domingo, 28 de fevereiro de 2021

Conversando com o Ídolo

O jornalista André Rocha é uma de minhas influências
no blog (reprodução twitter.com/anunesrocha)



Você já teve a oportunidade de falar com alguém que você admira? Eu já tive a chance de conversar com uma dessas pessoas durante a última semana através de uma transmissão ao vivo no Youtube. E a pessoa em questão é o jornalista esportivo André Rocha.

Comecei a acompanhar André Rocha em 2012 durante a Eurocopa daquele ano. O jornalista assinava um blog no site Globoesporte. O colunista realizava análises táticas de partidas e utilizava uma ferramenta que eu considerava fascinante, o Tactical Pad. Fiquei tão encantado que eu passei a emular algumas das ideias do comunicador aqui no Farma Football. Arrumei a minha própria prancheta gratuita, o This 11, e passei a realizar minhas próprias análises por influência do articulista.

O jornalista, posteriormente, migrou para a ESPN onde também escrevia textos esporádicos com ênfase na análise tática. Não tinha acesso ao canal e não pude acompanhá-lo durante as transmissões, mas tive o prazer de continuar lendo suas coluna no site da emissora.

André, atualmente, está no portal UOL onde assina mais um blog com ênfase na análise tática. O articulista, para a minha tristeza, utiliza o Tactical Pad com menos frequência, mas o conteúdo continua o mesmo: crítico mas sem ser parcial ou maldoso.



Passei a realizar análises táticas no blog por
influência de André Rocha (imagem obtida via this11.com)



André, recentemente, decidiu gerar conteúdos também para o Youtube, possivelmente por influência de colegas que vêm fazendo sucesso na plataforma, algo que já comentei aqui no blog. Seu canal já existia há alguns anos, mas o jornalista passou a investir efetivamente nos vídeos durante as últimas semanas.

Durante a última quinta-feira, eu estava acompanhando a última rodada do Brasileirão 2020 pela internet quando vi um tweet do André informando que ele realizaria uma transmissão ao vivo em seu canal após o término das partidas. Eu, obviamente, fui acompanhar para prestigiar o comunicador e também para conversar com o meu ídolo.

Não havia, para a minha sorte, muitas pessoas participando da transmissão. Pude conversar um pouco com o jornalista e expressar as minhas considerações sobre o Campeonato Brasileiro. E ele concordou com muitas de minhas opiniões! Fiquei até emocionado! Coisa de fã...

Eu, obviamente, não concordo com todas as opiniões de André, assim como ele discordou de algumas poucas observações minhas durante a transmissão. Podemos admirar as pessoas mas não podemos ser alienados a pondo de perdermos a nossa individualidade e a nossa personalidade apenas para agradarmos aos outros, mesmo que sejam nossos ídolos. Ademais, a discordância e o questionamento são fundamentais para que continuemos evoluindo como sociedade. E eu sempre estimulo as pessoas a pensarem e a questionarem.

Foi emocionante conversar com André Rocha, um dos jornalistas que influenciou meu estilo e também o formato do meu blog! Me senti como um discípulo conversando com seu mestre! E me senti ainda mais respaldado a seguir com os textos!



Imagem extraída de www.facebook.com/andrerochafutebol



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sábado, 27 de fevereiro de 2021

Rumo a Gdańsk

Imagem extraída www.facebook.com/EuropaLeague



Foi realizado ontem o sorteio que definiu os confrontos válidos pelas oitavas-de-final da Europa League. As partidas serão realizadas nos dias 11 e 18 de março, durantes as mesmas semanas em que haverá os confrontos da Champions League.

Tivemos muitas surpresas durante a etapa anterior como a queda do Leicester City diante do Slavia Praha, a eliminação do Napoli diante do Granada e o hecatombe alemão, com os dois representantes do país (Bayer Leverkusen e Hoffenhein) caindo fora.

As oitavas-de-final nos reservaram alguns confrontos interessantes e o blog Farma Football, como é tradição, analisará as partidas e dará palpites.



Imagem extraída www.facebook.com/EuropaLeague



AJAX (Holanda) X YOUNG BOYS (Suíça): ambos os times chegam com moral, afinal o Young Boys eliminou o Leverkusen (que possui mais elenco e recursos que os suíços) enquanto o Ajax superou o forte Lille em duelo parelho. Os holandeses são favoritos pela tradição e pela qualidade do time, mas a equipe de Berna já demonstrou que não vem a passeio.

Jogo de Ida: Johan Cruyff Arena, Holanda

Jogo de Volta: Wankdorf Stadium, Suíça

Palpite: Ajax



Imagem extraída www.facebook.com/EuropaLeague



DINAMO KYIV (Ucrânia) X VILLARREAL (Espanha): há alguns anos atrás, o Dinamo seria franco favorito visto que os clubes ucranianos contavam com elencos milionários, mas o Villarreal hoje possui um time melhor e com mais opções que a equipe do Leste Europeu.

Jogo de Ida: NSC Olimpiyskiy (Ucrânia)

Jogo de Volta: Estadio de la Ceramica (Espanha)

Palpite: Villarreal



Imagem extraída www.facebook.com/EuropaLeague



ROMA (Itália) X SHAKHTAR DONETSK (Ucrânia): a crise na Criméia afetou o Shakhtar e o clube ucraniano perdeu muito do seu poderio. Melhor para a Roma que conta com um elenco teoricamente superior e, portanto, tem mais chances de avançar.

Jogo de Ida: Stadio Olimpico (Itália)

Jogo de Volta: NSC Olimpiyskiy (Ucrânia)

Palpite: Roma



Imagem extraída www.facebook.com/EuropaLeague



OLYMPIACOS (Grécia) X ARSENAL (Inglaterra): estes prometem ser dois jogos de ataque (Arsenal) contra defesa (Olympiacos). Os ingleses contam com um leve favoritismo, mas a equipe grega conta com um elenco interessante e deve dar muito trabalho.

Jogo de Ida: Karaiskakis Stadium (Grécia)

Jogo de Volta: Emirates Stadium (Inglaterra)

Palpite: Arsenal



Imagem extraída www.facebook.com/EuropaLeague



DINAMO ZAGREB (Croácia) X TOTTENHAM (Inglaterra): a jornada dos esforçados croatas deverá se encerrar diante do fortíssimo Tottenham, que possui mais elenco e um treinador (Mourinho) que sabe jogar com o regulamento.

Jogo de Ida: Stadiom Maksimir (Croácia)

Jogo de Volta: Tottenham Hotspur Stadium (Inglaterra)

Palpite: Tottenham



Imagem extraída www.facebook.com/EuropaLeague



MANCHESTER UNITED (Inglaterra) X MILAN (Itália): este jogo será a principal atração das oitavas, afinal são dois times muito tradicionais, mas que vêm amargando campanhas medianas e atualmente buscam se reerguer na Europa League. O duelo será muito disputado dada a força dos elencos e o peso das camisas, mas o momento do Milan é um pouco melhor que do Manchester.

Jogo de Ida: Old Trafford (Inglaterra)

Jogo de Volta: San Siro (Itália)

Palpite: Milan



Imagem extraída www.facebook.com/EuropaLeague



SLAVIA PRAHA (República Checa) X RANGERS (Escócia): confronto entre duas surpresas da temporada, afinal os checos eliminaram o forte Leicester City na fase anterior enquanto os escoceses gozam de um excelente momento após passarem anos em divisões inferiores. O Rangers, em boa fase, tem um leve favoritismo.

Jogo de Ida: Sinobo Stadium (República Checa)

Jogo de Volta: Ibrox Stadium (Escócia)

Palpite: Rangers



Imagem extraída www.facebook.com/EuropaLeague



GRANADA (Espanha) X MOLDE (Dinamarca): dois times que chegam com moral às oitavas, afinal ambos superaram rivais teoricamente mais fortes, com o Granada mandando o Napoli pelos ares e o Molde superando o Hoffenhein. Os espanhóis, com um elenco melhor, têm o favoritismo, mas os dinamarqueses não podem ser subestimados após esta demonstração de força.

Jogo de Ida: Nuevo Estadio de Los Cármenes (Espanha)

Jogo de Volta: Aker Stadiom (Dinamarca)

Palpite: Granada




sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

O Título que Ninguém Queria

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Parabéns, antes de mais nada, ao Flamengo e aos flamenguistas pela conquista do oitavo título no Campeonato Brasileiro. O troféu, aliás, veio em uma rodada que foi a imagem desta competição, com os dois candidatos ao caneco, Fla e Inter, sofrendo até os últimos minutos de suas respectivas partidas. Nem parecia que precisavam vencer para obter o desejado prêmio.

O Flamengo dependia apenas de si para ficar com o título, mas não demonstrou competência ou força mental para superar o ferrolho do São Paulo. Os Rubro-Negros se mostravam tensos, desesperados, precipitados enquanto o Tricolor negava espaços e parecia controlar a partida. A imagem dos flamenguistas esperando ansiosos pelo desfecho do jogo do Internacional foi bizarra.

O Internacional não aproveitou o vacilo do Flamengo e perdeu o título por pura incompetência em atacar. Era óbvio que Vagner Mancini iria armar um ferrolho para segurar os Colorados. O próprio Abel Braga já havia revelado o seu "ponto fraco" em entrevistas: "o problema é quando você tem a bola". E assim o Timão segurou os gaúchos no Beira Rio. Houve ainda a polêmica dos gols anulados mas os mandantes poderiam ter feito mais em campo.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Nenhum time do Brasileirão, aliás, merecia o troféu. Flamengo, Internacional, Atlético Mineiro, São Paulo, ... Nenhum deles demonstrou futebol ou atitude necessários para serem campeões, apenas brilhos fugazes que serviram para iludir o torcedor durante algumas rodadas.

Podemos creditar a irregularidade dos times a muitos fatores: o cansaço pela temporada extensa, a falta de torcida nos estádios, a pressão desnecessária criada pelos próprios clubes, salários atrasados, ... Todos argumentos válidos, mas as instituições, por mais endividadas que estejam, têm condições para blindar o elenco, oferecer suporte psicológico ou mesmo tentar motivar o grupo com os chamados "bichos". É obrigação de qualquer entidade buscar soluções criativas para resolver os problemas.

O desfecho do Brasileirão 2020 foi totalmente condizente com o desenrolar do campeonato. Nunca se viu uma competição tão atípica e com tantas reviravoltas como esta. Tanto que o torneio que se chama "Campeonato Brasileiro 2020" terminou em 2021.

O Brasileirão 2020, aliás, pode não ter se encerrado ontem: há a polêmica partida entre Vasco e Internacional -aquela em que o VAR não ofereceu uma resposta conclusiva pela câmera estar mal posicionada. A queixa dos Cruz-Maltinos está sendo apreciada pelo STJD e existe a possibilidade do jogo ser impugnado.

Seria um desfecho apropriado para um Brasileirão "maluco".



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



CENI

Rogério Ceni teve méritos na conquista mas o ex-goleiro ainda se mostra muito inexperiente para comandar uma equipe com a grandeza do Flamengo. O paranaense tomou muitas decisões contestáveis como insistir em dois zagueiros (Gustavo Henrique e Léo Pereira) em péssima fase, peitar o atacante Gabigol desnecessariamente ou se preocupar apenas com o ataque. O treinador é talentoso e tem potencial para evoluir, mas ainda não o vejo totalmente preparado para voos mais altos.



ABEL

Outrora "ultrapassado", Abel Braga termina o Brasileirão em alta mesmo sem o título. O experiente treinador, que se mostrava fora da realidade (provavelmente ainda abalado pela perda do filho), deu a volta por cima e mostrou que ainda tem lenha para queimar. O carioca deixa o Beira Rio fortalecido e com a certeza que ele não tardará a encontrar outro clube. Mas seus times precisam aprender a jogar com a bola urgentemente, afinal futebol não é só se defender.



ESTADUAIS

Os times que disputaram a Série A entrarão em campo já no próximo domingo para a disputa dos inúteis estaduais. Os clubes deveriam conceder férias aos seus jogadores e disputar os campeonatos regionais apenas com reservas ou times Sub-20, mas preferem ser cúmplices na manutenção destas competições que atrasam o nosso futebol.




quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Seis Coisas que Aprendi Torcendo para o Arsenal

Imagem extraída de www.facebook.com/Arsenal



Quem lê meu blog desde os princípios lá em 2013 sabe que tenho simpatia pelo Arsenal. Me interessei pelo time em 2011 (ironicamente após os Gunners serem eliminados pelo Barcelona na Champions League daquele ano) e passei a acompanhar a rotina do clube através das redes sociais. E, claro, me encantei com o futebol praticado pelos londrinos, com muita posse de bola e trabalho coletivo.

Não acompanhei, infelizmente, a era de ouro do Arsenal que ocorreu justamente durante a década anterior. Perdi a consagração dos Invincibles (a equipe que conquistou a Premier League em 2004 sem sofrer uma derrota) e o vice-campeonato da Champions em 2006, quando os ingleses foram derrotados pelo Barcelona em uma partida com uma arbitragem bastante controversa.

Muito da minha personalidade aqui no blog foi moldada pelos anos acompanhando o Arsenal. Gosto de muitos times e torço para eles pelos mais variados motivos, mas foi com os Gunners que eu obtive as lições mais valiosas no futebol. E aplico quase todas elas em meu texto.



A conquista da Premier League sem derrotas foi o maior feito na
história do Arsenal (imagem extraída de www.facebook.com/Arsenal)



1- FASES BOAS VÊM E VÃO: o Arsenal foi considerado um time de excelência durante a primeira metade da década de 2000 pelos seus feitos. Aquela boa fase, porém, foi embora durante a segunda metade e o time não apenas deixou de ganhar títulos como também passou a ter metas bem mais modestas durante as temporadas seguintes: garantir vaga na Champions para valorizar jogadores e depois negociá-los. Tudo para manter as contas em ordem e também por um motivo a ser explicado no tópico a seguir. O bom momento das equipes não é eterno mas muitos parecem não ter consciência disto e agem com uma prepotência repugnante, exatamente como alguns torcedores e dirigentes fazem por aqui só porque ganharam uma Libertadores ou Mundial de Clubes.



A construção do Emirates Stadium demandou muitos recursos
do Arsenal (imagem extraída de www.facebook.com/Arsenal)



2-GRANDES INVESTIMENTOS, GRANDES RESPONSABILIDADES: uma das maiores conquistas do Arsenal foi trocar o velho Highbury pelo moderníssimo Emirates Stadium. A mudança, porém, obrigou que recursos financeiros do clube, incluindo o futebol, fossem realocados para o pagamento da arena, mesmo com a venda dos naming rights para a empresa de aviação Emirates. Bem diferente de dirigentes daqui que comprometem todo o orçamento do clube para trazerem medalhões com o mero propósito de esnobar rivais. E ainda há torcedores alienados que acham o máximo.



O fato de Henry ter se transferido para o Barcelona não diminuiu sua
idolatria em Londres (imagem extraída de www.facebook.com/Arsenal)



3- ÍDOLOS TAMBÉM SÃO PROFISSIONAIS: Van Persie, Fàbregas, Vermaelen, ... O torcedor se cansou de ver ídolos e capitães irem embora para rivais mais endinheirados. A própria necessidade do Arsenal em fazer caixa obrigou a instituição a negociar seus grandes jogadores. O caso mais icônico foi de Thierry Henry, maior ídolo da história do clube, que acertou com o Barcelona em 2007. A idolatria pelo francês, porém, permaneceu entre os fãs. A maior prova disto? O atacante recebeu uma estátua bem em frente ao Emirates Stadium em 2011, quatro anos após deixar a entidade. Atletas criam identificação com os times, mas também são profissionais e precisam progredir na carreira.



O torcedor precisou esperar nove anos para rever cenas
como esta (imagem extraída de www.facebook.com/Arsenal)



5- TÍTULOS NÃO SÃO TUDO: o Arsenal, durante este período de austeridade, precisou abrir mão até mesmo do futebol e, com isso, os títulos minguaram. O torcedor foi obrigado a tolerar um jejum de quase dez anos (de 2005 a 2014) sem conquistar um troféu. Ademais, os Gunners jamais conquistaram uma Champions League ou uma Europa League. Isto, porém, jamais diminuiu a grandeza do clube.



Arsène Wenger dirigiu o Arsenal entre 1996 e 2018
(imagem extraída de www.facebook.com/Arsenal)



6- ESTABILIDADE É IMPORTANTE, MAS NEM TANTO: a maioria dos treinadores daqui certamente tem inveja de Arsène Wenger, um dos técnicos mais longevos na história do futebol, tendo comandado o Arsenal durante 22 anos/temporadas. Números impressionantes até mesmo na Inglaterra. É fato que a estabilidade foi necessária para que o francês tivesse sucesso à frente dos Gunners, mas também é fato que o comandante já se mostrava obsoleto e acomodado durante alguns momentos em seus últimos anos de banco.



Imagem extraída de www.facebook.com/Arsenal




quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

O Clube Doente

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Talvez vocês não acreditem, mas li comentários em redes sociais deixados por torcedores inocentando o demitido Fernando Diniz pela má fase do São Paulo. Quase um mês após a queda do treinador, há fãs questionando se a culpa era mesmo do comandante. Não obstante, alguns parecem tomar o partido do técnico e insultam os jogadores com os termos "perninhas" e "mascaradinhos", exatamente os que o mineiro utilizou para repreender Tchê Tchê durante aquele jogo contra o Red Bull Bragantino. E tudo isto bem antes da partida conta o Botafogo, realizada durante a última segunda-feira.

Não faz muito tempo quando que criminosos atentaram contra um ônibus do São Paulo. A perícia comprovou que os artefatos encontrados com os meliantes poderiam até matar, ou seja, Diniz ou algum jogador do clube poderia até perder a vida durante o incidente. Comentários de supostos torcedores exaltavam a atitude dos vândalos, mas agora estão saindo em defesa do treinador.

As atitudes de torcedores em redes sociais são reflexos do que acontece na instituição São Paulo Futebol Clube, e vice-versa. O que se vê é um clube doente, enfermo, fora de si. Toda a entidade parece estar contaminada, desde os torcedores, passando pelos jogadores e chegando até os dirigentes.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



O clube, durante anos, negou a realidade de que estava parando no tempo e ficando ultrapassado. Ergueu um muro de soberba e arrogância acreditando que o peso da camisa e das conquistas passadas seriam suficientes para fazer os adversário tremerem, mas quem passou a tremer foram os próprios jogadores do São Paulo, cada vez mais inseguros, tensos e abatidos.

O choque de realidade parece ter levado a um delírio coletivo no Tricolor. Nada mais parece ser realizado com racionalidade ou senso crítico. Torcedores cada vez mais irascíveis, jogadores cada vez mais amedrontados e dirigentes que parecem negar os fatos. Pouquíssimos parecem demonstrar algum esclarecimento na instituição.

O São Paulo, como eu sempre escrevo, já foi um clube modelo, exemplar, inovador, diferenciado. A arrogância de seus integrantes, contudo, fez a instituição parar no tempo. E o orgulho faz com que neguem a realidade e pareçam viver em um eterno delírio.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc




terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Hora de Dizer Tchau

Imagem extraída de www.facebook.com/cff.hns



A Croácia e o Chile jamais haviam sido considerados favoritos em competições. Ambas as seleções, no entanto, surgiram com ótimas gerações que não apenas reuniam grandes craques mas também que funcionavam coletivamente. E, claro, obtiveram ótimos desempenhos em campeonatos. São times que não dependem em demasia de individualidades e que demonstravam muito trabalho em equipe.

A atual geração chilena começou a ser montada durante o ciclo de 2010 pelo treinador Marcelo El Loco Bielsa. Sánchez, Jara, Bravo, Vidal, Isla e tantos outros estiveram na África do Sul há onze anos atrás onde, a despeito da juventude do grupo, deixaram uma boa impressão e já demonstravam o estilo que consagraria a equipe. A Roja ganhou maturidade no ciclo seguinte sob o comando de Claudio Bichi Borghi e chagaria ao ápice com Jorge Sampaoli e, posteriormente, com Pizzi com o bicampeonato da Copa América em 2015 e 2016.

A Croácia, por sua vez, começou a ser montada por Slaven Bilić para o mesmo mundial de 2010 mas os enxadrezados não conseguiram se classificar para aquela copa. A geração formada por Modrić, Raktić, Perišić, Mandžukić, Lovren e outros foi ganhando maturidade ao longo dos ciclos de 2014 e 2018 a despeito das constantes mudanças de treinadores. E chegaria a seu apogeu na Rússia ao conquistar o vice-campeonato.



Imagem extraída de www.facebook.com/SeleccionChilena



Sabe-se, porém, que o tempo passa, os jogadores envelhecem, as jogadas se tornam manjadas e as equipes precisam de sangue novo. Mas sempre é muito difícil reconhecer quando o ciclo de grandes gerações está no final, sobretudo quando trouxeram grandes alegrias para seu torcedor.

A Croácia e o Chile ainda mantém suas respectivas bases, mas precisam compreender que a era de seus craques está chegando ao final e que é necessário renovar a base. Modrić, por exemplo, já está com 35 anos (fará 36 em setembro), enquanto Vidal vive o seu auge aos 33 (completará 34 em maio).

Os indícios de que as equipes clamam por renovação estão aparecendo neste ciclo. O Chile obteve apenas um quarto lugar na última Copa América, faz uma campanha modesta nas Eliminatórias e já houve troca no comando (saiu Reinaldo Rueda e entrou Martín Lasarte). A Croácia, por sua vez, seria rebaixada na Liga das Nações 2019 mas escapou por mudanças no regulamento e, por pouco, não enfrenta outro descenso na edição seguinte.



Imagem extraída de www.facebook.com/cff.hns



A renovação, porém, não pode ser feita de forma abrupta e sem critério. Seria um grande desrespeito e uma grande ingratidão com jogadores que deram tanta alegria a seu torcedor e, principalmente, foram responsáveis por colocar suas respectivas seleções no mapa do futebol. Ademais, as equipes ainda necessitam dos veteranos em campo para transmitirem experiência aos jovens e liderar o grupo dentro das quatro linhas.

A transição de gerações deve ser realizada lentamente, tirando aos poucos o espaço dos veteranos e colocando os jovens para atuar. Algumas partidas serão perdidas no processo mas é comum haver alguma instabilidade no início. Ademais, alguns poucos destes medalhões deverão estar presentes nas próximas competições oficiais para ajudar os novatos em campo e ensiná-los a lidar com tamanha responsabilidade que é representar um país. Ou seja: Modrić, Vidal, Perišić, Sánchez e outros ainda podem jogar a Copa 2022 caso seus times se classifiquem, mas precisam ter ciência de que suas funções em campo serão bem diferentes da que estão acostumados.

Croácia e Chile nos brindaram com grandes gerações, que jogam um futebol bonito, ofensivo e agradável de se assistir. Mas o tempo destes jogadores está chegando ao final e os times precisam de sangue novo em algum momento.



Imagem extraída de www.facebook.com/SeleccionChilena

 


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Plot Twist

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



O Campeonato Brasileiro de 2020 deveria entrar para a história devido ao alto número de reviravoltas. Poderia até render um romance tamanha a quantidade de fatos bizarros ocorridos ao longo do desenrolar da competição: o atraso em virtude da pandemia, as lambanças envolvendo o VAR e, principalmente, as constantes mudanças na parte de cima da tabela.

Tudo começa com o Flamengo, atual campeão brasileiro e franco favorito ao título. Pouco antes da competição se iniciar, o treinador Jorge Jesus deixa o clube para acertar com o Benfica e Dome desembarca na Gávea para substituí-lo. O catalão, apesar do desempenho, recebe a antipatia da torcida devido à irregularidade da equipe e aos seus métodos pouco ortodoxos. Chega, então, Rogério Ceni. O Mengo é eliminado de todas as competições, despenca na tabela e vê o título mais longe.

O Atlético Mineiro, que já havia demitido Rafael Dudamel e contratado Jorge Sampaoli, começa a competição empolgando com um futebol intenso e vibrante. Mas o Galo tropeça e a perda de pontos começa a pesar no desempenho. O treinador argentino externa seu descontentamento com o elenco, pede mais reforços e expõe os salários atrasados do grupo. A bronca do comandante, porém, não diminui a irregularidade do time e os mineiros terminam o ano longe do troféu.

Surge o Internacional de Eduardo Coudet. A equipe curta e de mais suor do que talento chega à liderança aos trancos e barrancos e se mantem viva nos mata-matas. O argentino, porém, aceita uma proposta do Celta de Vigo e deixa o Colorado. Abel Braga assume, o desempenho da equipe despenca, ocorre a eliminação da Copa do Brasil, há a queda na Libertadores e os dirigentes gaúchos encaminham acerto com o treinador Miguel Ángel Ramírez.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Surge o São Paulo. O criticado Fernando Diniz consegue acertar o time após as eliminações da Libertadores e da Sulamericana. A equipe consegue grandes resultados, joga um futebol empolgante e demonstra a importância da longevidade dos treinadores. Mas o mineiro perde a mão do elenco ao insultar seus próprios jogadores e a equipe começa a capengar. O técnico é demitido e o Tricolor fica fora da briga pelos títulos.

O Inter reassume a liderança. Abel Braga, que era visto como "ultrapassado", faz o grupo reagir com um futebol mais baseado na eficiência do que talento ou técnica. O Colorado vê o título cada vez mais perto... Até que Rodinei é expulso após pisar no calcanhar de Filipe Luís. Os gaúchos perdem a liderança na penúltima rodada e agora dependem de sorte para ficar com o troféu.

O Flamengo, que já havia jogado a toalha na disputa pelo título, assume a liderança. Rogério Ceni, que estava prestes a ser demitido, e seus jogadores, que já eram pesadamente contestados; agora estão empolgados e com uma mão no troféu. É fato que a vitória sobre o Inter foi muito mais por sorte -a expulsão de Rodinei- do que pelo futebol praticado, mas isto não tira os méritos do Rubro-Negro.

Resta apenas uma rodada, a ser realizada na próxima quinta-feira. O Flamengo depende apenas de si para ficar com o troféu, mas eu não cravo nenhum resultado. O bizarro Campeonato Brasileiro de 2020 demonstrou que nada é impossível no futebol. Não será surpresa se alguma outra reviravolta ocorrer até lá, sobretudo após todos os fatos aqui apresentados.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial




domingo, 21 de fevereiro de 2021

Meu Primeiro Jogo no Bar

Vista do bairro Perdizes, onde fica a cervejaria Santa Fé



Quem não gosta de encontrar os amigos? Não importa a ocasião. Pode ser um motivo especial como um casamento ou algo menos relevante como um jogo de Copa do Mundo. Não há nada melhor do que a gente ficar junto de quem a gente gosta, algo que valorizamos ainda mais no atual cenário de quarentena.

Era 2010, ano de Copa do Mundo. Alguns dias após o início da competição, meus amigos da faculdade me enviaram um convite para assistir à estreia da Seleção Brasileira em um bar. Eu fazia pós-graduação no Instituto de Ciências Biomédicas enquanto meus colegas haviam optado pela indústria farmacêutica. A empresa onde eles trabalhavam os dispensaria mais cedo em virtude do jogo e eles decidiram ver a partida na cervejaria Santa Fé, localizada no bairro Perdizes, Zona Oeste de São Paulo.

Fiquei bastante empolgado com o convite, não apenas pelos meus amigos mas também pela localização do bar. Eu tenho um amor muito grande por aquela região da cidade. Muitos momentos especiais da minha vida aconteceram no bairro das Perdizes.

Saí mais cedo do trabalho e fui até a Avenida Pompéia de carona com o técnico do laboratório. Andar por lá de motocicleta, aliás, é uma emoção à parte! A rua possui muitas ladeiras íngremes e você fica com a sensação que irá cair da garupa a qualquer momento! Mas a viagem transcorreu sem percalços.






Fui um dos primeiros a chegar. Assistimos ao jogo e eu paguei um mico por não saber assoprar uma vuvuzela -levei uns dez minutos para aprender a tocar aquele negócio. O Brasil ganhou sobre a apenas esforçada seleção da Coréia do Norte mas era nítido que os jogadores estavam bastante nervosos a despeito da experiência do elenco. Alheios a isto, passamos a tarde no bar comemorando a vitória.

O jogo acabou ficando em segundo plano para mim. Nunca havia assistido a um jogo em um bar. Foi uma experiência única para mim, diferente. Gostei tanto que quis fazer mais programas semelhantes. Durante a mesma Copa do Mundo, acabei vendo mais partidas com amigos porém com outras turmas.

A diversão não terminou depois que saímos do bar. Fomos para a casa de um amigo que morava na região e ficamos um bom tempo jogando Street Fighter IV por lá -quem sabe eu não faça uma resenha sobre isso um dia na Farmácia dos Games. Confesso que nem lembro direito o que aconteceu durante aquela noite. Eu não bebi tanto a despeito de ter ido à cervejaria e eu não faço como voltei para casa naquele dia.

A única lembrança que tenho é de que foi uma tarde inesquecível em muitos sentidos. Nunca imaginei que seria tão divertido assistir a um jogo no bar. Nem preciso dizer que estou ansioso pelo fim da quarentena para poder repetir a experiência algum dia!







sábado, 20 de fevereiro de 2021

Que se Danem os Estaduais

Imagem extraída de www.facebook.com/futebolpaulista



Vanderlei Luxemburgo conquistou o Paulistão de 2020 com o Palmeiras o que encerrou um jejum de doze anos do Verdão na competição. O último título no estadual, por coincidência, também foi obtido sob a direção de Luxa. O troféu, porém, não serviu para segurar o emprego do treinador carioca que foi demitido sem piedade em outubro.

Fábio Carille realizou a façanha de conquistar três Paulistões consecutivos pelo Corinthians -2017, 2018 e 2019. Os três troféus, porém, não serviram como escudo para o treinador paranaense que acabou dispensado em 2019 após uma série de resultados ruins.

Os próprios clubes, como demonstrado nos dois parágrafos acima, não dão mais importância ao Campeonato Paulista. E isto não acontece apenas em São Paulo. O Flamengo disputou o último Carioca com um time reserva enquanto os titulares eram poupados para a Libertadores e Brasileirão. O Athletico há anos faz o mesmo disputando o Paranaense com time sub-20.

Os campeonatos estaduais hoje não têm mais a mesma relevância do passado, são mantidos apenas para enriquecer federações regionais e emissoras de televisão. Estas competições têm sido muito mais um prejuízo do que lucro aos clubes visto que desgastam os jogadores e ainda ocupam um tempo precioso da temporada.



Imagem extraída de www.facebook.com/futebolpaulista



A situação em 2021 será ainda mais complicada. Devido à pandemia, jogos referentes à temporada anterior foram alocados para este ano. E as federações estaduais agendaram o início de suas competições para o final de fevereiro -o Mineiro e o Paulista, por exemplo, já terão rodada no dia 28 deste mês, quatro dias após o término do Brasileirão de 2020. Não haverá, portanto, férias aos jogadores.

Os clubes deveriam dar aos estaduais o que realmente merecem: desprezo. Deveriam boicotar a competição ou disputá-la com o time sub-20, uma vez que não haverá a Copinha neste ano. Os titulares, desta forma, teriam férias, poderiam realizar uma pré-temporada decente (algo que não temos no Brasil) e se prepararem para os campeonatos realmente importantes, que são Brasileirão, Libertadores, Sulamericana e Copa do Brasil.

Os clubes, porém, se submetem. Aceitam desgastar seus jogadores e depois reclamam que a temporada é muito extensa ou que os atletas se lesionam demais. E a situação será ainda mais difícil em 2021 visto que haverá ainda menos datas livres para descanso.

Azar do nosso futebol e dos nossos jogadores.



Imagem extraída de www.facebook.com/futebolpaulista




sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Ensino Fundamental

Thierry Henry fracassou em sua primeira tentativa como técnico
(imagem extraída de www.facebook.com/asmonaco.portuguese)



Eu costumava emular muitas ideias do articulista e ex-jogador Paulo César Caju. Uma delas mencionava a experiência de um treinador como atleta. Segundo o ex-meia, um bom técnico também precisa ser um bom futebolista, afinal apenas assim o comandante teria o que ensinar a um comandado: passe, drible, finalização, marcação, ...

Caju também era bastante crítico com treinadores que tinham pouca ou nenhuma experiência em campo, a quem chamava ironicamente de "professores". O ex-meia chegou a culpar técnicos com tal perfil pelo baixo nível do jogo praticado no Brasil, sobretudo quando comparado à Europa atual ou à era de ouro de nosso futebol -de 1958 até 1970.

Há uma certa razão nas palavras de Caju, afinal muitos dos grandes treinadores foram grandes jogadores no passado. Zagallo, Jupp Heynckes, Didier Deschamps, Johan Cruyff, Guardiola, Zidane, Beckenbauer, ... Exemplos não faltam de técnicos com este perfil. Por outro lado, há comandantes com pouca ou nenhuma experiência em campo e, mesmo assim, eles são referências no banco de reservas, como Arrigo Sacchi, Loco Bielsa e Jorge Sampaoli.

Há, por fim, treinadores que foram grandes jogadores no passado mas que não conseguiram se firmar no banco de reservas. O ex-atacante Thierry Henry e o ex-meia Paulo Roberto Falcão foram dois craques com a bola nos pés mas não repetiram o sucesso com a prancheta.



Falcão não repetiu no banco de reservas o sucesso que teve como
jogador (imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional)



Thierry Henry começou como auxiliar de Roberto Martínez na seleção belga mas aceitou um convite para dirigir o Monaco, time que o revelou para o futebol, e renovar a equipe em 2018. O francês até indicou seu ex-colega de Arsenal, Cesc Fàbregas, para ajudar no processo, mas o reencontro do ex-atacante com o clube monegasco não foi muito feliz com a equipe apresentando um rendimento pífio e o técnico sendo demitido já em janeiro de 2019.

Falcão dirigiu vários times, incluindo o Internacional (clube onde foi revelado e consagrado) e a Seleção Brasileira. O roteiro do Rei de Roma no banco de reservas, contudo, acabou sendo o mesmo em todas as equipes que comandou: futebol empolgante no começo, bons resultados iniciais, queda acentuada de rendimento a longo prazo e demissão.

Falcão e Henry, segundo jornalistas, apresentaram os mesmos problemas no banco de reservas: ambos eram jogadores muito excepcionais em campo e ambos exigiam que seus comandados demonstrassem o mesmo nível de excelência nos gramados, algo muito difícil de ser obtido por "atletas comuns". A subsequente queda de rendimento se deveu justamente ao descontentamento do elenco com a metodologia dos treinadores.



Imagem extraída de www.facebook.com/ThierryHenry



Praticar e ensinar são duas coisas bastante diferentes. Nem todo bom aluno será um bom professor, assim como nem todo mestre foi um bom discípulo. Isto explica porque nem todo craque com a bola nos pés consegue repetir com a prancheta o sucesso apresentado nos gramados.

Gostaria de compartilhar uma pequena experiência pessoal neste sentido: eu era um aluno apenas razoável na faculdade mas meus professores elogiaram bastante os métodos de ensino que eu desenvolvi durante meus anos de pós-graduação. E olha que eu nunca enxergava em mim este potencial visto que eu sempre fui muito impaciente e prepotente, sobretudo para explicar algo a alguém!

Caju não estava errado quando disse que a experiência em campo é importante para que o treinador tenha bagagem para ensinar, mas isto não é uma regra. Há muitos grandes técnicos que não foram grandes jogadores, e vice-versa.



Imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional




quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Gostaria de Não Ter Razão

O Botafogo acabou rebaixado com quatro rodadas de
antecedência (imagem extraída de www.facebook.com/Botafogo)



Há muitos meses atrás, mais precisamente no início do Campeonato Brasileiro 2020, eu escrevi um texto mencionando os ousadíssimos projetos do Botafogo e do Atlético Mineiro. Os clubes, mesmo bastante endividados e até apresentando problemas de atrasos nos salários dos jogadores, decidiram apostar alto em objetivos bastante ambiciosos mas viram a temporada terminar de forma melancólica.

O caso mais grave foi o do Botafogo. A instituição estava contando com o sucesso do projeto clube-empresa em 2020 que há anos esteve só na promessa. Tanto que trouxe dois jogadores caríssimos, o meia japonês Keisuke Honda e o atacante marfinense Salomon Kalou.

O projeto contaria com a colaboração e o apoio financeiro de torcedores ilustres, incluindo os banqueiros Moreira Salles e o influenciador Felipe Neto. Houve até a nomeação de um diretor-executivo para conduzir o andamento do que seria a salvação do Botafogo.

O projeto, porém, desandou mais uma vez após desentendimentos entre os dirigentes botafoguenses e os investidores. Felipe Neto, inclusive, expôs boa parte dos motivos de discórdia entre os envolvidos. No dia seguinte ao ocorrido, o presidente do clube sentenciou que "o Botafogo estava falido".

O time pouco pôde ajudar para melhorar a situação. As constantes mudanças de treinador, os salários atrasados e a falta de opções do elenco eram indícios de a luta do Fogão seria muito mais contra o rebaixamento do que pelos títulos. Honda e Kalou, já em final de carreira, pouco contribuíram em campo e já estão de saída do clube -o japonês já foi embora enquanto o marfinense deve acertar uma rescisão ao término da temporada.



Mesmo o treinador Jorge Sampaoli e seu elenco milionário não foram suficientes
para levar o Galo até os troféus (imagem extraída de www.facebook.com/atletico)



O Atlético Mineiro também apostou alto demais em metas ambiciosas. Trouxe o treinador venezuelano Rafael Dudamel e diversos reforços a pedido do comandante. Técnico e jogadores, porém, passaram a se desentender nos vestiários segundo jornalistas, o que teria levado à eliminação do Galo na Copa do Brasil, à queda na na Sulamericana e à consequente demissão do estrangeiro.

Dirigentes atleticanos, dispostos a conquistar o Brasileirão a todo custo, contrataram o treinador Jorge Sampaoli oferecendo a quantia que o Palmeiras não quis pagar ao argentino. Outros vários jogadores -praticamente um time inteiro- foram contratado a pedido do técnico.

O começo foi empolgante com o Galo exibindo um futebol vistoso, vibrante e intenso. Com o tempo, porém, o jogo de Sampaoli foi se tornando previsível aos adversários, os resultados minguaram e o treinador passou a externar seu descontentamento. O argentino pedia ainda mais reforços e chegou a expor os salários atrasados do elenco durante entrevistas. Jornalistas explicaram que os parceiros do Atlético bancavam apenas as contratações mas não os vencimentos dos atletas o que teria levado a tal situação.

O Galo termina a temporada fora da disputa do título mas ainda acreditava no treinador. Tanto que mais reforços milionários -o atacante Hulk e o meia Nacho Fernández- foram contratados. Sampaoli, porém, recebeu uma proposta do Olympique de Marseille e a tendência é de saída após o último jogo do Brasileirão.



Imagem extraída de www.facebook.com/Botafogo



A maioria das pessoas se sente orgulhosa em ter razão de algo, independente do assunto ou da situação. Eu, porém, gostaria muito de ter mordido a língua pelo que escrevi no post de agosto de 2020. Adoraria que os ambiciosos projetos de Fogão e Galo fossem chamados de "ousadia" e não de "irresponsabilidade".

Estava bastante claro que os dois alvinegros estavam dando um passo maior do que as pernas ao apostarem o que não tinham em projetos tão audaciosos. Havia a certeza de que os objetivos dos dois clubes seriam alcançados e, com isso, eventuais dívidas poderiam ser sanadas.

Pior para o Botafogo que terá de passar 2021 na Série B e as perspectivas não são boas visto que a situação do Fogão está tão ruim quanto a do Cruzeiro, que sequer conseguiu o acesso durante a última temporada. Utilizando-se a Raposa como exemplo, as previsões em General Severiano são de pessimismo.

O Atlético poderá, ao menos, sonhar com o bicampeonato da Libertadores. O elenco é forte, robusto e o treinador (que não se sabe se será Sampaoli, Cuca, Renato Gaúcho ou outro) terá em mãos ótimo grupo para buscar os troféus em 2021. A questão dos salários atrasados, porém, precisa ser resolvido a todo custo. A equipe precisa estar motivada e concentrada em todos os sentidos se o clube realmente quiser os títulos.

Botafogo e Atlético Mineiro foram duas demonstrações de que o limiar entre ousadia e irresponsabilidade é muito tênue. É preciso ser arrojado para se ter sucesso, mas também é preciso manter os pés no chão antes de se investir tão alto em algo que não oferece certeza de retorno.

E eu gostaria de estar errado em tudo o que escrevi neste texto e também no de agosto de 2020.



Imagem extraída de www.facebook.com/atletico




quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Fora da Realidade

Imagem extraída de www.facebook.com/leomessi



Muito do que escrevi a respeito do futebol brasileiro durante os últimos anos também serve para o Barcelona, afinal o clube catalão há anos tem vivido muito mais de sua passado do que seu presente e parece não ter acompanhado as transformações do esporte ao longo da última década. A goleada sofrida diante do emergente Paris Saint-Germain foi mais uma evidência disto.

O Barcelona não parece ter aprendido com as últimas eliminações e continua repetindo os mesmos truques dos tempos de Guardiola a despeito do Tiki-Taka não ter mais a mesma eficácia do passado e do elenco não contar mais com Xavi, Iniesta, Puyol e outros. A equipe blaugrana atuou com uma lentidão e uma mentalidade incompatíveis com a importância do jogo

O Paris Saint-Germain, agora comandado por Mauricio Pochettino, demonstrou em campo toda a diferença de uma equipe atualizada contra um adversário que parece ter parado no tempo. O time parisiense avançava ou recompunha em bloco, oferecia poucos espaços e jogava em alta intensidade durante todos os noventa minutos. Só pecou na truculência e a arbitragem quase sabotou o jogo dos franceses com algumas marcações no mínimo duvidosas, incluindo o pênalti a favor do Barcelona.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



O Barcelona ainda tem chances de reação, sobretudo no atual cenário em que não haverá torcida para pressionar o time catalão mas as próprias atitudes do treinador Ronald Koeman, durante e após o jogo, deixaram evidente que o time praticamente jogou a toalha.

O clube catalão passa por um período de reformulação motivado pela crise durante a temporada passada. Toda a instituição foi afetada, desde os jogadores, passando pela comissão técnica e chegando aos dirigentes. Era esperado um período de instabilidade diante de mudanças tão grandes.

Era esperado, contudo, que o time encontrasse algum rumo a esta altura do campeonato. Que fossem observadas mudanças com relação às temporadas anteriores. E, novamente, se vê uma equipe sucumbir diante de rivais que tiveram o mérito de não apenas jogar melhor como também compreender as transformações que o futebol sofreu ao longo da década. Jogadores que, mais uma vez, se mostravam sem confiança para chutar no gol, ineficazes diante da imposição física dos adversários e dependente em demasia de Lionel Messi.

Esta goleada sofrida demonstra, mais uma vez, que o Barcelona está parando no tempo. Que os rivais não temem mais o time catalão. Que o clube não aprende com os erros recentes e continua dando voltas em círculos. E que a reformulação precisa ser ainda mais profunda.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague




terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Paralelos

Imagem extraída de www.facebook.com/Inter



O colunista José Luiz Portella escreveu em 2015 no jornal Lance um ótimo texto a respeito da colonização espanhola na América do Sul. Segundo o autor, os índios querandís que habitavam a atual Argentina e os charrúas que viviam no atual Uruguai eram povos ferozes e que não se renderam aos europeus sem lutar. Esta característica guerreira, ainda segundo o articulista, foi herdada pela população dos mencionados países e isto também se refletiu nos gramados.

Jogadores argentinos eram sempre lembrados pela sua raça e valentia em campo. Muitos deles sabiam compensar a ausência de técnica ou talento com determinação dentro das quatro linhas -alguns até demais, apelando para as faltas duras, a catimba e a deslealdade.

Os tempos, contudo, mudaram e a atual geração de futebolistas argentinos é exaltada pelo talento, pela técnica e pela elegância em campo. Mas perdeu-se no processo a raça e a determinação que motivava os jogadores mesmo durante os momentos mais adversos. Messi, por acaso, é o maior exemplo desta mudança: o Pulga é sempre lembrado pela habilidade excepcional com a bola mas nunca pela atitude nos gramados, tanto que ele é sempre visto cabisbaixo e abatido durante as derrotas -apenas nos últimos anos o atacante mostrou suas garras e passou a ser mais duro com as palavras.

Nunca esqueci um comentário de Juampi Sorín durante a Copa 2014 em que o ex-lateral exaltava o volante Mascherano, um dos poucos (se não o único) que ainda demonstrava aquela mentalidade guerreira em campo pela Albiceleste. Eu mesmo cheguei a mencionar o quanto jogadores como o Jefe fazem falta na Seleção Argentina e no Barcelona.



Imagem extraída de www.facebook.com/HernanCrespoPage



Hernán Crespo fez parte desta última geração de futebolistas argentinos "guerreiros". Ele foi contemporâneo de Simeone, Verón, Pochettino e tantos outros que lutavam pela bola como se fosse um prato de comida. E eles jamais se deixavam abater em campo mesmo diante de uma derrota ou da superioridade de um rival.

É cedo ainda para se comparar Crespo com seus contemporâneos mas o ex-atacante já demonstrou que carrega alguns traços daquela mentalidade com seu modesto Defensa Y Justicia superando o Lanús que possuía, teoricamente, um elenco e um estilo de jogo muito superiores. Não foi muito diferente de Simeone que tirou o Atlético de Madrid da coadjuvância e colocou os Colchoneros para brigarem pelo título da Champions League contra os rivais milionários. Ou Pochettino que reergueu o Tottenham a despeito dos poucos investimentos de seu proprietário, Daniel Levy.

O cenário que Crespo encontra no São Paulo não é muito diferente do que se vê na atual Seleção Argentina: jogadores de talento mas que de deixam abater facilmente diante de adversidades. Atitude, força mental e ambição são qualidades que sempre sobraram na geração de Valdanito mas que têm faltado tanto no Tricolor quanto na Albiceleste.

A esperança de dirigentes e torcedores são-paulinos é de que Crespo traga aquele espírito guerreiro tão exaltado durante as décadas anteriores mas que tem faltado em muitos times da geração atual. Acabar com a apatia e o abatimento em campo.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



A VOLTA DA CHAMPIONS

Terão início hoje as oitavas-de-final da Champions League. Quatro jogos serão realizados nesta semana (dois na terça e dois na quarta) e outras quatro partidas ocorrerão durante próxima semana, todas a partir das 17h (horário de Brasília) nos canais TNT. Os meus palpites para os duelos estão neste post. Que vençam os melhores!