terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Aviso




O blog ficará alguns dias sem atualização devido a alguns compromissos do autor.

Um abraço e nos vemos em breve!




segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Só Acredito Vendo

Imagem extraída de twitter.com/CBF_Futebol



Dorival Júnior foi apresentado pela CBF na última quinta-feira e o principal assunto da entrevista coletiva foi Neymar. O treinador elogiou o atacante a quem chamou de "muito importante, desde que recuperado, em condições e totalmente focado". O técnico ainda afirmou que a Seleção precisa aprender a jogar sem seu astro.

É fato que Neymar já não goza do mesmo prestígio de outros quadriênios quando defendia o Barcelona e o Paris Saint-Germain. Aos 31 anos (terá 34 durante o próximo Mundial), com um amplo histórico de lesões e com muitos problemas disciplinares (dentro e fora de campo); o jogador hoje está desvalorizado, não possui mercado entre os grandes clubes da Europa e não teve saída senão migrar para o emergente futebol saudita.

O lobby por Neymar na Seleção, contudo, ainda segue muito forte por parte de fãs, patrocinadores, imprensa e dirigentes (de dentro e de fora da CBF) que desejam a exposição do jogador com a camisa amarelinha. O próprio Dorival Júnior já sentiu a força do jogador em 2010 enquanto comandava o Santos e foi demitido após tentar puní-lo por indisciplina. Se Ney já era influente durante seus tempos de Vila Belmiro, hoje está ainda mais poderoso e melhor assessorado.



Reprodução www.instagram.com/cbf_futebol



Percebe-se, ainda, uma certa rejeição contra os jogadores que se candidatam à sucessão de Neymar. Muitos ainda não parecem confiar em Vini Jr., Rodrygo, Gabriel Jesus e outros atacantes que estão se destacando na Europa. Nenhum deles, ademais, possui o mesmo carisma e impacto midiático de Ney o que dificulta a aceitação de parte da torcida e da imprensa.

Dorival, portanto, dificilmente conseguirá armar uma equipe sem Neymar ainda que o jogador esteja entrando na fase final de sua carreira. A pressão pela convocação do atacante ainda será enorme mesmo que seu desempenho e seu histórico não tenham sido positivos durante os últimos anos.

O treinador terá os próximos seis meses para provar que a Seleção pode prescindir de seu principal jogador visto que Neymar só deve retornar aos gramados em meados de agosto. Um eventual desempenho ruim, porém, deve aumentar ainda mais o clamor pela convocação de Ney visto que o torcedor brasileiro sempre busca por um "salvador" durante os momentos ruins.



Reprodução www.instagram.com/cbf_futebol




domingo, 14 de janeiro de 2024

O Trote




Um ano havia se passado desde que eu comecei a fazer estágio no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB). Foi quando um colega de laboratório resolveu me passar um "trote", aquelas brincadeiras que veteranos fazem para pregar peças em novatos. Bom, eu não já era exatamente um iniciante mas caí como um patinho!

Meu colega pediu para ir até o laboratório 117 (sim, aquele do professor palmeirense!) buscar mitocôndrias -uma organela de células que, grosseiramente escrevendo, serve para gerar sua energia. Um amigo, que estava no ICB há bem mais tempo do que eu se ofereceu para ir junto comigo e pegamos um frasco para buscar as tais mitocôndrias.

Quando já estávamos no corredor, meu colega saiu gritando avisando que era "brincadeira". Não faço ideia por que ele mudou de ideia tão subitamente mas ele deve ter se arrependido, ou então ficou preocupado que eu e meu amigo fôssemos levar algum esporro no outro laboratório.






Descobri posteriormente que esse tipo de brincadeira era mais comum do que eu imaginava. Cerca de um ano depois, uma ingressante apareceu no laboratório onde eu trabalhava pedindo 10mL de ATP (o "combustível" das células que é bastante instável) e o meu chefe explicou que era "zoeira". E ele não perdeu a chance de tirar um barato da garota!

Uma pena que o pessoal mais "zoeiro" do laboratório tenha ido embora logo. Todos foram para o exterior realizar parte do doutorado em outros países enquanto eu ainda estava pleiteando um mestrado durante aquela época. Esses colegas, aliás, sugeriram que aquela garota que apareceu pedindo ATP levasse 10mL de ácido butírico, uma substância de odor extremamente desagradável -lembra o aroma de Cheetos Bola!

Eu fiquei surpreso com a brincadeira mas levei na "esportiva". Aliás, foi uma pena que ele não deixou o "trote" ir até o final! Como meu amigo estava junto comigo durante a ocasião, aquele colega teria pego dois patos com um tiro só!







sábado, 13 de janeiro de 2024

Treta Africana de Nações

Imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON



Inicia-se hoje a Copa Africana de Nações (CAN). A competição, que será realizada na Costa do Marfim, reúne 24 seleções africanas e será disputada até o dia 11 de fevereiro. As expectativas para o torneio são bastante altas visto que o nível técnico do continente melhorou bastante nos últimos anos e os times da África deram bastante trabalho durante o último Mundial.

Houve, porém, um novo choque com as competições europeias que não irão parar durante o mencionado período. Com isso, várias equipes do Velho Continente irão atuar desfalcadas e terão de torcer para que seus jogadores africanos retornem o quanto antes -e sem nenhuma lesão. A CAN seria realizada originalmente na metade de 2023 mas foi postergada para janeiro de 2024 por questões climáticas.

O conflito de datas já gerou críticas por parte dos europeus. O treinador do Liverpool, Jürgen Klopp, chegou a "surtar" em 2020 na iminência de perder Salah, Mané, Keïta e Matip para a CAN daquele ano. O proprietário do Napoli, Aurelio De Laurentiis, foi além e afirmou em 2022 que "não contrataria um jogador africano que disputasse a competição" -atualmente, o time conta com Zambo Anguissa e Osimhen.



Salah irá desfalcar o Liverpool para jogar a CAN
(imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON).



Os clubes europeus, porém, pouco podem fazer por mais que utilizem o argumento de que "pagam o salário dos atletas". Para um jogador é sempre um orgulho enorme representar um país ainda que alguns deles não sejam originários do continente africano -o zagueiro Koulibaly, por exemplo, nasceu na França mas defende o Senegal. Ademais, a FIFA obriga que os futebolistas sejam liberados para tais competições.

Resta aos clubes europeus tentarem acordos com as federações africana e também a asiática (a Copa da Ásia também será disputada entre janeiro e fevereiro) para que haja um consenso pelas datas e, com isso, os times do Velho Continente não sejam prejudicados durante os próximos anos.

Os clubes europeus, por enquanto, devem se conformar com a situação e tentar enxergar algo positivo -como uma possível valorização de seus atletas nas competições para futuras negociações. O treinador Ante Postecoglou (que terá de dirigir o Tottenham sem Bissouma, Sarr e Son) lamentou a ausência de seus comandados mas exaltou a importância dos torneios continentais como uma "oportunidade para o jogador se desenvolver profissionalmente e pessoalmente".



Imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON



LEIA MAIS:

ESPN- "Copas da Ásia e África: veja qual liga é a mais desfalcada e o time que mais sofreu com convocados": https://www.espn.com.br/futebol/artigo/_/id/13074474/copas-asia-africa-qual-liga-e-mais-desfalcada-time-mais-sofreu-convocados




sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Mbappé no Liverpool: um Bom Negócio?

Imagem extraída de www.facebook.com/kylianmbappeofficiel



Restam menos de seis meses para que o vínculo de Kylian Mbappé com o Paris Saint-Germain se encerre. Pelas regras da FIFA, o atacante já pode assinar pré-contrato com outro clube e sair de graça ao final de junho se assim o desejar. O time parisiense tem feito o possível para segurar o jogador oferecendo o "dinheiro infinito do Catar" e até apelando para o nacionalismo francês. O Real Madrid, que namora o atleta há anos, deu um "ultimato" para levá-lo em 2024. E agora surge a especulação de que o Liverpool deseja entrar na briga pelo futebolista.

O interesse do Liverpool em Mbappé não é novidade e já existe desde 2018 quando o volante Fabinho, que jogou com o atacante no Monaco, declarou que gostaria de reeditar a parceria com o ex-colega pelos Reds. O brasileiro já não está mais na Terra dos Beatles mas os ingleses mantiveram a postura e desejariam fazer uma investida aproveitando que o francês está em fim de contrato.

A contratação de Mbappé traria uma série de vantagens para os Reds: o clube poderia recuperar o protagonismo que foi perdido com a ascensão do City, o poder midiático do jogador faria os rivais respeitarem ainda mais o Liverpool em campo e Klopp teria uma peça de reposição à altura de Salah, que já é trintão e vem sendo constantemente assediado pelo futebol saudita.

Mbappé, por sua vez, teria um time mais competitivo para lutar pela sonhada Champions League, poderia sair de sua zona de conforto provando que possui luz para brilhar em ligas mais disputadas que a polarizada Ligue 1 e possivelmente teria mais chances para ganhar a Bola de Ouro.



Imagem extraída de www.facebook.com/kylianmbappeofficiel



Mbappé, porém, não se mostrou um jogador muito bom de grupo durante os últimos anos ao criticar abertamente colegas, treinadores e até o próprio PSG. O Liverpool, por sua vez, é uma equipe estritamente coletiva que não vive de individualismos e o técnico Jürgen Klopp não costuma ser tolerante com insubordinação.

Há, ainda, a questão salarial visto que Mbappé recebe um dos maiores vencimentos da categoria. Este, aliás, foi o principal motivo para o atacante cumprir seu contrato com o PSG até o final. O Liverpool possivelmente teria como bancar o atleta embora não haja um magnata árabe ou russo por trás de suas ações, mas há outros fatores além dos gastos incluindo a reação dos outros jogadores.

A vinda de Mbappé para o Liverpool, portanto, seria muito interessante sob o ponto de vista técnico e também para que os Reds voltassem a ser mais respeitados pelos rivais. O atacante francês, porém, também poderia se tornar um problema para uma equipe onde a disciplina e o coletivo vêm antes das individualidades.



Imagem extraída de www.facebook.com/kylianmbappeofficiel




quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

A Segunda Chance de Osorio

Imagem extraída de www.facebook.com/clubathleticoparanaense



Juan Carlos Osorio está de volta ao Brasil. O treinador acertou com o Athletico Paranaense até o final de 2024. O Furacão, inicialmente, havia tentado Domènec Torrent mas não conseguiu chegar a um acordo com o catalão e foi atrás do colombiano que estava livre no mercado -seu último clube foi o Zamalek do Egito.

Osorio é um velho conhecido dos são-paulinos que lembram do treinador pelos seus métodos pouco ortodoxos para o futebol brasileiro. O colombiano, aliás, jamais conseguiu desenvolver plenamente o seu trabalho no Morumbi devido aos dirigentes da época que desmancharam o elenco no ápice da temporada e também porque o Profe fora chamado para comandar a seleção do México. Não obstante, havia um certo preconceito de alguns jornalistas contra o "rodízio" adotado pelo técnico.

O colombiano desta vez chega no início de uma temporada e poderá participar do planejamento do time. O elenco deve ser mais modesto se comparado ao que comandou no São Paulo em 2015 devido às discrepâncias financeiras mas, em contrapartida, Osorio terá em mãos um time com menos egos para administrar e também mais flexível sob o ponto de vista tático.



As tradicionais canetas de Osorio também estão de
volta (imagem extraída de twitter.com/AthleticoPR).



Osorio, diante do cenário apresentado, deverá ter mais facilidade para implantar seus métodos peculiares. O colombiano aprecia jogadores versáteis e capazes de desempenharem mais de uma função em campo. O treinador, aliás, até exagerou nas tentativas durante sua passagem pelo São Paulo ao recuar Michel Bastos para atuar na lateral ou deslocar o lateral-esquerdo Carlinhos para a direita. Cabe ainda lembrar que o Profe chegou ao Tricolor na metade de 2015 já com o bonde andando e sem muito tempo para o elenco assimilar métodos tão "revolucionários".

Confesso que estou curioso para saber como será o Athletico sob o comando de Osorio agora que o colombiano participará da pré-temporada e terá tempo para implementar seus métodos. O Furacão, ademais, tem sido tolerante com as oscilações da equipe e o Profe deverá ter respaldo de seus dirigentes.

Penso que Osorio tem boas chances de repetir pelo Athletico o sucesso que Juan Pablo Vojvoda faz no Fortaleza visto que ambos os técnicos compartilham de ideias semelhantes e seus clubes compensam com modernidade a falta de dinheiro ou de tradição. Quem sabe o colombiano, não surpreenda na temporada e encante os brasileiros desta vez em um time com menos expectativas.



Imagem extraída de twitter.com/AthleticoPR




quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Por Que "Não"?

Juan Pablo Vojvoda preferiu seguir no Fortaleza a fechar com o
São Paulo (imagem extraída de www.facebook.com/FortalezaEC).



O São Paulo foi surpreendido no início da temporada e perdeu o Dorival Júnior para a Seleção Brasileira. Apesar dos riscos no cargo (o técnico foi indicado por Ednaldo Rodrigues que voltou à presidência da CBF por liminar e há o risco dos dois caírem), o paulista foi atrás de seu sonho de comandar o Escrete Canarinho. Resta ao Tricolor buscar por outro treinador mas a tarefa não tem sido fácil.

O Soberano sondou Juan Pablo Vojvoda (do Fortaleza) e Pedro Caixinha (do Red Bull Bragantino) mas os dois treinadores recusaram sem hesitar. Outros nomes ventilados pela imprensa foram António Oliveira (do Cuiabá) e Luis Zubeldía (ex-LDU, atualmente sem clube). O filho de Dorival Júnior, Lucas Silvestre, treina a equipe enquanto um substituto não é anunciado.

Vojvoda e Caixinha certamente teriam aceitado o convite do São Paulo há quinze anos atrás quando o clube era "exemplo de gestão", oferecia estabilidade aos treinadores e pagava os jogadores em dia. Como consequência, o Tricolor empilhava conquistas durante os anos 2000 enquanto os rivais estaduais sofriam para se manterem na Série A.

Hoje, contudo, o São Paulo parou no tempo (ou retrocedeu mesmo) enquanto os rivais correram atrás do prejuízo e se modernizaram. O Tricolor passou a contratar sem critério, mudar de treinador a cada sinal de crise, as dívidas aumentaram e houve até mesmo atrasos nos vencimentos. Tudo isto justifica o jejum de títulos entre 2012 a 2021 e também os constantes sufocos na tabela.



Pedro Caixinha também recusou o São Paulo e preferiu seguir no
Bragantino (imagem extraída de www.facebook.com/RedBullBragantino).



Fortaleza e Bragantino não possuem a tradição ou os títulos do São Paulo mas são clubes modernos com gestões (aparentemente) responsáveis, infraestrutura e possuem projetos bem definidos a longo prazo. O Tricolor, como escreveu o jornalista Rodrigo Capelo, "parou de piorar" mas ainda se mostra atrasado se comparado ao Laion ou à Massa Bruta sob a ótica administrativa.

Vojvoda e Caixinha, ademais, certamente sabem que o São Paulo se tornou uma máquina de moer treinadores desde 2009 e preferiram a estabilidade oferecida por seus respectivos clubes a um salário mais alto. Nem mesmo os troféus ou a história na instituição serviram para segurar o emprego dos técnicos, casos de Ney Franco (campeão da Sulamericana em 2012), Hernán Crespo (venceu o Paulistão em 2021) e Rogério Ceni (um dos maiores ídolos do Tricolor).

O São Paulo, portanto, ainda está com o "nome sujo" neste momento e terá de lutar muito para recuperar o respeito que ostentava durante os anos 2000. O clube tem dado indícios de melhoras com a conquista da inédita Copa do Brasil mas ainda necessita de modernização se quiser voltar aos seus dias de glória. Não obstante, a instituição ainda se mostra bastante susceptível ao humor de sua torcida e dos seus conselheiros.

A recusa de Vojvoda e Caixinha são reflexos dos erros que o Tricolor cometeu entre 2009 e 2022. O clube pode ostentar a tradição e o dinheiro que possuir mas jamais se tornará um lugar desejado para treinadores e jogadores se não for administrado da maneira adequada.



Luis Zubeldía, atual campeão da Sulamericana, seria o alvo do São Paulo
(imagem extraída de www.facebook.com/LigaDeportivaUniversitariaOficial).




terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Quem Liga pras Finanças?

Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians



Lembro quando Felipe Neto tentou salvar o Botafogo do rebaixamento e da falência em 2020. O influenciador havia reunido empresários botafoguenses e levantado dinheiro visando saldar as dívidas do clube. Para a decepção do youtuber, ele foi informado que os recursos "seriam investidos no futebol" (provavelmente para a contratação de mais reforços) ao invés do saneamento das finanças e o comunicador se retirou do projeto.

Os presidentes do Corinthians e do São Paulo começaram muito bem o ano de 2024 sob o ponto de vista administrativo. O mandatário alvinegro, Augusto Melo, acertou um patrocínio master de cerca de R$ 120 milhões anuais, o que faz a camisa corinthiana a mais valiosa da América do  Sul. O cartola tricolor, Júlio Casares, não deixou por menos e também obteve muitos recursos para o seu clube: vendeu os naming rights do Morumbi por R$ 25 milhões anuais, também trocou o patrocinador master (mais R$ 52 milhões anuais), acertou parcerias para a realização de shows no estádio e está viabilizando a construção de uma arena multiuso.

Seria ideal que que a maior parte desse dinheiro fosse utilizado para sanar dívidas (ou amortizá-las, pelo menos) e evitar que vexames como atrasos na premiação ou calotes nas marmitas se repetissem. Infelizmente, o mais provável é que estes recursos sejam investidos em mais reforços visto que mandatários são quase sempre lembrados mais pelos títulos conquistados do que por manterem as finanças em ordem. Vide os casos de Paulo Nobre no Palmeiras ou de Bandeira de Mello no Flamengo.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



O dinheiro dos clubes não sai do bolso dos cartolas e muitos dos dirigentes o utilizam irresponsavelmente. Alguns até gastam mais do que podem o que justifica o endividamento dos clubes e os salários atrasados de jogadores. A imensa maioria dos torcedores, ademais, não se importa com os aspectos administrativos e só quer saber de troféus ou de reforços. E a imprensa, por fim, sempre dá mais destaque aos títulos do que para a situação financeira das instituições. Logo, responsabilidade fiscal é um fator secundário no futebol.

Melo e Casares, com o aumento substancial das receitas, têm a grande chance de fazer diferente de seus antecessores e deixar um legado muito maior do que troféus em seus respectivos clubes. Infelizmente, as pressões sempre serão maiores pelo desempenho em campo em detrimento aos aspectos financeiros. Os mandatários, além da responsabilidade fiscal, deveriam conscientizar seus torcedores, afinal uma instituição endividada não consegue contratar ou manter jogadores e tampouco lutar por troféus. 

A frustração de Felipe Neto em 2020, portanto, é totalmente justificável. Há torcedores que têm consciência de que os clubes precisam ser financeiramente sustentáveis para sobreviverem mas a maioria só quer saber de troféus a qualquer custo, mesmo que isto signifique endividar ainda mais as instituições e levá-las ao buraco a longo prazo.



Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians




segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Pedra Fundamental

Imagem extraída de www.facebook.com/SSCNapoli



São os jogadores quem realizam o "trabalho sujo" em campo na conquista pelos títulos mas o treinador faz, sim, toda a diferença no desempenho dos times. O Palmeiras jamais teria conquistado o tricampeonato da Libertadores sem Abel Ferreira, o São Paulo nunca teria vencido a Copa do Brasil se não fosse Dorival Júnior e a Argentina em hipótese alguma teria saído da fila caso Lionel Scaloni não estivesse no comando.

O Napoli conquistou o Scudetto em 2022-23 muito graças a Luciano Spalletti. O treinador teve competência em renovar a equipe com contratações jovens e certeiras. Não obstante, o técnico elaborou um estilo de jogo compatível com os jogadores que tinha à disposição com muita intensidade, ofensividade e futebol bonito.

O treinador, porém, enfrentou uma pressão imensa desde o início daquela temporada tendo o seu carro roubado pelos próprios torcedores revoltados com o desempenho da equipe em anos anteriores e ainda houve a perda de seus três capitães -Insigne, Mertens e Koulibaly. Mesmo o final feliz com a conquista do título não parece ter amenizado o estresse sofrido por Spalletti que deixou o cargo para descansar -e assumir a Seleção Italiana meses depois com a inesperada saída de Roberto Mancini da Azzurra.



Imagem extraída de www.facebook.com/SSCNapoli



A renúncia de Spalletti abalou o Napoli que faz uma campanha apenas regular na Serie A e ainda sofreu para chegar às oitavas-de-final da Champions League a despeito do grupo acessível -Real Madrid, Braga e Union Berlin. Os dirigentes do clube ainda erraram ao apostarem no treinador Rudi García que não conseguiu manter a competitividade dos Partenopei -o francês acabou sacado em novembro e substituído pelo velho conhecido Walter Mazzarri.

O Napoli, portanto, é mais uma prova cabal do quanto o treinador é parte importante do grupo por mais talentoso que seja o elenco. Mesmo com um time montado e com alguns craques à disposição, nenhum técnico conseguiu repetir pelo time partenopeo o mesmo desempenho de Spalletti. Foi quase como se a equipe tivesse perdido a sua pedra fundamental.

A temporada 2023-24 está apenas em sua metade e ainda há tempo hábil para o Napoli reagir. Há elenco e futebol para uma arrancada mas ela parece totalmente improvável sem Spalletti tamanho o abalo que o time sofreu após a saída do comandante.



Imagem extraída de www.facebook.com/SSCNapoli




domingo, 7 de janeiro de 2024

Queimada ou Handebol?

Na sua opinião, isto é um jogo de queimada ou de handebol?



Eu costumo tirar fotos dos eventos que eu participo por puro entretenimento. Alguns amigos até pedem para eu comparecer e fazer registros dos acontecimentos, algo que eu cumpro com muito prazer. Meu hábito de fotografar, porém, já levou o blogueiro a enfrentar diversas situações inusitadas como esta que eu conto no texto de hoje.

Fiquei circulado pelas quadras do CEPEUSP há algumas semanas atrás para fazer registro dos jogos do Interanos 2023 e também para conhecer novas pessoas. Foi quando avistei uma partida onde havia times divididos por coletes rosas e os participantes arremessavam a bola com as mãos.

Eu imaginei que fosse alguma partida de handebol e fui perguntar mais detalhes aos alunos quando fui informado que se tratava de um jogo de queimada, algo que não via há muito tempo atrás -desde a minha 4ª série para ser mais exato. Eu sequer me lembrava das regras -o objetivo é eliminar os jogadores do time adversário ("queimar") arremessando bolas contra eles.


 




Fui conferir outros jogos e voltei para aquela quadra algum tempo depois quando vi outros times -desta vez utilizando coletes azuis- e perguntei novamente se era uma partida de handebol. Fui informado de que se tratava de outro jogo de queimada. Fiquei assistido aos alunos e fiz alguns registros mas eu não conseguia enxergar alguma diferença entre as modalidades!

Eu só me lembrei de um detalhe fundamental hoje pela manhã quando acordei e tive a ideia de escrever este texto: na queimada, os jogadores não podem atravessar a metade da quadra, enquanto no handebol o trânsito dos participantes é livre! Bastava, portanto, ter observado a movimentação dos alunos! Pudera, o autor não presenciava uma partida da modalidade desde os seus tempos de 4ª série!

Passei novamente por aquela quadra quando havia outros times jogando e desta vez nem perguntei aos alunos se era uma partida de queimada ou de handebol -acho que eu iria irritar a organização se eu fizesse o questionamento pela terceira vez! Simplesmente tirei uma foto e pensei: "qualquer coisa, a Atlética coloca na legenda o que era aquele jogo"! 

Eu estava revendo as fotos que iria utilizar para ilustrar este texto mas não consegui confirmar se eu fotografei partidas de queimada ou de handebol. Se você reconheceu algum dos eventos, esteja a vontade para escrever nos comentários porque não consegui distinguir as duas modalidades! Ano que vem, se eu for ao Interanos novamente, não tenho dúvidas: vou filmar alguns lances para não me confundir novamente! 







sábado, 6 de janeiro de 2024

Bombeiro ou Solução?

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Ednaldo Rodrigues foi reconduzido ao cargo de presidente da CBF através de liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal. O ministro Gilmar Mendes justificou a decisão alegando que a Seleção Brasileira poderia ser prejudicada caso o afastamento do cartola fosse mantido. O mandatário, então, tratou de agir demitindo Fernando Diniz do Escrete Canarinho e declarando o interesse em Dorival Júnior, atualmente no São Paulo.

Dorival está em alta pelos títulos recentes que conquistou durante os últimos dois anos, a Libertadores em 2022 (pelo Flamengo) e a dobradinha na Copa do Brasil em 2022-2023 (pelo Rubro Negro e São Paulo, respectivamente). Ademais, o jornalista Cosme Rímoli afirma que isto seria uma manobra de Ednaldo para tentar se reaproximar dos dirigentes paulistas que têm feito oposição ao mandatário.

O treinador paulista demonstrou seus predicados durante seus trabalhos recentes ao "fazer o simples" e escalar os jogadores onde mais se sentem confortáveis em campo. Um ou outro improviso foi realizado como Everton Ribeiro mais centralizado e Alisson recuado como volante. Dorival, ademais, é conhecido por oferecer chances a garotos formados na base dos próprios clubes, algo que sempre foi sua marca registrada.

É necessário, porém, compreender o contexto do sucesso de Dorival no Flamengo e no São Paulo: em ambos ele recebeu elencos que estavam em pé de guerra com os seus respectivos treinadores (Paulo Sousa e Rogério Ceni) e os cartolas apostaram no perfil apaziguador do paulista para unir novamente os grupos.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



A Seleção Brasileira, no entanto, não está em crise devido a problemas no vestiário e sim porque o time não demonstra brio em campo. Ademais, não é do feitio de Dorival enfrentar as lideranças do elenco e, com isso, dificilmente teríamos uma necessária renovação no Escrete Canarinho. O treinador, cabe lembrar, desafiou Neymar em 2010 no Santos e pagou com seu emprego. Seria recomendado, portanto, um técnico mais rígido para chacoalhar a equipe neste momento.

Dorival, ademais, possui o perfil muito semelhante ao de Tite, a quem chamou de "melhor treinador do Brasil". Além de ser paternalista, o técnico paulista possui estratégias pouco arrojadas (embora eficientes), semelhante ao atual comandante do Flamengo. Talvez o excesso de ousadia de Diniz tenha pesado na escolha de Ednaldo.

Há, por fim, um grande empecilho: como Ednaldo foi reconduzido de maneira liminar, ainda há o risco do mandatário ser afastado novamente e Dorival poderia cair junto caso haja uma nova mudança na presidência da CBF. Jornalistas afirmam que o treinador está ciente da situação e se mostra cauteloso com o interesse do dirigente.

Dorival, portanto, viria à Seleção Brasileira para apagar o incêndio assim como fizera no São Paulo e no Flamengo. O treinador, porém, dificilmente apresentaria algo revolucionário para o Escrete Canarinho lutar pelo hexacampeonato e seria muito mais uma solução a curto prazo do que um projeto para 2026.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc




sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

O Novo Normal

Imagem extraída de twitter.com/FortalezaEC



O Fortaleza realizou uma grande campanha na Sulamericana em 2023 a despeito de não possuir o orçamento de um Palmeiras ou de um Flamengo. Infelizmente, um bom desempenho em mata-matas não possui valor prático a menos que o time conquiste o troféu. Pior: o Leão do Pici poupou seu elenco no Campeonato Brasileiro visando a copa e ficou sem rumo nos pontos corridos após ser eliminado, não tendo mais chances de classificação à Libertadores e ainda correndo risco matemático de rebaixamento. Casos semelhantes ocorreram também com o Corinthians e com o Internacional. Mesmo o São Paulo, que venceu a Copa do Brasil, também passou sufoco no restante da temporada em um contexto parecido.

O "novo normal" do calendário brasileiro existe desde 2017 quando as duas competições internacionais (Libertadores e Sulamericana) passaram a ser realizadas ao longo do ano (antes cada uma durava apenas um semestre), ao mesmo tempo que a Copa do Brasil foi expandida e times classificados à Glória Eterna também passaram a participar do torneio nacional.

Muitos dos clubes, porém, não parecem ter se adequado às mudanças no calendário e seguiram concentrando seus esforços nos mata-matas em detrimento ao Brasileirão. Alguns desses times até pagaram o preço por isto, como o Atlético Goianiense em 2022 que terminou rebaixado após apostar tudo na Sulamericana e na Copa do Brasil -chegou às semifinais em ambas.



Imagem extraída de twitter.com/FortalezaEC



Está mais do que na hora dos clubes se adequarem à sua nova realidade e se planejarem para disputar todas as competições do calendário. Poupar jogadores no Campeonato Brasileiro visando as copas era uma manobra viável até a década anterior mas hoje as chances de recuperação são muito menores com as mudanças no calendário. É necessário, portanto, dar ritmo aos reservas ao longo da temporada e até recorrer ao "rodízio" que os torcedores tanto detestam.

Os times também devem se lembrar que o luto da eliminação dura apenas uma semana mas uma campanha ruim no Brasileirão leva ao rebaixamento que demora pelo menos um ano inteiro para cicatrizar -isso se a equipe conseguir subir. É cultura do futebol brasileiro priorizar os mata-matas em detrimento aos pontos corridos mas o prejuízo gerado por um descenso é muito maior do que uma desclassificação.

Fortaleza, Corinthians e Inter realizaram campanhas valorosas em 2023 mas poucos irão reconhecer os esforços das equipes sem o troféu. Não obstante, as equipes passaram sufoco na reta final do Brasileirão por terem poupado jogadores e ainda viram seus esforços em vão sem os títulos.



Imagem extraída de twitter.com/FortalezaEC




quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Dá pra Sonhar com Guardiola?

Imagem extraída de www.facebook.com/mancity



Carlo Ancelotti renovou com o Real Madrid até 2026 frustrando os torcedores brasileiros e também o presidente afastado Ednaldo Rodrigues. O mandatário havia jurado de pés juntos que o italiano assumiria durante a metade de 2024 e que já estava tudo "apalavrado" após conversar com o treinador "olho no olho", embora jamais demonstrasse qualquer documento provando que o haveria o vínculo.

Resta à bagunçada CBF, que é dirigida interinamente pelo interventor José Perdiz, buscar por outro treinador para comandar a Seleção durante o atual quadriênio. Existe a possibilidade de Fernando Diniz permanecer após a queda de Ednaldo mas o desempenho ruim nos últimos jogos deve pesar contra o técnico mineiro.

Há, contudo, um outro nome tão vitorioso quando Ancelotti e que estará livre ao término da próxima temporada europeia: Josep Guardiola. O catalão, segundo alguns jornalistas, não pretende estender seu vínculo com o Manchester City após 2025 talvez visando novos desafios para sua carreira -possivelmente alguma seleção.

O lateral Daniel Alves declarou durante uma entrevista que um dos sonhos de Guardiola seria assumir a Seleção Brasileira algum dia. O baiano, que trabalhou com o catalão no Barcelona, afirmou que o técnico até cogitou dirigir o Escrete Canarinho após deixar a Catalunha em 2012 e que o treinador teria até mesmo elaborado um esquema de jogo adequado aos atletas da época.



Imagem extraída de www.facebook.com/mancity



Seria um sonho para o autor ver Guardiola na Seleção Brasileira afinal seu estilo leve encaixaria como uma luva com os jogadores daqui, o treinador é um fã confesso de nosso futebol e ele possui o "currículo vencedor" desejado pelos cartolas da CBF. Ademais, sua mentalidade de jogo é semelhante à de Fernando Diniz e a transição seria relativamente fácil.

Trazer o catalão, porém, não será uma tarefa fácil visto que dezenas de times irão atrás de Guardiola quando seu contrato com o City terminar. O treinador, ademais, é caro -a AFA realizou uma consulta para que Pep assumisse a Argentina em 2018 e se assustou com os valores. O treinador, por fim, é intransigente e não hesita em afastar atletas que não se enquadrem ao seu estilo, como ocorreu com Ronaldinho no Barcelona e com Schweinsteiger no Bayern. O técnico, portanto, não toleraria atos de indisciplina ou de insubordinação no elenco.

Guardiola só poderia vir ao Brasil em meados de julho de 2025 -lembrando que o City disputará o novo Mundial de Clubes- quando termina o seu contrato. Algum interino (talvez o próprio Diniz) teria de segurar a bronca até lá e a CBF precisaria elaborar um projeto rápido visto que haverá pouco tempo hábil para o catalão montar um time para 2026. Haverá, ainda, uma pressão enorme pelo título da próxima Copa visto que a Seleção está desacreditada e ainda há as incômodas comparações com a arquirrival Argentina que é a atual campeã.

Trazer Guardiola para o Brasil seria, portanto, um risco enorme visto que haveria pouco tempo hábil para se preparar o time para 2026, os custos seriam altos e a personalidade do treinador poderia gerar atritos no elenco. Mas valeria a aposta afinal o catalão possui tantos troféus quanto Ancelotti e Pep poderia ser a revolução que a Seleção tanto necessita para voltar a sonhar com títulos.



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quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Ainda Há Espaço para o Camisa 10?

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A última Copa do Mundo evidenciou uma tendência do futebol atual: muitos dos times não estão mais utilizando meias-armadores preferindo lançar mão de volantes capazes de atuarem mais adiantados (como Alexis Mac Allister e Nicolás de la Cruz) ou de atacantes que possam recuar para buscarem a bola (como Griezmann e Rodrygo).

Trata-se de um legado deixado pelos finados Rinus Michels e Johan Cruyff que apreciavam jogadores versáteis e capazes de desempenhar mais de uma função em campo. Mesmo os times mais físicos compreendem a importância de tal filosofia e passaram a buscar atletas com esse perfil.

O principal motivo para tal tendência é a preocupação com o preenchimento de espaços caso o time perca a bola. Muitos dos meias-armadores não recompõem bem enquanto os volantes e os "falsos noves" voltam com mais frequência para marcarem. Isto explica porque atletas como Ganso, Özil e Xavi perderam espaço no futebol atual.

A grande maioria das equipes, ademais, não constrói suas jogadas pelo centro preferindo se aproximar da área adversária pelos flancos, seja triangulando bolas pelos lados, seja avançando em velocidade pelos "corredores" para se infiltrar em diagonal. Desta forma, a escalação de meias-armadores deixou de ser essencial.  Mesmo o versátil Kevin de Bruyne fez uma Copa do Mundo fraca em 2022 e sua ausência no City não tem sido muito sentida.



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A mesma Copa de 2022, por outro lado, foi a consagração do jovem Jude Bellingham e também do veterano Luka Modrić que hoje, coincidentemente, são colegas no Real Madrid. Os dois meias, que também podem atuar recuados como segundos volantes, brilharam durante o último Mundial e demonstraram que o camisa 10 ainda pode fazer toda a diferença em campo, mas foram exceções honrosas em um campeonato onde os armadores fracassaram.

O meia-armador, porém, deixou de ser imprescindível com as mudanças do futebol durante as últimas décadas e, com o advento das jogadas pelos lados, a tendência é de que seja um tipo de jogador menos procurado durante as próximas janelas de transferências -no máximo, serviriam para compor elenco ou como opção no banco para surpreender rivais.

Resta aos meias tentarem se reinventar no futebol (como fez Toni Kroos) ou esperar que o esporte volte a oferecer espaço aos maestros, assim como aconteceu com os camisas 9. Ainda há alguns times que lançam mão dos armadores mas a atual tendência é de que eles não sejam muito acionados durante o presente contexto.



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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Richarlison e a Saúde Mental

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O atacante Richarlison parece estar recuperado das aflições que causaram sua queda de rendimento em 2023. O Pombo, após exibições ruins pela Seleção Brasileira, revelou estar passando por "problemas pessoais" e que iria buscar por ajuda psicológica durante a ocasião. O tratamento aparentemente surtiu efeito e o capixaba voltou a decidir pelo Tottenham.

Lembro que comentei em um vídeo no Youtube o quanto a psicologia ainda é subestimada no esporte e uma internauta me respondeu que "se fosse uma empresa, Richarlison já estaria na rua". O Tottenham e o treinador Ante Postecoglou, porém, não desistiram do jogador e fizeram o possível para recuperá-lo. E o atacante correspondeu à confiança com muitos gols no final de 2023 -foram cinco tentos anotados nos últimos cinco jogos.

 A insistência do Tottenham com Richarlison se deu por uma série de fatores. O primeiro, obviamente, foi o fator humano e o clube compreendeu que o atleta realmente necessitava de assistência psicológica durante aquele momento. O segundo foi o aspecto financeiro, afinal os Spurs desembolsaram 10 milhões de Libras para tirar o capixaba do Everton e não poderiam ver todo aquele investimento em vão. Por fim, o talento do Pombo é incontestável (ele já havia feito a diferença pelo Watford e também pelos Toffees) e os Lilywhites sabiam que valeria a pena tentar recuperar o futebolista.

O Tottenham, cabe lembrar, nunca foi conhecido por ser uma instituição preocupada com o fator humano de seu elenco. O ex-goleiro Gomes já declarou em entrevistas que seus colegas brasileiros e argentinos enfrentaram muitas dificuldades em se ambientarem no time branco de Londres. Os Spurs, recentemente, também não tiveram piedade em afastar o ídolo e capitão Hugo Lloris após queda de rendimento.



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O esporte é um meio extremamente competitivo e que demanda resultados a curto prazo, o que justifica muitas das medidas duras por parte de dirigentes e treinadores. O atleta, porém, nem sempre consegue lidar com tamanha pressão e acaba sucumbindo. O advento das redes sociais serviram para piorar o cenário visto que a cobrança de torcedores aos atletas quase sempre é exagerada e desmedida.

O descuido do futebol com o lado psicológico já fez algumas vítimas fatais, como foi o caso do alemão Robert Enke que se jogou na frente de um trem em 2009 e do uruguaio Morro García que se suicidou em 2020. Felizmente o esporte evoluiu e hoje as instituições têm se conscientizado de que zelar pela saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física. 

O Tottenham cometeu muitos erros durante as últimas décadas mas precisa ser exaltado por sua compreensão com Richarlison. Houve os interesses técnicos e financeiros na recuperação do jogador mas, acima de tudo, o clube realizou uma enorme demonstração de solidariedade e humanidade ao acreditar em seu atleta. E os Spurs não se arrependeram visto que o brasileiro correspondeu à confiança com muitos gols.



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segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Futuro Incerto

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Tenho ótimas recordações de minhas professoras de redação do Curso Anglo Osasco, Stela e Adriana, que influenciaram muito o meu estilo de escrever. Elas sempre diziam que eu jamais deveria utilizar os termos "eu acho" ou "na minha opinião" nos vestibulares que pediam "dissertações em prosa". Hoje, porém, peço licença às minhas mentoras porque "eu acho" que o novo Mundial de Clubes, que ocorrerá a partir de 2025, será um fracasso.

O novo Mundial de Clubes deverá ser disputado a cada quatro anos durante o período reservado originalmente à antiga Copa das Confederações, entre junho e julho. A competição terá a participação de 32 clubes sendo a maioria de times europeus -previsão de 12 equipes filiadas à UEFA.

Representantes dos clubes europeus, porém, vêm reclamando do calendário durante os últimos anos. A intensidade e as exigências físicas do futebol atual vêm desgastando demais os seus atletas que estão ainda mais propensos às lesões. Barcelona e Real Madrid são dois bons exemplos visto que seus respectivos elencos estão bastante desfalcados com muitos jogadores entregues ao departamento médico.

O novo Mundial, portanto, ocuparia um tempo precioso dos clubes que precisam oferecer férias a seus atletas visando sua recuperação após temporadas intensas. A nova competição significaria menos descanso para os jogadores e também poderia prejudicar o planejamento das equipes que teriam de remanejar suas pré-temporadas, que são extremamente importante para as instituições.



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O atual formato, que será mantido na Copa Intercontinental de frequência anual, é muito mais cômodo aos europeus que necessitam jogar apenas duas vezes e também é bem menos exigente sob o ponto de vista físico. A FIFA, porém, está se cansando da previsibilidade do Mundial. Ademais, a entidade deseja criar uma competição mais lucrativa.

Não será surpresa que haja protestos contra o Mundial por parte de clubes europeus devidamente endossados pela UEFA. A própria criação da competição, aliás, já havia gerado uma intensa discussão entre a federação europeia e a FIFA que, segundo alguns jornalistas, deseja "se apoderar" dos times do Velho Continente e lucrar ainda mais sobre eles.

Um eventual boicote ao Mundial por parte de europeus significaria a morte da competição visto que a FIFA destinou a maior parte das vagas ao Velho Continente visto que seus times possuem maior potencial de lucro e também para tentar aumentar o interesse de suas equipes no campeonato que é visto como "mera formalidade" por muitos deles.

Acredito, portanto, que o novo Mundial de Clubes será um fiasco. Sem os clubes europeus, a competição não gerará lucros e não terá motivos para ser disputada. Que minhas professoras de redação me perdoem, mas "eu acho" as mudanças no campeonato propostas pela FIFA irão fadar o torneio ao fracasso. 



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