quinta-feira, 15 de julho de 2021

Como Capotar um Ônibus

Imagem extraída de www.facebook.com/DFBTeam



Não, nós não estamos falando sobre provocar acidentes automobilísticos, e sim métodos para vencer o "ônibus", formação defensiva que consiste em formar duas linhas que quatro jogadores diante do gol e que ganhou notoriedade quando o Chelsea a utilizou para superar o Barcelona em 2012.

O "ônibus" dificulta a execução do Tiki-Taka porque nega espaços ao adversário e impede que a bola possa circular próximo à área. A estratégia não é exatamente nova, afinal treinadores italianos já a adotavam muito antes de 2012 mas continua bastante eficiente visto que muitas equipes ainda lançam mão dela com sucesso.

Observou-se, porém, muitas formas de superar o "ônibus" durante a Euro 2020. Os treinadores encontraram vários métodos para vencer o ferrolho adversário e tais estratégias mostraram-se muito eficazes visto que funcionaram mais de uma vez durante a competição.

Algumas dessas estratégias não são exatamente novas mas a eficácia de todas foi comprovada em campo. Como o "ônibus" ainda é bastante utilizado, seria prudente que os treinadores se atentassem às jogadas observadas durante a Euro 2020, afinal elas podem ser úteis para furar retrancas adversárias e também para a elaboração de contramedidas.



1- INVERSÃO DE JOGADA:



Toda a defesa adversária volta suas atenções para o lateral que está
com  a bola. O jogador, então, faz um passe longo para o colega
desmarcado no outro lado do campo que chuta para o gol sem que
haja nenhum rival no caminho (imagem obtida via this11.com).



A inversão de jogada não é novidade sobretudo no futebol brasileiro mas não vinha sendo muito utilizada na Europa visto que no Velho Continente a posse e o controle da bola são muito valorizados -uma óbvia influência de Guardiola. A estratégia, porém, mostrou-se muito eficaz para superar o "ônibus". 

Os laterais Robin Gosens e Joshua Kimmich se valeram disto para derrotar Portugal durante partida válida pela fase de grupos: ambos os jogadores chegavam à linha de fundo, surpreendiam, a defesa com uma inversão de jogada e o receptor da bola quase sempre ficava livre para chutar ou cruzar. A Inglaterra também lançou mão da estratégia em algumas partidas, com êxito.



2- COMPACTAÇÃO OFENSIVA:



A presença de mais jogadores no campo ofensivo sobrecarrega a
marcação adversária, permite a abertura de espaços para infiltrações
e ainda força erros rivais na saída de bola (imagem obtida via 
this11.com).



Esta estratégia ganhou notoriedade através de técnicos alemães como Jupp Heynckes e Jürgen Klopp. A execução, porém, foi sendo aperfeiçoada no decorrer do tempo por outros treinadores e com os avanços no preparo físico dos jogadores.

A tática consiste em adiantar as linhas para pressionar a marcação adversária, além de dificultar que o rival consiga sair jogando com a defesa. É uma estratégia arriscada visto que ela deixa espaços às costas dos jogadores e a recomposição precisa ser feita de maneira precisa para que o oponente não consiga aproveitar as brechas.

A estratégia também mantém a marcação adversária distraída e os jogadores podem arriscar chutes de fora da área com grandes chances de acerto.

Itália e Holanda lançaram mão desta estratégia, com o meio-de-campo e os laterais avançando junto com o ataque para furar a retranca adversária.



3- LINHA DE CINCO:



Uma linha com quatro jogadores não consegue dar conta
 de cinco homens (imagem obtida via this11.com).



Os laterais ou alas avançam com os atacantes, formando uma linha de cinco jogadores. Como a maioria dos adversários se agrupam em quatro atletas, haverá pelo menos um homem desmarcado e ele estará livre para chutar ao gol.

A Bélgica utilizou esta tática para vencer Portugal nas oitavas em lance que terminou com gol de Thorgan Hazard. A Inglaterra abriu o placar contra a Itália na final de maneira semelhante, em jogada que contou com a participação de Kieran Trippier e Luke Shaw.



4- GOL CONTRA:



Uma bola cruzada com força acaba desviando no defensor
adversário e entra no gol (imagem obtida via this11.com).



Esta não é bem uma "estratégia" mas houve um recorde de gols contra na Euro 2020 (onze no total) e quase todos com o roteiro parecido: cruzamentos ou chutes em diagonal desviaram em algum defensor ou no próprio goleiro e a bola entrou. Como houve uma chance de acerto razoável durante a competição, vale a tentativa.

A Alemanha conseguiu anotar dois gols desta maneira durante aquele mesmo jogo contra Portugal na fase de grupos: Robin Gosens e Joshua Kimmich tentaram cruzar bolas na área e os zagueiros lusitanos deram a infelicidade de empurrar contra o próprio gol ao tentar cortar as jogadas.



Se o seu time está tendo dificuldades em superar adversários que jogam na defensiva, o material aqui confeccionado pode ser de grande valia. E se você só atua no contra-ataque, vale se atentar a estas estratégias para elaborar contramedidas!



Imagem extraída de www.facebook.com/NazionaleCalcio




terça-feira, 13 de julho de 2021

Aviso




Queridas leitoras e queridos leitores.

Teremos uma redução na frequência dos posts no blog Farma Football a partir de amanhã.

O autor irá se dedicar a projetos pessoais (que não são outros blogs desta vez) e, em virtude disto, terá menos tempo para acompanhar os jogos e escrever textos.

Aproveito para informar que não irei cobrir os jogos olímpicos de Tóquio. Talvez eu faça um ou outro texto a respeito.

Não se trata de uma pausa como ocorreu em outras ocasiões, apenas não terei como manter o compromisso de escrever todos os dias aqui.

Tentarei, ao menos, postar as crônicas de domingo que haviam sido suspensas em virtude da Eurocopa.

Se vocês tiverem dúvidas ou sugestões, podem escrever nos comentários.

Um abraço!

Equipe Farma Football







segunda-feira, 12 de julho de 2021

Euro 2021: Balanço da Competição

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020



Terminou ontem a Eurocopa 2020, que eu chamo de "Euro 2021". Foram exatos trinta dias de competição -começou no dia 11 de junho e encerrou-se no dia 11 de julho- com futebol de bom nível técnico, momentos emocionantes e, infelizmente, algumas polêmicas.

As equipes, de modo geral, jogaram bem mas ficou muito evidente que a maioria dos jogadores não consegue brilhar pelas seleções como nos clubes. Há menos tempo para treinar, para entrosar o grupo e a intensidade exigida pelo futebol atual tem sido demais para os atletas. Houve, ainda, o agravante das férias reduzidas entre as temporadas 2019-20 e 2020-21 o que justificou o alto número de lesões e pedidos de substituição durante a competição.

Foi a segunda edição que contou com a participação de 24 seleções. O formato atual é mais inclusivo e permitiu que equipes de menos tradicionais marcassem presença, incluindo algumas estreantes. Por outro lado, tivemos alguns confrontos desinteressantes e não gostei do chaveamento para a fase de mata-mata que foi pré-determinado. Acho que seria mais justo que houvesse um sorteio com um pote contendo os líderes de cada grupo mais os dois melhores segundos colocados e em outro pote ficariam do demais times.

Outro detalhe que me incomodou foi a proteção excessiva dos treinadores aos medalhões do grupo. Há jogadores que, obviamente, fazem a diferença nos gramados mas alguns deles visivelmente não pareciam em sintonia com o grupo ou com o contexto da partida.

Elaborei uma seleção com os melhores jogadores da competição. Algumas ausências talvez sejam sentidas, mas ficou muito difícil escolher jogadores em um campeonato onde as coletividades fizeram mais diferença que as individualidades. Fizemos também um balanço da Eurocopa com os melhores e piores destaques. Confiram:



SELEÇÃO DA EURO 2021:

Goleiro- Thibaut Courtois (Bélgica): jogou por ele e por sua insegura zaga. Se não fosse pelo goleiro, a Bélgica já estaria eliminada na fase de grupos.

Lateral-Direito- Denzel Dumfries (Holanda): sua participação acabou eclipsada pelo eliminação da Holanda ainda nas oitavas, mas Dumfries fez sua parte com muitas infiltrações, cruzamentos e dois gols.

Zagueiro- Giorgio Chiellini (Itália): apesar dos 36 anos, o capitão praticamente não cometeu falhas defensivas, liderou a equipe com autoridade e até arriscou algumas subidas para o ataque. Se o defensor realmente confirmar a aposentadoria da Azzurra após a Euro, ele pode deixar a seleção com a sensação de dever cumprido.

Zagueiro- Harry Maguire (Inglaterra): atuações impecáveis, seja na técnica, seja na imposição física. Ganhou praticamente todas as divididas pelo seu lado e ainda fez um gol.

Lateral-Esquerdo- Joakim Mæhle (Dinamarca): foi o melhor jogador da Dinamarca. Participou de vários gols além de anotar dois na competição. Ademais, mostrou versatilidade ao jogar também no lado direito e fez sua parte na defesa.

Volante- Thomas Delaney (Dinamarca): um monstro tanto no ataque quanto na defesa. E ainda deixou um gol.

Meia- Dani Olmo (Espanha): foi o líder de assistência da Espanha (três) e ainda buscou infiltrações.

Meia- Emil Forsberg (Suécia): quatro gols, muita movimentação, força física e infiltrações. Merecia ir mais longe na competição pelo futebol que apresentou.

Atacante- Patrick Schick (República Checa): artilheiro da competição com cinco tentos, incluindo "o gol que Pelé não fez". Carregou nas costas uma equipe limitada até as quartas-de-final.

Atacante- Karim Benzema (França): após anos afastado de sua seleção, agarrou a oportunidade com unhas e dentes. Anotou quatro gols, buscou jogo o tempo todo e foi um dos poucos jogadores que honrou seu time em campo.

Atacante- Cristiano Ronaldo (Portugal): cinco gols, muita movimentação, raça, habilidade e um apetite insaciável por conquistas. Pena que o restante do time não o ajudou a ir mais longe.

Treinador- Roberto Mancini (Itália): renovou a equipe e o estilo de jogo. Soube controlar o grupo nos momentos de oscilação e seu time foi o mais regular em campo.



Seleção da Euro 2021 escalada em 4-3-3
(imagem obtida via this11.com)



Craque da Competição- Giorgio Chiellini (Itália): o capitão foi escolhido por exercer muito bem sua função e também para manter a coerência dos critérios, que é nomear um atleta do time campeão. Não foi fácil visto que a Itália se destacou muito mais pelo coletivo do que por individualidades, mas o defensor foi um dos diferenciais. E discordei da UEFA, que nomeou Donnarumma, porque acho que Courtois foi melhor do que o arqueiro italiano.

Revelação da Competição- Pedri (Espanha): aqui acabei concordando com a UEFA e também elegi o jovem meia espanhol. O garoto de apenas 18 anos não se deixou intimidar com a responsabilidade, foi titular absoluto e ajudou muito na articulação das jogadas. Se Pedri for bem lapidado, Xavi e Iniesta terão aqui o seu sucessor.



MELHOR TIME- Itália: joga um futebol empolgante, moderno e eficiente. Possui pequenos defeitos mas soube lidar com eles.

PIOR TIME- Turquia: tinha um elenco de muita qualidade e potencial mas não jogou praticamente nada na Eurocopa. Três jogos, três derrotas, um gol marcado, oito sofridos e foi lanterna no Grupo A que era acessível.

MELHOR PARTIDA- Croácia X Espanha (válida pelas oitavas-de-final): foi disparado o jogo mais emocionante da competição, com muitas reviravoltas, futebol de bom nível técnico, equipes com muita vontade em campo e um desfecho de arrancar lágrimas.

PIOR PARTIDA- Espanha X Suécia (válida pela 1ª rodada do Grupo E): esse jogo deu muito sono, com uma Espanha sem competência para buscar alternativas ao Tiki-Taka e uma Suécia que apenas jogava pelo empate.

SURPRESA- República Checa: cotada para cair já na fase de grupos, foi a seleção mais fraca a avançar para o mata-mata e sobreviveu até as quartas-de-final contra todas as chances e limitações.

DECEPÇÕES- Turquia e Polônia: tinham elenco e futebol para, ao menos, chegar às oitavas e seus grupos eram acessíveis, mas jogaram muito mal, não vencera nenhuma partida e terminaram na lanterna de suas respectivas chaves.

MELHOR ATUAÇÃO INDIVIDUAL- Robin Gosens (Alemanha -diante de Portugal na 2ª rodada do Grupo F): o lateral da Atalanta participou de todos os quatro gols diante da forte Seleção Portuguesa. As Quinas também ajudaram ao subestimar o jogador mas Gosens teve méritos ao decidir o jogo praticamente sozinho.

PIOR ATUAÇÃO INDIVIDUAL- Matthijs de Ligt (Holanda -diante da República Checa nas oitavas de final): sua expulsão causou uma pane geral na Holanda que se tornou uma presa fácil diante da limitada República Checa.

MELHOR ATUAÇÃO COLETIVA- Itália diante da Suíça na 2ª rodada do Grupo A: atuação impecável da Azzurra. Todos os setores da equipe funcionaram perfeitamente, desde a defesa até o ataque. 3x0 foi pouco para uma exibição tão brilhante.

PIOR ATUAÇÃO COLETIVA- França diante da Suíça nas oitavas-de-final: os Bleus tinham o jogo nas mãos ao abrirem 3x1. A França, porém, demonstrou uma displicência inaceitável em campo, viu a Suíça empatar e caíram nos pênaltis após Sommer pegar a cobrança de Mbappé.



Chiellini foi eleito pelo blogueiro como o Craque da Euro 2021
(imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020).




domingo, 11 de julho de 2021

A Bola Foi Juíza

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020



O futebol raramente é justo. Times que jogam melhor nem sempre vencem e interferências externas podem alterar o resultado. Não podemos negar, contudo, que ficou um gostinho de justiça com o título da Itália na Eurocopa, afinal a Inglaterra foi bastante favorecida durante a competição por ter o direito de disputar todos os jogos em casa e ainda houve aquele pênalti duvidoso em Sterling na semifinal.

A Itália repetiu o 4-3-3 das partidas anteriores, a mesma formação adotada contra a Espanha e também a estratégia de adiantar a marcação. A Inglaterra foi em 3-4-3 e o English Team tratou de jogar nos pontos fracos da Azzurra, com marcação individual para dificultar a troca de passes e usar uma linha de cinco para sobrecarregar a defesa italiana.

A Inglaterra mostrou suas credenciais já no começo do jogo: atraiu a Itália para seu campo, fez marcação individual e deu um contra-ataque mortal com Luke Shaw. Os dois laterais avançaram junto com os três atacantes e formaram uma linha de cinco jogadores contra apenas quatro defensores italianos.

A Itália tentou responder mas praticamente não conseguiu transpor a defesa inglesa durante o primeiro tempo. A Inglaterra alternava a marcação individual com duas linhas de quatro conforme a necessidade.



Itália, em 4-3-3, tenta se infiltrar na zaga inglesa, mas a marcação
individual dificulta a troca de passes. Inglaterra, em 3-4-3, contra-
ataca avançando os dois laterais ao mesmo tempo, formando uma
linha de cinco e sobrecarregando a defesa italiana (imagem obtida
via this11.com).



A Inglaterra, porém, recuou demais no segundo tempo. Não sei se foi por cansaço ou displicência, mas o English Team deixou a Itália à vontade para jogar e acabou pagando o preço, com o zagueiro Bonucci empatando a partida para a Azzurra após um bate-rebate na área de Pickford.

Restou a Gareth Southgate mudar seu 3-4-3 para 4-1-4-1 e tentar buscar o desempate. A Itália, porém, continuou mais perigosa enquanto o English Team praticamente só criava chances em lances de bola parada.

A Itália ainda deu azar em perder jogadores importantes por lesão ao longo da partida, como Chiesa e Insigne. A Inglaterra ficou vários minutos com um homem a mais enquanto havia atletas italianos sendo atendidos mas não aproveitou as oportunidades.

A partida acabou indo para a prorrogação e pênaltis. Gareth Southgate colocou Jadon Sancho e Marcus Rashford no final do segundo tempo extra já visando as penalidades. Decisão, porém, que custaria caro ao English Team...

Pickford pega a cobrança de Belotti, mas Rashford chuta na trave. Donnarumma pega a cobrança de Sancho, mas Jorginho também desperdiça. No último e derradeiro pênalti, o garoto Bukayo Saka erra e a Itália é bicampeã da Eurocopa.



Inglaterra muda sua formação para 4-1-4-1 mas se deixa pressionar
e só leva perigo em lances de bola parada. Itália segue no 4-3-3
mas tem mais dificuldades em se infiltrar sem Chiesa e Insigne
(imagem obtida via this11.com).



Itália conquista seu segundo título na Eurocopa com méritos e consagra a renovação proposta por Roberto Mancini. A Azzurra oscilou algumas vezes mas apresentou um futebol bonito, teve desempenho regular ao longo da competição e demonstrou força mental para lidar com cenários desfavoráveis.

Inglaterra paga por mais um "apagão" em campo. O English Team não "matou" o jogo quando teve chance, permitiu o crescimento da Itália e levou um castigo. E Gareth Southgate ainda errou ao colocar três garotos (Rashford, Sancho e Saka) para bater pênalti, tarefa que requer muita responsabilidade, maturidade e força mental.

Fica também aquele gosto de que justiça foi feita com o título da Itália, afinal a Azzurra jogou o melhor futebol e foi mais regular na competição. E também pelo fato de que a Inglaterra foi favorecida diante da Dinamarca com aquele pênalti duvidoso em Sterling. A bola foi juíza hoje em Wembley e o próprio futebol tratou de reparar aquele erro inaceitável da arbitragem.



Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020




Euro 2021: Análise dos Finalistas

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020



Chegou a hora! Hoje conheceremos o grande vencedor da Euro 2020 (que eu chamo de "Euro 2021") após exatos trinta dias de competição! Itália e Inglaterra farão a grande final hoje às 16h (horário de Brasília) em Wembley, Londres. Ambos os times estão na decisão por méritos próprios, embora tenham apresentado algumas oscilações e, vale lembrar, a classificação do English Team ficou maculada por um erro de arbitragem.

Ambos os times, obviamente, desejam o troféu mas cada um tem suas próprias motivações para lutar pela taça. A Azzurra quer se redimir das péssimas exibições durante o ciclo anterior quanto não conseguiu se classificar para a Copa 2018, enquanto o English Team jamais venceu a Eurocopa e também deseja consagrar esta boa geração de atletas que vem pedindo passagem desde as categorias de base.

A Itália entra em campo com um estilo bastante diferente daquele que seu torcedor se acostumou, afinal, a Azzurra sempre se notabilizou pelos esquemas que priorizavam a defesa. Desde as gestões de Cesare Prandelli (de 2010 a 2014) e Antonio Conte (de 2014 a 2016), contudo, já víamos uma equipe que gostava de ficar com a bola e de buscar o ataque. O treinador Roberto Mancini deu um passo adiante, nos apresentando um time intenso e ainda mais ofensivo.

Mancini, desde a estreia contra a Turquia, nos apresentou um time escalado em 4-3-3, com linhas adiantadas, marcação alta e muita participação dos laterais e também dos meias no ataque. A estratégia é encurralar o rival, dificultar a saída de bola e buscar infiltrações por todos os lados.

A defesa, porém, paga o preço e a Itália sofre quando precisa jogar sem a bola, algo estranho para uma seleção tradicionalmente defensiva. Isto ficou bastante evidente na partida contra a Espanha quando a Furia não deixou a Azzurra ficar com a pelota. Outro problema é a ausência do lateral-esquerdo Spinazzola, que vinha sendo um dos destaques do time e está fora da final por lesão, algo que a Inglaterra pode explorar.



Possível escalação da Itália em 4-3-3
(imagem obtida via www.footballuser.com).



A Inglaterra de Gareth Southgate é uma verdadeira salada de influências. O English Team já lançou mão de muitos estilos incluindo imposição física, troca de passes, jogadas individuais (principalmente com Sterling pela esquerda), intensidade e pragmatismo. É um time que, por ter muitos recursos, consegue se adaptar ao adversário e ao contexto da partida.

A maioria dos convocados são jovens que atuam juntos desde as categorias de base e já vinham chamando atenção da imprensa desde aquela época. Alguns destes atletas conseguiram um ótimo quarto lugar no último mundial e agora desejam dar um passo adiante, brigando efetivamente pelo título.

Southgate utilizou dois esquemas táticos ao longo da Eurocopa: o 4-2-3-1 (adotado na maioria das paridas) e 3-4-3 (utilizado contra a Alemanha e contra a Dinamarca durante alguns minutos). Um dos jogadores chave é o zagueiro/lateral Kyle Walker, que pode jogar centralizado ou aberto pela direita e, com isso, oferece flexibilidade à formação inglesa.

A Inglaterra, porém, foi um time irregular e até preguiçoso ao longo da Eurocopa. Os resultados não evidenciam isto, mas o English Team demonstrou falta de ideias durante vários momentos e isto pode ser fatal, sobretudo diante de um rival que dá poucas brechas como a Itália. É possível que a inexperiência da garotada tenha pesado.



As duas possíveis formações da Inglaterra: 4-2-3-1 (esquerda) e
3-4-3 (direita) -imagem obtida via www.footballuser.com



A Itália é um time onde o coletivo é um dos pontos fortes e, por isso, fica injusto apontar um destaque individual, mas cabe citar o zagueiro Chiellini que, mesmo aos 36 anos, continua oferecendo muita segurança na defesa, boa técnica e liderança. Pela Inglaterra, o atacante Sterling tem sido o diferencial em campo com sua velocidade, dribles e infiltrações.

Quem levará o troféu? Descobriremos hoje às 16h (horário de Brasília) com transmissão na Globo e na Sportv!



Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020




sexta-feira, 9 de julho de 2021

Síndrome da Missão Cumprida

Imagem extraída de www.facebook.com/AntoGriezmann



Dois times me chamaram a atenção negativamente dentre todas as seleções que disputaram esta Eurocopa, a França e a Alemanha. Ambas as equipes jogavam um futebol morno, desinteressado e de pouco brio. Um ou outro jogador ainda demonstrava vontade em campo mas os demais não expressavam nenhum tipo de ambição.

Também li algumas notícias a respeito do São Paulo durante o mesmo período. A equipe era elogiada pela intensidade, pela raça em campo, pela volúpia e pelo futebol bonito durante o Campeonato Paulista. No Brasileirão, contudo, só se observava um time apático, sem brio ou vontade. O Tricolor só conquistou sua primeira vitória no campeonato durante a última quarta-feira, quase um mês e meio após o início da competição.

Os três times tinham algo em comum: França, Alemanha e São Paulo deram fim a longos jejuns de títulos recentemente. Os Bleus ficaram de 2004 até 2018 sem levantar um troféu. A Nationalelf precisou esperar de 1997 até 2014 para celebrar uma conquista. E o Tricolor passou de 2013 a 2021 sem saber o que é ficar no topo do pódio.

As conquistas tiraram um grande peso das costas dos jogadores que precisavam lidar com a constante pressão por títulos. E a cobrança se tornava crescente a medida que o tempo passava. Com a missão cumprida, a pressão desaparece e o atleta acaba relaxando, até demais em muitos casos e isto acaba influenciando no desempenho dos times, o que aconteceu com as três equipes citadas.



Imagem extraída de www.facebook.com/manuel.neuer



Isto me fez lembrar do meu primeiro ano de faculdade. Após dois anos fazendo cursinho pré-vestibular e abrindo mão de tantas coisas, eu queria descansar após cumprir meu objetivo de ingressar na USP. Mas eu não levei os estudos a sério e acabei ficando de recuperação em uma das disciplinas.

Os treinadores e dirigentes precisam trabalhar o psicológico dos jogadores em tal situação. Os atletas têm o direito de descansar e de desfrutar das conquistas. É preciso, porém, conscientizar os esportistas de que os times precisam lutar por novos títulos e que o futebol é um meio competitivo, onde o relaxamento pode significar a derrota.

Quando o time começa a demonstrar sinais de relaxamento, é preciso agir o quanto antes para que o problema não se torne uma crise ou pior: uma eliminação ou rebaixamento. É preciso renovar o interesse do elenco pelas vitórias (oferecendo recompensas ou "bichos", por exemplo), lançar mão de psicólogos, tirar os atletas da zona de conforto (pode ser necessário "barrar" alguns deles) ou, em casos extremos, mudar o comando técnico.

O mais importante é manter o time competitivo. Não é possível vencer todos os jogos e campeonatos, mas é obrigação profissional e esportiva que os jogadores lutem pelo resultado em campo. Conquistar um título é bom mas sempre haverá muitos outros em jogo.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc




quinta-feira, 8 de julho de 2021

Euro 2021: Balanço das Semifinais

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020



A Eurocopa entrou em sua fase final. Resta apenas um jogo, a decisão entre Inglaterra e Itália que será realizada às 16h (horário de Brasília) no próximo domingo. Foi uma longa caminhada das duas seleções até aqui durante estes exatos trinta dias de competição.

As semifinais, como esperado, foram bastante disputadas e nenhuma das duas partidas foi decidida no tempo normal. Tivemos, infelizmente, o erro de arbitragem que favoreceu a Inglaterra diante da Dinamarca, algo que manchou a campanha do English Team.

As equipes não foram tão ousadas quanto nas etapas anteriores o que é totalmente justificável. Nenhum time quer botar tudo a perder após chegar tão longe na competição e a parte física vem cobrando seu preço.

Foi difícil escolher destaques individuais para as semifinais, sobretudo quando um dos critérios adotados é o de eleger apenas atletas que se classificaram. Pensei até em mudar os parâmetros de avaliação mas optei por ser coerente com o que escrevi em artigos anteriores.

Não faremos avaliações coletivas neste artigo, até porque foram apenas duas partidas, quatro seleções e nenhuma delas se destacou sob tal ponto de vista. Haverá, portanto, apenas a seleção das semifinais, algo que é tradição aqui no blog.



SELEÇÃO DAS SEMIFINAIS:

Goleiro- Gianluigi Donnarumma (Itália): pegou o pênalti de Morata e evitou que a Espanha virasse o jogo. Sem culpa no gol sofrido durante o tempo normal.

Lateral Direito- Giovanni Di Lorenzo (Itália): não foi tão perigoso no ataque quanto em outras partidas mas foi bem na defesa. E não teve culpa no gol sofrido, visto que foi deslocado para a esquerda quando Dani Olmo infiltrou pela direita para servir Morata.

Zagueiro- John Stones (Inglaterra): sofreu com Mæhle e Damsgaard pelo seu lado mas conseguiu dar conta do recado. Não teve culpa no gol.

Zagueiro- Harry Maguire (Inglaterra): tomou um amarelo evitável mas fez sua parte na defesa. E ainda ganhou várias divididas graças à imposição física.

Lateral Esquerdo- Luke Shaw (Inglaterra): sem tem a quem marcar, arriscou algumas subidas no ataque. Na defesa, fez sua parte.

Volante- Kalvin Phillips (Inglaterra): boas subidas e chutes de fora da área do meio-campista. Merecia fazer um gol. Na defesa, fez sua parte.

Meia- Nicolò Barella (Itália): não teve tanto espaço para se infiltrar como em outras partidas mas participou do gol de Chiesa.

Meia- Bukayo Saka (Inglaterra): fez a jogada do gol contra de Kjær, driblou e conseguiu se infiltrar várias vezes na defesa dinamarquesa. Não merecia ter saído.

Atacante- Federico Chiesa (Itália): fez o gol e ajudou na defesa.

Atacante- Harry Kane (Inglaterra): converteu o pênalti para a Inglaterra, participou na articulação de jogadas e abriu espaços para os companheiros se infiltrarem.

Atacante- Raheem Sterling (Inglaterra): botou fogo na partida com seus dribles, velocidade e infiltrações. E cavou o pênalti polêmico para a Inglaterra.

Treinador- Roberto Mancini (Itália): não fez uma partida brilhante mas soube recuar o time na hora certa para jogar nos erros da Espanha.



Seleção das semifinais em 4-3-3 (imagem obtida via this11.com).




quarta-feira, 7 de julho de 2021

Classificação Manchada

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020



A Inglaterra está na final da Eurocopa em 2021 após bater na trave nas edições de 1968 e de 1996 quando parou nas semifinais. A classificação, porém, veio graças a um lance polêmico, um pênalti que foi classificado como "duvido" e "inexistente" pelos jornalistas. E eu também acho que não houve falta após assistir aos replays e ao vídeo do VAR.

O English Team manteve o 4-2-3-1 das partidas anteriores. A Inglaterra até ensaiou uma pressão inicial e tratou de congestionar as laterais onde os dinamarqueses vinham criando suas principais jogadas. A Dinamarca, em 3-4-3, foi tomando as rédeas do jogo, seja no toque de bola, seja na imposição física.

Os Rød-Hvide dominaram amplamente o primeiro tempo e abriram o placar com um gol de falta -o primeiro desta Eurocopa- com Damsgaard. A Inglaterra respondeu com jogadas individuais com Sterling pela esquerda e Saka pela direita. O jogador do Arsenal cruzou uma bola para o do City empatar e o zagueiro Kjær acabou fazendo gol contra no lance. 1x1.



Dinamarca, em 3-4-3, adianta as suas linhas e encurrala os ingleses.
Inglaterra, em 4-2-3-1, responde com as jogadas individuais de
Sterling e Saka pelas pontas (imagem obtida via this11.com).



A Dinamarca foi se cansando ao longo do segundo tempo, o que foi a senha para a Inglaterra tomar as rédeas do jogo. Gareth Southgate trocou Saka por Grealish novamente, algo que discordei visto que o camisa 25 estava bem no jogo desta vez. Sterling foi para a ponta esquerda e passou a jogar às costas de Mæhle.

O desgaste dos Rød-Hvide era evidente e vários jogadores dinamarqueses passaram a desabar em campo. O treinador Kasper Hjulmand foi obrigado a queimar várias alterações durante a segunda etapa e a Dinamarca visivelmente passou a jogar pela prorrogação ao invés de buscar o desempate.

Sterling, já na prorrogação, caiu na área de Schmeichel após dividida com Mæhle e Vestergaard. Os replays da televisão e o vídeo do VAR não aparentavam nada ilegal mas o árbitro manteve o pênalti para a Inglaterra. O goleiro até conseguiu defender a cobrança de Kane mas o atacante conseguiu pegar o rebote para classificar os Three Lions.

A Dinamarca foi para o desespero tirando o zagueiro Vertergaard e colocando o atacante Wind. A Inglaterra respondeu tirando Grealish, colocando o lateral Trippier e restituindo o 3-4-3 que usara diante da Alemanha para segurar a partida.



Inglaterra passa a apertar com Sterling pela esquerda e Kane
circulando e abrindo espaços próximo à área de Schmeichel.
Dinamarca se encolhe em 5-4-1 e tenta contra-atacar com
Yurary, mas o atacante não consegue passar pela marcação
inglesa (imagem obtida via this11.com).



Inglaterra está na final com méritos mas o pênalti inexistente mancha a classificação. Dinamarca faz grande campanha mas a parte física cobrou seu preço nesta reta final, além de ter sido prejudicada pela arbitragem.

Dei uma olhada nas redes sociais antes de escrever o texto e há uma revolta generalizada com o pênalti duvidoso em Sterling. O VAR surgiu justamente para acabar com os erros da arbitragem mas ficou evidente que o método ainda apresenta limitações e a sua aplicação ainda é falha em alguns pontos.

A Inglaterra merece estar na final. Nem tanto pelo inconstante futebol apresentado até o momento mas pela ótima geração que tem à disposição. A arbitragem, contudo, conseguiu manchar uma ocasião histórica para o esporte europeu e os ingleses disputarão a decisão sob enorme desconfiança.



Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020




terça-feira, 6 de julho de 2021

Um Passo Atrás para Dar Dois Adiante

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020



A frase atribuída a Vladimir Lenin descreve bem as ações da Itália na partida de hoje. A Azzurra sempre foi reconhecida pela estratégia defenfivista. O treinador Roberto Mancini, na contramão das tradições de seu país, nos apresentou uma seleção ofensiva, de linhas altas e que gosta de ficar com a bola. Mas para superar a Espanha, o técnico foi obrigado a abrir mão de suas convicções, ainda que apenas por alguns instantes, em prol da classificação.

Ambos os times foram a campo em 4-3-3. A Itália tentou avançar suas linhas mas não conseguia ficar com a bola e, quando a tinha, não dava sequência às jogadas porque a Espanha fazia marcação individual e obrigava a Azzurra a rifar a pelota.

A Furia dominou todo o primeiro tempo com tranquilidade. O velho Tiki-Taka desarticulou a Itália que não conseguia jogar sem a bola e ainda dava muitos espaços na defesa. A Espanha só não abriu o placar porque pecou nas finalizações.



Itália, em 4-3-3, fica totalmente imobilizada com a marcação
individual da Espanha e não consegue jogar ou manter a posse
da bola. Furia, também, em 4-3-3, troca passes mas os três
atacantes desperdiçam as chances (imagem obtida via this11.com).



Roberto Mancini, então, abre mão de suas convicções e lança mão daquilo que a Itália é especialista: defender e jogar nos erros do adversário. A Itália volta para o segundo tempo com as linhas mais baixas. A Espanha avança e deixa um grande espaço às costas da defesa, suficiente para os três atacantes avançarem e abrirem o placar com Chiesa.

A Azzurra, assume o controle da partida. Roberto Mancini apenas faz algumas substituições pontuais, provavelmente para dar descanso aos jogadores mais desgastados. A Espanha, porém, passa a acelerar o jogo e intensifica as infiltrações. Morata consegue empatar a partida em boa jogada de Dani Olmo. Os atacantes espanhóis, porém, continuam desperdiçando oportunidades claras.

O jogo, inevitavelmente, vai para a prorrogação. A Espanha, que não correu tanto durante o tempo normal, chegou mais inteira e tenta decidir a partida, mas encontra um ferrolho azul no caminho. Os italianos, esgotados, se contentam em levar a decisão para os pênaltis.

O visivelmente tenso Locatelli chuta em Simón, mas Olmo isola sua cobrança. Donarumma consegue defender a bola de Morata e Jorginho acerta o último pênalti para recolocar a Azzurra na final após nove anos de ausência.



Itália aposta nos contra-ataques para abrir o placar, mas a
Espanha, em 4-2-3-1, consegue empatar acelerando o jogo
e se infiltrando na defesa. Só não conseguem virar porque
continuam pecando nas finalizações (imagem obtida via this11.com).



Itália está de volta a uma final mas uma fraqueza da Azzurra ficou evidente nesta partida que é a dificuldade em se jogar sem a bola, algo para Roberto Mancini trabalhar e corrigir até o próximo domingo.

Espanha se despede lutando muito mas pecando na hora de finalizar. A Furia cria muitas chances de gol mas erra em demasia no último chute. Este problema, aliás, também foi apresentado por outros times que trocam muitos passes, como Croácia e Alemanha. Um problema que Luis Enrique precisa corrigir para as próximas competições.

Mancini foi bem ao mudar o estilo de jogo da Itália. É magnífico ver a Azzurra trocando passes, infiltrando, gostando de ficar com a bola e fazendo muitos gols. Há momentos, porém, em que o time precisa abrir mão da pelota e "saber sofrer em campo". Os times precisam ser resilientes e se adaptar às necessidades da partida. O treinador, mesmo não triunfando no tempo normal, acertou ao dar um passo atrás para dar dois adiante ao ser pragmático.



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segunda-feira, 5 de julho de 2021

Euro 2021: Palpites para as Semifinais

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Restam apenas três jogos para se definir o campeão europeu, lembrando que a Eurocopa não possui mais a disputa pelo terceiro lugar. Espanha, Itália, Dinamarca e Inglaterra irão brigar por duas vagas na grande final desta Euro 2020 -que eu chamo de "Euro 2021".

Não foi fácil o caminho para se chegar até aqui. Mesmo os times que enfrentaram "azarões" em etapas anteriores, tiveram de suar a camisa visto que os rivais estavam mais do que dispostos a lutar pela sobrevivência na competição. Bem, a maioria deles...

A parte física será um adversário extra para todas as equipes. As férias reduzidas entre as temporadas 2019-20 e 2020-21 e a intensidade exigida pelo futebol atual vêm cobrando seu preço. Poucos jogadores têm conseguido manter o ritmo durante os 90 minutos. Os times terão de encontrar um equilíbrio entre a busca pelo resultado e a preservação de seus atletas.

Faremos uma breve análise dos jogos válidos pelas semifinais e também daremos palpites para os confrontos. Quais times têm mais chances de avançar à grande final? Confira a minha opinião.



ITÁLIA X ESPANHA:



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Reedição da final da Euro 2012. A Itália passa por um melhor momento além de contar com um elenco mais equilibrado, enquanto a Espanha busca se renovar e apresenta algumas deficiências em campo. A Furia, porém, possui mais tradição do que a Azzurra na competição -três títulos espanhóis contra apenas um dos italianos- e isto pode fazer a diferença embora não pareça.

Data: terça-feira, dia 6 de julho

Horário: 16h (horário de Brasília)

Local: Wembley, Inglaterra

Palpite: Itália



INGLATERRA X DINAMARCA



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A Inglaterra possui um elenco superior ao da Dinamarca e ainda conta com o fator casa a seu favor. O English Team, porém, vem atuando com uma vagarosidade inexplicável e nem o desgaste físico justifica um futebol tão morno. É bom que Gareth Southgate e seus comandados atuem com seriedade pois os Rød-Hvide estão bastante motivados e não estão perdoando erros. E os dinamarqueses já têm um título na competição (1992) enquanto os ingleses ainda não ergueram nenhum troféu.

Data: quarta-feira, dia 7 de julho

Horário: 16h (horário de Brasília)

Local: Wembley, Inglaterra

Palpite: Inglaterra



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domingo, 4 de julho de 2021

Euro 2021: Balanço das Quartas-de-Final

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A Eurocopa vai se aproximando de seu final. Nem parece que já se passaram três semanas de competição. Dizem que tudo que é bom passa muito rápido e a sensação é justamente esta com relação ao campeonato.

Eu esperava que as seleções fossem mais cautelosas em campo, afinal em um mata-mata um único erro poderia significar a eliminação. Para a minha surpresa, os times estão ousando em campo, buscando o ataque, fazendo marcação alta e lutando pelo resultado.

A parte física, porém, está cobrando o seu preço ao longo das partidas. Como escrevi anteriormente, os jogadores tiveram férias reduzidas entre a temporada 2019-20 e 2020-21. As consequências aparecem em campo com muitos atletas pedindo atendimento ou substituição. Alguns deles não voltarão à competição dada a gravidade das lesões.

Faremos um balanço das quartas-de-final, nomeando os destaques positivos e negativos da rodada, bem como os melhores e piores times e partidas.



SELEÇÃO DAS QUARTAS-DE-FINAL:

Goleiro- Unai Simón (Espanha): não conseguiu evitar que Shaqiri empatasse o jogo no tempo normal mas garantiu a Furia nas semifinais ao pegar dois pênaltis.

Lateral-Direito- Kyle Walker (Inglaterra): teve trabalho com Yarmolenko e Zinchenko pelo seu lado mas garantiu mais um clean sheet para Pickford.

Zagueiro- John Stones (Inglaterra): mostrou entrosamento com Walker na zaga.

Zagueiro- Harry Maguire (Inglaterra): não subiu tanto para o ataque desta vez mas fez a sua parte na defesa e anotou um gol.

Lateral-Esquerdo- Joakim Mæhle (Dinamarca): mais uma grande partida de Mæhle. Participou do gol de Dolberg, ajudou na articulação das jogadas pela esquerda e fez sua parte na defesa.

Volante- Thomas Delaney (Dinamarca): surpreendeu com suas subidas ao ataque e abriu o placar contra a República Checa.

Volante- Marco Verratti (Itália): ganhou mais uma chance após decepcionar contra a Áustria e desta vez ele aproveitou. Participou do gol de Barella e deixou vários companheiros na cara do gol.

Meia- Nicolò Barella (Itália): não infiltrou tanto quanto nas primeiras partidas mas ajudou na articulação das jogadas e fez um gol.

Meia- Mason Mount (Inglaterra): de volta ao time titular, o jogador do Chelsea aproveitou bem a oportunidade e foi muito bem na articulação das jogadas.

Atacante- Harry Kane (Inglaterra): enfim uma atuação digna do capitão. Dois gols e muita inteligência nas infiltrações.

Atacante- Raheem Sterling (Inglaterra): participou de quase todos os gols e infernizou o lado esquerdo da defesa ucraniana. E desta vez foi menos "fominha" na tomada de decisões.

Treinador- Kasper Hjulmand (Dinamarca): mexeu bem no time na hora em que a República Checa estava crescendo na partida.



Seleção das quartas-de-final escalada em
4-4-2 (imagem obtida via this11.com).



MELHOR TIME- Itália: teve uma atuação maiúscula diante de um rival considerado favorito ao troféu. Todos os setores funcionaram bem novamente apesar do pênalti cometido por Di Lorenzo.

PIOR TIME- Ucrânia: não jogou praticamente nada diante da Inglaterra.

MELHOR PARTIDA- Suíça X Espanha: a garra da Svizzera mesmo com um jogador a menos garantiu emoção até o final da partida.

PIOR PARTIDA- Ucrânia X Inglaterra: tivemos um bom jogo durante cerca de dez minutos no primeiro tempo e dez no segundo. O resto foi um exercício para a paciência do espectador.

SURPRESA- Itália: eliminou a Bélgica com relativa facilidade.

DECEPÇÃO- Bélgica: jogou menos do que se esperava. A zaga foi um show de insegurança e o ataque aceitou a marcação rival.

MELHOR ATUAÇÃO INDIVIDUAL- Raheem Sterling (Inglaterra): não fez gol mas deu um espetáculo conta a Ucrânia, com dribles, luta e infiltrações.

PIOR ATUAÇÃO INDIVIDUAL- Remo Freuler (Suíça): deu assistência para Shaqiri marcar mas depois prejudicou demais seu time ao ser expulso.

MELHOR ATUAÇÃO COLETIVA- Itália: deu gosto ver os italianos jogar. Todos os setores foram bem mesmo diante de um adversário tão forte. Nem o pênalti de Di Lorenzo desmereceu a atuação do grupo.

PIOR ATUAÇÃO COLETIVA- Ucrânia: ficou perdidinha em campo contra uma Inglaterra que nem se esforçou muito para jogar.




Freio de Mão Puxado

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Faltou luz na minha casa no final da tarde de ontem. Por culpa da distribuidora Enel, estou escrevendo a crônica apenas hoje.

A Inglaterra goleou a Ucrânia pelo placar de 4x0. Impressionante, mas o jogo não foi lá muito emocionante ou empolgante como o resultado sugere. O English Team jogou durante apenas alguns minutos e depois se poupou em campo.

Gareth Southgate utilizou um 4-2-3-1 com Maguire na zaga novamente. Jadon Sancho, que vinha sendo pedido por torcedores e jornalistas, ganhou uma oportunidade. Shevchenko, por sua vez, foi de o 3-5-2 com apenas Yarmolenko e Yaremchuk à frente.

A Inglaterra abriu o placar rapidamente, com uma troca de passes, que culminou um cruzamento para Sterling acionar Kane livre na área. Após isso, o English Team diminuiu muito o ritmo, chegando a correr alguns riscos desnecessários.

A Ucrânia tentava responder pelo lado esquerdo mas não conseguia vazar o goleiro Pickford. Deram azar, ainda, em perder o zagueiro Krystov por lesão e o treinador Shevchenko foi obrigado a adotar um 4-4-2. Apesar dos esforços da Zbirna, o restante do primeiro tempo foi amarrado e com poucas emoções após o gol de Kane.



Inglaterra, em 4-2-3-1, troca passes rapidamente pelo lado esquerdo
com Sterling e Shaw tentando acionar Kane, que consegue se
infiltrar na zaga ucraniana. Ucrânia, em 3-5-2, tenta responder
também pelo lado esquerdo mas não consegue superar a defesa
inglesa (imagem obtida via this11.com).



A Inglaterra voltou um pouco mais agressiva após o intervalo e, novamente pela esquerda, continuou forçando por aquele lado com Sterling, Mount e Shaw. Conseguiram algumas infiltrações e cobranças de falta desta maneira, e "mataram" o jogo com Maguire e Kane. Ainda houve tempo para Henderson, em outra cobrança de falta, ampliar para 4x0.

O jogo, após o gol de Hendo, praticamente terminou. A Inglaterra fez um monte de substituições para poupar os jogadores mais desgastados enquanto a Ucrânia já não tinha mais forças para reagir. O juiz até poderia encerrar a partida sem prejuízo algum.



Inglaterra, novamente pela esquerda, dá o golpe final logo nos
primeiros minutos do 2º tempo. Ucrânia, obrigada a jogar em
4-4-2, fica sem forças para reagir e praticamente entrega o jogo
(imagem obtida via this11.com).



Inglaterra vence mas não convence apesar do placar elástico. A equipe jogou de verdade durante alguns poucos minutos e correu um risco desnecessário durante boa parte do primeiro tempo quando o jogo ainda não estava resolvido. Vale lembrar que a França e a Espanha relaxaram e viram seus respectivos adversários buscar o empate.

Ucrânia faz campanha histórica e sai de cabeça erguida da Eurocopa apesar da goleada. Os ucranianos tiveram um desempenho muito acima das expectativas e mostram que há futuro para este time. A defesa, porém, precisa melhorar e os jogadores precisam demonstrar aquela força mental exibida contra a Holanda. Aplausos também para o treinador Andriy Shevchenko e ao seu mentor Mauro Tassotti, que estão se mostrando craques com a prancheta.

Os ingleses estão fazendo jus à expectativa criada mas precisam ser mais prudentes em campo. Diminuir o ritmo no segundo tempo, quando o cansaço já toma conta das equipes, é compreensível. Mas relaxar faltando mais de 80 minutos de jogo foi um risco desnecessário. Isso sem mencionar que a partida fica muito chata de se assistir...



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sábado, 3 de julho de 2021

Dinamáquina

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2020



A Dinamarca está nas semifinais da Euro 2020 -que eu chamo de "Euro 2021". Os Rød-Hvide impuseram seu ritmo e superaram a esforçada República Checa, que lutou até o último minuto mas a superioridade do elenco dinamarquês prevaleceu.

O treinador Kasper Hjulmand manteve o 3-4-3, a marcação alta e as triangulações pelas laterais. A República Checa, por sua vez, entrou em 4-2-3-1 e procurou jogar nos erros dinamarqueses, embora também subissem suas linhas em vários momentos da partida.

Os Rød-Hvide começaram a partida a todo vapor e queriam decidir o jogo o quanto antes. Logo no início, Delaney, em lance de bola parada, abriu o placar para a Dinamarca. A equipe nórdica não aliviou mesmo após o gol e continuou a pressão em busca do segundo, que sairia com Dolberg após cruzamento de Mæhle. Os checos praticamente não conseguiram jogar durante o primeiro tempo.



Dinamarca, em 3-4-3, adianta as linhas para pressionar a saída de
bola checa e cria as melhores chances triangulando pelos lados, 
principalmente pela esquerda com Mæhle. República Checa
passa todo o primeiro tempo imobilizada em 4-2-3-1 devido à
marcação alta dos rivais (imagem obtida via this11.com).



O treinador Jaroslav Šilhavý troca Holeš e Masopust por Jankto e Krmenčík durante o intervalo. Com isso, a República Checa consegue prender a bola no campo de ataque e ainda conta com a imposição física do camisa 11, que abre o espaço que Schick precisava para diminuir o placar e ainda alcançar Ronaldo na artilharia com 5 gols cada um.

A Dinamarca, aparentemente cansada da intensidade do primeiro tempo, diminuiu o ritmo mas contou com a velocidade de Yurary nos contra-ataques e também na recomposição. Foi o camisa 20 quem criou as melhores chances para os Rød-Hvide durante o segundo tempo.

Vários jogadores importantes dos dois lados, porém, sentiram o ritmo do jogo, isso sem mencionar alguns que bateram a cabeça, como o meia Souček da República Checa.

Os checos tentavam adiantar as linhas ou cavavam lances de bola parada próximos ao gol de Schmeichel, mas não conseguiam vencer o arqueiro dinamarquês. Yurary tentava contra-atacar pela Dinamarca, mas os Rød-Hvide chegavam com poucos homens e não havia muitas opções para tabelar.



República Checa, em 4-4-2, consegue chegar na imposição física com
Krmenčík ou nas bolas paradas, mas o goleiro Schmeichel consegue
salvar os dinamarqueses. Dinamarca se segura em 3-5-2 e contra-
ataca com Yurary (imagem obtida via this11.com).



Dinamarca se classifica por ter um elenco superior, melhor jogo coletivo e por conseguir se impor fisicamente. República Checa se despede por chegar ao seu limite. Os checos, em um misto de sorte com esforço, fizeram uma campanha muito além das expectativas (eu acreditava que cairiam já na fase de grupos) e só não foram mais longe devido às próprias limitações. Merecem ser ovacionados por uma exibição tão surpreendente.

Os Rød-Hvide fazem uma campanha de recuperação surpreendente. Perderam um de seus principais jogadores já na primeira rodada (Eriksen, que sofreu um ataque cardíaco) e se classificaram na bacia das almas -estavam zerados diante da Rússia na última rodada da fase de grupos e ainda dependiam de outros resultados para chegar ao mata-mata.

A Dinamarca, unindo talento, força física, jogo coletivo e motivação; revive seus tempos de "Dinamáquina" quando encantaram o mundo com um futebol bonito e eficiente. Será difícil repetir a campanha de 1992 quando ficaram com o troféu mas, para quem superou tantas adversidades até aqui, não parece impossível...



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sexta-feira, 2 de julho de 2021

La Vittoria È Bianca

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Deu Azzurra (ou seria Bianca pelo fato de terem jogado com o uniforme nº2?) no duelo entre os talentos individuais da Bélgica e a força coletiva da Itália. Os italianos, com um time mais equilibrado, souberam explorar as fraquezas belgas e estão nas semifinais.

A Bélgica foi obrigada a atuar sem Eden Hazard, cortado por lesão -o atacante Jérémy Doku entrou em seu lugar. Os Diables Rouges foram a campo em 3-4-3/3-5-2 com De Bruyne ora atuando como atacante esquerdo, ora recuando para o meio-de-campo para servir os atacantes.

A Itália manteve o 4-3-3 com mais uma chance para Verratti no lugar de Locatelli e com Chiesa atuando no lado direito do ataque no lugar de Berardi.

A Azzurra tratou de explorar a principal fraqueza dos belgas que era justamente a insegura zaga. Os italianos adiantaram linhas, dificultando a saída de bola e obrigando os Diables Rouges a tentar os chutões.

A Bélgica foi obrigada a jogar nos contra-ataques. Os laterais Meunier e Thorgan Hazard tiveram menos espaço, mas Doku pela direita e De Bruyne (revezando com Lukaku pela esquerda) conseguiam criar algumas chances para os Diables Rouges.

A Itália conseguiu colocar uma bola na rede com Chiellini em cobrança de falta, mas o zagueiro foi flagrado em impedimento. Aos 30 minutos, a marcação alta da Azzurra força um erro de Vertonghen e Barella abre o placar para os italianos. Dez minutos depois, Insigne, em um chutaço de fora da área, aumenta. Ainda houve tempo para Lukaku descontar de pênalti no final do primeiro tempo.



Itália, em 4-3-3, asfixia a frágil defesa belga com linhas altas.
Bélgica, em 3-4-3/3-5-2 (com De Bruyne alternando as funções
de atacante e meia) tenta contra-atacar pelas pontas mas a
recomposição italiana tira os espaços (imagem obtida via this11.com).



A Bélgica até consegue equilibrar um pouco a partida durante o segundo tempo, em especial pela direita com as jogadas individuais de Doku mas os Diables Rouges não conseguem furar a defesa italiana. A Itália diminui um pouco o ritmo e recua, mas ainda consegue dificultar a saída de bola belga.

Ambos os times passam a sofrer com muitas lesões ao longo do segundo tempo. Vários jogadores caem no gramado pedindo atendimento ou substituição. A temperatura da partida também sobe com mais faltas e alguns princípios de confusão, mas a arbitragem consegue controlar.



Bélgica, em 3-4-3, vai para o "tudo ou nada" e tenta forçar jogadas
pela direita com Doku. Itália "fecha a casinha" mas ainda mantém
a estratégia de tirar os espaços dos belgas (imagem obtida via this11.com).



Itália está nas semifinais com méritos. A geração atual une a eficiência com um futebol empolgante. E ainda mantém a invencibilidade que dura desde 2019. Bélgica se despede da Eurocopa prejudicada pelas lesões e também por ter menos opções no banco de reservas. O treinador Roberto Martínez terá de buscar alternativas atuar sem suas estrelas -hoje apenas Eden Hazard não entrou mas ele poderia ter feito a diferença. E terá de fazer isto o quanto antes, afinal Courtois, De Bruyne e o próprio Hazard já estão na faixa dos 30 anos e devem começar a sentir o peso da idade a partir do próximo ciclo. A conferir.

A Azzurra (ou seria Bianca?) se candidata ao título ao derrotar um adversário tão forte. O treinador Roberto Mancini, porém, terá de controlar a euforia de seus comandados, afinal o elenco ainda é predominantemente jovem e há o risco de se perder o foco após uma vitória tão grandiosa. A poderosa Espanha está no caminho e adversários fortíssimos estarão em uma eventual final.



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