quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Sete Anos de um Sonho

Imagem extraída de www.facebook.com/CBHbOficial



Ontem tive um dia realmente horrível. Eu havia preparado um texto para ir ao ar mas passei por um estresse tão grande que não tive sequer vontade de publicar nada.

Recebi, contudo, uma lembrança bastante agradável pouco antes de eu ir dormir. O canal Esporte Interativo recordou a conquista do primeiro e, por enquanto, único mundial conquistado pela equipe feminina de handebol há sete anos atrás na Sérvia. O Brasil derrotou as donas da casa em uma final emocionante, que terminou em 22x20 para as nossas meninas.

Nenhum canal senão o Esporte Interativo cobriu o mundial de 2013, como fizeram questão de exaltar os seus apresentadores. A emissora, que na época transmitia seu sinal via UHF, exibiu todos os jogos da competição além de apresentar boletins diários.

Não consegui assistir ao jogo decisivo, mas lembro que eu havia chegado do meu trabalho e recebi a notícia de que nossas meninas lideradas pelo treinador Morten Soubak haviam feito história e colocado o nosso país no mapa do handebol mundial.

O Brasil fez uma campanha histórica naquele ano, ficando em primeiro no seu grupo com 100% de aproveitamento (cinco vitórias em cinco jogos) acima de potências como Dinamarca e a própria Sérvia. Na fase de mata-mata, nossas meninas não tiveram vida fácil e tiveram de enfrentar várias seleções que já haviam sido campeãs em outras edições -Holanda, Hungria e, novamente, a Dinamarca e a Sérvia.



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O título inédito, infelizmente, não aumentou a popularidade ou o interesse do brasileiro pela modalidade. Outras emissoras até adquiriram os direitos de transmissão dos mundiais seguintes além de tratarem a categoria com muito mais respeito durante os jogos olímpicos. O nosso handebol, porém, não conseguiu novos troféus e continuou sendo um mero coadjuvante entre as modalidades esportivas.

Este assunto, aliás, fiz questão de abordar em entrevista que realizei com praticantes de handebol pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Nós, infelizmente, não valorizamos o legado deixado por nossas meninas e pelo treinador Soubak, e a modalidade seguiu fazendo um sucesso tímido no Brasil apesar do título.

A lembrança do título, quem sabe, possa animar fãs e aspirantes a repetirem o sucesso da fantástica geração de 2013. Sabemos que culturalmente o brasileiro valoriza outras modalidades fora o futebol quando algum esportista surge ganhando títulos a despeito da falta de apoio midiático ou patrocínio. Foi assim no tênis com Guga, no MMA com Anderson Silva e no surfe com Gabriel Medina. Por que nçao poderia ser assim também com o nosso handebol?

A geração de 2013 caiu em um injusto esquecimento, mas as nossas meninas e o treinador Morten Soubak sabem que seu legado ficará para sempre na história do esporte brasileiro e também do mundial.



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segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Escudos Humanos

Muricy Ramalho voltará ao São Paulo em 2021 como dirigente na gestão
de Julio Casares (imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc)



Muricy Ramalho voltará ao São Paulo em 2021. O ex-treinador, que vinha trabalhando como comentarista da Rede Globo, desligou-se da emissora na última semana e irá assumir algum cargo na gestão do presidente do São Paulo, Julio Casares, eleito no último final se semana. Além do ex-técnico, Kaká, Milton Cruz e Zetti também podem retornar ao Morumbi. E existe ainda a possibilidade da manutenção de Raí e Lugano, que já trabalham no Tricolor como dirigentes.

A presença de antigos ídolos de um time é sempre bem-vinda, afinal eles têm identificação com o clube, trazem de volta a mística de alguma era vitoriosa, suas experiências em campo ou no banco de reservas contribuem com o desempenho do futebol e os torcedores adoram. Qual fã não gostaria de ter de volta tantos ícones vencedores de volta ao São Paulo?

A atual gestão, contudo, nos mostrou o outro lado da história. Leco utilizou o ex-goleiro Rogério Ceni como cabo eleitoral para depois dispensá-lo sem piedade ao primeiro sinal de crise. O mandatário, cada vez mais questionado, cercou-se se outros ídolos do passado (Lugano, Raí e Ricardo Rocha), ofereceu-lhes cargos administrativos mas interferia com frequência no trabalho do trio como revelou o pernambucano após sua saída. Ou seja, a presença dos ex-jogadores era um mero escudo para o presidente dividir a culpa por eventuais fracassos.



Kaká também pode retornar ao Morumbi, desta vez como
dirigente (imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc)



O retorno dos ídolos na gestão Casares, portanto, precisa ser avaliado com desconfiança e racionalidade, e não com saudosismo e passionalidade. A própria gestão Leco nos demonstrou o quanto os ex-jogadores foram desrespeitados a despeito de suas respectivas histórias e atirados aos leões ao menor sinal de crise. Isto não significa que tudo se repetirá com Casares mas a história recente do Tricolor nos obriga a manter um pé atrás.

A identificação dos ídolos com o clube, ademais, não oferece nenhuma garantia de que o sucesso nos gramados se repetirá nos escritórios. Zico, por exemplo, não se deu bem como dirigente no Flamengo. O mesmo ocorreu com o zagueiro William, ex-capitão do Corinthians, que acabou deixando o Timão poucos meses após ser nomeado como gerente na instituição.

Muricy, Kaká, Raí, Lugano ou qualquer outro ídolo do São Paulo é sempre bem-vindo ao clube. Mas os acontecimentos recentes obrigam que o autor veja o assunto com muito mais desconfiança do que otimismo.



Há a possibilidade de Raí permanecer no São Paulo
(imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc)




domingo, 20 de dezembro de 2020

Slackline na Chácara

Atravessar essa corda é muito mais difícil do que aparenta...



Janeiro de 2015. Um grande amigo meu marcou seu casamento em uma cidade no interior de São Paulo, mais precisamente na região de Catanduva, Mirassol, São José do Rio Preto e afins. Essa parte do Estado, aliás, é frequentemente lembrada pelo calor escaldante durante o verão, podendo facilmente alcançar os 40°C.

Meu amigo sugeriu que eu e os demais convidados nos hospedássemos em uma chácara localizada nos arredores da cidade e situada próxima ao buffet onde o casamento seria realizado. Era um lugar bastante aprazível com piscina, churrasqueira, muitos quartos e dois campos de futebol.

Um dos meus colegas mencionou durante a viagem que estava levando slackline, uma espécie de corda bamba em que o praticante precisa atravessar se equilibrando no equipamento. Não havia entendido do que se tratava inicialmente. Apenas depois que chegamos à chácara e após a instalação do instrumento que eu compreendi o que era.






Atravessar uma corda bamba era muito mais difícil do que eu imaginava. É difícil até mesmo parar em pé sobre o slackline, quanto mais caminhar sobre o equipamento. Eu tentei de todas as maneiras: andando de frente, de lado, correndo, me movimentando lentamente, com os braços abertos, ... Não consegui sequer chegar à metade do percurso.

Meus amigos também não tiveram êxito em suas tentativas, pelo menos durante as vezes que eu presenciei. Lembro que o máximo que conseguiram foi caminhar cerca de dois terços do percurso. Mesmo pessoas com bom preparo físico tiveram dificuldades em completar a tarefa.

Passamos praticamente todo aquele final de semana na chácara. Só deixamos o local para irmos ao casamento e para jantarmos com os noivos. Nem pensamos em ir conhecer a cidade e fazer turismo por lá. O sítio era tão agradável que meus amigos pediram para voltar lá no ano seguinte. E, claro, o desafio de atravessar o slackline havia intrigado a todos os presentes.






Fomos embora no domingo. Estávamos todos cansados e de ressaca pelo casamento, mas precisávamos trabalhar no dia seguinte. Foi duro atravessar os 500 quilômetros que separavam a cidade até São Paulo sob aquele sol de mais de 30°C com picos de 40°C. Louvado seja o inventor do ar-condicionado automotivo.

Pensei durante a viagem de volta sobre o slackline. Fiquei imaginando novas possibilidades para tornar a brincadeira ainda mais divertida, como usar bastão para equilibrar o peso ou instalar o equipamento sobre a piscina.

Ainda bem que não levei a segunda ideia adiante pois ela poderia ter acabado muito mal, como vocês podem assistir neste link...







sábado, 19 de dezembro de 2020

É Possível Salvar Borja?

Borja e Guerra: campeões no Atlético Nacional, fiascos no
Palmeiras (imagem extraída de www.facebook.com/miguelborja09)



Miguel Borja chegou ao Palmeiras em 2017 com muitas pompas. O colombiano havia conquistado a Libertadores do ano anterior, anotou muitos gols (com destaque para sua grande atuação contra o São Paulo) e tudo indicava que o atacante faria muito sucesso no Verdão, podendo se valorizar e ser negociado posteriormente com alguma potência europeia assim como havia acontecido com seu compatriota Yerry Mina. O treinador Cuca, que comandava o Palestra em 2016, deixou indicado o cafetero juntamente com o meia Alejandro Guerra pouco antes de deixar o clube.

O colombiano chegou com status de grande contratação mas o jogador não demonstrou nem metade do futebol exibido no Atlético. Diversos treinadores dos mais variados estilos de jogo passaram pelo clube no período -Eduardo Baptista, Cuca, Alberto Valentim, Roger Machado, Felipão e Mano Menezes- mas todos eles só conseguiram extrair lampejos de Borja em campo.

Jornalistas e analistas buscavam explicações para os maus desempenhos de Borja no Verdão. Diziam que o colombiano não se adaptara ao "jogo coletivo" praticado no Palmeiras enquanto no Atlético Nacional todas as jogadas eram realizadas em função do atacante. Ademais, alegavam que o definidor era uma pessoa introvertida e que estaria tendo dificuldades até de fazer amigos no elenco.

O colombiano, sem espaço, acabou emprestado ao Junior de Barranquilla, o clube de coração do jogador segundo comentaristas. O atacante, porém, não convenceu em sua nova equipe, somado aos fracassos na Libertadores (caiu na fase de grupos) e na Sulamericana (foi eliminado na semifinal pelo Coquimbo Unido do Chile). Com isso, o definidor foi devolvido ao Palmeiras mas não poderá ser aproveitado na temporada por ter voltado ao Verdão fora do prazo de inscrição de atletas. Com isso, Borja deverá treinar separado do elenco até que sua situação seja resolvida.



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A tendência é de que o Palmeiras busque um novo clube para Borja, mas há chances da sorte do colombiano mudar. Há alguns meses atrás, torcedores pediram o retorno do atacante. Sim, os mesmos fãs que outrora criticavam o jogador agora revindicavam por uma nova chance ao definidor.

O Palmeiras sofreu com muitos desfalques no ápice desta temporada em virtude de lesões, convocações para jogos de seleção e, principalmente, devido a um surto de COVID-19 que causou muitas baixas na Academia de Futebol. Alguns atletas até tiveram de ser improvisados a despeito do elenco numeroso -o meia Gustavo Scarpa, por exemplo, atuou na lateral esquerda durante algumas partidas. O retorno de Borja, portanto, preencheria eventuais lacunas no grupo.

Outro motivo foi o "milagre" de Abel Ferreira. O português, além de melhorar o futebol do Palmeiras, recuperou vários atletas que estavam em baixa no elenco, como Raphael Veiga, Patrick de Paula, Rony e o próprio Scarpa. Torcedores acreditam que o treinador poderia reerguer Borja da mesma forma que fez com os demais.

O destino de Borja só deverá ser definido ao término desta temporada, o que só ocorrerá em fevereiro de 2021. Até lá, fica a expectativa para que o colombiano encontre um novo clube ou receba chances com Abel Ferreira e, quem sabe, volte a brilhar como ocorreu com outros "renegados" do elenco.



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Muito Além de Ronaldo

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Diogo Jota, Bernardo Silva, Bruno Fernandes, João Félix, ... A renovação da Seleção Portuguesa está saindo muito melhor do que a encomenda. A equipe das Quinas tem à disposição muitos atletas jovens e que estão em ótima fase nas principais ligas da Europa mostrando que pode haver vida sem Cristiano Ronaldo.

A geração anterior (Moutinho, Pepe, Nani, Bruno Alves, ...) superou as expectativas e foi coroada com o título da Euro 2016, mas os jogadores já estavam envelhecendo e a equipe voltou a se mostrar dependente demais de seu maior astro durante a Copa 2018 -o maior exemplo se deu naquela partida emblemática contra a Espanha que confrontou o coletivo da Furia contra o talento individual de Ronaldo. Era necessário, portanto, sangue novo no time das Quinas.

Cabe, ainda, mencionar que muitos dos jogadores campeões em 2016, como Raphaël Guerreiro e Renato Sanches, mudaram de clube mas decepcionaram nas primeiras temporadas em seus novos times. Mais um motivo para o treinador Fernando Santos buscar outras opções.

A renovação foi realizada lentamente visto que alguns remanescentes da geração anterior permaneceram, como Pepe e Moutinho que ainda têm espaço na equipe. Mas houve aumento na presença de jogadores nascidos na segunda metade dos anos 90 e início dos 2000. E o início dessa nova safra não poderia ser melhor com o título da Liga das Nações em 2019.



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A geração atual, já com os jovens astros, fez uma boa campanha na Liga das Nações 2020-21. A Seleção das Quinas brigou de igual para igual até mesmo com os franceses, atuais campeões mundiais, mas sucumbiram diante de rivais com mais recursos e melhor entrosados. O saldo, mesmo sem a vaga para as semifinais da competição, foi positivo.

Portugal ainda conta com uma ajuda inesperada para este ciclo, o Wolverhampton Wanderers, clube da Inglaterra que é dirigido pelo treinador português Nuno Espírito Santo. O técnico montou uma verdadeira filial das Quinas e vem ajudando no desenvolvimento de atletas lusitanos no competitivo futebol inglês. Não obstante, os Wolves fazem boas campanhas na Premier League -terminaram em 7° em 2020 e estão em 10° atualmente. Ou seja, Fernando Santos terá ainda mais material humano para sua equipe, todos devidamente entrosados e atuando em alto nível.

Ainda é cedo para colocar os portugueses entre os favoritos aos títulos da Eurocopa ou da Copa do Mundo, afinal os atletas desta geração ainda são muito jovens e precisarão de quilometragem para concorrerem aos troféus, mas repetir a boa campanha do Mundial de 2006 (quando chegou às semifinais) e chegar com mais experiência para o ciclo seguinte para brigar nas cabeças são metas totalmente plausíveis.

O mais importante, contudo, já está sendo feito que é formar uma nova geração para o dia em que Cristiano Ronaldo tiver de pendurar as chuteiras, algo que não está muito longe de acontecer visto que o atacante já está com 35 anos.



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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

O Verdadeiro Melhor do Mundo

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O livro Os Números do Jogo nos oferece uma teoria muito interessante a respeito das premiações individuais no futebol. No esporte bretão, segundo a obra, é muito mais difícil pontuar se comparado ao basquete, vôlei ou futebol americano. Tanto é verdade que raramente vemos um placar com dígitos duplos por mais discrepâncias que hajam entre as duas equipes.

A obra explica que é muito mais difícil fazer um gol no futebol do que uma cesta no basquete, o que justifica os placares magros do esporte bretão se comparado aos da bola ao cesto. É por isso que, segundo os autores do livro, jogadores de ataque (atacantes e meias) são tão valorizados no esporte, recebendo os melhores salários e quase sempre recebendo os prêmios individuais da categoria.

É compreensível, portanto, que quase sempre os jogadores contemplados com a Bola de Ouro sejam meias ou atacantes. São os atletas ofensivos que realizam a tarefa mais complexa no futebol e, portanto, são eles o grande diferencial das equipes segundo a obra. Tanto é verdade que nós, os próprios espectadores, celebramos muito mais os definidores e armadores em detrimento aos defensores.

Temos, portanto, justificativas suficientes para que o atacante Robert Lewandowski mereça a Bola de Ouro em 2020. O polonês realizou uma temporada perfeita em 2019-20 tendo conquistado a Tríplice Coroa (Bundesliga, DFB Pokal e Champions League), sendo artilheiro nas três competições e ainda contribuindo com sua equipe de outras maneiras -passes certos, assistências, abertura de espaços para os companheiros, ...

Eu, no entanto, enxergo um outro jogador do Bayern München como merecedor da Bola de Ouro em 2020, e esse jogador é o goleiro Manuel Neuer. Sim, o arqueiro alemão foi, para mim, o grande diferencial do time bávaro na temporada 2019-20 embora reconheça que é injusto escolher um destaque individual de um time cujo ponto forte seja o jogo coletivo.



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A campanha perfeita do Bayern em 2019-20 fez com que muitos deixassem de enxergar as falhas da equipe bávara, mas as três últimas partidas da Champions League deixaram evidente que o time alemão possuía algumas fraquezas defensivas e a recomposição defensiva esteve longe de ser perfeita.

Todas as vezes que a zaga bávara falhou, Neuer estava lá para salvar os companheiros. O arqueiro, em demonstrações de frieza e auto-confiança, parou quase todos os atacantes em lances extremamente difíceis. Mbappé, Suárez, Messi, Toko Ekambi, Neymar, ... Não importava quem fosse o rival: o goleiro enfrentava cada um deles sem medo.

Neuer também se destacou pela liderança em campo. Não seria fácil preencher o vazio deixado pelos eternos capitães Lahm e Schweinsteiger, mas o goleiro assumiu a responsabilidade e demonstrou que ele era digno de tamanha honra, cobrando os companheiros e comandando as jogadas.

Neuer recebeu seu merecido prêmio de melhor goleiro da temporada mas, curiosamente, não esteve no "Onze Ideal" da FIFA -o brasileiro Alisson, do Liverpool, foi eleito para a posição.

Admito que Bola de Ouro, pelos motivos explicados no começo do texto, está em boas mãos com Lewa, mas para mim Manuel Neuer foi o maior diferencial do Bayern München na temporada e, portanto, o goleiro é o verdadeiro merecedor do troféu.



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quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Palpites para a Europa League

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Pensei, em princípio, publicar este post na segunda-feira juntamente com os palpites para as oitavas-de-final da Champions League mas optei por guardar este texto para uma ocasião como hoje quando levantei tarde e sem nenhuma inspiração.

Não escrevi muito a respeito da Europa League (ou "Liga Europa") durante os últimos meses aqui no blog. Talvez por falta de tempo para acompanhar os jogos ou pura falta de interesse do autor mesmo, visto que os jogos da competição geralmente só se tornam empolgantes por volta das quartas-de-final quando restam apenas os reais candidatos ao troféu.

A temporada 2020-21, contudo, reservou algumas gratas surpresas ao espectador com muitas equipes grandes participando. Manchester United, Tottenham, Arsenal, Leverkusen, Roma, Villarreal, Milan, Ajax, ... Há, portanto, a expectativa por grandes jogos nesta edição.

Faremos, como sempre, breves análises dos confrontos e palpitaremos os vencedores dos duelos válidos pela fase de 16-avos da competição. As equipes à direita mandarão os jogos de volta e os meus chutes estarão em negrito. Será que seu time preferido tem chances de avançar? Confira a opinião do autor.



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WOLFSBERG (Áustria) X TOTTENHAM (Inglaterra): a boa fase do Tottenham somada ao bom elenco e ao resultadismo do treinador José Mourinho confere pleno favoritismo aos Spurs.



DYNAMO KYIV (Ucrânia) X BRUGGE (Bélgica): as milionárias equipes ucranianas não vêm demonstrando a mesma força do passado, portanto o Brugge deve avançar, ajudado pela boa campanha realizada na fase de grupos na Champions League.



REAL SOCIEDAD (Espanha) X MANCHESTER UNITED (Inglaterra): o Manchester United tem mais elenco mas não vive um bom momento, enquanto a Real Sociedad está voando em campo mas possui menos recursos que os ingleses. A tendência é de que o United consiga a vaga.



BENFICA (Portugal) X ARSENAL (Inglaterra): o Arsenal é favorito aqui por contar com mais elenco e recursos que o Benfica.



CRVENA ZVEZDA/ESTRELA VERMELHA (Sérvia) X  MILAN (Itália): embora não pareça, temos aqui duas equipes que já foram sinônimo de bom futebol e ambas, inclusive, já venceram a Champions League no passado. O Milan, ainda em reconstrução, deve levar a melhor sobre o Crvena Zvezda pela qualidade do elenco.



ROYAL ANTWERP (Bélgica) X RANGERS (Escócia): o Rangers atravessa um momento melhor que o Antwerp e, portanto, os escoceses devem avançar.



SLAVIA PRAHA (República Tcheca) X LEICESTER CITY (Inglaterra): o Leicester, com um elenco superior e especialista em jogar com o resultado, deve avançar tranquilamente.



RED BULL SALZBURG (Áustria) X VILLARREAL (Espanha): este confronto deve ser equilibrado e as duas equipes têm boas chances de avançar. O Villarreal, por atravessar um bom momento em uma liga mais forte, tem um pouco mais de possibilidades para seguir em frente.



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BRAGA (Portugal) X ROMA (Itália): a Roma é franca favorita aqui pela qualidade do elenco.



KRASNODAR (Rússia) X DINAMO ZAGREB (Croácia): o Dinamo Zagreb apesar do elenco forte, não tem poder de decisão e, por isso, o Krasnodar deve seguir em frente.



YOUNG BOYS (Suíça) X BAYER LEVERKUSEN (Alemanha): o Leverkusen conta com o elenco mais forte que o Young Boys.



MOLDE (Noruega) X HOFFENHEIN (Alemanha): o Hoffenhein, com um elenco mais forte que o do Molde, é franco favorito aqui.



GRANADA (Espanha) X NAPOLI (Itália): o Napoli, com um elenco mais forte e um treinador capaz de cobrar intensidade de sua equipe, é franco favorito diante do Granada.



MACCABI TEL AVIV (Israel) X SHAKHTAR DONETSK (Ucrânia): a campanha histórica dos israelenses deve terminar diante do elenco milionário do Shakhtar.



LILLE (França) X AJAX (Holanda): páreo duro. O Ajax, com um elenco um pouco melhor, deve avançar apertado.



OLYMPIACOS (Grécia) X PSV (Holanda): o pragmatismo grego enfrenta a ofensividade holandesa. A tendência é de que o PSV avance a despeito do equilíbrio.



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terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Precisamos Parar de Hatear Mourinho

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Existe na internet uma ação chamada de "hatear", que vem do inglês hate (odiar) e consiste em publicar comentários negativos e ofensivos contra algo ou uma pessoa. Os haters ("odiadores"), da mesma forma, são internautas que vivem de praticar o hate contra alguém.

José Mourinho é um grande treinador, detentor de vários títulos e conquistas ao longo de sua vitoriosa carreira. O português, porém, é severamente criticado pelo seu estilo de jogo estritamente defensivo e pelos seus comentários no mínimo polêmicos. É praticamente impossível ficar indiferente diante de Mou: ou você o ama, ou você o odeia.

Mou acabou ganhando fama negativa aqui no Brasil no começo da década de 2010. O treinador comandava o Real Madrid na época e o português acabou desenvolvendo uma rivalidade ferrenha com Josep Guardiola, que estava à frente do Barcelona durante a ocasião. Os confrontos entre o lusitano e o catalão transcenderam os gramados e beiraram à inimizade em muitos momentos.

Parte da imprensa da época enxergava o estilo ofensivo de Guardiola como o "correto". Mou acabou taxado como o "vilão" da história por ser a antítese do catalão e criou-se uma legião de haters contra o português aqui no Brasil. O tempo passou, os treinadores mudaram de clubes e a rivalidade entre os dois esfriou um pouco, mas a má fama de Mourinho permaneceu bem como a rejeição de muitos brasileiros.



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Não há uma regra que obrigue as equipes a atuarem no ataque ou manter a posse da bola. Jogar ofensivamente ou defensivamente são apenas estilos e nenhum deles é errado. Eu mesmo, influenciado por comentaristas que endeusavam Guardiola, cheguei a fazer postagens no passado criticando a forma defensivista de Mou, mas hoje vejo que é apenas uma proposta de jogo.

Há também as críticas sobre o comportamento de Mou. Muitos o veem como "arrogante", "prepotente" e "grosseiro". O português, de fato, é muito lembrado pelas discussões ríspidas com profissionais de imprensa, outros treinadores e até com seus próprios jogadores. Mourinho, inclusive, foi demitido de seus três últimos clubes (Real Madrid em 2013, Chelsea em 2016 e Manchester United em 2019) após perder o vestiário. Mas o lusitano também possui centenas de admiradores e muitos dos que trabalharam com ele garantem que é uma boa pessoa e um ótimo profissional. É o que escrevi no início do texto: ou você ama ou você odeia o técnico.

Menosprezar Mou é menosprezar a história do futebol. Poucos treinadores conseguiram fazer sucesso em tantos países diferentes. Mourinho foi campeão na Inglaterra, Portugal, Espanha e Itália. Ademais, o lusitano venceu a Champions League duas vezes -2004 com o Porto e 2010 com a Internazionale. Seu estilo de jogo pode não ser vistoso, mas não é errado e, muito menos, ilegal.

Precisamos deixar o preconceito contra Mou de lado e enxergar seus méritos. É óbvio que o treinador tem defeitos, mas temos de reconhecer que muito do que se escrevia contra o português foi consequência de um endeusamento a Guardiola e ao Barcelona no começo desta década.



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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

A Rota dos Campeões

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Cara leitora e leitor, você se lembra dos palpites que eu dei para a fase de grupos da Champions League? Eu adivinhei a posição de 22 times dentre os 32 participantes, sendo que em três grupos (A, D e G) eu acertei em cheio a classificação dos times.

Podemos tirar duas interpretações do meu sucesso. A primeira é a de que eu realmente seja um bom analista a despeito de nunca ter chutado uma laranja na vida ou nunca ter estudado futebol. A segunda, e mais provável, é de que os jogos da primeira fase são quase todos previsíveis e de poucas emoções, salvo algumas exceções.

Um argumento que dá sustentação à segunda hipótese é a demissão do treinador Lucien Favre do Borussia Dortmund. Os Aurinegros terminaram em primeiro em seu grupo na Champions, mas o time faz uma campanha apenas modesta na Bundesliga e o clube ainda levou uma sonora goleada de 5x1 diante do Stuttgart em pleno Signal Iduna Park. Ou seja, os jogos da primeira fase da Liga dos Campeões não são um boa referência para se avaliar o desempenho de uma equipe apesar da importância da competição.

Tivemos, ainda assim, algumas zebras como a eliminação do Manchester United diante do emergente Red Bull Leipzig, a Internazionale terminando na lanterna seu grupo (não conseguiu sequer uma vaga na Europa League) e a classificação de alguns azarões como o Borussia Mönchengladbach e o próprio Red Bull Leipzig.

Foi realizado na manhã de hoje o sorteio que definiu os confrontos válidos pelas oitavas-de-final da Champions League. O chaveamento, como em edições anteriores, não permite o cruzamento de equipes de um mesmo país (Sevilla e Real Madrid, ambos da Espanha, por exemplo) ou de times que tenham participado de um mesmo grupo na primeira fase (Lazio e Borussia Dortmund, por exemplo).

Fizemos, como é tradição aqui no blog, análises dos confrontos e demos palpites para os jogos. As equipes à direita mandam as partidas de volta e os favoritos (em minha opinião) estão em negrito. Será que o seu time preferido tem chances de avançar? Confira!



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BORUSSIA MÖNCHENGLADBACH (Alemanha) X MANCHESTER CITY (Inglaterra): o City é franco favorito mas o M'Gladbach é uma verdadeira caixinha de surpresas, visto que conseguiu fazer frente aos milionários rivais de seu grupo (Real, Internazionale e Shakhtar) a despeito do elenco modesto. Os Citizen não podem subestimar os Potros em hipótese alguma. 



LAZIO (Itália) X BAYERN MÜNCHEN (Alemanha): o Bayern deve avançar sem muitos problemas visto que a Lazio tem um elenco com menos recursos e o time romano ainda não demonstrou poder de decisão, sobretudo nos grandes jogos.



ATLÉTICO DE MADRID (Espanha) X CHELSEA (Inglaterra): este confronto promete duas partidas equilibradas. O renovado Chelsea me parece um pouco melhor e com mais recursos em campo, mas o Atlético sabe muito bem jogar com o regulamento e não seria absurdo observar um triunfo colchonero a despeito do treinador Simeone tomar algumas decisões contestáveis.



RED BULL LEIPZIG (Alemanha) X LIVERPOOL (Inglaterra): a tradição e a intensidade do Liverpool deve prevalecer diante do emergente Red Bull.



PORTO (Portugal) X JUVENTUS (Itália): a Juventus não deve encontrar grandes dificuldades diante do Porto dada as discrepâncias do elenco e das finanças.



BARCELONA (Espanha) X PARIS SAINT-GERMAIN (França): o momento do PSG é melhor  mas falta poder de decisão aos franceses nos grande jogos e, por isso, o Barcelona deve triunfar apesar da campanha irregular.



SEVILLA (Espanha) X BORUSSIA DORTMUND (Alemanha): confronto equilibrado entre duas equipes de mesmo nível técnico e financeiro. Vejo o Sevilla um pouco melhor que o Borussia Dortmund a despeito da pouca tradição dos nervionenses na Champions.



ATALANTA (Itália) X REAL MADRID (Espanha): o Real Madrid faz uma campanha de altos e baixos, mas tem mais elenco, recursos e experiência na competição do que a Atalanta.



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domingo, 13 de dezembro de 2020

O Amigo Gringo




Meu ex-orientador tinha um amigo inglês. Eles se conheceram quando meu ex-chefe estudou na Inglaterra e ambos se tornaram muito próximos desde então. Eles sempre mantiveram contato, realizavam trabalhos em colaboração e buscavam maneiras de se encontrar com frequência.

Conheci o inglês em 2008 quando ele veio ao Brasil para participar de um congresso. Ele já havia visitado tantas vezes o nosso país que já arriscava algumas palavras em português e já estava familiarizado com a nossa cultura, incluindo o futebol e o churrasco.

O gringo, aliás, é torcedor fanático do Liverpool. Meu ex-chefe certa vez me contou que o estrangeiro morria de raiva do São Paulo por causa do Mundial de Clubes de 2005, quando o Tricolor levou a melhor sobre os Reds em uma partida marcada por muitos lances controversos. Eu jamais toquei no assunto em virtude disto.

O inglês também adorava jogar futebol. Quando o gringo vinha ao Brasil, nós marcávamos algumas partidas para ele se divertir e também para integrá-lo à nossa turma. O estrangeiro fazia questão de participar e só recusava os convites por motivo de força maior. O entusiasmo dele em quadra era admirável.






Houve uma vez em que fomos jogar bola com o gringo em 2008 e só eu sabia falar inglês dentre os presentes. Um dos meus colegas me pediu "por favor" pra eu puxar assunto com o estrangeiro enquanto esperávamos a carona para voltar ao laboratório onde trabalhávamos. Detalhe: eu nunca tive aulas de idiomas fora da escola e eu aprendi tudo praticamente só jogando videogame ou cardgames durante minha adolescência!

Houve um novo encontro em 2011. Eu pretendia caçoar do gringo com um boné do Liverpool, mas eu havia entendido que ele era torcedor do arquirrival Manchester United, e não dos Reds. O tiro saiu pela culatra e fui chamado de "puxa-saco" pelos meus colegas de laboratório!

Eu, também em 2011, compartilhei no Facebook uma notícia de que o então treinador do Manchester United, Sir Alex Ferguson, havia recebido um título honorário de doutor pela Manchester Metropolitan University. O gringo "cornetou" a minha postagem no dia seguinte. Descobri que a rivalidade entre Liverpool e Red Devils era mais intensa do que eu imaginava...

Encontrei o gringo pela última vez em 2014. Era época de festas juninas e também de Copa do Mundo aqui no Brasil. Não conversamos muito na ocasião mas foi um encontro divertido. Meu ex-orientador falou do meu blog para o estrangeiro e até sugeriu para eu fazer uma versão em inglês de meus textos, mas nunca consegui levar a ideia adiante.

O estrangeiro hoje vive na Austrália e, graças às redes sociais, pudemos manter contato. Não tenho tanta proximidade com ele. Aliás, confesso que eu tenho um pouco de vergonha de escrever para ele pelo fato dele ser um grande pesquisador e eu um mero blogueiro! Mas sempre curto suas postagens e comento em suas publicações de vez em quando.







sábado, 12 de dezembro de 2020

Marketing de Ouro

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Robert Lewandowski (foto acima), Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. Os três são os finalistas indicados para concorrerem à Bola de Ouro em 2020, troféu destinado ao melhor jogador do mundo na temporada 2019-20.

Concordei apenas com a indicação de Lewandowski. O polonês fez uma temporada perfeita conquistando a Tríplice Coroa pelo Bayern München e sendo o artilheiro da Champions League com 15 gols. Reconheço que o grandalhão é um pouco desengonçado pelo tamanho, mas o atacante merece o prêmio pelo desempenho em 2019-20. E arrisco dizer que ele tem tudo para superar Grzegorz Lato como o maior jogador da Polônia.

Messi e Ronaldo são craques mas não acredito que tenham sido excepcionais em 2019-20 para justificar suas respectivas presenças entre os finalistas. O Campeonato Italiano perdeu sua competitividade desde o início da década quando a Juventus passou a monopolizar a competição, e o Barcelona não conquistou um título sequer na temporada. Isso sem mencionar que nenhum dos dois sequer conseguiu chegar às semifinais da Champions.

Mais justo seria indicar Manuel Neuer (fez uma temporada excepcional, sobretudo na reta final da Champions League quando fechou o gol contra Lyon e Paris Saint-Germain), Ivan Perišić (para mim, a melhor contratação da temporada, versátil, habilidoso e, infelizmente, muito subestimado), Thomas Müller (tão versátil e habilidoso quanto Perišić e igualmente subestimado), Neymar (demonstrou muita maturidade e garra em campo) ou Marquinhos (foi fundamental para a classificação inédita do PSG para a final da Liga dos Campeões).



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Messi e Ronaldo, porém, contam com algo que Lewa e os demais mencionados provavelmente jamais terão: apelo comercial e midiático com alcance global. Dos atletas citados, apenas Neymar se aproxima da dupla em termos de marketing, mas o brasileiro ainda é lembrado negativamente na Europa pelas noitadas, pelas simulações em campo e pelos atritos com o próprio PSG.

O marketing das duas estrelas certamente teve influência sobre a opinião dos votantes. E isto não aconteceu apenas na temporada 2019-20. Em 2012-13, por exemplo, havia jogadores com desempenhos individuais muito superiores ao da dupla (Ribery, Robben e o próprio Lewa), mas o binômio Messi-Ronaldo prevaleceu novamente e o português ficou com o troféu.

É como se a Bola de Ouro fosse muito mais uma competição de apelo midiático do que mérito desportivo. Não importa o número de gols, títulos ou lances bonitos protagonizados pelos candidatos. Acaba prevalecendo a fama e o marketing pessoal.

Admiro Messi e Ronaldo. Ambos são craques, ambos são diferenciados e ambos fazem parte da história do futebol. Reconheço seus méritos e nada apaga o brilho de seus feitos, mas não creio que os dois tenham apresentado desempenhos excepcionais em 2019-20 para justificar suas presenças entre os finalistas pela Bola de Ouro.

Acredito que Lewa, pelo desempenho individual e pelos títulos conquistados, mereça a Bola de Ouro na temporada dentre os três finalistas e, por isso, ficarei na torcida pelo polonês no próximo dia 17.



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Os Méritos de Abel

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Precisamos tirar o chapéu para o treinador Abel Ferreira e para o bom trabalho que o português vem realizando a frente do Palmeiras. A equipe vem atuando de forma empolgante nos gramados e os jogadores têm se mostrado bastante motivados em campo, principalmente aqueles que eram considerados "descartáveis".

Abel chegou ao Palmeiras em meio a uma busca tresloucada e sem critérios dos dirigentes por um treinador estrangeiro "de grife" após a demissão de Vanderlei Luxemburgo. Técnicos de vários estilos e nacionalidades diferentes haviam sido sondados pelo Verdão até que houve o acerto com o português.

O grande acerto de Abel foi não cometer o mesmo erro que o Flamengo teve com Domènec Torrent e depois com Rogerio Ceni: o português se preocupou em realizar um trabalho de transição antes de implantar sua filosofia de jogo. O interino Andrey "Cebola" Lopes comandou uma última partida enquanto o lusitano assistia ao jogo das arquibancadas. Em seguida, o novo comandante foi realizando as mudanças com ajuda do auxiliar e hoje o Palmeiras atua com harmonia sob a batuta do europeu.

Outro grande mérito de Abel foi recuperar jogadores que estavam sem espaço no clube. Patrick de Paula, Gustavo Scarpa, Rony e Raphael Veiga estavam em baixa no Verdão antes da chegada do português. A sorte, porém, sorriu para os "renegados" quando o Palmeiras sofreu com os muitos desfalques. Os atletas outrora encostados, aproveitaram a oportunidade e mostraram em campo que mereciam brigar por vagas no time titular.



Raphael Veiga e Gustavo Scarpa recuperaram espaço e o bom futebol
com Abel (imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras)



O trabalho, obviamente, não é impecável e o Verdão ainda apresenta algumas pequenas oscilações, comuns devido ao pouco tempo do treinador. A desenvoltura e o futebol praticado pela equipe, porém, demonstram que há um caminho a seguir e que o torcedor pode sonhar com mais troféus nesta segunda metade da temporada.

Alguns torcedores e comentaristas divagam se o Palmeiras "perdeu tempo" com Luxemburgo durante a primeira metade da temporada quando o Verdão poderia ter começado já com o desejado treinador estrangeiro -os nomes de Jorge Sampaoli e Miguel Ángel Ramírez haviam sido ventilados na ocasião.

Não havia concordado com a contratação de Luxa na ocasião mas acreditava que o carioca conseguiria tirar o elenco da acomodação pelo fato do treinador ter estofo para cobrar os atletas, o que acabou não acontecendo.

Resta saber se o bom trabalho de Abel dará frutos. Os resultados estão aparecendo, o futebol praticado é convincente e as chances são boas. Mas é necessário frear a empolgação e evitar o clima de "já ganhou" para que o time não perca a concentração.



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sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

O Fim das Pedaladas

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A justiça italiana manteve a condenação ao atacante Robinho em segunda instância. O jogador é acusado por violência sexual contra uma garota albanesa. O crime teria ocorrido em 2013 quando o altera ainda defendia o Milan e o futebolista teria abusado da jovem enquanto ela estava alcoolizada e, portanto, sem chances de defesa ou de consentir o ato.

As três juízas designadas para o caso aceitaram o conteúdo das escutas telefônicas em que o jogador teria admitido o crime. Robinho ainda tem direito a uma terceira e última instância para se livrar da acusação, mas, pelas leis da Itália, terá de esperar pelo menos 90 dias para tentar o último recurso e o atleta pode ser preso de maneira preventiva durante este período.

O jogador não esteve presente no julgamento - seus advogados o representaram na corte. Em uma nova escuta divulgada, o jogador teria sido aconselhado por amigos a voltar para o Brasil para evitar uma extradição. Há, porém, a possibilidade do atacante cumprir pena em solo brasileiro desde que haja um acordo entre as justiças da Itália e do Brasil.



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A carreira de Robinho praticamente acabou com a condenação em segunda instância. A defesa do atacante tornou-se ainda mais complicada com a sentença e com o surgimento de novas provas contra o jogador. Aos 36 anos e com possibilidade de ser preso, as chances do atleta conseguir um clube para atuar são muito pequenas.

O jogador, ainda que consiga evitar a prisão aqui no Brasil, dificilmente conseguirá fugir da rejeição. A pressão de torcedores já havia lhe fechado as portas no Atlético Mineiro, no São Paulo e também no Santos. O atacante até assinou um contrato com o Peixe durante este ano, mas o clube teve de voltar atrás diante da negativa dos fãs e, principalmente, de patrocinadores que não desejavam ter sua imagem vinculada ao atleta condenado.

Talvez tenha sorte como o goleiro Jean que conseguiu assinar com o Atlético Goianiense apesar de ter sido preso em flagrante nos Estados Unidos após agredir a ex-mulher. Ou, talvez, termine como o goleiro Bruno, condenado pela morte de sua amante, rejeitado por torcedores em todo o Brasil e que tentou a sorte em vários clubes durante vários anos até acertar com o modesto Rio Branco do Acre.

Resta a Robinho torcer por uma improvável reviravolta no caso, mas o jogador tem plena consciência de que é virtualmente impossível diante da contundência das provas e da postura da justiça italiana. E o mais importante: pelos olhos da sociedade, o atleta já está condenado.



Com chances mínimas de se livrar da condenação, Robinho sabe: o sonho de
retornar à Vila Belmiro acabou (imagem extraída de www.facebook.com/santosfc)




quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Colapso

Odair deixou o Fluminense seduzido por uma proposta do Al Wasl, dos
Emirados Árabes (imagem obtida de www.facebook.com/FluminenseFC)



Odair Hellmann deixou o Fluminense nesta semana. O treinador aceitou uma proposta do Al Wasl, clube dos Emirados Árabes Unidos, onde receberá mais do que o dobro de seu salário no Flu -cerca de R$ 600 mil mensais contra os R$ 250 mil atuais. O técnico explicitou durante entrevistas o quanto estava incomodado com as críticas ao seu trabalho, sobretudo àquelas vindas através de redes sociais.

Odair sofreu muitas críticas, algumas delas exageradas e injustas. O catarinense era sempre lembrado pelas eliminações sofridas e pela irregularidade de sua equipe no Brasileirão. O treinador raramente recebia algum reconhecimento pelos seus méritos: seu Fluminense faz uma boa campanha no Campeonato Brasileiro a despeito da instabilidade, há chances reais de vaga na Libertadores, sua equipe joga um bom futebol apesar do elenco curto e seu time conseguiu fazer frente até ao Flamengo de Jorge Jesus na final da Taça Rio mesmo com as discrepâncias entre os elencos.

Situação muito semelhante à de Eduardo Coudet quando estava a frente do Internacional. O argentino sempre era cobrado por não ter vencido nenhum clássico contra o Grêmio e também pela trajetória irregular de sua equipe. Poucos, porém, reconheciam que o time fazia um boa campanha no Brasileirão e na Libertadores a despeito do elenco curto. O Chacho, aliás, tinha plena consciência de que o grupo era insuficiente para aguentar três competições simultâneas e cansou de pedir reforços, mas a situação econômica do Colorado não permitia e o técnico aceitou uma proposta do Celta de Vigo para comandar o clube galego.

Ficou evidente que Coudet era o grande diferencial do Inter na temporada. Após a saída do argentino, o Colorado perdeu o rumo em todas as competições que disputava a despeito do Chacho ter deixado uma equipe montada a seu sucessor. Os gaúchos foram eliminados da Copa do Brasil diante do esforçado América Mineiro, o time despencou na tabela do Brasileirão (era líder e agora está em sexto) e a eliminação da Libertadores diante do Boca Juniors está quase consumada. Torcedores até fizeram campanhas nas redes sociais pedindo o retorno do hermano, mas foi em vão.



Eduardo Coudet trocou o Inter pelo Celta. E o Colorado desabou após a
saída do argentino (imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional)



A saída de Odair do Flu causou o temor de que aconteça com o Tricolor a mesma queda de rendimento ocorrida com o Inter após Coudet deixar o Colorado. Ainda que o catarinense tenha sido injustamente criticado, era fato que o treinador foi o grande responsável pela boa campanha do Nense no Brasileirão. O desempenho irregular se devia ao elenco curto e o técnico conseguia tirar leite de pedra da equipe, exatamente como o argentino vinha fazendo no time gaúcho.

Fica o aprendizado aos "corneteiros" que vivem valorizando os defeitos de suas equipes ao invés de enxergar os méritos. Odair e Coudet, contra todas as chances e limitações, conseguiram manter vivas as suas respectivas equipes. O devido reconhecimento aos treinadores só se deu justamente quando eles deixaram seus respectivos times. Os mesmos que pediam as cabeças dos técnicos agora lamentam as despedidas.

Os dirigentes do Fluminense apostam no interino Marcão para manter a boa campanha do time. O novo treinador tem a simpatia do grupo e é financeiramente viável para a realidade do Tricolor. A responsabilidade, porém, será muito grande visto que a vaga da Libertadores já era considerada uma realidade nas Laranjeiras e a saída inesperada de Odair foi um baque no clube. 



O interino Marcão comandará o Flu até o final da temporada
(imagem obtida de www.facebook.com/FluminenseFC)




terça-feira, 8 de dezembro de 2020

O Caminho para as Américas

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A Copa Libertadores da América e a Copa Sulamericana vão entrando em sua fase decisiva. Oito equipes ainda estão vivas na Sulamericana enquanto nove ainda sonham com a Libertadores -os jogos entre Internacional e Boca Juniors, válidos pelas oitavas-de-final, foram adiados em virtude do falecimento de Diego Maradona.

Boa parte das equipes consideradas favoritas conseguiu avançar de fase, mas tivemos algumas surpresas como a eliminação do atual campeão Flamengo diante do Racing de Avellaneda e a derrota do Jorge Wilstermann para o Libertad apesar da altitude boliviana.

Teremos nesta semana a realização dos jogos válidos pelas quartas-de-final de ambas as competições, além do jogo de volta entre Boca e Inter válido pela fase anterior -o Racing não entrará em campo a espera do vencedor deste confronto.

Faremos, como sempre, uma breve análise dos confrontos e daremos os palpites. Será que a sua equipe favorita consegue avançar às semifinais? Lembrando que as equipes à direita mandam o jogo de volta e meus palpites estão em negrito.



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LIBERTAD (Paraguai) X PALMEIRAS (Brasil)- o Palmeiras, com mais opções no elenco e em ótima fase, é franco favorito neste confronto, mas precisará atuar com foco e, principalmente, tranquilidade pois os paraguaios não costumam dar moleza para os adversários.



GRÊMIO (Brasil) X SANTOS (Brasil)- o Grêmio conta com um elenco superior, joga um bom futebol e passa por um momento melhor que o do Santos. O Peixe, porém, não pode ser subestimado. A limitada equipe praiana é sempre capaz de surpreender nos momentos de maior adversidade.



RIVER PLATE (Argentina) X NACIONAL (Uruguai)- a rivalidade entre argentinos e uruguaios promete dois confrontos com muita raça, intensidade, divididas e até lances ríspidos. O River, apesar de não demonstrar a mesma força dos anos anteriores, é favorito a avançar pela tradição, pelo melhor elenco e por jogar um melhor futebol.



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VÉLEZ SARSFIELD (Argentina) X UNIVERSIDAD CATÓLICA (Chile)- páreo duro, com duas equipes fortes e intensas. A Universidad Católica, apesar de ter perdido muitos jogadores importantes na metade da temporada, deve avançar.



BAHIA (Brasil) X DEFENSA Y JUSTICIA (Argentina)- confronto entre duas equipes que sabem jogar com o regulamento. O Defensa Y Justicia conta com um leve favoritismo por contar com um elenco melhor e possuir mais experiência em competições continentais.



JUNIOR (Colômbia) X COQUIMBO UNIDO (Chile)- o Junior, com um elenco melhor e praticando um bom futebol, deve levar a melhor sobre os surpreendentes chilenos.



LANÚS (Argentina) X INDEPENDIENTE (Argentina)- confronto entre a tradição dos Reyes de Copas contra a ousadia dos Granates. A tendência é de que o ousado Lanús leve a melhor por contar com um melhor elenco e  adotar uma filosofia de jogo mais ofensiva.



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segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Alegria sem Ousadia

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A segunda metade do Campeonato Brasileiro já nos fornece parâmetros suficientes para apontarmos com segurança quais times que irão brigar pelo título, os que terão de se contentar com uma vaga em alguma competição internacional e aqueles que tentarão fugir do rebaixamento.

As equipes que ocupam o terço inferior da tabela, em sua maioria, parecem se conformar com suas próprias limitações e agem quase sempre da mesma maneira: recuam toda a equipe, torcem por algum erro adversário para tentar um gol em contra-ataque e se contentam com o empate caso não consigam o resultado.

Não sou mais um defensor ferrenho do futebol-arte e tampouco acredito que jogar no ataque seja a maneira correta de atuar em campo, mas as equipes que lutam contra o rebaixamento poderiam se ajudar mais, saindo de sua zona de conforto -se é que isto existe para elas- e ousando mais nos gramados em busca de resultados melhores.

Um empate oferece apenas um ponto, o que não é muito diferente da derrota que oferece zero. Por que não buscar logo os três pontos, o que ofereceria uma vantagem bem mais confortável às equipes e, consequentemente, uma distância maior da temida zona de rebaixamento?



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É fato que os clubes que ocupam o terço inferior da tabela sofrem dos mesmos problemas. As dificuldades financeiras resultam em equipes com poucas opções e algumas estão com os vencimentos atrasados. Os jogadores acabam se desmotivando em tal situação e isso se reflete no desempenho em campo. O treinador precisa ser criativo e encontrar algum meio para incentivar o elenco diante deste cenário desolador.

É fato também que em campo são onze contra onze e, a despeito das discrepâncias técnicas e financeiras, não é impossível que um azarão consiga surpreender aquele gigante favorito ao título. Já observei em edições recentes da Champions League a Roma eliminar o Barcelona e o Ajax mandar o Real Madrid para casa mais cedo. Situações improváveis mas completamente críveis nas aleatoriedades do futebol.

Não se pode, obviamente, confundir ousadia com imprudência. Se uma equipe da parte inferior da tabela tentar confrontar um favorito ao título de igual para igual, ela será facilmente goleada. É necessário agir com estratégia, frieza e inteligência. Atacar sem se expor demais, surpreender o adversário e oferecer o mínimo de espaço aos rivais. O treinador tem papel fundamental neste cenário para ousar na medida certa e manter seus jogadores tranquilos diante de tamanha pressão pelo resultado. Os dirigentes também ajudam se isolarem o grupo das crises políticas e oferecerem respaldo aos técnicos por mais difícil que esteja a situação.

Em um campeonato sempre haverá um vencedor e quatro rebaixados em situação normal. Quatro equipes infelizmente irão para a Série B em 2021 e aquelas no terço inferior da tabela são justamente as mais propensas a isto. Cabe aos próprios integrantes dos clubes (dirigentes, comissão técnica e jogadores) encontrarem uma solução para reverter este cruel destino. É difícil porém não é impossível fugir do descenso.



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