltado apenas para a marcação e dependente dos chutões) que utilizava no Palmeiras.



QUEM PODE DECIDIR O JOGO?


Rony (esquerda) e Marinho (direita): os "caras" de Palmeiras e Santos,
 respectivamente (montagem realizada com imagens extraídas
de www.facebook.com/Palmeiras e www.facebook.com/santosfc)



Rony, atacante, foi do inferno ao céu na temporada 2020. O jogador acumulou falhas e virou alvo da torcida, mas se reergueu sob o comando de Abel Ferreira, tornou-se titular absoluto e recebeu elogios até mesmo da imprensa internacional. O atleta hoje é visto pela CONMEBOL como o principal futebolista palmeirense e é a esperança dos fãs pelo título.

Marinho, aos 30 anos vive o auge de sua carreira no Santos. Após fracassos no Cruzeiro e Grêmio, o alagoano hoje divide o protagonismo no Peixe com Soteldo, encanta pelo seu faro de gol e ganha admiradores pela sua autenticidade fora de campo. O atacante é a esperança do tetra pelo Alvinegro.



RETROSPECTO:



Imagem extraída de www.facebook.com/CopaLibertadores



Palmeiras e Santos já chegaram às finais em quatro oportunidades. O Porco esteve nas decisões de 1961, 1968, 1999 e 2000; mas só levantou o caneco uma única vez, em 99. O Peixe, por sua vez, chegou lá em 1962, 1963, 2003 e 2011; tendo perdido apenas a taça no ano de 2003. 

O Palmeiras, porém, leva a melhor no histórico do confronto direto: em 330 encontros, foram 138 vitórias do Verdão contra 105 do Santos e 87 empates (números obtidos pelo portal Jovem Pan).



Resta agora saber quem levará a melhor. Hoje às 17h (horário de Brasília) na SBT e na Fox Sports.




sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Independência

Mauro Cezar deixou a ESPN em busca de independência
(imagem extraída de www.facebook.com/maurocezar000)



Muitos jornalistas consagrados estão migrando para o Youtube, incluindo comunicadores esportivos. Mauro Cezar, Eduardo Tironi, Arnaldo Ribeiro, Rafael Oliveira, Gustavo Hofman e tantos outros têm seus próprios canais na plataforma onde comentam partidas, realizam análises, opinam e até fazem lives (transmissões ao vivo) onde interagem com o espectador.

Alguns dos jornalistas citados, inclusive, estão deixando as emissoras ou jornais onde trabalham para se dedicar totalmente aos seus canais no Youtube. Preferem trabalhar por conta própria na plataforma a contar com a estabilidade e a infraestrutura oferecidas por um emprego formal.

Parece uma manobra arriscada à primeira vista, sobretudo no cenário atual onde a crise desencadeada pelo coronavírus afetou severamente a economia. Mesmo assim, os jornalistas se mantêm firmes em suas respectivas posturas. Então, por que abandonar um emprego formal e se arriscar a viver do Youtube, plataforma onde milhões tentam a sorte com seus canais mas poucos conseguem se firmar?

A resposta é "independência". Quando o jornalista trabalha para uma emissora ou jornal, o comunicador não pode emitir exatamente tudo o que pensa sob o risco de desagradar aos proprietários dos veículos, aos patrocinadores ou aos espectadores. Isso sem mencionar que alguns dos veículos exigem exclusividade por parte dos seus funcionários, o que os impede, inclusive, de realizarem aparições em outros meios de comunicação como o Youtube.



Vitor Sergio Rodrigues, o VSR, mantem o seu próprio canal no Youtube
há três anos (imagem extraída de www.facebook.com/CanalDoVSR)



O Youtube, por outro lado, possui regras menos rígidas: o comunicador basicamente não pode emitir mensagens de ódio, veicular notícias falsas, exibir conteúdo pornográfico e infringir direitos de imagem ou de áudio. Há, portanto, uma maior liberdade para se expressar sem correr o risco de gerar algum conflito de interesses. E o jornalista pode realizar aparições em outros meios de comunicação, inclusive em plataformas concorrentes como Facebook ou Twitch.

Os atuais sistemas de monetização oferecidos pelo Youtube compensam a instabilidade de se trabalhar na plataforma para estes jornalistas. Como os comunicadores já contam com um número apreciável de fãs (Rafael Oliveira, por exemplo, tem cerca de 129 mil inscritos e Mauro Cezar conta com 548 mil seguidores), eles geram muito engajamento o que significa muita audiência e, consequentemente, muito lucro, tanto para o site quanto para os próprios donos dos canais. Ademais, a página oferece um sistema de fidelidade onde o espectador pode pagar pequenas mensalidades para ajudar financeiramente o seu influenciador preferido. Há, ainda, a possibilidade de se conseguir patrocinadores por conta, sem depender totalmente dos recursos do portal.

Trabalhar na internet, obviamente, tem suas desvantagens. Os comunicadores ficam ainda mais expostos a insultos e notícias falsas. O impacto de tais ataques, mesmo que pouco infundados, pode ser tão profundo que poderia resultar na saída de patrocínios, diminuição da audiência e fechamento de seus canais, levando a consequente perda da fonte de renda. Há ainda a possibilidade dos perfis serem invadidos ou roubados, algo que, infelizmente, se tornou frequente no Youtube durante os últimos meses. Quando se trabalha para uma empresa, por outro lado, a instituição pode oferecer suporte ao seu funcionário, inclusive jurídico e psicológico, algo que o jornalista tem de buscar por si próprio enquanto trabalha por conta.

A decisão arriscada dos jornalistas, em princípio, tem se mostrado acertada. A fanbase cultivada pelos comunicadores durante seus anos de televisão vem acompanhando os agora influenciadores no Youtube e os ajudado se manterem na plataforma. Todos os citados nesta artigo já tem mais de dez mil seguidores cada e a audiência também vem apresentando números satisfatórios. E sem a preocupação de se gerar um conflito de interesses por mais polêmicas que sejam as suas opiniões.



Gustavo Hofman estreou seu canal no Youtube há pouco mais de
um ano (imagem extraída de www.facebook.com/hofmangustavo)



LINKS PARA OS CANAIS DOS JORNALISTAS CITADOS NESTE ARTIGO:

Arnaldo Ribeiro e Eduardo Tironi: www.youtube.com/ArnaldoeTironi/




Vitor Sergio Rodrigues (VSR): www.youtube.com/CanaldoVSR




quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

É Bom Ver Özil Feliz Novamente

Imagem extraída de www.facebook.com/mesutoezil



Acabou, enfim, o exílio do meia Mesut Özil. O jogador estava encostado no Arsenal e o armador sequer havia sido inscrito pelos Gunners para a temporada 2020-21. O alemão já havia acertado sua transferência para o Fenerbahçe da Turquia há algum tempo mas só foi anunciado de maneira oficial nesta semana pelo seu novo clube, após resolvidos todos os trâmites.

Özil sempre se notabilizou pelos passes precisos e pela leitura de jogo privilegiada, mas o meia sempre pecou pela lentidão e pela pouca versatilidade em campo. O jogador demonstrava poucos recursos para quebrar linhas rivais, recompor a defesa, marcar ou dividir bolas. Com o futebol cada vez mais físico e dinâmico, o alemão foi perdendo espaço, tanto no Arsenal quanto na seleção de seu país.

O golpe fatal na carreira de Özil, porém, foram as muitas polêmicas nas quais o jogador se envolveu durante os últimos três anos. Algumas das controvérsias, inclusive, tiveram motivação política o que fez com que o meia passasse a ser malvisto em muitos países.

A primeira grande controvérsia se deu às vésperas da Copa 2018, quando Özil e o volante İlkay Gündoğan foram recebidos pelo presidente turco Recep Tayyip Erdoğan. O político é acusado de violação de direitos humanos e o encontro causou revolta por parte de torcedores e de dirigentes da Federação de Futebol Alemã (DFB). O meia se defendeu das críticas, alegou estar sendo discriminado e anunciou sua saída da Mannschaft.

Özil, em 2020, recusou uma proposta de redução salarial no Arsenal -o corte foi motivado pelos prejuízos causados pelo coronavírus. A recusa do alemão teria sido o principal motivo pelo qual o clube não inscreveu o jogador para a atual temporada.

O jogador, ainda em 2020, fez postagens nas redes sociais criticando o governo da China que estaria perseguindo a população uigur, uma minoria étnica muçulmana concentrada no oeste do país. A atitude do atleta fez com que sua imagem fosse retirada de jogos eletrônicos.



Imagem extraída de www.facebook.com/mesutoezil



Özil agora defenderá o seu clube de infância segundo ele próprio. O meia é alemão de nascença mas possui ascendência turca e sempre fez questão de exaltar suas raízes. O jogador, inclusive, escolheu o número 67, alusivo ao código postal da cidade natal de seus pais.

Estou ansioso para ver Özil motivado em campo novamente. Eu o vi jogar pela primeira vez durante a Copa 2010 quando ele formou aquele fantástico meio-de-campo com Müller, Khedira e Schweinsteiger. Só me tornei seu fã, porém, por volta de 2013 quando ele foi contratado pelo Arsenal.

Gosto do estilo de Özil ainda que o futebol atual tenha pouco espaço para jogadores com suas características, tanto que dediquei muitas postagens ao meia aqui no blog. Senti saudade de seus passes precisos, de sua técnica apurada e da maneira como ele trata a bola.

Através do jogador eu também pude conhecer melhor o islamismo. Vi através de suas redes sociais os rituais, as tradições, as datas religiosas e os fascínios do islã, algo que é pouco difundido aqui no ocidente.

Desejo sorte a Özil em seu novo clube e que ele reencontre a alegria de jogar após tantos problemas enfrentados durante estes últimos anos. E, principalmente, espero que ele se envolva em menos controvérsias nesta nova fase de sua carreira.



Imagem extraída de www.facebook.com/mesutoezil




quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Tempos Modernos

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Eu, um mero blogueiro, consigo fazer análises táticas razoáveis apenas utilizando o que tenho em mãos: vídeos das partidas, uma prancheta virtual (eu utilizo o this11) e alguns sites contendo resumos de jogos. Não ficam impecáveis como as de Leonardo Miranda ou de André Rocha, mas consigo descrever estratégias, jogadas e padrões nas equipes.

Se um simples blogueiro consegue fazer uma análise tática de um time, então imaginem alguém que tenha acesso a analistas de desempenho, computadores de última geração, programas/softwares, ferramentas estatísticas e afins. Mesmo os clubes brasileiros têm condições de oferecer esse tipo de infraestrutura aos seus treinadores embora alguns deles rejeitem.

Extrair informações de um time está mais fácil do que nunca com o advento da internet. Podemos ter acesso a vídeos/VTs de partidas, bancos de dados de jogadores e tudo mais. E isso a qualquer hora e em qualquer lugar. Treinadores podem fazer o mistério que desejarem para não entregar suas escalações ou estratégias, mas não é tão difícil encontrar pontos os fortes e fracos dos adversários nos dias atuais com a ajuda da tecnologia.



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Muitos treinadores parecem subestimar tais transformações no futebol. Acreditam que seus adversários cairão sempre nos mesmos truques, que obedecerão os mesmos padrões táticos e que serão sempre surpreendidos. Eles parecem se esquecer de que do outro lado há um time também disposto a ganhar e que estudará todos os pontos chaves de seus rivais. E as tecnologia torna as análises ainda mais rápidas e precisas.

A queda de rendimento de certas equipes não se deve apenas a cansaço, desfalques ou limitações do elenco. Os adversários observaram padrões de jogadas, movimentação, pontos fortes e pontos fracos em seus rivais. O Atlético de Sampaoli, o Inter de Coudet, o Flamengo de Dome/Ceni e o São Paulo de Diniz. Todos foram minuciosamente estudados pelos oponentes e tiveram suas fraquezas devidamente exploradas em campo.

Os mais conservadores podem chiar o quanto quiserem, mas a presença da tecnologia no futebol é um processo inevitável e irreversível. O VAR, a presença de chips na bola e o uso de GPS pelos jogadores -que, aliás, é mais um meio de se extrair dados dos atletas- são exemplos de tais mudanças. A adoção de analistas de desempenho e de programas são mais um passo adiante que o esporte dá em direção à modernidade.

Os treinadores, então, devem ter em mente: se um reles blogueiro como eu consegue obter informações a respeito de jogadas, movimentação e padrões de jogo; um técnico adversário consegue extrair ainda mais dados a respeito de um time por contar com ferramentas ainda mais avançadas! E em um tempo ainda menor!



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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Do Jeito que Ele Gosta

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Eliminado da Copa del Rey, campanhas sem muito brilho na Champions League (classificou-se em primeiro em seu grupo na última rodada aos trancos e barrancos) e em La Liga (é vice-líder com sete pontos abaixo do Atlético de Madrid). Para um clube do porte do Real Madrid isto seria um momento de crise, mas para o treinador Zinedine Zidane o cenário não poderia ser mais favorável.

Sim, favorável mesmo. Sem aspas. Não estou sendo irônico com o treinador ou com o clube. Basta recorrer ao histórico de Zidane no banco de reservas para trazer boas lembranças ao torcedor e encher seus corações de esperança para esta segunda metade da temporada 2020-21.

Zidane assumiu o Real Madrid pela primeira vez na metade da temporada 2015-16 após a demissão de Rafa Benítez. Os Merengues faziam uma campanha fraca para os padrões do clube. Zizou ajeitou a equipe, devolveu a confiança aos jogadores e aproveitou aquele momento em que os holofotes estavam totalmente apontados aos rivais para iniciar uma inesperada arrancada rumo ao título da Champions League.

Dois anos se passaram e o Real Madrid atravessava um novo momento de crise durante a temporada 2017-18. Cristiano Ronaldo e Zidane não eram mais vistos como fundamentais ao clube e eram cada vez mais fortes os rumores de que ambos deixariam o Santiago Bernabéu. Novamente sem o peso do favoritismo, Zizou e seus comandados iniciaram uma nova reação rumo a mais um título da Champions. O francês, mais uma vez, soube motivar seus jogadores e ainda tirar proveito das expectativas baixas com relação aos Merengues. A dupla, porém, realmente deixou a instituição ao término da sessão, insatisfeita com os tratamentos recebidos durante o período de turbulência.



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O cenário, portanto, é muito favorável a Zidane ao analisarmos o retrospecto. O Real não terá o peso do favoritismo e terá algumas datas livres para descanso por não disputar a Copa del Rey, algo que será de muita valia visto que a quarentena de 2020 empurrou as datas desta temporada.

Zidane, porém, precisa se conscientizar que os jogadores que está comandando já não são os mesmos de três anos atrás quando venceu sua última Champions League. Muitos já vêm sentindo o peso da idade e estão sendo contestados. Zizou ainda tenta proteger seus atletas veteranos mas sabe que precisa de resultados e, principalmente, de títulos para seguir no cargo.

O treinador, felizmente, tem oferecido espaço aos "sucessores" daquela geração e há a possibilidades dos jovens amadurecerem ao longo da temporada para chegarem preparados às grandes decisões. Mendy, Militão, Vini Jr. e outros ainda não são os titulares absolutos de suas posições mas receberam oportunidades do comandante. E muitos deles vêm aproveitando as chances em campo.

Os indícios de reação já se deram diante do modesto Deportivo Alavés, com uma goleada convincente de 4x1. Parece pouco dadas as discrepâncias técnicas e financeiras entre as equipes, mas já é um bom sinal após duas eliminações consecutivas, uma diante do Athletic Bilbao na Supercopa da Espanha e outra ante o Alcoyano na Copa del Rey, ambas por 2x1.

Resta saber se Zidane conseguirá repetir os feitos de 2015-16 e 2017-18. Se o raio já caiu duas vezes no mesmo lugar, poderia perfeitamente cair em uma terceira oportunidade e permitir mais uma volta por cima do Real.



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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Pátria de Chuteiras

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O Brasil é a pátria de chuteiras.

O Brasil é o país onde futebol é motivo para protesto e política é motivo de silêncio.

O Brasil é o país onde o governo tem dinheiro para estádios mas não tem para escolas ou hospitais.

O Brasil é o país que se vangloria de ser o único pentacampeão mundial mas finge não saber o que é um Prêmio Nobel.

Um país que investe mais no futebol do que educação. 

Compreensível, dentro do contexto, a atitude de alguns de seus cidadãos.

Violentos quando o assunto é futebol, omissos quando o tema é a nossa sociedade.

Agressivos inclusive com seus próprios treinadores e jogadores.

Emerson Leão em 2008 no Santos, Vagner Love em 2009 no Palmeiras e agora toda a delegação do São Paulo. Isto sem mencionar inúmeros outros casos de violência no futebol.

O Brasil é o país onde torcer é fanatismo e amor ao time é fundamentalismo.

O Brasil é o país onde um placar vale mais do que uma vida humana.

Realmente, o Brasil é a pátria de chuteiras.

O futebol está acima de tudo mesmo, inclusive da educação, da racionalidade e do respeito ao próximo.



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domingo, 24 de janeiro de 2021

Corrida no CEPEUSP




2005. Três amigos -dois rapazes e uma garota- passaram a utilizar os finais de tarde das terças e quintas-feiras para correrem no Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo, o CEPEUSP. Eles me convidaram para experimentar e, após alguma insistência, eu aceitei.

Lembro de ter ido em três ocasiões. Saíamos da aula de biologia molecular que acontecia durante as tardes de terça e quinta-feira e rumávamos para o CEPEUSP. Nos encontrávamos em uma pequena trilha de 1km de extensão onde os frequentadores do clube correm.

Não havia me programado para correr na primeira vez. Nem havia trazido shorts ou calçados apropriados para a prática. Acho que eu até estava de calça jeans na ocasião... Óbvio que não aguentei nem metade do percurso. Acho que desisti nos 300m. Pudera! Há anos eu não praticava alguma atividade física.

Voltei na semana seguinte. Desta vez eu trouxe shorts e fui melhor preparado. Mas você não readquire sua forma física em tão pouco tempo e, novamente, não aguentei muito -acho que parei nos 500m desta vez. Meus dois amigos me levantaram e me fizeram correr até o final da trilha. Com muito custo, dei a volta no restante do percurso de 1km, quase me arrastando.






Foi uma última vez, acredito que na mesma semana. Aguentei um pouco mais -desta vez eu desisti nos 600m. Fui até o final do percurso, mas fui andando lentamente. Lembro de ter encontrado um amigo de cursinho na ocasião e conversamos um pouco antes de eu ir embora.

Não lembro de ter ido em mais ocasiões. Meus amigos também foram desistindo aos poucos. Estávamos no ápice da graduação com muitas disciplinas e provas para realizar. Ademais, a maioria dos colegas já estava engajada em transferir as aulas para o período noturno e buscar emprego.

Eu mesmo não gostei muito de correr. Valeu a intenção dos meus amigos para me tirar um pouco do comodismo mas não foi o tipo de esporte que me senti à vontade em praticar. Foi muito legal a parte de conhecer melhor os colegas fora da sala de aula, algo que eu raramente tive oportunidade, mas a experiência não foi das melhores para mim. Quem sabe se eu tivesse o empenho ou a determinação de meus companheiros nas pistas.

Eu, aliás, nunca mais conversei a respeito das corridas com meus três amigos. Dois deles haviam passado suas disciplinas para o período noturno e perdemos um pouco o contato durante aquele ano. A colega acho que ainda conviveu mais um semestre comigo mas acho que nunca mais toquei no assunto com ela -quase sempre só falávamos a respeito de futebol quando conversávamos.

A experiência de correr não foi muito memorável. Não tinha tanto interesse em esportes na ocasião e reconheço que não fui de tanta boa vontade. Hoje talvez as coisas fossem bem diferentes e eu provavelmente demonstraria mais empenho visto que mudei a minha mentalidade de 2005 pra cá.







sábado, 23 de janeiro de 2021

Palavrinhas e Palavrões

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Um vídeo publicado em 2018 viralizou na internet. Na filmagem, um treinador de um time amador reprimia seus jogadores com insultos e palavrões. Durante a ocasião, milhares de pessoas exaltaram o técnico, que chegou até a receber propostas de equipes profissionais.

Cenas vistas no vídeo eram bastante comuns até meados dos anos 2000 mas durante os dias de hoje estão cada vez mais raras. Jogadores estão muito mais poderosos e melhor assessorados do que naquela época. Os atletas contam até com advogados particulares que os orientam a agir judicialmente caso situações como a da filmagem se repitam. Isso sem mencionar que os atletas costumam se unir contra os técnicos quando se sentem injustiçados.

Fernando Diniz chocou a torcedores e jornalistas quando proferiu insultos ao atacante Luciano durante partida contra o Red Bull Bragantino, em 2020. O jogador havia cometido um erro que resultou em um gol adversário mas o atleta se redimiu minutos depois ao empatar para o São Paulo.

Cenas envolvendo Diniz e Luciano foram se tornando cada vez mais frequentes com os dois trocando insultos e gentilezas à beira do gramado (confira uma delas na imagem abaixo). O treinador também foi flagrado várias vezes cobrando os outros jogadores de forma ríspida e até com palavrões. Como a fase do São Paulo era boa até então, fãs estavam adorando as atitudes do técnico e jornalistas exaltavam.

A queda de rendimento do São Paulo, porém, mostrou que os métodos adotados pelo treinador não eram tão bons como se imaginava. O técnico foi flagrado insultando o volante Tchê Tchê -coincidentemente contra o mesmo Red Bull Bragantino. O meio-campista foi expulso, o Tricolor foi derrotado e Diniz passou a ser condenado pelas suas atitudes no banco de reservas.



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Quem assistia aos jogos durante os anos 90 e 2000 provavelmente ficaria ao lado de Diniz. Não era raro ver Luxemburgo, Joel Santana, Muricy Ramalho e tantos outros dando broncas em seus jogadores utilizando insultos e palavrões. O próprio Luxa, aliás, também foi flagrado em 2020 proferindo grosserias ao lateral Viña.

A então boa fase do São Paulo mascarou muitos problemas no time. O Tricolor passou a ser mais estudado pelos rivais e Diniz contribuiu ao variar pouco as jogadas de seu time.

O mais grave, porém, foram as atitudes do treinador. Como escrevi no começo do texto, os técnicos de hoje tratam seus jogadores com mais respeito. Os atletas estão muito mais poderosos do que nas décadas anteriores.

Os elogios proferidos por fãs e imprensa às atitudes de Diniz também serviram para respaldar o técnico. Ele se sentiu muito mais à vontade para cobrar o elenco de maneira ríspida. E como o momento do São Paulo era bom, muitos passaram a acreditar que os métodos do treinador eram corretos e poucos enxergavam o quanto o mineiro estava errado. A queda de rendimento do Tricolor foi um duro choque de realidade.

O profissionalismo não é obrigação apenas dos jogadores, mas também dos treinadores. O comandante tem a missão de liderar e cobrar, mas com respeito e sem desmerecer os atletas. Qualquer futebolista ofendido estaria coberto de razão se movesse alguma ação judicial contra seu técnico após sofrer algum insulto, sobretudo quando as evidências são televisionadas ao vivo e amplamente divulgadas.

Os fãs do "futebol raiz" certamente estão ultrajados com a cautela com a qual treinadores precisam tratar seus comandados, mas os tempos mudaram. Certamente, o técnico citado no início deste texto não duraria muito no cargo caso fosse contratado por um time profissional.



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LEIA MAIS:

De Peito Aberto, por Casagrande- "Fernando Diniz e a falta que faz o respeito ao próximo": globoesporte.globo.com/blogs/de-peito-aberto-por-casagrande/post/2021/01/22/fernando-diniz-e-a-falta-que-faz-o-respeito-ao-proximo.ghtml



André Rocha- "Para variar, resultado define se Diniz é meme, monstro ou maluco": www.uol.com.br/esporte/colunas/andre-rocha/2021/01/09/para-variar-resultado-define-se-diniz-e-meme-monstro-ou-maluco.htm




sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Especial de Férias: Stand Up Paddle em Itanhaém




Voltamos a Itanhaém em nosso último post especial de férias, a mesma cidade onde se passou o primeiro texto desta série de cinco postagens em que relatei algumas de minhas desventuras esportivas durante as minhas viagens.

Era 2014 e eu havia acabado de perder um parente próximo quando meus amigos me convidaram para passar um final de semana na praia. Saímos de São Paulo à noite -acho que eram quase 21h- e rumamos a Itanhaém. A Rodovia dos Imigrantes, surpreendentemente, estava com trânsito muito bom desta vez a despeito de ser sexta-feira, justamente quando os congestionamentos são frequentes nas estradas paulistas.

Meus amigos levaram pranchas novamente, mas desta vez eram de stand up paddle, uma combinação de surfe com canoagem. O praticante fica em pé sobre o aparato (daí o nome stand, que significa "ficar em pé" em inglês; e paddle, que significa "remo") e se desloca sobre as águas com ajuda do remo, geralmente posicionado na parte de trás do equipamento.

Fomos à praia no dia seguinte com as pranchas. Eu me esqueci de levar câmera ou celular na ocasião e não pude tirar fotos desta vez -as imagens deste texto foram obtidas em outras viagens que fiz a Itanhaém.






Presenciei meus amigos praticando o stand up paddle até que chegou a minha vez de experimentar. Por incrível que pareça, peguei o jeito muito rápido desta vez. Em poucos minutos já havia aprendido como ficar em pé sobre a prancha e a remar.

stand up paddle é surpreendentemente rápido e pouco cansativo. Percorri uma distância razoavelmente longa a bordo da prancha sem fazer muito esforço. O mar também estava calmo, o que favorecia a prática. Me empolguei tanto na ocasião que quase cheguei a Peruíbe, a cidade vizinha!

Não ficamos muito tempo na praia desta vez. Voltamos logo pra onde estávamos hospedados, almoçamos e meus amigos foram dormir. Eu passei a tarde na sala. Não criei coragem para sair e dar uma volta na cidade.

Voltamos bem cedo no dia seguinte, domingo. Não havia trânsito e o retorno foi surpreendentemente tranquilo. Até consegui chegar em casa em tempo de pegar o almoço.

A viagem foi curta mas bastante gratificante. Graças aos meus amigos, tive forças para superar mais um momento difícil e seguir adiante. E, claro, foi a primeira vez que pratiquei um esporte sem passar vergonha! Não imaginava que fosse aprender o stand up paddle tão rápido!







quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Especial de Férias: Biribol em Guarantã




2009 foi um dos anos mais difíceis da vida do blogueiro. Enfrentei muitas situações que eu acreditava que seriam impossíveis de superar. Felizmente, dois eventos realizados ao final daquele período serviram para levantar o astral do autor, o Interanos 2009 (que eu já mencionei aqui no blog) e uma viagem a Guarantã, mais uma cidade localizada no Interior do Estado de São Paulo.

Eu tinha o hábito de visitar a cidade quando era criança mas fiquei um bom tempo sem aparecer por lá. Quando surgiu a oportunidade de viajar naquele 2009 não hesitei e aceitei na primeira oportunidade. E minha escolha não poderia ser mais acertada.

Reencontrei muitos conhecidos e aproveitei as festividades como nunca. Em poucos minutos eu já havia esquecido o quão turbulento foi aquele ano de 2009 e os problemas haviam se tornado uma vaga lembrança.






Um dos meus amigos, após as festividades, me convidou para jogar biribol, uma espécie de vôlei praticado na piscina. Eu não havia entendido muita coisa inicialmente mas aceitei o convite e segui o restante do pessoal.

Eu sei nadar mas eu estava bem enferrujado na ocasião. Como esperado, fui mais lembrado pelos vexames na piscina do que pelos lances bonitos. Mas eu não me importava. Meu objetivo era a diversão e eu estava dando umas boas risadas.

Eu, porém, engoli muita água no momento em que tentei receber uma bola e saí correndo da piscina. Meus amigos ficaram preocupados achando que eu havia me afogado. Para piorar, os banheiros estavam ocupados no momento e precisei ir até a sarjeta da rua para me livrar do líquido. Dei um belo susto nos meus conhecidos naquele dia...






Voltei para São Paulo alguns dias depois, devidamente recuperado daquele ano tão pesado. Estava muito satisfeito na ocasião e tinha a certeza absoluta de que 2010 seria um período maravilhoso. E, de fato, acabou sendo para mim.

Esta não foi exatamente a melhor viagem que eu fiz na vida mas ela teve muitos significados para mim. Aconteceu justamente em um momento em que estava deprimido e senti como se todos os meus problemas tivessem ido embora junto com 2009.

Tudo foi marcante para mim naquela virada de ano. A viagem, as festividades, o reencontro com os conhecidos e, claro, o vexame que eu dei nas piscinas. Hoje lembro da história com humor, mas o momento não foi nem um pouco engraçado.







quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Especial de Férias: Casamento na Copa do Mundo

Um olho no casamento e outro no jogo da Holanda: assim foi este dia!



5 de julho de 2014. Estava acontecendo a Copa do Mundo aqui no Brasil e eu estava cobrindo os jogos com direito a análises táticas, palpites, opiniões e tudo mais. Houve dois confrontos válidos pelas quartas-de-final neste dia -Argentina X Bélgica pela manhã e Holanda X Costa Rica à tarde- mas os textos referentes a estas partidas só foram publicados no dia seguinte.

Um grande amigo meu agendou seu casamento para este dia na cidade de Limeira (localizada no interior do Estado de São Paulo) e precisei suspender as atividades do blog em virtude da festa e da viagem. Mas nem por isso eu deixei de pensar na Copa do Mundo e, muito menos, no meu diário virtual! Dei um jeito para manter a regularidade das publicações!

Saímos bem cedo de São Paulo. A viagem até Limeira não é muito demorada -cerca de 90km de distância o que leva aproximadamente uma hora de carro. Chegamos muito cedo à cidade, tempo suficiente para fazermos o check-in no hotel e procurar um lugar para almoçar. O recepcionista sugeriu um restaurante de comida caseira localizado atrás do prédio, acatamos a sugestão e fomos conhecer o lugar.

Chegamos ao restaurante bem na hora do jogo entre Argentina e Holanda. Eu passei mais tempo prestando atenção no jogo do que na comida, obviamente. Nem lembro o que peguei no bufê! Além disso, eu estava torcendo para a Albiceleste mas precisava conter minha euforia visto que nossos hermanos não são muito queridos por aqui. Comemorei o gol de Higuaín muito discretamente.

Permanecemos no restaurante durante todos os noventa minutos do jogo. Foi uma experiência bastante divertida. Quase não falei nada durante a partida -acho que comentei uma coisa ou outra com meus amigos. Estava totalmente concentrado na televisão e pensando no que eu iria escrever no blog quando eu voltasse para casa.






O jogo da tarde foi bem mais difícil de acompanhar. O horário do casamento era muito próximo da partida e, além disso, eu precisava realizar os preparativos para a cerimônia. Pude apenas de assistir ao primeiro tempo no lobby do hotel. A segunda metade eu pude ver apenas trechos enquanto eu me aprontava para a festa no quarto. Mantive um olho na televisão e outro nas roupas. Até hoje não acredito que não cometi nenhuma gafe visto que eu estava concentrado na partida.

O jogo acabou indo para a prorrogação e pênaltis. Não teria como acompanhar a partida visto que o horário coincidiria com o casamento. Eu ainda não tinha smartphone e internet móvel para continuar assistindo. Confesso que a mão coçou para ficar mais um pouco no hotel e ver o desfecho do jogo, mas o meu amigo era mais importante que o confronto. E rumei para o salão de festas onde a cerimônia seria realizada.

Um dos meus amigos estava acompanhando o jogo pelo celular e ele passou a me contar todos os detalhes da partida, inclusive o momento em que o treinador da Holanda, Louis Van Gaal, trocou o goleiro Jasper Cillessen pelo grandalhão Tim Krul para a disputa dos pênaltis. Tudo isso em meio a cerimônia! Àquela altura estava mantendo um olho no telefone do meu colega e o outro no casamento. Eu, como um cruyffista assumido, estava torcendo para a Oranje e vibrei discretamente com a classificação da Laranja Mecânica.

O casamento foi bastante divertido -e foi ainda mais saboroso com os resultados que eu desejava nos jogos. Passei horas dando risadas com os meus amigos bêbados. Lembro que ouvi uma música que eu estava procurando desde a infância e fui pedir para a DJ o nome da canção. Uma hora eu também estava alcoolizado, saí um pouco do salão tomar um ar e fiquei conversando com os seguranças a respeito da cidade. Lembro que perguntei do bairro Ernesto Kühl, que eu vi no extinto programa Polícia 24h!

Acordei bem cedo no dia seguinte apesar da ressaca. A janela do banheiro era apontada para o lado que o sol nasce e foi impossível dormir. Tomei um café reforçado e voltamos para São Paulo próximo à hora do almoço.

Já fui a muitos casamentos, mas este em Limeira foi inesquecível em muitos sentidos! Nunca dei tantas risadas quanto neste dia! E, claro, pelo desafio de assistir aos jogos para registar depois no blog. Aliás, até hoje não sei como pude memorizar tantos detalhes em meio a tantas coisas para fazer naquela ocasião!







terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Especial de Férias: Futsal em Águas de São Pedro




Era 2011, aquele ano quando realizei diversas viagens. Uma amiga do laboratório onde eu fazia mestrado me convidou para passar um final de semana em Águas de São Pedro, cidade localizada no interior do Estado de São Paulo. Eu inicialmente havia recusado a oferta porque estava escrevendo alguns relatórios, mas um colega insistiu muito para que eu fosse e acabei cedendo.

Saímos de São Paulo sábado bem cedo. Naquela época os smartphones e a internet móvel eram itens pouco acessíveis e eu havia passado boa parte da noite estudando o melhor caminho para chegarmos à cidade. A viagem, apesar disso, transcorreu sem grandes problemas.

Chegamos a Águas de São Pedro por volta das 11h da manhã. Trata-se de uma cidade turística, bastante agradável e muito bonita. Perfeita para muitas fotos. Era baixa temporada na ocasião e a localidade estava praticamente deserta. Não se via uma alma viva nas ruas.

Passamos um bom tempo aproveitando a piscina até que a anfitriã nos convidou para darmos uma volta na cidade. Fomos visitar uma represa mas a terra estava fofa e eu afundei em um lamaçal. Só consegui sair com ajuda. E soltei tantos palavrões que deixariam até Fernando Diniz com vergonha!






Voltamos do passeio pela e saímos novamente para conhecer o ginásio da cidade onde fomos bater uma bola. Joguei apenas pra fazer número porque eu era péssimo no futsal. Tirei algumas poucas fotos da partida quando deveria ter feito mais registros e filmagens daquele momento.

O jogo foi surpreendente, com muitos talentos ocultos vindo à tona. Uma das garotas do grupo nunca havia jogado conosco e ela demonstrou bastante intimidade com a bola, com chutes potentes, precisão no tempo e domínio de bola. Enquanto voltávamos para a casa onde estávamos hospedados, eu conversava com a colega admirado com o seu desempenho em quadra.

Um grupo voltou para São Paulo ainda no sábado enquanto eu fiquei com os demais para irmos embora no dia seguinte. Ficamos nadando e inventando jogos noite adentro e pela manhã do dia seguinte. Apenas no domingo à tarde saímos de Águas de São Pedro. Chegamos a nos perder pelo caminho, mas a colega que nos dava carona tinha um GPS e evitou que ficássemos presos em Piracicaba.

A viagem para Águas de São Pedro foi realmente inesquecível. Fizemos muitas coisas durante um intervalo de tempo muito curto. Literalmente aproveitamos muito bem cada minuto da viagem. E pude descobrir muitos talentos ocultos entre os colegas de laboratório.