quarta-feira, 31 de março de 2021

Dura Realidade

Imagem extraída de www.facebook.com/sergioelkunaguero



O atacante Sergio Agüero anunciou que deixará o Manchester City ao término da temporada 2020-21. Foram dez anos vestindo a camisa azul-celeste com direito a títulos, lances bonitos, gols e, infelizmente, muitas lesões que perseguiram o argentino ao longo de sua bela carreira na Inglaterra.

Agüero, até o momento, soma 257 gols e 384 partidas pelos Citizens -números fornecidos pelo site Globo Esporte -sendo o maior artilheiro da história do clube. O atacante conquistou treze títulos pelo City sendo quatro na Premier League. A instituição promete eternizar os feitos do argentino com a construção de uma estátua sua no Etihad Stadium, juntamente com esculturas de Vincent Kompany e David Silva.

Não se sabe o que motivou a saída do argentino mas, segundo jornalistas, o jogador estaria incomodado com os poucos minutos em campo durante as últimas partidas. Agüero, em posts publicados em suas redes sociais, apenas anunciou um "final de ciclo" no City.

O treinador Josep Guardiola tem se demonstrado respeitoso com Aguero em entrevistas mas é fato que o catalão quase nunca prezou pela história dos jogadores nos clubes ao definir seus elencos. O técnico não teve piedade em despachar Ronaldinho Gaúcho do Barcelona, Bastian Schweinsteiger do Bayern ou Joe Hart do próprio City. Desconheço se o comandante teve alguma responsabilidade pela saída do argentino mas é difícil não suspeitar diante do histórico.



Imagem extraída de www.facebook.com/sergioelkunaguero



A saída de Agüero, a meu ver, é mais um reflexo das transformações que o futebol sofreu durante os últimos cinco anos. Não basta apenas talento ou técnica, os jogadores precisam ser impecáveis sob o ponto de vista físico. A idade (fará 33 anos em junho) e o histórico de lesões certamente pesaram para que o argentino perdesse espaço no City.

A parte física sempre foi fundamental no esporte mas sua importância aumentou consideravelmente com o advento de equipes como o Bayern e o Liverpool onde jogadores precisam correr durante todos os noventa minutos. Os futebolistas precisam se comportar como atletas mais do que nunca para suportarem o ritmo exigido para pressionar, recompor, dividir bolas ou dar opções de passe.

Mesmo o talento ou o histórico dos jogadores pode não ser mais suficiente para garantir sua titularidade neste cenário. Xavi, por exemplo, perdeu sua vaga para Rakitić no Barcelona em 2015. Há também o caso de Javi Martínez, que foi obrigado a ceder seu espaço para Thiago Alcântara no Bayern. Tudo em nome da intensidade em campo.

O atacante ainda não definiu seu futuro mas ele é um sonho antigo do Barcelona. Seu nome também vem sendo ventilado no Paris Saint-Germain e Juventus. Agüero também deixou as portas abertas para o Independiente, clube que o revelou para o futebol. Como ainda possui mercado na Europa, a tendência é de que o argentino permaneça no Velho Continente.

Agüero deixa o City apenas fisicamente, afinal o argentino sabe que sua história no clube jamais se apagará. Foram dez anos de luta, sofrimento e conquistas. E todos esses momentos estarão eternizados com a merecida estátua do jogador no Etihad Stadium.



Imagem extraída de www.facebook.com/sergioelkunaguero




terça-feira, 30 de março de 2021

Livre Concorrência

Banner da Band anunciando a exibição das temporadas 2021 e 2022 de
Fórmula 1 pela emissora (imagem extraída de www.facebook.com/bandtv)



A Fórmula 1, após mais de vinte anos sendo veiculada pela Globo, foi transmitida pela Band no último domingo. A Copa Libertadores da América agora é exibida pela SBT. O Campeonato Carioca agora é propriedade da Record. E a emissora carioca ainda corre o risco de ficar sem a Copa do Mundo 2022.

Qual o saldo de todas estas mudanças? Muito positivo e em todos os sentidos. Ganham principalmente o espectador/consumidor, o esporte e o mercado.

O espectador agora terá mais opções de entretenimento na televisão aberta. Mesmo com a popularização da tevê por assinatura ou do streaming, nem todos ainda reúnem condições de pagar por tais serviços e a televisão acaba sendo a salvação de muitas pessoas.

O esporte, por sua vez, terá mais espaço na mídia. A Globo sempre foi muito rígida com sua grade horária e não era raro a emissora simplesmente não exibir jogos ou corridas pelo simples fato dos eventos entrarem em choque com a novela ou com o Domingão do Faustão. Os demais canais, por outro lado, são mais flexíveis com suas respectivas programações e poderiam fazer concessões em prol de uma partida de futebol ou de um Grande Prêmio.

O mercado, por fim, é beneficiado pela rivalidade entre as emissoras. O capitalismo e o liberalismo, que são os sistemas onde o Brasil está inserido, pregam a livre concorrência e quando alguma empresa detém o monopólio de algo, isto não é considerado saudável sob o ponto de vista financeiro.



Banner da Band anunciando a transmissão da Fórmula 1 pela
emissora (imagem extraída de www.facebook.com/bandtv)



A Globo sempre foi e ainda é a a maior emissora do Brasil, mas é fato que estava se acomodando. Não percebeu (ou subestimou) o crescimento de concorrentes que passaram a disputar os direitos de transmissão do futebol com os cariocas. Primeiro na tevê fechada, com o Esporte Interativo (hoje TNT Sports) e a Fox Sports; e agora com os rivais na televisão aberta.

A migração da Fórmula 1 para a Band foi um simbolismo de que a Globo já não possui mais a supremacia de outrora, ao passo que suas concorrentes cresceram, seja por competência própria, seja por terem aproveitado a oportunidade.

Todo sistema possui suas contrapartidas. Se o capitalismo e o liberalismo pregam a livre concorrência, significa que a competição entre empresas é estimulada. Acomodar-se pode ser fatal, bem como subestimar um adversário. A Globo, que há anos reinava sem ser incomodada, agora vê seus rivais tomarem suas antigas propriedades e disputarem fatias maiores no mercado.

O mercado, portanto, não permite acomodação. A Globo terá de sair da sua zona de conforto enquanto suas concorrentes agora mostram suas garras e disputam os direitos de transmissão de vários esportes com a emissora carioca. Quem ganha com esta batalha somos nós espectadores/consumidores, que teremos mais opções na tevê aberta.



Imagem extraída de www.facebook.com/Formula1




segunda-feira, 29 de março de 2021

Modrić Já Superou Šuker?

Modrić recebe camisa comemorativa do treinador Zlatko Dalić e do
dirigente Davor Šuker (imagem extraída de www.facebook.com/cff.hns)



Eu tive o prazer em ver Davor Šuker jogar. Lembro quando a Croácia disputava a sua primeira copa como nação independente. A equipe chegou a um surpreendente terceiro lugar naquela competição -caiu para a França de Zidane nas semifinais e superou a Holanda de Bergkamp na disputa pelo bronze. Šuker foi o grande destaque da Hrvatska durante a ocasião: ele já estava motivado após ganhar a Champions League daquele ano com o Real Madrid e foi o artilheiro do mundial com seis gols. O atacante, em virtude de seus feitos, é considerado o maior futebolista da história de seu país, mas ele foi superado por Luka Modrić em minha opinião.

Modrić, após a vitória sobre o Chipre no último sábado, atingiu a marca de 135 partidas disputadas pela sua seleção, superando Darijo Srna. O feito rendeu ao armador uma grande festa com direito a bolo, camisa comemorativa e a presença de Davor Šuker, que hoje é o presidente da federação de futebol de seu país. Os feitos do meio-campista pelo futebol de seu país, contudo, foram muito maiores.

O camisa 10 já conquistou muitos títulos pelo Dinamo Zagreb e pelo Real Madrid, incluindo quatro Champions League pelos MerenguesModrić também levou sua seleção à final de Copa do Mundo de 2018 e foi eleito o melhor jogador da competição. Nenhum outro jogador do país conseguiu tais feitos, nem mesmo Šuker que ergueu uma "Orelhuda" (coincidentemente também pelo Real) e foi terceiro lugar em um mundial.



Imagem extraída de www.facebook.com/cff.hns



Títulos, obviamente, não podem ser a única justificativa para alçar Modrić à condição de maior jogador da história de seu país. É preciso destacar também a sua relevância no esporte e o impacto cultural gerado pelo jogador.

O meia também preenche tais condições tranquilamente. Modrić, mesmo aos 35 anos (fará 36 no dia 9 de setembro), ainda é considerado fundamental no Real Madrid juntamente com o alemão Toni Kroos. Não há mais o vigor físico de sete anos atrás quando o croata faturou sua primeira Champions, mas a leitura de jogo, a precisão dos passes e a liderança no meio-de-campo continuam os mesmos. E o croata ainda declarou que pretende encerrar a carreira defendendo os Merengues.

Modrić também recebeu dezenas de prêmios individuais em seu país natal, o que reforça a ainda mais importância do jogador para o esporte croata e também para a representatividade de sua nação. Isso sem mencionar que o atleta já representou sua pátria em três copas do mundo (2006, 2014 e 2018) e três Eurocopas (2008, 2012 e 2016). E ele é o capitão desde 2016 após a aposentadoria de Darijo Srna.

É discutível se Luka Modrić já superou Davor Šuker como maior futebolista da história da Croácia, mas o meio-campista, tanto pelo seu currículo quanto pelos seus feitos, já deu mostras de que está pronto para superar o artilheiro da Copa de 1998.  



Imagem extraída de www.facebook.com/cff.hns




domingo, 28 de março de 2021

A Camisa Polêmica

Esta camisa é muito bonita mas também já me deixou em uma
 saia-justa (imagem extraída de www.facebook.com/Inter)...



Eu tinha como passatempo colecionar camisas de times de futebol. Elas eram caras mas não tanto quanto hoje e eu conseguia adquirí-las até com o que eu ganhava no mestrado no início da década de 2010. E, claro, adorava usá-las em ocasiões especiais como churrascos ou festas informais. Mas uma destas vestimentas quase me deixou em maus lençóis!

Uma vez eu estava voltando de um churrasco à noite com meus pais. Eu estava usando uma camisa da Internazionale, por acaso essa aí que ilustra o texto. Estávamos em uma rodovia quando o motor fundiu. Por sorte, havia um posto de atendimento e o funcionário da concessionária nos levou de guincho até a oficina mais próxima, que também era uma borracharia.

O mecânico chegou na manhã seguinte, avaliou o carro e pediu um tempo para buscar a peça que não estava disponível no estabelecimento. E assim passamos horas esperando o homem voltar. Ele havia saído por volta das dez da manhã e só retornou cerca das três da tarde.

Um homem, durante esse período, chegou no estabelecimento procurando pelo mecânico. Eu disse que ele havia saído, mas o sujeito insistiu comigo como se eu fosse funcionário da oficina. Eu não estava entendendo a atitude da pessoa e mantive a tranquilidade até que ele foi embora.






Só entendi a insistência daquele cliente depois que eu cheguei em casa, durante a noite seguinte após aquele fatídico episódio. O patrocinador máster da Internazionale é a Pirelli, fabricante de pneus. O sujeito provavelmente achou que eu fosse o borracheiro em virtude da marca estampada na camisa!

Hoje eu dou risada do episódio, mas naquele momento eu estava tão irritado com a situação que não sei como mantive a cabeça fria para lidar com um sujeito tão estúpido. Felizmente não fiz nada de errado durante o incidente.

Jamais pensei uma camisa de time poderia me arrumar problemas. Eu evito usar uniformes de equipes nacionais pare evitar brigas com outros torcedores, mas é a primeira vez que eu presencio uma situação em que o patrocinador e não o escudo da vestimenta causa algum incidente.

Passei, desde então, a prestar mais atenção às logomarcas presentes nas camisas dos times antes de vestí-las. Ou então, uso os uniformes de seleções, que não possuem nada estampado além dos escudos. As chances de arrumar novas confusões são menores!







sábado, 27 de março de 2021

A Culpa Será de Quem?

O Flamengo teve três treinadores durante a última temporada: Jesus, Dome e
 Ceni (foto acima- imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial)



A CBF definiu nesta semana limites para a contratação de técnicos para o Campeonato Brasileiro 2021. A nova regra institui que cada time poderá ter apenas dois treinadores (ou seja, uma troca) durante a competição e cada comandante pode treinar duas equipes no máximo. Caso um clube realize duas demissões, terá de utilizar um interino até o final de temporada.

A regra foi votada por dirigentes dos vinte clubes que disputarão a Série A em 2021 e sua aprovação se deu pelo placar de 11 X 9. Com isso, os cartolas terão de pensar muito bem antes de dispensar um treinador, enquanto técnicos terão de ser mais profissionais do que nunca visto que terão mais dificuldades em encontrar um novo time para treinar.

Demitir treinador não deixa de ser um artifício dos dirigentes para salvar seus mandatos, como já explicou o jornalista Leonardo Miranda em seu blog. A cada ano dezenas de técnicos perdem seus empregos por pressão de cartolas, de torcedores e, por vezes, da mídia. Os mandatários realizam tais dispensas com o propósito de transferir a responsabilidade por uma crise ao comandante.



O São Paulo, em 2015, teve quatro treinadores: Muricy, Osorio (acima),
Doriva e Milton Cruz (imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc)



Fica, contudo, o questionamento: por que a instituição da regra que, em teoria, prejudicaria os próprios cartolas? Teriam eles se conscientizado de que as constantes mudanças no comando apenas prejudicam os times, ou há algo por trás da mudança? Convém sempre pensar antes de concordar ou discordar.

A mudança, à primeira vista, é bastante positiva para o futebol. Dirigentes e treinadores terão de ser mais responsáveis com seus trabalhos porque terão menos margem de erro. Contratações e dispensas terão de ser realizadas com mais critério. Técnicos terão de ser mais profissionais com seus elencos e os jogadores estarão menos propensos a fazer "panelas" contra seus comandantes. É algo forçado mas que obrigará os clubes a agirem com mais racionalidade e menos passionalidade.

Os auxiliares fixos, como observaram jornalistas, também serão mais valorizados visto que eles deverão estar prontos caso os clubes tenham estourado o limite de demissões. Marcão do Fluminense, Cebola do Palmeiras e, mais recentemente, Alex do São Paulo serão de grande valia no cenário apresentado.

A nova regra causou muito mais desconfiança do que empolgação ao autos, mas acredito que irá somar muito ao nosso futebol e melhorar a qualidade dos jogos. E, claro, obrigará dirigentes a serem mais responsáveis em contratações ou dispensas de treinadores. Será mais difícil agora transferir a culpa para um técnico em caso de crise.



O trabalho do auxiliar técnico Cebola será ainda mais valorizado com a nova regra.



LEIA MAIS:




Painel Tático- "Limite de técnicos não resolve problemas estruturais, mas obriga futebol brasileiro a se repensar": globoesporte.globo.com/blogs/painel-tatico/post/2021/03/25/limite-de-tecnicos-nao-resolve-problemas-estruturais-mas-obriga-futebol-brasileiro-a-se-repensar.ghtml

Blog do André Rocha: "'Jeitinho' vai driblar limite de técnicos. Norma deveria partir dos clubes": https://t.co/OVEsPasQBn?amp=1




A Fúria de Henry

Thierry Henry decidiu realizar uma "greve" em suas redes sociais
contra o ódio (imagem extraída de www.facebook.com/ThierryHenry)



O treinador e ex-atacante Thierry Henry anunciou ontem que irá desativar suas redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram, ...) e não retornará enquanto seus administradores não tomarem atitudes mais enérgicas contra posts que pregam ódio -racismo, xenofobia, bullying, ... O francês reivindica que as plataformas ajam contra a intolerância com o mesmo rigor demonstrado contra infrações de copyright.

O francês, inclusive, já sofreu com o racismo em campo durante confronto do Arsenal (seu clube na época) contra o Valencia. Durante a partida, torcedores dos Murciélagos chamaram Henry de "macaco" mas o atacante deu uma resposta à altura: em meio aos insultos, Thierry se aproximou do definidor adversário, John Carew (que também é negro) e apontou para o norueguês, que desaprovou a atitude de seus próprios fãs -os vídeos do episódio foram removidos da internet.

Henry também sofreu insultos do falecido treinador Luis Aragonés que o chamou de "negro de m***" em 2004. A atitude do técnico gerou uma grande revolta exigindo o desligamento do comandante. O francês também foi um apoiador ativo do movimento "Black Lives Matter" e o ex-atacante sempre foi visto se ajoelhando, repetindo o gesto de outros esportistas e demonstrando solidariedade à causa.



Henry deu uma lição em torcedores racistas do Valencia ao lembrá-los que o seu atacante, John
Carew, também é negro (imagem extraída de www.facebook.com/classicfootballplayers01)
 


Henry, como pudemos ver, já sentiu na pele o que é o ódio. O ex-atacante, portanto, tem motivos de sobra para exigir que as redes sociais sejam mais tolerantes com seus frequentadores. O continente onde nasceu, a Europa, vem sofrendo com o crescimento de movimentos ultra-nacionalistas e que são declaradamente xenofóbicos. A Seleção Francesa, ironicamente, foi campeã nas copas de 1998 e 2018 graças a vários jogadores descendentes de estrangeiros, principalmente de africanos como Zidane (filho de argelinos), Mbappé (de origem marfinense) ou Vieira (imigrante do Senegal).

O francês tem plena consciência de sua força midiática -é o maior jogador da história do Arsenal e conquistou três títulos pelos Bleus, incluindo a copa de 1998. Henry decidiu, então, utilizar sua influência para protestar contra a intolerância. E sua atitude já ganhou adeptos, como os Gunners que já declararam apoio ao seu ídolo no Twitter.

Que Henry tenha êxito em sua luta e que sua atitude motive mais pessoas públicas a lutar contra o ódio, seja qual for: racismo, xenofobia, sexismo, intolerância religiosa, bullying, ... O francês já conseguiu chamar a atenção com seu protesto. Resta torcer para que a atitude do ex-atacante dê frutos.



O anúncio de Henry a respeito de sua saída das redes sociais
em protesto (reprodução www.facebook.com/ThierryHenry)




sexta-feira, 26 de março de 2021

Pensador Tricolor

Alex é identificado com o Palmeiras mas aceitou trabalhar no arquirrival
São Paulo (imagem extraída de www.facebook.com/AlexDeSouza).



O São Paulo acertou há alguns dias a contratação do ex-meia Alexsandro de Souza, o Alex, para comandar o time sub-20 no lugar de Orlando Ribeiro. O anúncio oficial, contudo, ainda não foi realizado mas a mídia já declara como certa a ida do paranaense a Cotia. A ideia, segundo jornalistas, é que o ex-armador seja preparado nas categorias de base do Tricolor para assumir a equipe principal algum dia.

Alex já defendeu muitos grandes clubes ao longo de sua carreira, incluindo Coritiba, Cruzeiro, Flamengo Fenerbahçe (Turquia), Parma (Itália) e o arquirrival Palmeiras, onde conquistou Libertadores em 1999 e, ironicamente, ficou marcado por fazer um gol de cobertura em Rogério Ceni. O ex-armador também passou pela Seleção Brasileira onde conquistou duas vezes a Copa América (1999 e 2004, tendo capitaneado o Brasil nesta última) mas nunca disputou uma Copa do Mundo.

O ex-meia sempre demonstrou muito interesse no futebol também fora das quatro linhas. Durante seus últimos anos como atleta, Alex foi um dos articuladores do movimento Bom Senso FC junto com o hoje ex-zagueiro Paulo André, que reivindicava melhorias em nosso esporte. O ex-armador também já foi comentarista esportivo e, recentemente, começou a estudar para se tornar treinador. O paranaense também já se mostrou um líder nato, tendo sido capitão do Coritiba, Fenerbahçe e da Seleção Brasileira.



Alex sempre foi questionador e demonstrou muito esclarecimento
em entrevistas (imagem extraída de www.facebook.com/AlexDeSouza)



O São Paulo, sem dúvida, fez uma excelente contratação. Alex é muito inteligente e estudioso, além de possuir muita experiência nos gramados. Ele certamente terá muito a acrescentar ao clube e pode ensinar aos garotos algo mais do que apenas futebol. Ele possui potencial para se tornar um grande treinador algum dia.

Os dirigentes tricolores, porém, devem ter consciência de quem é Alex. O ex-meia sempre foi um jogador consciente, esclarecido e questionador. Ele em nada lembra os atletas alienados que pensam apenas em festas ou marketing pessoal, ignorando os problemas em nossa sociedade. O São Paulo, por outro lado, há anos deixou de ser um clube-modelo e seus cartolas vêm tomando muitas decisões questionáveis sob vários pontos de vista, inclusive o moral. Podemos prever, portanto, treinador e instituição entrando em rota de colisão em alguns momentos.

O Tricolor acertou ao trazer o ex-meia mas pode ter arrumado um novo problema. O presidente Julio Casares terá de administrar muito bem a personalidade questionadora de Alex e as decisões do clube para que ambas não entrem em choque. O ambiente tem sido um problema recorrente no São Paulo e trazer paz ao Morumbi é o primeiro passo para que o time possa voltar a brigar pelos títulos.

Estou muito contente com a contratação de Alex pelo São Paulo. É uma pessoa inteligente, estudiosa e contestadora. Ele tem muito a acrescentar ao clube, seja na esfera esportiva, seja na filosófica. Os dirigentes, no entanto, devem ter consciência que indivíduos com este perfil podem trazer "efeitos colaterais". A conferir.



Imagem extraída de www.facebook.com/AlexDeSouza



 

quinta-feira, 25 de março de 2021

Cinco Anos Sem o Mestre

Imagem extraída de www.facebook.com/JohanCruyff14



Dia 24 de março de 2016. Nesta data, Hendrik Johannes Cruijff, mais conhecido como Johan Cruyff, fechava seus olhos pela última vez. O holandês, aos 68 anos, perdia uma batalha contra o câncer após meses de luta. Eu sequer pude escrever um artigo para homenageá-lo devido a problemas pessoais que eu estava enfrentando na época.

Cruyff foi, para mim, o maior treinador da história do futebol. Mais do que Telê Santana, Guardiola, Jupp Heynckes e tantos outros que eu admiro. O holandês sempre foi referência no futebol-arte, seja como jogador ou como técnico, e ele deixou um grande legado que influencia até hoje dezenas de comandantes incluindo Frank Rijkaard, Erik ten Hag, Ronald Koeman e o próprio Guardiola.

O holandês defendeu muitos clubes ao longo de sua trajetória, mas foi pelo Ajax e pelo Barcelona que Cruyff viveu seus maiores momentos como atleta. Sua posição em campo não era determinada visto que seu treinador e mentor, Rinus Michels, exigia que seus jogadores desempenhassem mais de uma função nos gramados. Desta forma, não era raro ver Johan flutuando por todas as funções, principalmente no ataque.

Cruyff também fez parte da maior geração de atletas holandeses, a seleção que disputou a Copa 1974, juntamente com Neeskens, Rep e tantos outros grandes atletas. Rinus Michels também estava lá com o mesmo estilo que o consagrou no Ajax e no Barcelona, com atletas versáteis e muitas trocas de posição. Aquela equipe conseguiu até mesmo eliminar o Brasil ainda de "ressaca" pela conquista do tri e seria detida apenas pela Alemanha de Beckenbauer na final.



Imagem extraída de www.facebook.com/JohanCruyff14



Cruyff se tornou treinador após sua aposentadoria. E aperfeiçoou todos os métodos de seu mentor Rinus Michels. Com isso, voltou a repetir no banco de reservas todo o sucesso que obteve como atleta. Conquistou novos títulos pelo Ajax e também pelo Barcelona, inclusive levando os catalães ao seu primeiro título na Champions League em 1992.

O holandês, porém, também se destacou pela personalidade forte. Cruyff não poupou críticas a ninguém, até mesmo ao Barcelona (de onde saiu brigado com o então presidente Sandro Rosell) ou à Seleção Holandesa. O ex-jogador, inclusive, foi duro com a Seleção Brasileira de Dunga e com a Oranje de Bert van Marwijk durante a Copa de 2010, alegando que ambos os times praticavam um futebol feio e pouco atraente. Foi com estas declarações que o ex-jogador ganhou a minha simpatia.

Comecei, então, a pesquisar a bibliografia de Cruyff e descobri toda a sua influência no futebol moderno, sobretudo nos "times da moda" que eram o Barcelona e a Seleção Espanhola. Encontrei, inclusive, histórias muito divertidas envolvendo o holandês e Romário durante os tempos em que o treinador comandou o Baixinho no Barça.

Cruyff era um mestre não apenas por ser um grande jogador ou um grande treinador. Ele deixou um grande legado que influencia até hoje técnicos e atletas, mesmo passados quase trinta anos após sua maior conquista como treinador.

Os jogadores que atuam nos melhores times do mundo não "guardam mais posição", desempenham mais de uma função nos gramados e estão sempre se movendo em campo. Tudo muito semelhante ao Carrossel Holandês de Michels ou ao Totaal Voetbal de Cruyff.

Cruyff se foi fisicamente mas ele está mais vivo do que nunca.



Imagem extraída de www.facebook.com/JohanCruyff14




quarta-feira, 24 de março de 2021

Emergência

Imagem extraída de www.facebook.com/futebolpaulista



O jogo entre Mirassol e Corinthians, válido pela 5ª rodada do Campeonato Paulista, foi realizado ontem em Volta Redonda (Rio de Janeiro) após dias de indefinição a respeito da continuidade ou não da competição. E a partida entre São Bento e Palmeiras deve ocorrer na noite de hoje caso não haja novas reviravoltas.

A Federação Paulista de Futebol (FPF), com apoio da CBF, lutou até o final para que a competição não fosse interrompida novamente em virtude da pandemia de COVID-19 -lembrando que todas as competições esportivas foram paralisadas entre março de 2020 até meados de julho do mesmo ano.

As justificativas foram os incontáveis prejuízos desencadeados pela paralização do futebol, sobretudo aos clubes considerados pequenos. A ausência de público e, consequentemente, da renda oriunda de bilheteria já estaria afetando severamente as instituições. A suspensão dos campeonatos causaria ainda mais danos com redução nas cotas de televisão e diminuição na exposição de patrocinadores. Já houve casos de cortes ou atrasos nos salários em virtude das diminuições nas receitas.

O futebol, por outro lado, não vive em uma realidade paralela e está inserido em nossa sociedade. Os casos de coronavírus vêm aumentando em proporções alarmantes e o país, tristemente, vem batendo recordes de óbitos causados pela doença. O esporte, ainda que seja uma profissão, não é um serviço considerado essencial como saúde ou segurança, e, portanto, não teria justificativa para continuar funcionando em meio à pandemia. Ademais, os deslocamentos e os contatos físicos realizados pelos profissionais envolvidos (atletas, comissão técnica, dirigentes e funcionários) poderiam disseminar ainda mais o patógeno.



Imagem extraída de www.facebook.com/futebolpaulista



É legítimo que as federações e clubes lutem pelo direito de trabalhar visto que necessitam da renda gerada pelos jogos para manterem as finanças em dia, assim como é obrigação dos governantes zelar pela saúde de seus cidadãos e impedir que o vírus faça ainda mais vítimas. Não há exatamente heróis ou vilões nesta briga, embora eu, como formado em farmácia, tenha o dever de alertar a respeito dos riscos trazidos pelo vírus.

As partes envolvidas, principalmente os clubes, poderiam amenizar os prejuízos se administrassem suas receitas com mais responsabilidade. Não é raro ver instituições endividadas até o teto mas os seus dirigentes, mesmo assim, gastam o que não possuem e aumentam ainda mais o déficit das entidades.

Aquele dinheiro que foi gasto para trazer e manter aquele medalhão poderia ser economizado e utilizado em situações de emergência como esta. Ou aquele investimento milionário poderia ser utilizado para quitar dívidas, mas o torcedor exige reforços e os dirigentes adoram fazer média com os fãs.

Os próprios clubes, portanto, têm sua parcela de responsabilidade para a atual situação. Poderiam muito bem se preparar para enfrentar momentos de crise, mas preferem "investir" porque os resultados e os títulos são sempre mais importantes do que as finanças. Opta-se quase sempre pelo lucro a curto prazo a realizar um planejamento competente e que poderia, não apenas sanar as dívidas, como também tornar suas equipes competitivas durante muitos anos.

São justificáveis, portanto, os apelos da FPF e dos clubes paulistas pela manutenção do Campeonato Paulista. Seus respectivos posicionamentos são perfeitamente compreensíveis, mas tais entidades não podem se esquecer: também tiveram sua parcela de responsabilidade na crise econômica neste triste cenário.



Imagem extraída de www.facebook.com/futebolpaulista




terça-feira, 23 de março de 2021

Mala Austríaca

Berger (direita) aprontou todas com Senna! E mais algumas
(imagem extraída de www.facebook.com/oficialayrtonsenna)!



Ayrton Senna completaria 61 anos no dia 21 de março. Ao longo de sua vitoriosa carreira, o piloto enfrentou muitos grandes rivais incluindo o compatriota Nelson Piquet, o inglês Nigel Mansell e o francês Alain Prost. Mas nenhum deles foi tão terrível quanto o austríaco Gerhard Berger, o seu companheiro de McLaren entre 1990 e 1992.

Berger era o "segundo piloto" da McLaren e sua função nas pistas era ser um escudeiro para Senna. O relacionamento entre os dois, contudo, era bastante amistoso, contrastando com a atualidade quando a rivalidade ocorre até mesmo entre companheiros de escuderia. O brasileiro e o austríaco sempre se deram muito bem, dentro e fora das pistas. Até demais!

Nós brasileiros somos vistos como um povo simpático pelos estrangeiros mas, por vezes, eles também nos veem como "inconvenientes" pelo excesso de brincadeiras. Berger, porém, era o fanfarrão da dupla enquanto Senna era sempre sério, concentrado e obcecado pelo desempenho nas pistas.

Não se sabe quem atirou a primeira pedra, mas a fama de zoeiro acabou ficando toda com Berger. Suas histórias com o brasileiro já se tornaram lendas nos bastidores da Fórmula 1. Algumas delas podem até ser consideradas "sem noção" -os links para as histórias estão no final do texto.



Imagem extraída de www.facebook.com/oficialayrtonsenna



Berger, porém, nunca faltou com o respeito e com o profissionalismo com Senna. O austríaco cumpria bem o seu papel nas pistas e, verdade seja dita, contribuiu muito com os dois títulos do brasileiro pela McLaren. A zoeira ficava mesmo restrita aos bastidores.

A dupla Senna-Berger foi desfeita em 1993 quando o austríaco migrou para a Ferrari, mas a amizade entre os dois permaneceu. Até hoje o piloto europeu mantem contato com a família de seu finado amigo e foi um dos mentores de Bruno Senna, sobrinho do brasileiro.

Berger, aliás, quase sempre é perguntado a respeito da relação com Senna durante as entrevistas, mesmo na mídia internacional. E, claro, quase sempre há os questionamentos a respeito das brincadeiras com Ayrton. E o próprio austríaco faz questão de contar como planejou e executou cada uma das pegadinhas.

Senna teve muitos adversários difíceis mas nenhum tão terrível quanto Berger. Tudo o que o austríaco fazia pelo brasileiro nas pistas era pago com juros nos bastidores! O europeu aprontou todas com Ayrton mas não deixava de ser uma demonstração de amizade entre os dois.



Imagem extraída de www.facebook.com/Formula1



AS ZOEIRAS DE BERGER:








Houve, ainda, um incidente de trânsito envolvendo a dupla em Nevers (França) e que foi publicado na revista Quatro Rodas deste mês mas não encontrei o link para o texto.




domingo, 21 de março de 2021

Farma Football X Farmácia dos Games




Hoje eu pretendia contar mais alguma de minhas histórias, mas resolvi justificar a ausência de textos aqui no blog em detrimento do meu diário secundário, a Farmácia dos Games. Acho que você, leitora ou leitor, tem o direito de saber o que está acontecendo com a periodicidade das postagens.

Criei a Farmácia dos Games em setembro de 2020 como uma espécie de passatempo. Eu escreveria lá apenas de vez em quando para me divertir durante a pandemia. Procurei dar prioridade ao Farma Football, que existe desde março de 2013, em respeito aos seguidores de longa data. Temos atualmente 41 inscritos em nossa página do Facebook.

O nosso futebol, porém, tem gerado mais notícias ruins do que boas. Textos mais críticos costumam gerar mais visualizações mas eu havia evitado ao máximo possível abordar temas polêmicos ou problemas envolvendo o esporte. Não é algo divertido de se fazer, pelo menos para mim, e eu prefiro muito mais fazer elogios ou abordar assuntos mais amenos quando eu escrevo.

Eu, no entanto, não posso fechar os olhos para os problemas relacionados ao futebol. O esporte não está a parte de nossa realidade e tudo o que acontece com os clubes e com com os atletas pode ter reflexos em nossa sociedade.

Foi estressante, pelo menos para mim, abordar temas como futebolistas que agrediram mulheres ou os esportistas que ignoravam a pandemia do coronavírus. Há jornalistas que apreciam esse tipo de conteúdo visto que polêmicas sempre geram muita visualização, mas não é algo do meu agrado.






Eu abordo esse tipo de tema não exatamente pela audiência, mas pela empatia. Uma mulher agredida por algum futebolista poderia ser uma amiga ou uma parente minha. Ou alguma pessoa por quem eu tenho apreço poderia adoecer ou morrer pela irresponsabilidade de algum jogador. O exercício de tentar se colocar no lugar da vítima.

A Farmácia dos Games, neste cenário, acaba sendo uma válvula de escape para o autor. Também faço críticas no blog, mas de uma maneira mais amena. Os assuntos por lá são mais agradáveis de serem abordados e sinto mais prazer de escrever por lá de modo geral.

Isto explica a diferença na frequência das postagens. Na Farmácia dos Games os textos raramente atrasam porque é sempre mais motivador abordar temas que nós gostamos, algo que, infelizmente, nem sempre é possível aqui no Farma Football.

Tenho me esforçado para priorizar o Farma Football nos últimos dias em respeito às leitoras e aos leitores, principalmente os que nos acompanham desde 2013. Eu já havia suspendido as atividades no diário durante algumas ocasiões em virtude de problemas pessoais e quero evitar ao máximo que isto aconteça novamente.

O futebol brasileiro, vale lembrar, está suspenso em alguns Estados devido ao aumento de casos de coronavírus mas farei o possível para manter a regularidade das postagens. Tentarei ser criativo nos textos e nos assuntos, algo que eu faço de muito bom grado.

Continue acompanhando o nosso Farma Football, inscreva-se em nossa página no Facebook e siga também a Farmácia dos Games, o meu blog secundário e totalmente dedicado a jogos de videogame antigos.

Um abraço!

Equipe Farma Football







sábado, 20 de março de 2021

Coragem

Imagem extraída de www.facebook.com/AtleticodeMadrid



O ex-atacante Leivinha havia feito críticas ao Atlético de Madrid comandado por Diego Simeone durante entrevista em 2016 publicada pelo site da emissora ESPN. O brasileiro, que defendeu os Colchoneros entre 1975 e 1979, havia declarado que o time "não tem muita graça e nem muita técnica", embora reconhecesse que a equipe é "competitiva e inspira confiança".

Não sou mais um defensor ferrenho do futebol-arte mas fica difícil discordar de Leivinha ao analisarmos o desempenho do Atlético nas últimas duas edições da Champions League. Nas recentes eliminações, o Rojiblanco atuou totalmente recuado, como se estivesse com medo de seus adversários e parecia totalmente satisfeito em levar as partidas para uma prorrogação ou disputa de pênaltis. E os rivais não eram muito superiores que os Colchoneros, como o emergente Red Bull Leipzig (em 2020) e o instável Chelsea (2021).

A mentalidade adotada por Simeone é típica de treinadores que dirigem times na Copa Libertadores da América, onde técnicos que jogam com o regulamento costumam ter mais êxito do que os que propõem o jogo. Muito provavelmente o Cholo incorporou vícios do futebol sul-americano ao seu estilo.

Simeone, justiça seja feita, foi o grande responsável por elevar o patamar do Atlético de Madrid. O Cholo assumiu um time em crise na virada de 2011 para 2012. Sob o comando do argentino, os Colchoneros deixaram de ser coadjuvantes e passaram a brigar nas cabeças com o Barcelona e o Real Madrid. O ex-volante já conquistou um campeonato espanhol, duas Europa Leagues e uma Copa del Rey. Isso sem mencionar que o Atleti conseguiu chegar em duas finais de Champions League durante a década passada, 2014 e 2016.



Imagem extraída de www.facebook.com/AtleticodeMadrid



É preciso considerar, no entanto, que Simeone já está há quase dez anos à frente do Atlético de Madrid. O treinador já começa a apresentar sinais de desgaste, indicando que sua fórmula já não é mais tão efetiva quanto na década passada.

Podemos mencionar no caso específico da Champions League que vivemos uma situação excepcional desde a temporada passada. As partidas não têm público, algo que poderia fazer a diferença, e muitos times estão sendo obrigados a mandar seus jogos fora de seus domínios em virtude de restrições quanto à COVID-19. Não se observou, no entanto, alguma evolução entre 2020 e 2021, com o Atlético sendo eliminado da mesma maneira.

Simeone ainda pode retomar o fôlego com um eventual título em La Liga. O Atlético lidera com 63 pontos, sendo quatro de vantagem sobre o vice-líder Barcelona e faltando onze rodadas para o fim da competição. Isto, porém, não exime o treinador da necessidade de buscar outras maneiras de se jogar para que o time possa sonhar com voos mais altos.

O Atlético já não é mais um coadjuvante. O time possui muitos jogadores de qualidade (Oblak, Trippier, Giménez, Suárez, Koke, João Félix, Lemar, ...), tem condições de brigar de igual para igual com outras potências europeias e, não apenas pode, como também deve correr alguns riscos em prol de resultados melhores.

Não é errado jogar defensivamente e abrir mão da posse de bola, mas limitar-se a isso é condenável, sobretudo com os recursos que o Atlético possui. Simeone pode fazer sua equipe render mais mas, para isso, precisa sair de sua zona de conforto e ousar mais. Ou então, talvez seja melhor reconhecer que chegou ao limite e pedir o boné, para o bem do clube e do próprio treinador.

Leivinha concedeu aquela entrevista em 2016, ou seja, há cinco anos atrás e a leitura do ex-atacante tem se mostrado certeira, sobretudo com o desempenho do Atlético na Champions League. Simeone, portanto, deveria dar ouvidos aos conselhos do brasileiro se ainda planeja voos mais altos para seu time.



Imagem extraída de www.facebook.com/diegopablosimeoneoficial




sexta-feira, 19 de março de 2021

A Polônia nos Aguarda

Imagem extraída de www.facebook.com/EuropaLeague



A Europa League não tem o mesmo glamour da Champions mas não podemos negar que tivemos muitos confrontos interessantes nesta edição, como Arsenal X Benfica na fase de 1/16avos e Milan X Manchester United nas oitavas-de-final.

Surpresas e emoções não faltaram durante a etapa anterior. Quem imaginaria que o Slavia Praha jogaria um balde de água fria na boa fase de Steven Gerrard e seu Rangers? E o Tottenham que foi eliminado pelo Dinamo Zagreb, clube que acabou de levar um duro golpe com a prisão de seu presidente e de seu treinador durante a última semana? A frase do comentarista Caio Ribeiro "não tem mais bobo no futebol" nunca fez tanto sentido no dia de ontem.

O sorteio que definiu os confrontos válidos pelas quartas-de-final foi realizado na manhã de hoje, junto com o chaveamento da Champions League. As equipes terão de ter mais cuidado do que nunca e evitar subestimar seus rivais, afinal muitos dos times considerados "azarões" aprontaram para cima dos favoritos.

Faremos, como sempre, breves análises e daremos palpites para os confrontos. Restaram oito equipes e apenas quatro permanecerão vivas em busca de uma vaga na final em Gdańsk, Polônia. Lembrando: alguns mandos de campo podem sofrer alterações em virtude do coronavírus. 



GRANADA (Espanha) X MANCHESTER UNITED (Inglaterra)



Imagem extraída de www.facebook.com/EuropaLeague



Ok, o dinheiro não entra em campo, mas é gritante a diferença de patamar entre o milionário Manchester United e modesto Granada. Será difícil os espanhóis passarem pelo forte time inglês, mas os Nazaríes ainda podem sonhar visto que os azarões estão aprontando bastante nesta edição da Europa League...

Partida de Ida: Nuevo Estadio de Los Cármenes (Espanha)

Partida de Volta: Old Trafford (Inglaterra)

Palpite: Manchester United



ARSENAL (Inglaterra) X SLAVIA PRAHA (República Checa)



Imagem extraída de www.facebook.com/EuropaLeague



O Arsenal tem um adversário teoricamente acessível mas que não deve ser subestimado, afina os checos já aprontaram para cima do Leicester City e do Rangers. O susto que os Gunners levaram do Olympiacos no dia de ontem deve servir de lição para fazê-los respeitar o Slavia Praha.

Partida de Ida: Emirates Stadium (Inglaterra)

Partida de Volta: Sinobo Stadium (República Checa)

Palpite: Arsenal



AJAX (Holanda) X ROMA (Itália)



Imagem extraída de www.facebook.com/EuropaLeague



Este é o confronto mais aberto e equilibrado desta fase visto que os dois times estão mais ou menos no mesmo patamar. Difícil apontar um favorito aqui, mas o Ajax parece um pouco mais pronto para avançar do que a Roma.

Partida de Ida: Johan Cruyff Arena (Holanda)

Partida de Volta: Stadio Olimpico (Itália)

Palpite: Ajax



DINAMO ZAGREB (Croácia) X VILLARREAL (Espanha)



Imagem extraída de www.facebook.com/EuropaLeague



O Dinamo Zagreb foi a maior zebra das oitavas-de-final. O clube teve seu presidente e seu treinador condenados à prisão, perdeu por 2x0 para o Tottenham no jogo de ida e, mesmo assim, os croatas tiveram forças para buscar a virada! A boa fase dos Modri deve parar por aqui visto que o Villarreal possui um elenco bem mais forte. Ou será que não?

Partida de Ida: Stadion Maksimir (Croácia)

Partida de Volta: Estadio de la Cerâmica (Espanha)

Palpite: Villarreal



  

A Turquia nos Aguarda

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



Olá, leitora e leitor! Como não tivemos post na última quarta-feira, vou publicar dois textos hoje sendo um referente aos palpites da Champions League e outro aos palpites da Europa League. Foi realizado na manhã de hoje o sorteio que definiu os confrontos para as quartas-de-final de ambas as competições.

Não houve grandes surpresas entre os classificados para as quartas-de-final da Champions, exceto o Porto que, com um jogador a menos (o atacante Mehdi Taremi foi expulso durante o confronto de volta) e com um elenco modesto, conseguiu segurar a milionária Juventus.

As quartas-de-final não possuem qualquer restrição de confrontos como acontecia na fase anterior e podemos ter partidas entre dois times do mesmo país ou que tenham se enfrentado anteriormente durante a fase de grupos. Não ficou muito claro, porém, se alguns mandos terão de ser alterados novamente em virtude do coronavírus - durante a etapa anterior, os times ingleses tiveram de mandar seus jogos em outros países devido à pandemia na Inglaterra. Não foram divulgados as datas e os horários dos embates até o fechamento deste texto.

Faremos breves análises e daremos palpites para os confrontos como é tradição deste blog. Será que o seu time preferido chegará às semifinais? Confira a minha opinião.



MANCHESTER CITY (Inglaterra) X BORUSSIA DORTMUND (Alemanha)



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



O Dortmund chega animado após a mudança de treinador (saiu Lucien Favre e entrou Edin Terzić) e com o futebol convincente exibido durante os últimos confrontos. Contudo, o City está um patamar acima dos Aurinegros e os ingleses são favoritos a avançar.

Partida de Ida: Etihad Stadium (Inglaterra)

Partida de Volta: Signal Iduna Park (Alemanha)

Palpite: Manchester City



PORTO (Portugal) X CHELSEA (Inglaterra)



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



O Chelsea, em teoria, pegou o rival mais acessível visto que há muita discrepância técnica e financeira entre os Blues e os Dragões. Ademais, os ingleses também estão animados com a mudança de treinador (saiu Frank Lampard e entrou Thomas Tuchel) e o futebol praticado está mais empolgante do que nunca. Mas o Porto não pode ser subestimado em hipótese  alguma visto que os corajosos portugueses conseguiram eliminar a milionária Juventus na raça e no coração.

Partida de Ida: Estádio do Dragão (Portugal) 

Partida de Volta: Stamford Bridge (Inglaterra)

Palpite: Chelsea



BAYERN MÜNCHEN (Alemanha) X PARIS SAINT-GERMAIN (França)



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



Reedição da última final. O Paris Saint-Germain, também de treinador novo (saiu Thomas Tuchel e entrou Mauricio Pochettino), terá a sua revanche contra o Bayern München. Os parisienses entram fortalecidos com as mudanças enquanto os bávaros sofreram perdas significativas em seu elenco (Thiago e Perišić). O confronto será mais equilibrado que o último encontro mas os alemães ainda têm um ligeiro favoritismo.

Partida de Ida: Allianz Arena (Alemanha)

Partida de Volta: Parc des Princes (França)

Palpite: Bayern München



REAL MADRID (Espanha) X LIVERPOOL (Inglaterra)



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



Reedição da final de 2018. Nenhum dos dois times vive exatamente um bom momento, visto que Real Madrid e Liverpool não convencem em suas respectivas ligas e estão apostando tudo na Champions para salvar a temporada. Os Reds me parecem um pouco melhores de modo geral, mas os Blancos, com seus treze títulos na competição, não podem ser subestimados em hipótese alguma.

Partida de Ida: Santiago Bernabéu (Espanha)

Partida de Volta: Anfield Road (Inglaterra)

Palpite: Liverpool



Lembrando: as partidas não terão público e há a possibilidade de alguns times, em especial os ingleses, terem de mandar seus jogos em outros países em virtude da pandemia.




quinta-feira, 18 de março de 2021

Universo Paralelo

O atacante Gabigol foi flagrado em um cassino clandestino em São
Paulo (imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial)



Gabigol foi flagrado em um cassino clandestino durante uma ação policial realizada no último domingo. O atacante estava escondido sob uma das mesas enquanto a operação era deflagrada, foi descoberto e detido junto com os demais presentes.

Muricy Ramalho discutiu com guardas civis durante a última segunda feira. O ex-treinador caminhava em uma praia interditada para banhistas e estava sem máscara quando foi abordado. O dirigente não chegou a ser detido ou encaminhado a alguma delegacia.

Jô e Otero foram vistos em um resort há duas semanas atrás, ambos sem máscara e em meio a vários outros banhistas. Tudo isso enquanto as notícias do aumento de casos de COVID-19 no Estado eram propagadas em todas as mídias. 

Eu não sou o tipo de pessoa que aponta o dedo para outros indivíduos. Para mim, cada um tem o direito de fazer o que lhe convier desde que não infrinja as leis locais ou prejudique outros cidadãos.



O dirigente Muricy Ramalho discutiu com guardas civis ao ser flagrado
sem máscara na praia (imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc)



Há, porém, a necessidade de lembrar que todos os citados são pessoas públicas, e como tal, eles têm a obrigação de cuidar de suas respectivas imagens. Não apenas porque isto poderia prejudicar sua reação junto ao público mas também porque famosos têm poder de influência e, como tal, seus atos servem de exemplo para seus fãs, para o bem e para o mal.

Do que adianta o governo e as instituições de saúde gastarem milhões em campanhas para que as pessoas usem máscara e fiquem em casa para evitar que o vírus se propague ainda mais quando nossos ídolos fazem o contrário? Ademais, a quem o fã dará mais ouvidos? Ao seu jogador preferido ou aos nossos políticos e médicos?

O profissionalismo, ademais, é exigido dos futebolistas mesmo fora dos gramados. Um exemplo aconteceu com Karim Benzema, que já foi multado pelo Real Madrid porque foi visto esquiando durante suas férias. O atacante poderia sofrer lesões que poderiam tirá-lo da temporada ou mesmo colocar a própria vida em risco.

O futebol não é um universo à parte de nossa realidade. Jogadores, treinadores e dirigentes também podem contrair o vírus e adoecer como qualquer ser humano. E o pior: podem transmitir o patógeno a outras pessoas ou mesmo morrer.

Gabigol, Muricy, Otero, Jô e qualquer outra pessoa pública podem fazer o que bem entenderem de suas vidas pessoais, desde que não infrinjam a lei ou não prejudiquem outras pessoas. Mas devem entender que possuem muita responsabilidade em nossa sociedade, mesmo quando não estão exercendo algo ligado ao futebol. 



Otero foi visto junto com Jô em um resort em meio a outros
banhistas (imagem extraída de www.facebook.com/corinthians)




terça-feira, 16 de março de 2021

Olha o Gás!

Imagem extraída de www.facebook.com/Gremio



Copa Libertadores também é sinônimo de jogos na altitude andina. Equipes do Peru, Colômbia, Bolívia e Equador fazem de sua geografia um décimo-segundo jogador e as partidas na cordilheira tornam-se um verdadeiro martírio para os visitantes.

O Grêmio terá na noite de hoje seu primeiro teste de resistência na altitude andina. O Imortal enfrentará o Ayacucho no Estadio Olímpico Atahualpa, situado a quase três quilômetros de altura em relação ao nível do mar. A concentração de oxigênio no ar em tal ambiente é muito menor que em Porto Alegre e os gremistas irão sofrer com seus efeitos. É possível adaptar-se a tais condições mas isto leva um tempo que o Tricolor não dispõe.

Escrevo isto todo ano: nossos clubes sabem que sempre há confrontos na altitude andina onde a pressão parcial de oxigênio é menor e, mesmo assim, nunca há um preparo adequado dos atletas para resistirem a tais condições.

É como se os jogadores já estivessem conformados com um eventual resultado negativo nos Andes e, em caso de derrota, coloca-se a culpa na altitude. Não seria melhor preparar os atletas para lidar com tal situação e buscar uma vitória?

Nossos clubes, ainda que estejam passando por dificuldades financeiras, têm condições de preparar os jogadores para enfrentar as baixas concentrações de oxigênio. Que tal deixar os inúteis estaduais para os times sub-20 e fazer uma pré-temporada com os titulares na Colômbia, Bolívia ou qualquer outro país situado nos Andes? Ou, talvez, construir uma quadra de atmosfera controlada onde as condições da altitude poderiam ser simuladas e colocar os jogadores para treinar lá? E por que não investir em pesquisas científicas para se desenvolver treinos ou suplementos que possam ajudar os futebolistas a suportarem o ar rarefeito? Educação física e nutrição também são ciências.



Imagem extraída de www.facebook.com/Gremio



Eu já escrevi quase tudo isso em textos anteriores mas é inaceitável o conformismo de nossos clubes com relação à altitude. A Libertadores é disputada há mais de cinquenta anos, sempre houve confrontos na Cordilheira dos Andes, todos sabem que o "ar rarefeito" é quase um 12º jogador para as equipes andinas e, mesmo assim, nossos times nunca se preparam da maneira adequada.

Já houve tentativas de se proibir jogos na altitude andina, algo que sou contra, afinal os clubes têm o direito de mandar suas partidas onde estão sediados e onde vive a sua torcida. Se fosse assim, equipes como Mirassol, Novorizontino e Ferroviária deveriam ser impedidas de atuar em suas respectivas cidades no verão visto que a temperatura na região alcança facilmente os 40ºC.

O que os nossos times precisam aprender é jogar com as regras ao invés de ficar se lamentando e dar sempre as mesmas desculpas em caso de derrota. Para que os clubes possuem preparadores físicos, nutricionistas, médicos e departamento científico? Ciência e pesquisas científicas também existem para encontrar soluções neste sentido.

O Grêmio, felizmente, abriu o placar de 6x1 no jogo de ida e possui "gordura" para conseguir a vaga para a próxima fase. Mas que o Imortal não se acomode, pois os jogadores vão se cansar rapidamente com a baixa oferta de oxigênio além do desgaste em virtude da ausência de férias. E outros adversários com sede nos Andes estão à nossa espera, como Independiente del Valle, Bolívar, Junior Barranquilla, Strongest, LDU, ... 



Imagem extraída de www.facebook.com/Gremio