segunda-feira, 31 de maio de 2021

Atalhos

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



O Chelsea não era um clube considerado "grande" há cerca de vinte anos atrás. Os Blues eram meros coadjuvantes na Premier League e conseguiam alguns títulos domésticos esporádicos. Tudo mudou em meados de 2003 quando o magnata russo Roman Abramovich adquiriu a instituição e deu um verdadeiro banho de loja na equipe. Com um elenco estrelado, a equipe londrina passou a brigar nas cabeças e tornou-se temida pelos rivais.

Manchester City e Paris Saint-Germain, adquiridos por magnatas do Oriente Médio, seguiram o mesmo caminho e se notabilizaram pelos elencos estrelados. Ambos se tornaram temidos em suas respectivas ligas pelos títulos e também pelos jogadores midiáticos.

Os mencionados clubes, porém, geraram a discussão a respeito das diferenças entre "times grandes" e "times ricos". Havia apenas uma maneira de acabar com o debate que era vencer a Champions League. Ano após ano, os dirigentes contratavam cada vez mais estrelas com o objetivo de conquistar a "Orelhuda" mas sem êxito. O Chelsea bateu na trave em 2008 e só teria seu primeiro troféu em 2012, nove anos após Abramovich assumir os Blues. City e PSG ainda não passaram do vice.

Considerando-se o início da "Era Abramovich", o Chelsea teve, de fato, uma ascensão muito rápida com o clube conquistando sua primeira Champions em pouco menos de dez anos de investimento, mas certamente não foi como os dirigentes haviam planejado. O clube, durante o período, contratou dezenas de astros como Ballack e Shevchenko mas a dupla não teve êxito em conquistar a "Orelhuda". Houve também constantes trocas de treinador mas o resultado esperado, ironicamente, só apareceria com o interino Roberto Di Matteo, efetivado em 2012.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



O Chelsea mudou o perfil de suas contratações no decorrer dos anos, investindo menos em estrelas e apostando em jovens com potencial de crescimento como Havertz e Pulisic, mas a paciência com os treinadores permaneceu curta. O City foi pelo mesmo caminho e também passou a contratar promessas como Rúben Dias e Ferran Torres ao invés de medalhões. O Paris Saint-Germain, por sua vez, ainda prefere jogadores de renome.

A temporada 2020-21 foi a consolidação do modelo proposto por Chelsea, City e PSG, afinal os três "novos ricos" estavam juntos pela primeira vez nas semifinais da Champions League. Os Blues se sagraram vitoriosos novamente talvez por sentirem menos o peso da decisão (afinal, já haviam conquistado a taça em 2012) e também motivados pelo sentimento de revanche -a perda do troféu da Premier League diante dos próprios Citizens e também o desejo do treinador Thomas Tuchel em dar uma reposta após ser dispensado.

Os magnatas, de fato, conseguiram queimar algumas etapas e elevaram seus respectivos clubes a outro patamar em pouco tempo, mas continua evidente que tradição não se compra, se constrói. A própria caminhada do Chelsea até seu primeiro troféu demandou muitos anos e ajustes até que os frutos dos investimentos finalmente viessem. City e PSG, por enquanto, só bateram na trave, assim como havia ocorrido com os próprios Blues em 2008.

Cabe a comparação com o Palmeiras, cuja parceria com a Crefisa começou em 2015 mas a Libertadores só viria cinco temporadas depois, em 2021, após muitos erros e acertos. A agressiva administração de Rodolfo Landim no Flamengo, por sua vez, rendeu frutos já em seu primeiro ano de mandato, mas muitos jornalistas atribuem o sucesso do Rubro-Negro ao antecessor Bandeira de Melo que entregou as contas em ordem ao atual presidente. A discutir.

Chelsea, City e PSG mostraram ao futebol que os investimentos milionários podem fazer a diferença em campo, mas ainda não provaram que é possível comprar a tradição a curto prazo. Foram necessários anos de erros e acertos até que o objetivo fosse alcançado.



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domingo, 30 de maio de 2021

O Frisbee




O ano de 2011 esteve muito longe de ser um dos melhores de minha vida mas foi o período em que mais realizei viagens. Acho que foram mais de dez passeios incluindo alguns com os colegas do laboratório onde eu fiz meu mestrado e outras com amigos da faculdade.

Um colega da faculdade me convidou para ir à praia com ele. Acho que era outubro de 2011. Alguns amigos que ele conheceu na Austrália iriam conosco. Saímos em uma sexta-feira. Como estava muito trânsito na Rodovia do Imigrantes (que liga a cidade de São Paulo ao litoral sul do Estado), paramos em uma lanchonete do caminho para jantar e fazer um pouco de hora. Quando terminamos, o caminho estava livre e fizemos uma viagem incrivelmente rápida.

Tive mais uma noite inesquecível assim que chegamos à casa do meu amigo. Estavam todos bêbados e fazendo um monte de besteiras. Havia um boneco do fofão (personagem interpretado pelo falecido humorista Orival Pessini) que rendeu muitas histórias até hoje contadas nos meus grupos do Whatsapp. Não faço ideia como eu consegui dormir no meio de tanta bagunça.

Fomos à praia no dia seguinte. Um dos amigos havia levado um frisbee, uma espécie de disco arremessável. Enquanto meus colegas se divertiam, eu estava tirando fotos e dando risada de suas bizarrices.






Saí para para tirar fotos das paisagens e, quando retornei, meus colegas estavam todos chateados. Eles estavam jogando o frisbee perto do mar quando uma correnteza mais forte levou o objeto. Eles até tentaram recuperar o brinquedo, em vão. Só se deram conta do que havia acontecido quando viram algo cor-de-rosa flutuando já fora do alcance.

Almoçamos na praia e voltamos para a casa por volta das 16h do sábado. Fizemos um churrasco durante a noite onde houve mais uma sucessão de cenas bizarras. Não dá para descrever exatamente tudo o que aconteceu mas posso afirmar que eu fiquei com dor de barriga de tanto rir!

Dormi cedo -acho que era por volta da meia-noite. Meu sono foi tão profundo que nem me incomodei com a algazarra que acontecia do lado de fora da casa. Aliás, alguns poucos colegas passaram a noite em claro aprontando com as pessoas que estavam cochilando. Soube disso porque eles me enviaram as fotos depois!

Voltamos bem cedo para São Paulo -algumas das garotas regressaram antes porque tinham um jogo de basquete no domingo pela manhã. Cheguei a tempo de pegar o almoço na minha casa e aproveitar o restante do dia.

Esta, sem dúvida, foi uma das viagens mais divertidas que eu realizei. Nunca vi tantas cenas bizarras como nestes três dias! Quase todos haviam levado máquinas fotográficas e registraram cada um desses acontecimentos que agora estão eternizados em nossas redes sociais!







sábado, 29 de maio de 2021

Bola nas Costas

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



O Chelsea é bicampeão da Europa. Os Blues faziam uma temporada frustrante onde tiveram de se contentar com o vice na FA Cup e obtiveram um suado quarto lugar na Premier League. No jogo derradeiro, porém, o clube londrino venceu a Champions sobre o rival Manchester City graças a um enorme espaço deixado às costas da zaga pelos Citizens.

O City, como sempre, propôs o jogo. Guardiola surpreendeu ao colocar o atacante Sterling no lugar de Fernandinho e recuar Gündoğan para a proteção da zaga. Os Citizens tinham mais posse de bola, adiantavam suas linhas e pressionavam. Deixavam, porém, um enorme espaço às costas da defesa que custaria muito caro.

O Chelsea, recuado, jogava nos contra-ataques. Thomas Tuchel surpreendeu ao sacar o zagueiro Christensen para a entrada do lateral direito Reece James e Azpilicueta recuava para a zaga. Não sei se o treinador teve acesso à escalação de Guardiola, mas o camisa 24 anulou Sterling e neutralizou a surpresa do City.

A sólida defesa londrina conseguiu abafar o ímpeto do City e o Chelsea conseguiu as chances mais claras de gol em contra-ataques. Os Blues abriram o placar com Kai Havertz após lançamento do goleiro Mendy, mas mereciam fazer mais gols se não fosse a falta de pontaria de Timo Werner. E ainda deram azar de perder Thiago Silva lesionado ainda no primeiro tempo.



City em 3-4-3/3-5-2 (dependendo dos posicionamentos de
Zinchenko e Sterling) pressiona mas deixa espaços às costas
da defesa. Chelsea (já sem Thiago Silva, lesionado) se defende
em 5-4-1 e contra-ataca em 3-4-3 jogando nas aberturas
deixadas pelos Citizens (imagem obtida via this11.com



O City perdeu De Bruyne após o belga chocar sua cabeça contra Rüdiger. Diante da necessidade de reverter o placar, Guardiola colocou mais atacantes além do volante Fernandinho para liberar os meuas e laterais, mas os Citizens não conseguiam transpor a defesa londrina.

O Chelsea limitou-se a trocar jogadores cansados ou amarelados para administrar a partida. A defesa conseguia frear o ímpeto rival e os atacantes tinham bastante espaço às costas para contra-atacar, apesar de não terem aproveitado tais brechas para fazer gols.

O City, desesperado, passou a lançar mão de estratégias pouco comuns para os times de Guardiola como as bolas paradas, chuveirinhos ou cruzamentos. O Chelsea, porém, levava a melhor nas divididas por ter jogadores mais fortes e mais altos.



City, em um 4-4-2 losango, vai para cima do Chelsea mas os Blues
seguram todas as investidas, seja na imposição física, seja na
técnica. Londrinos se defendem em 5-3-2/3-5-2 e tentam contra-
atacar com Havertz e Pulisic, mas a dupla também se esqueceu de
calibrar a pontaria (imagem obtida via this11.com)



Chelsea vence com méritos e ainda salva uma temporada que tinha tudo para ser frustrante. Ficou ainda uma vingança pessoal para Thomas Tuchel e Thiago Silva, ambos dispensados pelo Paris Saint-Germain: treinador e zagueiro conquistam a "orelhuda" enquanto o clube parisiense teve de se contentar em assistir a final da Champions pela TV.

City faz sua melhor participação na Champions mas têm de se contentar com o vice. A derrota não tira os méritos dos Citizens ou de Guardiola, mas fica um aprendizado para o catalão: o treinador nunca foi adepto do futebol mais físico e ele sempre foi injusto com jogadores grandes e/ou fortes como Schweinsteiger, Ibrahimović, Mandžukić, Yaya Touré, Dante e tantos outros. Há momentos, porém, em que os músculos são mais decisivos que a técnica ou o talento, sobretudo no futebol atual.

Guardiola, por fim, se vê traído pelos seus próprios ensinamentos novamente. Sua mentalidade ofensiva ofereceu os espaços para que o Chelsea pudesse contra-atacar às costas da zaga. Continuo fã do futebol-arte, mas há momentos em que é necessário abrir mão da posse de bola e "saber sofrer" em campo.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague




Tudo Azul?

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



Hoje, enfim, termina a temporada 2020-21 na Europa com a final da Champions League entre Manchester City e Chelsea, dois clubes que possuem muitas semelhanças: ambos utilizam uniformes azuis, ambos são ingleses, ambos pertencem a magnatas e ambos buscam o troféu para se sagrarem de vez na elite do futebol.

O Chelsea está em sua terceira final na competição (esteve presente nas edições 2007-08 e 2011-12) e vai em busca de seu segundo troféu na Champions -faturou o primeiro em 2012. O City, por sua vez, estará pela primeira vez na grande decisão e lutará pela sua primeira taça internacional.

A esperança do City está no banco de reservas, o treinador Josep Guardiola. O catalão já venceu a Champions League três vezes pelo Barcelona sendo uma como jogador (em 1992) e duas como técnico (2009 e 2011). O comandante, porém, ainda não teve êxito em erguer a "Orelhuda" por outros clubes e esta será sua primeira final fora do clube Blaugrana.

Guardiola, aliás, experimentou vários estilos desde que deixou o Barcelona. Suas passagens pelo Bayern München e pelo City mudaram bastante sua filosofia de trabalho. O treinador ainda utiliza seu velho Tiki-Taka mas já lançou mão da intensidade alemã, da imposição física inglesa e até do pragmatismo italiano. O resultado foi uma verdadeira salada de influências que o técnico exerce pelos Citizens.

O treinador utilizou um 4-4-2 variando para 3-5-2 nas semifinais contra o PSG mas há muitas opções interessantes no banco (Laporte, Cancelo, Sterling, Jesus, Agüero, ...) e não será surpresa que Guardiola venha a campo com uma escalação totalmente inesperada. O técnico, a exemplo de seu mentor Johan Cryuff, lança mão de jogadores versáteis e capazes de desempenhar mais de uma função no gramado, como o meia De Bruyne atuando como "falso nove" ou o volante Fernandinho voltando para compor a zaga.



Guardiola utilizou esta formação nas semifinais, um 4-4-2
variando para um 3-5-2 com Zinchenko se juntando ao
meio-de- campo, mas ele pode surpreender na partida
de hoje (imagem obtida via www.footballuser.com)



O treinador Thomas Tuchel, por sua vez, estará em sua segunda final na Champions -ele chegou à decisão na temporada anterior pelo Paris Saint-Germain. Seu estilo é o típico do futebol alemão moderno, com um jogo mais direto, muita intensidade e imposição física, a exemplo dos compatriotas Jürgen Klopp ou Jupp Heynckes.

A parte física, aliás, é o ponto forte do Chelsea com jogadores bastante fortes e rápidos, capazes de pressionar ou recompor conforme a necessidade. É um time que não tem vergonha de apelar para faltas ou chutões quando necessário, mas o futebol praticado é mais vistoso do que pragmático ou violento.

Tuchel utilizou o "esquema da moda", o 3-5-2 variando para o 3-4-3 conforme o posicionamento dos articuladores. O banco de reservas do Chelsea é um pouco mais enxuto que do adversário City, mas também há opções interessantes para variações táticas como Havertz, Giroud, Ziyech e Kovačić.



Uma das formações adotadas por Thomas Tuchel nas semifinais:
3-5-2 variando para 3-4-3 com Mount atuando como um atacante
pela esquerda (imagem obtida via www.footballuser.com)



O principal destaque do City é o meia Kevin De Bruyne. O belga, que é meia de origem, ganhou mais liberdade para atacar com Guardiola e agora exerce a função de "falso nove". Não obstante, o jogador tem moral com o treinador catalão e é o capitão da equipe na ausência de Fernandinho.

N'Golo Kanté é o principal atleta do Chelsea. O volante agora atua com mais liberdade e é onipresente no campo, tanto para fazer o "trabalho sujo" quanto para ajudar na construção de jogadas. O francês também conta com a simpatia dos jornalistas por sua história de superação e pela sua humildade.

Qual dos azuis ficará com a "Orelhuda"? Descobriremos hoje a partir das 16h (horário de Brasília) na TNT Sports!



De Bruyne (esquerda) ou Kanté (direita): qual dos dois fará a diferença
em campo (imagem extraída de www.facebook.com/Okwawu963FM)




sexta-feira, 28 de maio de 2021

Palpites para o Campeonato Brasileiro 2021

Imagem extraída de www.facebook.com/brasileirao



Começa amanha o Campeonato Brasileiro 2021. Eu, originalmente, publicaria este texto amanhã mas dedicarei todo o sábado à final da Champions League e, em virtude disto, optei por antecipar a publicação para hoje.

Os vinte times lutarão em 38 longas rodadas por objetivos distintos: há os que brigarão pelo troféu, os que têm a vaga para a Libertadores em mente, os que desejam a Sulamericana e os que a mera permanência na Série A já seria um grande prêmio.

Não será fácil conseguir algo na competição, afinal os times milionários elevaram bastante o nível da competição e o velho truque de "jogar pelo regulamento" não tem sido mais suficiente para garantir os resultados no campeonato.

Farei breves análises das equipes e darei palpites para a posição em que os times terminarão na tabela. Será que seu clube preferido vai se dar bem em 2021?



1-GRÊMIO: o Grêmio fez uma campanha apenas razoável em 2020 e ainda foi eliminado nos playoffs da Libertadores. Há, no entanto, males que vêm para o bem e o Imortal poderá concentrar suas forças quase que totalmente no Brasileirão. O elenco é bom, suficiente para dividir as atenções com as outras duas competições (Sulamericana e Copa do Brasil) e ainda há os reforços de peso -Rafinha e Douglas Costa.

Destaque: Diego Souza (meia/atacante)

Técnico: Tiago Nunes

Posição em 2020:

Expectativa: briga pelo título

Palpite: 1º lugar



2- PALMEIRAS: o Verdão brigaria fácil pelo título graças ao elenco robusto, mas clube e treinador declararam abertamente que irão priorizar a Libertadores, o que significa que o Palmeiras deverá abrir mão do Brasileirão em algumas rodadas. Ademais, o time ainda não anunciou reforços e o esquema de Abel Ferreira já está se tornando manjado pelos rivais.

Destaque: Gustavo Gómez (zagueiro)

Técnico: Abel Ferreira

Posição em 2020: 7º

Expectativa: briga pelo título

Palpite: 2º lugar



3- ATLÉTICO MINEIRO: o Galo já contava com um elenco forte e está ainda mais vistoso com as vindas do treinador Cuca e também de Hulk e Nacho. Resta saber como o clube irá lidar com as questões internas visto que, mesmo com o grupo estrelado, houve reclamações de salários atrasados em 2020, além do excesso de expectativa que atrapalhou o time nos momentos mais decisivos.

Destaque: Hulk (atacante)

Técnico: Cuca

Posição em 2020: 3º

Expectativa: briga pelo título

Palpite: 3º lugar



4- FLAMENGO: o principal desafio do Flamengo é lidar com a expectativa criada após a boa campanha de 2019. O clube vem sofrendo muitas cobranças (internas e externas) e isto tem atrapalhado o desempenho da equipe. Ademais, o treinador Rogério Ceni vem tomando muitas decisões contestáveis durante as partidas.

Destaque: Giorgian De Arrascaeta (meia)

Técnico: Rogério Ceni

Posição em 2020: 1º

Expectativa: briga pelo título

Palpite: 4º lugar



5- SÃO PAULO: o Tricolor chega empolgado com o fim do jejum de títulos e com o futebol empolgante de Hernán Crespo. O grupo, porém, é apenas "suficiente" para a temporada apesar dos reforços, o clube está bastante endividado e há o risco dos jogadores se lesionarem pela ausência de férias.

Destaque: Martín Benítez (meia)

Técnico: Hernán Crespo

Posição em 2020: 4º

Expectativa: Libertadores

Palpite: 5º lugar



6- INTERNACIONAL: o Colorado quase chegou lá em 2020 mas acabou derrapando nas rodadas finais. Para a temporada atual, o grupo é praticamente o mesmo do ano passado e conta com o badalado treinador Miguel Ángel Ramírez, mas o desempenho inicial ainda não empolgou.

Destaque: Taison (meia/atacante)

Técnico: Miguel Ángel Ramírez

Posição em 2020: 2º

Expectativa: Libertadores

Palpite: 6º lugar



7- FLUMINENSE: o Flu tem feito jus ao apelido "Time de Guerreiros", afinal apresentou um desempenho muito acima do esperado no Campeonato Carioca e também na fase de grupo da Libertadores apesar dos poucos recursos. O elenco curto e as dívidas podem pesar durante o Brasileirão, sobretudo quando a temporada chegar ao seu clímax, mas é permitido sonhar com uma nova vaga para a competição continental.

Destaque: Fred (atacante)

Técnico: Roger Machado

Posição em 2020: 5º

Expectativa: Libertadores

Palpite: 7º lugar



8- CORINTHIANS: o Timão começou a temporada com muitos problemas incluindo as dívidas, a campanha irregular na Copa do Brasil, a desclassificação na Sulamericana e a falta de perspectivas por reforços. O elenco seria suficiente para brigar, ao menos, por uma vaga na Libertadores mas o futebol não vem empolgando e ainda é um mistério como o time irá evoluir sob a batuta do recém-contratado treinador Sylvinho.

Destaque: Luan (meia/atacante)

Técnico: Sylvinho

Posição em 2020: 12º

Expectativa: Libertadores

Palpite: 8º lugar



9- RED BULL BRAGANTINO: a Massa Bruta fez uma campanha muito acima do esperado em 2020 e o time de Bragança parece pronto para voos mais altos. O elenco ainda não aparenta ter poder de decisão para os troféus mas é possível sonhar com uma vaga na Libertadores.

Destaque: Claudinho (meia)

Técnico: Maurício Barbieri

Posição em 2020: 10º

Expectativa: Libertadores

Palpite: 9º lugar



10- ATHLETICO PARANAENSE: o Furacão chega sem a força de 2018 ou 2019 mas ainda promete  dar trabalho aos concorrentes. A equipe possui um elenco apenas razoável mas suficiente para brigar, ao menos, por uma vaga na Libertadores.

Destaque: Santos (goleiro)

Técnico: António Oliveira

Posição em 2020: 9º

Expectativa: Libertadores

Palpite: 10º lugar



11- CEARÁ: o Vozão manteve boa parte de seu elenco, incluindo o meia-atacante Vina e o treinador Guto Ferreira. Repetir a campanha de 2020 estará de bom tamanho para o Ceará, que até pode sonhar com Libertadores mas, sob um ponto de vista mais realista, deve brigar por Sulamericana novamente. 

Destaque: Vina (meia/atacante)

Técnico: Guto Ferreira

Posição em 2020: 11º

Expectativa: Sulamericana

Palpite: 11º lugar



12- BAHIA: o Bahia foi considerado um "exemplo de gestão" por jornalistas há pouco tempo atrás mas a execução do projeto acabou não correspondendo às expectativas. Será difícil repetir as temporadas 2018 e 2019 quando o Tricolor chegou a brigar por Libertadores e o meio da tabela deve estar de bom tamanho para o clube.

Destaque: Gilberto (atacante)

Técnico: Dado Cavalcanti

Posição em 2020: 14º

Expectativa: Sulamericana

Palpite: 12º lugar



13- SPORT: o Leão brigou para não cair em 2020. A expectativa para 2021 é um pouco melhor com a vinda de alguns reforços de renome como Tréllez, Neilton e André. Não dá para sonhar muito alto, mas uma vaga na Sulamericana é um objetivo palpável

Destaque: Thiago Neves (meia)

Técnico: Umberto Louser

Posição em 2020: 15º

Expectativa: Sulamericana

Palpite: 13º lugar



14- SANTOS: o Peixe deu mostras de que a temporada deve ser complicada em 2021. O clube precisou vender suas estrelas (Soteldo, Pituca e Lucas Veríssimo), as dívidas estão muito altas, a crise política abalou a instituição e o elenco é limitado. Os reflexos se deram em campo com o time eliminado na fase de grupos da Libertadores e brigando contra o rebaixamento no Paulistão. O Santos só não deve brigar contra o descenso porque há concorrentes em pior situação.

Destaque: Marinho (atacante)

Técnico: Fernando Diniz

Posição em 2020: 8º

Expectativa: Sulamericana

Palpite: 14º lugar



15- FORTALEZA: o Leão do Pici sofreu um duro golpe ainda em 2020 com a saída do treinador Rogério Ceni. O clube, que até sonhou com Libertadores, acabou brigando para não cair na segunda metade do campeonato. As expectativas para 2021 não são muito melhores para os cearenses.

Destaque: Wellington Paulista (atacante)

Técnico: Juan Pablo Vojvoda

Posição em 2020: 16º

Expectativa: Fugir do Rebaixamento

Palpite: 15º lugar



16- ATLÉTICO GOIANIENSE: repetir a surpreendente campanha de 2020 está fora de questão. O Dragão perdeu muitos jogadores importantes como o goleiro Jean e o meia Chico, o que torna a missão do Atlético ainda mais difícil. Ficar na Série A para 2022 estará de ótimo tamanho para os goianos.

Destaque: Marlon Freitas (meia)

Técnico: Eduardo Barroca

Posição em 2020: 13º

Expectativa: Fugir do Rebaixamento

Palpite: 16º lugar



17- AMÉRICA MINEIRO: o Coelho retorna à Série A após dois anos de ausência e o objetivo principal é permanecer na elite do futebol. O América conta com um elenco razoável e já deu mostras de que pode surpreender mas terá de se desdobrar em campo diante de rivais com mais recursos.

Destaque: Ademir (meia)

Técnico: Lisca Doido

Posição em 2020: 2º da Série B (promovido)

Expectativa: Fugir do Rebaixamento

Palpite: 17º lugar



18- CHAPECOENSE: de volta à elite após um ano na Série B, a Chape precisa evitar um novo descenso. O elenco, que já foi sensação durante outros anos, está longe de ser competitivo como o de temporadas anteriores e o clube terá de se esforçar para evitar uma nova queda. E, para piorar, o time começa a competição sem treinador efetivo.

Destaque: Geuvânio (atacante)

Técnico: Felipe Endres (interino)

Posição em 2020: 1º da Série B (promovido)

Expectativa: Fugir do Rebaixamento

Palpite: 18º lugar



19- JUVENTUDE: a Ju retorna à Série A após quatorze anos de ausência. As expectativas não são muito boas para o clube dada as limitações financeiras e técnicas. Os gaúchos apostam em Chico, que foi destaque em 2020 pelo Atlético Goianienese.

Destaque: Chico (meia)

Técnico: Marquinhos Santos

Posição em 2020: 3º da Série B (promovido)

Expectativa: Fugir do Rebaixamento

Palpite: 19º lugar



20- CUIABÁ: o Dourado estreia na elite do futebol e o objetivo é permanecer. O clube mato-grossense contratou um pacotão de reforços oriundo do Corinthians -Clayson, Walter e Jonathan Cafú. A expectativa, porém, é pouco animadora para os estreantes.

Destaque: Walter (goleiro)

Técnico: Alberto Valentim

Posição em 2020: 4º da Série B (promovido)

Expectativa: Fugir do Rebaixamento

Palpite: 20º lugar




quarta-feira, 26 de maio de 2021

Mister Europa

Unai Emery faturou o primeiro título da Europa League pelo Villarreal e o
quarto de sua carreira (imagem extraída de www.facebook.com/EuropaLeague



Unai Emery fez história na Europa League mais uma vez. O treinador conduziu o Villarreal ao primeiro título na competição. E foi o quarto troféu erguido pelo basco -ele já havia vencido o campeonato outras três vezes pelo Sevilla. A taça, porém, foi conquistada a duras penas em uma partida dramática e que só foi definida nas cobranças alternadas de pênaltis.

O poderoso Manchester United estava do outro lado. Os Red Devils não tinham mais a mesma força do passado mas ainda contavam com um elenco individualmente muito superior ao do Villarreal. E os ingleses estavam com fome de títulos, pressionados por um jejum que dura desde 2017 quando conquistaram a própria Europa League.

O Villarreal repetiu a estratégia utilizada nas semifinais com o time se defendendo e tentando jogar nos contra-ataques em bloco. Surpreendentemente, Unai Emery optou por sacar seu centroavante de referência (Paco Alcácer) para colocar um atacante de mais mobilidade (Carlos Bacca). O Submarino Amarelo não conseguiu se impor fisicamente como fizera diante do Arsenal mas a tática funcionou bem. Os espanhóis ainda jogaram vários minutos com um homem a menos devido ao lateral Foyth, que estava sangrando muito após dividida.

O Manchester adiantou suas linhas e buscou o gol desde o início. Os ingleses pressionavam mas paravam nas duas linhas de quatro espanholas ou no goleiro Rulli. Os Red Devils corriam muitos riscos ao deixar espaços para contra-ataques. E poderiam ter forçado mais jogadas pelo lado esquerdo aproveitando o desfalque de Foyth, mas o Villarreal se defendeu bem.

Não se sabe se isto foi planejado, mas o Villarreal conseguiu cavar muitas faltas ou escanteios próximos à área de De Gea e foi assim que o Submarino Amarelo conseguiu suas melhores chances de gol. Foi em um destes lances de bola parada que o atacante Gerard abriu o placar.



Manchester em 4-2-3-1/4-3-3 adianta suas linhas mas para na
defesa espanhola. Villarreal se defende em 4-4-2 e contra-
ataca em bloco aproveitando os espaços às costas dos 
ingleses (imagem obtida via this11.com



O Manchester não desanimou com a desvantagem e retornou para o segundo tempo ainda mais agressivo. Os ingleses continuaram a adiantar suas linhas e, após uma confusão na área, conseguiram empatar com um gol chorado de Cavani.

Unai Emery errou ao substituir o atacante Bacca pelo volante Coquelin logo após sofrer o gol. Com isso, o Villarreal perdeu contundência e permitiu o crescimento do Manchester United. Pensei, por um instante, que os espanhóis estavam satisfeitos com o empate. Porém...


Villarreal, em 4-2-3-1, recua após sofrer o gol e mantém apenas
Gerard próximo à área de De Gea. Manchester aproveita o recuo
adversário e aumenta a pressão (imagem obtida via this11.com)



Unai Emery, após a metade da segunda etapa, corrige o erro que cometera e coloca mais um atacante (Alcácer) além de oferecer descanso para os laterais e para o meia Trigueros. Com isso, o Villarreal passa a adiantar suas linhas e buscar o gol de desempate.

O Manchester, sem nenhuma substituição, parece ter se cansado na metade do segundo tempo e permite a pressão do Villarreal. Apenas no início da prorrogação o treinador Ole Gunnar Solskjær faz sua primeira substituição tirando o atacante Greenwood para a entrada do volante Fred.

A pressão do Villarreal, porém duraria somente durante o primeiro tempo extra. Esgotados, os dois treinadores fazem suas últimas substituições pensando nos pênaltis e os dois times deixam o tempo passar até o apito final.



Villarreal, em 4-4-2, adianta suas linhas e aproveita o cansaço dos
ingleses para pressionar. Manchester, em 4-1-4-1 até ensaia uma
reação no tempo extra, mas falta pernas aos seus jogadores
(imagem obtida via this11.com)



O jogo vai para os pênaltis mas nenhum batedor erra as cobranças. A decisão vai para as alternadas e quase todos os onze titulares de cada time convertem. O drama persiste até que De Gea chuta a bola nas mãos de Rulli e o Villarreal conquista seu primeiro título na Europa League.

O Villarreal faz história com seu primeiro troféu na competição. O elenco, bastante modesto e condizente com o orçamento do clube, faz frente aos adversários mais abastados e mostra que dinheiro ou um time recheado de estelas não oferecem garantia de títulos. De quebra, o Submarino Amarelo termina a Europa League invicto.

Manchester United vê a pressão aumentar com o vice. Não será surpresa que o elenco seja renovado para a próxima temporada e que o treinador Ole Gunnar Solskjær deixe o clube -eu discordo de ambas as medidas, mas o jejum de títulos deve forçar os dirigentes a tomar tais atitudes.

Unai Emery, mais uma vez, mostrou que tem estrela na Europa League. O basco conquista seu quarto troféu na competição e merece ser chamado de "Mister Europa" pelo seus feitos. O treinador e a Liga Europa parecem ter sido feitos um para o outro...



Imagem extraída de www.facebook.com/EuropaLeague




terça-feira, 25 de maio de 2021

Saúde

O Atlético de Madrid foi campeão espanhol na temporada 2020-21
(imagem extraída de www.facebook.com/AtleticodeMadrid)



Recebi com extrema satisfação as notícias de que Atlético de Madrid, Lille e Sporting Lisboa venceram suas respectivas ligas nacionais. Nada contra as equipes de maior poder aquisitivo mas é muito saudável para as competições que haja alternância entre os vencedores. Vale também citar o título da Internazionale que pertence a um magnata chinês mas conseguiu quebrar a hegemonia da poderosa Juventus.

O Sporting garantiu seu troféu com dois jogos de antecedência. O Atlético e o Lille, por sua vez, foram perseguidos pelos rivais milionários até a última rodada, chegaram a cometer alguns tropeços na reta final mas conquistaram suas respectivas taças na partida derradeira.

Os triunfos das mencionadas equipes foram ótimos para o futebol sob diversos pontos de vista: a competitividade das ligas é mantida, os clubes milionários são obrigados a sair da zona de conforto, as equipes com menor poder aquisitivo ganham fôlego e o interesse do público pelos campeonatos é renovado visto que os torneios tornam-se menos previsíveis.



O Lille sagrou-se campeão francês na temporada
2020-21 (imagem extraída de www.facebook.com/Losc)



O dinheiro é muito importante para o futebol, afinal é desta forma que os clubes conseguem adquirir e manter os grandes atletas que fazem a diferença no gramado. Os clubes milionários, porém, desequilibraram muitas ligas, afinal possuem verdadeiros esquadrões estrelados que seus concorrentes jamais poderão ter.

É admirável quando um clube considerado coadjuvante consegue triunfar, sobretudo no cenário apresentado. Mesmo sem contar com um Messi ou um Ronaldo, estes times conseguiram montar elencos competitivos, jogaram com os recursos que tinham em mãos e conseguiram fazer frente aos rivais mais abastados.

Alguns deste elencos, infelizmente, não durarão até a próxima temporada. Os jogadores estão valorizados com os títulos e certamente sofrerão o assédio de clubes com maior poder aquisitivo. Os treinadores também devem receber boas propostas para sair. Triste mas o futebol também é fundamentado no lucro e na competição. Ademais, isto é um reconhecimento pelo bom trabalho dos atletas e técnicos.

Os clubes, por enquanto, têm todo o direito de comemorar e saborear suas respectivas conquistas. Foi muito difícil duelar com adversários de maior poder aquisitivo mas o Atlético, o Lille e o Sporting provaram que não é apenas o dinheiro que vence os campeonatos e que é possível, sim, montar equipes competitivas apesar das discrepâncias financeiras e valendo-se dos recursos disponíveis, além da raça e da união de seus elencos.



O Sporting faturou o Campeonato Português na temporada 2020-21
(imagem extraída de www.facebook.com/SportingClubePortugal)




segunda-feira, 24 de maio de 2021

Aprendizado

Imagem extraída de www.facebook.com/futebolpaulista



O São Paulo volta a erguer uma taça após uma espera de nove anos desde a última conquista na polêmica Copa Sulamericana 2012 em partida que sequer terminou. O novo presidente Julio Casares estava determinado a acabar com o jejum de títulos e tratou o Campeonato Paulista como se fosse uma Copa do Mundo. A estratégia do mandatário foi bem sucedida mas isto não exime o clube de alguns questionamentos.

O São Paulo passou anos sem erguer um título oficial porque se acomodou em sua própria arrogância enquanto rivais arregaçavam as mangas, corriam para se modernizar e colheram os frutos, enquanto o Tricolor, outrora um "clube-modelo", ficava para trás na corrida pelos troféus. Não obstante, o amadorismo tomou conta do Morumbi com dirigentes mais preocupados em permanecer no cargo do que com a saúde da instituição e agindo mais por passionalidade do que racionalidade.

O Tricolor dedicou-se quase que totalmente ao irrelevante Paulistão sacrificando até mesmo a Libertadores, algo totalmente ilógico visto que ano após ano a obsessão do clube era ficar entre os seis primeiros e conquistar uma vaga para o torneio continental. Uma clara demonstração de que a pressão por um título oficial, por menos importante que fosse, prejudicava o andamento da instituição.

Os jogadores, por fim, começaram a temporada 2021 sem férias. As consequências já surgiram com três titulares -Dani Alves, Benítez e Luciano, além do reserva Éder- desfalcando o time por lesões. E mais jogadores podem pagar o preço no segundo semestre, visto que houve pouco tempo para descanso. Não fosse o rodízio no elenco promovido por Crespo, talvez o departamento médico tivesse ainda mais pacientes.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Cabe também pontuar os acertos do São Paulo apesar da irrelevância do Paulistão e o maior deles foi a contratação do treinador Hernán Crespo. O argentino, mesmo com pouca experiência no banco de reservas, justificou plenamente a confiança dos dirigentes, com seu futebol moderno, intenso e vibrante. E o mais importante: Valdanito acendeu o brio dos jogadores e acabou com a apatia no elenco, o que foi fundamental para que a equipe se impusesse mesmo diante de rivais com maior poder aquisitivo.

Não concordei com as contratações em um primeiro momento mas reconheço que o elenco se encaixou com o equilíbrio entre meninos formados na base e os veteranos se aproximando da aposentadoria. Cabe, porém, lembrar que o Campeonato Paulista e a primeira fase da Libertadores possuem poucos adversários realmente difíceis, e o real desafio para o São Paulo começa a partir da próxima semana, com o Brasileirão e os mata-matas das copas.

O São Paulo pagou pela sua arrogância e passou anos no purgatório sem troféus até encontrar sua redenção no jogo de ontem. Para o alívio de seus torcedores, não precisou passar pelo inferno da segunda divisão embora tenha flertado com o rebaixamento em 2013 e 2017.

Que o clube tenha aprendido com seus erros, tenha humildade daqui para frente e, principalmente, não se acomode com a conquista do Paulistão, afinal o futebol é um meio competitivo e relaxar diante dos rivais é abraçar o fracasso. O São Paulo está aí para provar o quanto a soberba e a acomodação podem transformar um "soberano" em um time comum.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc




domingo, 23 de maio de 2021

O Dia Inesquecível




Eu já fui cientista e até tenho mestrado mas optei por não seguir na carreira acadêmica. Durante meu tempo na pós-graduação, convivi com muitos educadores físicos e tive muito contato com as aplicações da ciência no esporte. E eu até fui em um congresso sobre exercício físico em 2010, organizado pela esposa do meu ex-orientador.

O deslocamento até o local onde o congresso seria realizado, porém, não foi nem um pouco tranquilo. Era uma sexta-feira, chovia muito em São Paulo e havia alguns pontos de alagamento na cidade. Não obstante, parte da Marginal Tietê (uma dos principais corredores do município) estava interditada para a realização de uma corrida de Formula Indy! Meu amigo me buscou bem cedo na minha casa (acho que eram sete da manhã) e, à duras penas, chegamos na Liberdade onde aconteceria o evento.

A grande maioria dos trabalhos correlacionava imunidade ou metabolismo ao exercício físico, e a maioria dos palestrantes era de educadores físicos ou nutricionistas. Não me lembro se o evento era aberto ao público mas o anfiteatro onde o congresso ocorria ficou pequeno para tantas pessoas, como vocês podem ver na foto acima! Lembro que o ar condicionado não deu conta de tanta gente!

Havia alguns convidados bastante interessantes, incluindo um médico/docente da Faculdade de Medicina da USP com quem eu tinha amizade, uma educadora física da Universidade Federal de Pernambuco, e o "amigo gringo" que eu já apresentei aqui no blog.






Eu já conhecia muitos dos trabalhos visto que eu tinha contato com a maioria dos convidados e alguns dos resultados até haviam sido obtidos em parceria com o laboratório onde trabalhava, mas o evento acrescentou alguns conhecimentos novos e gerou algumas ideias para meus próprios experimentos.

Lembro que também presenciei algumas cenas bastante divertidas durante o evento incluindo o calor intenso no anfiteatro, o fotógrafo registrando imagens do congresso, o almoço com os colegas no restaurante ao lado, a bagunça no elevador lotado e alguns espectadores que adormeceram durante as palestras!

Também foi nesse dia que tirei minha primeira foto com uma pessoa muito especial. Não tinha muita amizade com ela naquela época mas se tornaria uma das minhas melhores amigas e uma presença constante nos momentos mais importantes da minha vida.

Ficamos até o final do evento que terminou cerca de 17 horas. Meu amigo participava da organização e, como precisava esperá-lo para pegar carona de volta, fiquei ajudando a arrumar as coisas no anfiteatro. Pegamos menos trânsito na volta apesar de ser uma sexta-feira quando a maioria dos paulistanos viaja para curtir o final de semana fora de São Paulo. A chuva também havia dado uma trégua.

Cheguei em casa após um dia intenso, mas recebi uma notícia trágica: um dos meus cartunistas preferidos, Glauco Villas-Boas, havia sido assassinado naquele dia. Foi um choque para mim, afinal eu adorava o Geraldinho, uma de suas muitas criações.

Foi realmente um dia inesquecível por diversos motivos...







sábado, 22 de maio de 2021

A Redenção de Luisito

Imagem extraída de www.facebook.com/LaLiga



A primeira vez que eu vi Luis Suárez jogar foi durante a Copa do Mundo 2010 em um lance nem um pouco bonito: o atacante utilizou as mãos para bloquear um cabeceio de Dominic Adiyiah. O uruguaio foi merecidamente expulso e o juiz marcou pênalti para os ganeses. O Pistolero deixou o gramado lentamente mas teve tempo de ver Asamoah Gyan desperdiçar a cobrança, o que gerou uma intensa comemoração por parte do camisa 9 e uma profunda revolta dos torcedores africanos. Era apenas uma de muitas polêmicas protagonizadas por Luisito.

O talento de Suárez sempre foi indiscutível mas sua carreira sempre fora assombrada pelas constantes polêmicas. Além do episódio durante a Copa de 2010, o uruguaio mordeu três adversários durante partidas e chamou o lateral Patrice Evra de "macaco". Dado o histórico do atacante, eu recebi a sua transferência para o Barcelona em 2014 com extrema desconfiança, afinal um jogador tão indisciplinado poderia vingar em um clube conhecido pela sua rigidez?

Suárez, para a minha surpresa, brilhou com a camisa blaugrana. O jogador não mais se envolveu em polêmicas, foi fundamental para a conquista da segunda Tríplice Coroa pelo clube e ainda se tornou um dos líderes no grupo. A passagem pelo Barcelona permitiu que o uruguaio potencializasse seus talentos e também amadurecesse em todos os sentidos. Ele deixou as polêmicas para trás e fez história na Catalunha.



Imagem extraída de www.facebook.com/LaLiga



A crise no Barcelona ao término da temporada anterior, porém, causou a saída de vários jogadores e Suárez acabou sendo um dos dispensados a despeito de toda a sua história e liderança no clube. O atacante até chegou a fazer exames médicos e se apresentar para a pré-temporada, mas o novo treinador Ronald Koeman declarou que não contava com o uruguaio.

Suárez declarou em entrevista que "foi menosprezado no Barcelona e que o Atlético de Madrid lhe abriu as portas". Os números do uruguaio pela temporada (21 gols em 38 jogos disputados) são provas de que ele ainda poderia ser útil ao Barça a despeito dos 34 anos. Jornalistas, inclusive, declararam que o clube catalão cometeu um enorme erro ao deixar Lusito sair de graça para um rival direto.

A partida de hoje, diante do Real Valladolid, foi a grande redenção de Suárez. O uruguaio anotou o gol do título em um embate duríssimo que terminou 2x1 para os Colchoneros. Luisito não se conteve ao término do confronto e foi às lágrimas. Desabafou em entrevista pós-jogo e foi visto chorando no gramado enquanto conversava com sua família no celular.

Suárez sabia que aquela havia sido a sua revanche pessoal diante dos críticos e a demonstração de que ainda possui lenha para queimar apesar dos 34 anos. As lágrimas e o desabafo do uruguaio escancaravam todos os sentimentos que estavam presos após a injusta dispensa do Barcelona. A oportunidade no Atlético de Madrid foi a grande chance de redenção de Luisito. E ele a aproveitou com muitos gols, com o título e o protagonismo no Campeonato Espanhol.



Imagem extraída de www.facebook.com/LuisSuarez9




Linchamento Esportivo

Roberto Carlos foi responsabilizado pela eliminação do Brasil na
 Copa de 2006 (imagem extraída de www.facebook.com/CBF)



Eu me lembro até hoje quando o Brasil foi eliminado da Copa de 2006. Eu estava em um churrasco comemorando o aniversário de um amigo quando Henry fez o gol que nos eliminou daquele mundial. Na sequência, os comentaristas esportivos fizeram inúmeras críticas ao lateral Roberto Carlos porque ele foi visto ajeitando sua meia enquanto Zidane cobrava a falta que culminou na vitória francesa. Eu assisti ao lance mas não considerei Roberto responsável pela eliminação. O jogador, mesmo assim, passou a ser bastante hostilizado tanto pelo torcedor quanto por profissionais de imprensa.

Felipe Melo, quatro anos depois, foi o "vilão" diante da Holanda. O volante fez um gol contra ao desviar cobrança de falta de Wesley Sneijder e depois foi merecidamente expulso ao pisar na perna de Arjen Robben. O meio-campista, de fato, teve responsabilidade na eliminação em 2010 visto que os lances foram muito claros mas não justificavam os excessos cometidos por alguns torcedores.

Fernandinho, em 2018, foi o "vilão" diante da Bélgica. O volante, que substituía o suspenso Casemiro, falhou no primeiro gol e deixou Lukaku livre no segundo. Não considerei os erros claros, mas o meio-campista foi obrigado a privar seus perfis em redes sociais devido aos insultos que recebeu de torcedores.



Felipe Melo foi perseguido em 2010 após a eliminação da Copa na
África do Sul (imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras)



O futebol é um jogo coletivo mas erros individuais podem arruinar todo o time como explicado no livro "Os Números do Jogo". Não importa se foi por azar ou limitação técnica: uma única falha pode comprometer o resultado e definir os rumos de uma competição, principalmente em um mata-mata.

O futebol, porém, é apenas um jogo. O resultado de uma partida não sela a paz mundial, não cura o câncer e nem interfere em seus boletos. A sua vida segue com o seu time perdendo ou ganhando. Não justifica, portanto, ameaçar Roberto Carlos, Felipe Melo ou Fernandinho pelas eliminações da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo.

A cultura futebolística de nosso país, porém, exalta o fanatismo: vencer é obrigação e perder é humilhação. A situação tornou-se ainda pior com o advento da internet onde mensagens de ódio se propagam com a velocidade da luz no sentido literal e o torcedor tem acesso aos jogadores através das redes sociais. Qualquer erro pode até custar a vida de um atleta -alguns deles até relataram ameaças de morte através de Twitter, Facebook, Instagram ou afins.

Jogadores são seres humanos e estão propensos a erros e acertos. A diferença é que eles são pessoas públicas e seus atos geram muito mais repercussão, para o bem e também para o mal. Isto, porém, não dá direito a um torcedor agredir ou ameaçar um atleta por mais que o esportista tenha errado. E o mais importante: o futebol é apenas um jogo, não uma luta de vida ou morte.



Fernandinho precisou se "esconder" das redes sociais após a
eliminação de 2018 (imagem extraída de www.facebook.com/mancity)




sexta-feira, 21 de maio de 2021

Alinhamento

Imagem extraída de www.facebook.com/Gremio



O Corinthians tentou, mas a relação entre Timão e Renato Gaúcho não passou de namoro. O clube investiu forte no ex-treinador do Grêmio para substituir Vagner Mancini mas o técnico optou por continuar desfrutando de suas férias neste momento. O Coringão, por sua vez, segue na busca por um novo comandante para a sequencia da temporada.

Dirigentes corinthianos desejavam Renato Gaúcho por uma série de razões: é um treinador experiente, vitorioso, ambicioso (ele sonha em assumir a Seleção Brasileira no próximo ciclo), adota um estilo moderno de futebol e é um nome de impacto, o que ajudaria a desviar um pouco o foco das eliminações recentes.

Renato, porém, é um treinador caro e exige reforços para que seu time possa não apenas lutar pelos troféus mas também bater de frente com os milionários Palmeiras e Flamengo. O Corinthians, com dívidas beirando R$ 1 bilhão, não poderia arcar com todos os pedidos do técnico. O comandante que assumir teria de utilizar a base do clube ou se contentar com contratações modestas.

Não acredito, ademais, que Renato fosse o treinador ideal para o Corinthians para o momento: ele é muito paternalista e dificilmente promoveria mudanças radicais no elenco enquanto o Timão necessita de uma revolução no grupo. Ademais, o técnico é conhecido pela fanfarronice, algo que os torcedores do clube jamais compactuaram.



Imagem extraída de www.facebook.com/Gremio



O Corinthians necessita de um treinador alinhado com a realidade do clube. Não há como obter ou manter grandes reforços, jogadores importantes terão de ser vendidos para evitar novos atrasos nos pagamentos e o uso das categorias de base será uma necessidade. O novo técnico, ademais, terá de promover uma renovação no elenco visto que os veteranos não vêm mais entregando a intensidade necessária no futebol atual. O próprio Vagner Mancini havia percebido isso e passou a barrar nomes como Gil, Fábio Santos e Jô.

A recusa de Renato fez com que treinadores voltassem a ter seus nomes ventilados no Parque São Jorge: Dorival Júnior, Lisca, Fábio Carille, Antônio Carlos Zago, ... Estrangeiros também passaram a ser mencionados por jornalistas, em especial o uruguaio Diego Aguirre, ex-Internacional, Atlético Mineiro e São Paulo.

O próximo treinador, independente de quem for, terá de montar um grupo competitivo com os poucos recursos disponíveis. Não há como montar os esquadrões vencedores da década passada, pelo menos não a curto prazo.



Imagem extraída de www.facebook.com/Gremio




quinta-feira, 20 de maio de 2021

Estúpida Rivalidade

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Olá, leitoras e leitores! Peço desculpas pela ausência de ontem mas não estava bem para escrever.

São Paulo, Palmeiras, Atlético Mineiro, Fluminense e Flamengo disputaram a penúltima rodada da fase de grupos da Libertadores utilizando equipes reservas ou mistas. E a tendência é de que o Internacional faça o mesmo hoje. Tudo visando as finais das competições estaduais.

Os inúteis estaduais, de repente, ganharam importância. Tudo porque é "humilhante" perder um título para um grande rival, por mais insignificante que seja o troféu. Basta a derrota em um clássico para que a situação política se torne instável, o treinador corra o risco de demissão e o time entre em crise.

O Corinthians foi o maior exemplo de como a rivalidade em um clássico é vista com exagero: o técnico Vagner Mancini foi demitido, o elenco passou a ser contestado, houve protestos por parte de torcedores e o presidente quer anunciar um "treinador de impacto" o mais rápido possível para tirar o foco das eliminações.

A rivalidade é tamanha que as equipes estão priorizando os estaduais em detrimento à Libertadores, o que é totalmente contraditório, afinal os clubes todos os anos fazem o impossível para garantir uma vaga na competição continental. Mesmo sem chances de títulos, o torneio internacional sempre gera lucros às instituições com premiações por avançar de fase, visibilidade e valorização do elenco.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Nenhuma das equipes brasileiras venceu nesta rodada à exceção do Atlético Mineiro. Galo e Palmeiras ainda podem usar o argumento de que já estão nas oitavas-de-final. São Paulo, Flamengo e Fluminense, que ainda não estavam garantidos no mata-mata, chegaram a colocar em risco suas respectivas classificações mas a sorte sorriu ao Rubro-Negro e ao Tricolor Paulista neste ponto. O Flu terá uma decisão contra o River Plate na próxima semana.

Já escrevi dezenas de vezes que uma competição estadual não tem mais a relevância do passado e, tampouco, serve para consagrar uma equipe ou treinador. Se um regional fosse realmente importante, Fábio Carille, que venceu três Paulistões consecutivos pelo Corinthians, deveria ganhar uma estátua no Parque São Jorge pelo seu feito, mas foi apresentado à rua no segundo semestre de 2019 após uma série de resultados ruins.

Seria melhor que os times nem se classificassem à Libertadores e deixassem as vagas a equipes que realmente valorizam a competição. Priorizar um estadual em detrimento a um torneio internacional é uma atitude totalmente ilógica para não escrever outra coisa.



Imagem extraída de www.facebook.com/atletico




terça-feira, 18 de maio de 2021

Alisson e a Bola Parada

Alisson salvou o Liverpool ao fazer um gol de cabeça
(imagem extraída de www.facebook.com/LiverpoolFC)



Ah, a bola parada! Há times que se valem quase que exclusivamente deste recurso para obter seus resultados. Os clubes, desta forma, sempre investem em bons cobradores de faltas ou escanteios, bem como jogadores altos que possam fazer arremates de cabeça em cruzamentos ou levantamentos.

O último domingo consagrou o goleiro do Liverpool, Alisson, em um lance bastante inusitado: os Reds empatavam com o West Bromwich em 1x1 quando, durante os acréscimos do segundo tempo, houve uma cobrança de escanteio próxima ao gol dos Baggies. O arqueiro foi para a área e, com seus 1,91 metros de altura, efetuou um cabeceio certeiro, decretando a vitória dos visitantes.

O feito de Alisson foi bastante celebrado, não apenas pelo Liverpool e seus torcedores. A imprensa do mundo inteiro repercutiu a atitude do brasileiro. O gaúcho foi o primeiro goleiro a fazer um gol pelos Reds, o pioneiro de sua posição em anotar de cabeça na Premier League e também foi a primeira oportunidade em que um arqueiro decide um placar desta maneira na competição.

Já assisti a dezenas de jogos em que o goleiro correu para a área em lances de bola parada para ajudar os companheiros, mas todas as tentativas haviam sido infrutíferas, exceto quando o arqueiro se dispõe a cobrar a falta. A atitude de Alisson, portanto, é vista muito mais como um gesto de desespero do que algo calculado.

Já é bastante arriscado quando os jogadores de defesa avançam para ajudar no ataque, seja devido à compactação ofensiva, seja em lances de bola parada, afinal abre-se um enorme espaço às costas da zaga e, caso o adversário consiga um contra-ataque, as consequências costumam ser desastrosas. Imaginem então os riscos envolvidos quando um goleiro abandona sua meta e tenta ajudar na frente.



Imagem extraída de www.facebook.com/LiverpoolFC



Alisson, porém, não pode ser considerado "impudente" em sua atitude. Seria o último lance do jogo e dificilmente haveria tempo para um contra-ataque para o West Bromwich -apenas se os Baggies fossem extremamente rápidos para avançar à área do Liverpool ou se tentassem um chute a longa distância.

A presença de mais um jogador na área também significa mais dificuldade para a marcação adversária, afinal haverá pelo menos um atleta desmarcado e o goleiro rival terá de se atentar a este futebolista livre. Alisson não apenas representa um homem a mais para incomodar a barreira, como também é muito grande e ajuda a empurrar as linhas, além de utilizar seu tamanho para cabecear.

A atitude de Alisson, portanto, é um recurso interessante mas não pode ser abusado, visto que já haverá o espaço às costas da zaga e, caso o goleiro também suba, o gol ficará totalmente desprotegido. Ele deve ser utilizado em momentos de baixo risco (como o último lance da partida) ou em instantes de total desespero quando não há mais nada a se perder.

Corajoso ou imprudente, Alisson foi o grande herói improvável do Liverpool no último domingo e também entrou para a história do futebol inglês ao anotar o primeiro gol de sua carreira! Será que a moda vai pegar no futebol europeu depois do sucesso do gaúcho?



Alisson não apenas fez o gol da vitória, como também foi eleito o melhor
 em campo (imagem extraída de www.facebook.com/LiverpoolFC)!




segunda-feira, 17 de maio de 2021

A História se Repetirá?

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Martín Benítez tem se mostrado, até o momento, a contratação mais acertada do São Paulo na temporada. O argentino tem se destacado pelo seu estilo que combina habilidade com raça. O jogador por enquanto fez apenas um gol, mas no que se refere a criar oportunidades é com ele mesmo. Nos jogos em que esteve presente, o meia participou de quase todas as jogadas que resultaram em algum tento.

A história de Benítez aqui no Brasil é parecida com a do compatriota Darío Conca: ambos se destacaram no Vasco após serem emprestado por seus respectivos clubes (Benítez foi cedido pelo Independiente em 2020 enquanto Conca pertencia ao River Plate em 2007) e ambos se transferiram para um Tricolor no ano seguinte (Benítez foi para o São Paulo e Conca acertou com o Fluminense).

Benítez, porém, não foi adquirido pelo São Paulo em definitivo e seus direitos ainda pertencem ao Independiente. O meia, portanto, precisa mostrar serviço em campo para definir seu futuro na carreira, seja permanecer no Tricolor, seja retornar a Avellaneda, ou ainda chamar a atenção de algum clube europeu.

O histórico de jogadores emprestados no São Paulo não é exatamente bom, como expliquei em um post no ano passado. Tais atletas, por terem o destino incerto, sabem que precisam se destacar o quanto antes e convencer os clubes a respeito de suas qualidades em campo. Muitos desses futebolistas, porém, acabam se acomodando quando atingem seus objetivos e é neste ponto em que precisamos ter alguma cautela com relação a Benítez.



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Benítez, que foi indicação do treinador e compatriota Hernán Crespo, tem se aplicado muito em campo. O jogador deixou uma ótima primeira impressão ao anotar um gol em sua estreia na Libertadores diante do Sporting Cristal. O atleta rapidamente caiu nas graças do torcedor e da mídia por suas assistências e pelo seu estilo aguerrido, algo que faltou ao apático São Paulo durante os últimos anos.

A carência do torcedor são-paulino por ídolos e por atletas empenhados aumentou ainda mais a estima dos fãs por Benítez apesar de seu pouco tempo no Morumbi. O atleta chegou até a ser comparado com o compatriota Jony Calleri que defendeu o São Paulo durante o ano de 2016 em um contexto muito semelhante.

É necessário, porém, manter os pés no chão com relação ao meia. Não se sabe se o jogador deseja permanecer no São Paulo ou se ele tem algum outro objetivo em mente, algo que o torcedor tem de entender, afinal a carreira de um futebolista é efêmera. E mesmo que o argentino seja contratado em definitivo pelo Tricolor, ainda há o risco de Benítez se acomodar, embora as chances atuais sejam um pouco menores visto que o treinador Crespo sempre cobra intensidade de seus comandados.

Que Benítez é dedicado e possui muitas qualidades em campo, ninguém discorda. Mas o histórico de jogadores emprestados no São Paulo não é bom e o torcedor precisa manter uma certa dose de ceticismo, não apenas com o argentino mas com qualquer atleta que precise mostrar serviço a curto prazo no clube.



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