sexta-feira, 30 de junho de 2023

Prêmio de Consolação?

Imagem extraída de www.facebook.com/copasudamericana



O brasileiro sempre tratou com ojeriza a Copa Sulamericana apesar do torneio oferecer um troféu e uma boa premiação em dinheiro. A competição nada mais era que um "prêmio de consolação" destinado às equipes que não se classificaram à Libertadores. O campeonato apenas passou a ser um pouco mais valorizado com a possibilidade de seu vencedor disputar a Liberta na temporada seguinte, de maneira semelhante ao que ocorre na Europa League. Mesmo com as mudanças, o Brasil raramente demonstra algum apreço à Sula.

É fato que a Sula possui um nível técnico muito inferior ao da Libertadores, o que é agravado pelo excesso de vagas a serem distribuídas a poucos países na América do Sul. A premiação em dinheiro (US$ 10 milhões contra US$ 29 milhões) e a visibilidade, da mesma forma, são menores em relação à competição principal da CONMEBOL.

É fato, contudo, que a competição também valoriza o elenco tanto quanto a Libertadores e oferece um troféu para que o torcedor tenha motivo para comemorar. Tanto que os dois últimos vencedores (Athletico Paranaense e Independiente del Valle) obtiveram muitos lucros com o campeonato que ainda é tratado por muitos apenas como um "prêmio de consolação".



Imagem extraída de www.facebook.com/copasudamericana



Há quem enxergue a Sulamericana como uma competição muito pequena para equipes do porte de Corinthians ou São Paulo mas estes clubes atravessam graves crises econômicas e o lucro gerado pelo torneio seria um alento, mesmo que inferior ao de uma Libertadores. Não obstante, um troféu na competição ajudaria a melhorar o clima no vestiário, tranquilizaria o torcedor e até poderia mudar para melhor a situação política dos dirigentes.

A Sulamericana agora é uma competição bem mais acessível que a Copa do Brasil, cujo nível técnico tornou-se muito elevado com a participação de equipes que disputam a Libertadores. Não obstante, a Sula oferece a mesma desejada vaga na Liberta do ano seguinte em caso de título, o que compensaria o esforço.

A Copa Sulamericana não possui o mesmo glamour da Libertadores mas ainda seria um ótimo antídoto para a crise de nossos clubes em quase todos os sentidos. Seria muito interessante, portanto, que o torcedor deixasse o preconceito de lado e valorizasse mais a Sula. Um troféu internacional possui a capacidade de sarar muitas feridas em um time. Vide o caso do Sevilla na última Europa League.



Imagem extraída de www.facebook.com/copasudamericana




quarta-feira, 28 de junho de 2023

Futuro em Cheque

Giovani foi negociado com o Al Sadd do Catar por 9 milhões
de Euros (imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras).



Palmeiras e Corinthians, por motivos distintos, optaram por negociar suas promessas. O Verdão acertou a venda de 50% dos direitos econômicos de Giovani com o Al Sadd do Catar por 9 milhões de Euros. O Timão, pelo mesmo valor, também negociou 50% dos direitos de Pedro com o Zenit da Rússia e a promessa de apenas 17 anos deve partir para o Leste Europeu assim que completar 18.

O Coringão optou por ceder sua promessa devido às enormes dívidas que assolam o clube e também para evitar que ocorram atrasos nos pagamentos, o que tornaria o clima ainda mais tenso no vestiário. Já o Porco negociou Giovani porque o Palmeiras havia instituído uma meta de vendas de atletas para 2023 e o valor oferecido pelos catarianos agradou seus dirigentes.

Eu, contudo, discordei da atitude dos clubes visto que tanto Giovani quanto Pedro são jogadores de potencial que poderiam se valorizar ainda mais se permanecessem no Brasil. Os 9 milhões de Euros acabaram sendo um valor "baixo" a meu ver. Não obstante, ambos foram negociados com ligas de menos visibilidade (lembrando que a Rússia está suspensa das competições internacionais) e, portanto, há risco da dupla "desaparecer".

O Palmeiras, verdade seja dita, não precisa negociar suas promessas visto que já lucrou com as vendas de Endrick e Danilo, além de ter apresentado superávit em seus últimos balanços financeiros. O blog Trivela, porém, apurou que o Verdão optou por ceder o Giovani para atender aos anseios do treinador Abel Ferreira e evitar a perda de algum titular, algo que discordo veementemente visto que a equipe alviverde está se tornando previsível pelos rivais (as duas derrotas consecutivas no Brasileirão foram indício disto) e necessita de uma renovação no elenco.



 
Pedro foi vendido pelo Corinthians ao Zenit da Rússia também por 9
milhões de Euros (reprodução www.instagram.com/pedrinho.06_).



O Corinthians também precisaria rejuvenescer seu elenco visto que os seus envelhecidos jogadores já não conseguem entregar a intensidade exigida pelo futebol atual. A necessidade por resultados a curto prazo, porém, obriga o Timão a ceder suas promessas para contratar o talento pronto -Matías Rojas já está a caminho do Parque São Jorge e há mais reforços no radar do clube. O medo do rebaixamento e as eleições no final de 2023 obrigaram os dirigentes a tomar tais atitudes, como mencionou o jornalista Cosme Rímoli.

Os dois clubes, na prática, estão fazendo dinheiro com os garotos para bancar os adultos, como escreveu o Trivela. Tanto Giovani quanto Pedro poderiam ser lapidados e valorizados para serem negociados por valores mais elevados no futuro. Ademais, ambos poderiam ser a renovação que os dos times paulistas tanto necessitam neste momento.

O futebol brasileiro, porém, sempre clama por resultados imediatos. Poucos treinadores bancam os garotos porque necessitam das vitórias para manterem seus empregos. Os dirigentes também sabem que os torcedores adoram contratações e, por isso, muitos deles preferem anunciar reforços a incentivar o uso dos atletas formados no próprio clube.

As vendas de Giovani e Pedro foram o retrato do futebol brasileiro: abre-se mão do futuro em nome dos resultados a curto prazo. É uma enorme contradição haver times necessitando de renovação e ceder garotos que poderiam ser a mudança necessária.



Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras




domingo, 25 de junho de 2023

Aviso




Devido a uma viagem do autor, o blog ficará sem atualização durante alguns dias.

Um abraço e peço desculpas pela ausência.




sábado, 24 de junho de 2023

Thiago Silva: Herói ou Vilão

Imagem extraída de www.facebook.com/ChelseaFC



Thiago Silva foi considerado um dos melhores zagueiros do mundo durante a década anterior mas a imagem que o jogador deixou aqui no Brasil não foi das melhores: o defensor foi visto chorando antes das penalidades contra o Chile na Copa de 2014, foi suspenso no jogo contra a Alemanha (quando sua ausência foi bastante sentida) após tomar um cartão amarelo evitável e cometeu um pênalti bobo na Copa América 2015 contra o Paraguai que permitiu o empate da Albirroja. Todas atitudes inadequadas para o capitão e líder de uma seleção.

O zagueiro, porém, permaneceu com a imagem intacta na Europa com boas atuações no Paris Saint-Germain. Quando sua carreira parecia acabada após a dispensa do clube francês, Thiago foi recebido de braços abertos no Chelsea onde rapidamente se firmou e faturou a Champions League em 2021. Não obstante, o defensor virou ídolo da torcida, é o vice-capitão dos Blues e seu contrato foi renovado até o final da temporada 2023-24 apesar dos 38 anos de idade.

Thiago, graças às suas boas atuações na Europa, continuou tendo vaga cativa na Seleção Brasileira apesar da desconfiança do torcedor -incluindo o blogueiro que vos escreve- e não decepcionou apesar da idade. O zagueiro fez boas exibições nos Mundiais de 2018 e, principalmente, no de 2022, cometendo pouquíssimos erros e demonstrando muita segurança na defesa.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChelseaFC



Thiago, se não fosse pelas boas exibições nas duas últimas Copas, seria mais um jogador que brilha apenas em clubes. Conseguiu dar uma resposta tardia nos dois últimos quadriênios mas não o suficiente para fazer as pazes com o torcedor brasileiro, algo possível apenas com a conquista do hexacampeonato. Se tivesse obtido o caneco, certamente seria perdoado pelo papelão de 2014.

O zagueiro não terá a sua desejada redenção na Seleção Brasileira. Prestes a completar 39 anos, Thiago não deve mais ter espaço no Escrete Canarinho, que se movimenta para renovar o elenco. Talvez seja convocado para algum amistoso para se despedir mas sua missão pela equipe nacional já está cumprida -e, infelizmente, sem o desejado troféu.

Thiago Silva nunca foi um "vilão" mas não estava pronto ser o capitão na Copa de 2014 apesar de estar com 29 anos na época. A braçadeira acabou sendo um fardo muito pesado mesmo para um jogador vivido e acostumado aos grandes jogos. Talvez fosse melhor delegar a função para Júlio César ou Maicon que já haviam levado "porrada" em 2010 e, portanto, teriam mais casca para lidar com tamanha responsabilidade. 



Imagem extraída de www.facebook.com/ChelseaFC




sexta-feira, 23 de junho de 2023

Justifica?

Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc



Entendo o lado do torcedor que se desloca para ver jogo, paga ingresso caro e consome produtos licenciados (que também custam os olhos na cara) para apoiar o time do coração. Reconheço que é frustrante ver a equipe perder em casa para um grande rival e virar alvo de chacota por isto. Mas absolutamente nada justifica colocar em risco a vida de outras pessoas como alguns fãs fizeram após a derrota do Santos para o Corinthians em plena Vila Belmiro.

O Santos há anos vem capengando e flertando muito mais com o rebaixamento do que brigando por títulos. Reflexo das péssimas administrações que endividaram o clube, fizeram contratações ruins, demitiram vários treinadores como bodes expiatórios e levaram o Peixe à situação atual. Reconheço que é revoltante ver um time da grandeza do Alvinegro tendo seu nome jogado na lama.

O péssimo momento do time, contudo, não justifica colocar a vida de outras pessoas em risco. Não obstante, os criminosos só estão piorando ainda mais a situação do clube com sua barbárie: o Santos será punido e os jogadores terão argumentos para rescindir contrato ou mesmo processar a instituição. E, cabe mencionar, raramente as equipes reagem de maneira positiva após sofrerem ameaças -muitas vezes os atletas acabam errando ainda mais em campo devido à tensão criada.



Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc



As soluções para a violência nos estádios são aquelas que os jornalistas cansam de escrever em suas colunas: gestões mais profissionais no futebol e penas mais rigorosas para os torcedores que cometerem crimes. Ambas, porém, dificilmente acontecerão visto que a imensa maioria dos cartolas não deseja perder seus privilégios nos clubes e as leis no Brasil ainda são brandas neste sentido. Não obstante, há dirigentes que são coniventes com fãs violentos em troca de apoio político.

Resta torcer para que as punições aplicadas ao clube e torcedores sejam exemplares para desestimular novos atos violentos. E também para que os dirigentes santistas se conscientizem de que precisam mudar o modelo de gestão o quanto antes visto que atribuir a culpa apenas aos treinadores não tem mais surtido efeito.

Futebol é esporte, é competição, é respeito mútuo. Para nós torcedores deveria ser apenas entretenimento, e não um fanatismo cego para ser levado a ferro e fogo. É revoltante o momento que o Santos atravessa mas isto não justifica a prática de crime algum, sobretudo o de colocar a vida de outras pessoas em risco.



Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc




quinta-feira, 22 de junho de 2023

A África Pede Passagem

Imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON



Muitos afirmaram que o Brasil passou "vergonha" ao perder os amistosos contra o Marrocos (realizado em março) e contra o Senegal (ocorrido na última terça-feira), algo que eu discordo veementemente. É fato que as duas seleções não possuem os títulos ou a tradição do Escrete Canarinho no futebol, mas os africanos são ótimas equipes e, principalmente, apresentaram desempenhos bastante consistentes durante os últimos meses.

Comecemos pelo Senegal que é o atual campeão africano -faturou seu primeiro título na competição em fevereiro de 2022- e conta com uma excelente geração de atletas incluindo Edou Mendy, Koulibaly, Gana, Kouyaté e Mané. Não conseguiu ir longe na Copa do Mundo muito pelo desfalque de seu camisa 10 mas os Leões de Teranga foram uma equipe competitiva e, com um pouco mais de sorte, poderiam até chegar às quartas-de-final.

O Marrocos dispensa grandes apresentações. Os Leões do Atlas fizeram uma campanha irrepreensível no último Mundial -terminaram na quarta colocação- e, assim como o Senegal, contam com uma grande geração de jogadores incluindo Bono, Hakimi, Saïss, Ziyech, Boufal e En-Nesyri. Tomaram uma atitude arriscada ao trocarem de treinador (saiu Vahid Halilhodžić e assumiu Walid Regragui) três meses antes da Copa mas a decisão se mostrou acertada.



Imagem extraída de www.facebook.com/ENMAROCofficiel



As seleções africanas evoluíram bastante durante o último quadriênio, o que foi ajudado pela boa safra de jogadores que representa o continente como Mo Salah, Mahrez, Zambo-Anguissa, Osimhen e os já mencionados marroquinos e senegaleses. A última Copa Africana de Nações refletiu isto com partidas bastante disputadas e de bom nível técnico.

Esses times ainda não conseguem lutar efetivamente pelos troféus fora de seu continente mas deixaram evidente que conseguem ser competitivos. Mesmo equipes que caíram na primeira fase da Copa do Mundo, como a Tunísia e o Camarões, deram bastante trabalho e obtiveram vitórias históricas sobre os reservas da França e do Brasil, respectivamente.

Não se pode subestimar nenhum adversário e os africanos estão deixando de serem coadjuvantes para disputar espaço com europeus e sul-americanos. As vitórias que o Marrocos e o Senegal obtiveram sobre um Brasil ainda em reconstrução ratificam este bom momento do continente.

Muitos comunicadores reclamavam da ausência de adversários "de nível" para o Brasil em amistosos. Pois aí estão. Os dois Leões estão com fome de vitórias e vão em busca de presas cada vez mais apetitosas. E começaram com o pé direito neste quadriênio ao devorarem o Canarinho.



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quarta-feira, 21 de junho de 2023

Vale Mesmo a Pena Esperar?

Imagem extraída de www.facebook.com/RealMadrid



Diversos jornalistas deram como "certa" a vinda de Carlo Ancelotti para o Brasil na metade de 2024 quando termina o seu contrato com o Real Madrid. Nada foi assinado mas comunicadores afirmam que o italiano está "apalavrado" com a CBF. O impasse agora seria a respeito de quem comandaria a Seleção Brasileira até a vinda do treinador -se Ramon Menezes segue até lá ou se algum auxiliar do técnico assumiria interinamente.

A notícia deixou o torcedor brasileiro em êxtase. Tanto que já há internautas falando a respeito do italiano com um fanatismo cego, como se Ancelotti fosse algum messias que conduzirá a Seleção Brasileira ao hexacampeonato.

Nenhum contrato foi assinado entre as partes até porque Ancelotti sempre deixou evidente que irá comandar o Real Madrid até junho de 2024, quando seu vínculo se encerra. Alguns jornalistas e internautas já questionaram se o italiano realmente irá cumprir a sua palavra visto que o time merengue está reformulando o elenco com a vinda de muitos reforços e, caso a equipe faça uma grande temporada (leia-se: "conquistar a Champions novamente"), é bastante provável que o treinador receba uma oferta de renovação.

A maioria dos treinadores, como lembraram alguns internautas, prefere dirigir um grande time europeu em detrimento a seleções. Diego Simeone e Mauricio Pochettino, por exemplo, foram convidados a assumir a Seleção Argentina mas ambos recusaram a proposta. Ou Julen Lopetegui que não hesitou em assinar com o Real Madrid em 2018 a despeito de estar comandando a Seleção Espanhola durante a ocasião.



Imagem extraída de www.facebook.com/RealMadrid



O fato é que não ainda há nada certo entre Ancelotti e a CBF. Talvez seja alguma estratégia para criar uma comoção entre os torcedores brasileiros e fazê-los "floodar" as redes sociais do treinador para convencê-lo a vir para o Brasil. Ou então, não passe de alguma manobra para ganhar tempo (algo que nossos cartolas costumam fazer durante crises), o que não aparenta muito provável visto que o presidente Ednaldo Rodrigues trata o italiano abertamente como prioridade.

A Seleção Brasileira dificilmente ficará fora da Copa 2026 visto que o número de vagas destinadas a sul-americanos aumentou de cinco para sete (sendo uma via repescagem) e, por enquanto, há poucas equipes capazes de fazer frente com o Brasil. Seria, portanto, viável seguir com Ramon ou algum outro interino até 2024 quando Ancelotti estaria livre para assinar.

Ficou evidente, contudo, que não há garantia de que Ancelotti virá para o Brasil no próximo ano. Existe a possibilidade do treinador renovar com o Real Madrid em caso de uma boa campanha ou mesmo que ele opte por alguma outra proposta mais vantajosa. E o ansioso torcedor brasileiro pode quebrar a cara após um ano de espera.

A CBF, portanto, deveria deixar algum "plano B" engatilhado. Ancelotti é um dos melhores treinadores do mundo mas ele sempre deixou claro que está feliz em Madri e há muitos outros bons técnicos estrangeiros que se encaixariam perfeitamente com nosso estilo de jogo. Eu já sugeri Zidane e Joachim Löw em outros posts. E ainda há Luis Enrique, Muñeco Gallardo e Jorge Jesus livres no mercado, todos comandantes vitoriosos.



Imagem extraída de www.facebook.com/RealMadrid




terça-feira, 20 de junho de 2023

A Liga Deu Liga?

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2024



Chegou ao fim a terceira edição da Nations League, o campeonato de pontos corridos elaborado pela UEFA e realizado em "datas-FIFA" que, originalmente, seriam destinadas a amistosos. O saldo da competição parece ter sido positivo visto que os torcedores gostaram, o faturamento do torneio foi bom e os times valorizaram o troféu. 

O fato da competição ser realizada em datas destinadas a amistosos, porém, trouxe algumas consequências negativas, em especial para os jogadores que têm mais um campeonato a disputar no já apertado calendário europeu. Com as exigências físicas do futebol atual, um torneio a mais significa mais desgaste e mais chances de lesões para os atletas.

Alguns treinadores de clubes, compreendendo tais riscos, chegaram a proferir críticas à Nations League. Os técnicos sabem que o comportamento em campeonatos é diferente de partidas amistosas. Quando há um troféu em disputa, os jogadores irão se dedicar ao máximo mesmo que isto signifique colocar sua saúde em risco.



Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2024




A ausência de amistosos, ademais, limita as escolhas para os treinadores das seleções. Em partidas onde não há nada em disputa, os técnicos podem realizar testes tranquilamente sem que suas equipes ou seus cargos estejam em risco. Quando há um título jogo ou possibilidade de rebaixamento, porém, os comandantes raramente podem se dar ao luxo de poupar atletas ou de experimentar jogadores novos.

A edição 2022-23, por fim, teve jogos que ocorreram às vésperas da Copa do Mundo, o que fez com que muitas das seleções poupassem seus jogadores para priorizar o Mundial. Isto, em parte, justificou a ausência de algumas equipes de peso nesta fase final -a Inglaterra, inclusive, foi rebaixada porque estava concentrada na competição que seria realizada no final de 2022. Uma falta de planejamento da UEFA que fez com que seu campeonato fosse desvalorizado.

A Nations League foi um torneio interessante de se acompanhar e também mais uma fonte de renda para a UEFA. Mas seu formato ainda requer mais alguns ajustes visto que o excesso de jogos na temporada somado às exigências físicas das partidas significam mais desgastes para os jogadores. Isso sem mencionar que a ausência de amistosos dificulta a renovação das seleções, que acabam se apegando aos times prontos porque temem a perda do troféu ou um rebaixamento.



Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2024




domingo, 18 de junho de 2023

Aposta Certeira

Com dois pênaltis defendidos, Unai Simón foi o herói
da noite (imagem extraída de twitter.com/SEFutbol).



Luis Enrique não comanda mais a Seleção Espanhola mas o treinador deve estar sorrindo de orelha a orelha, afinal foi ele quem colocou Unai Simón para ser titular da Furia e também bancou o arqueiro apesar de sua insegurança sob as balizas. O sucessor, Luis de la Fuente, manteve o goleiro no onze inicial apesar das críticas e não se arrependeu: o camisa 23 garantiu mais um título para a Roja ao defender dois pênaltis.

Zlatko Dalić manteve o 4-3-3/4-1-4-1 da partida anterior com Erlić no lugar de Vida. De la Fuente, por sua vez, mudou a escalação para 4-2-3-1 com Ruiz no lugar de Merino e Asensio na vaga de Rodrigo Moreno -possivelmente para tirar os espaços do forte meio-de-campo rival.

O primeiro tempo foi bastante equilibrado com as duas equipes com propostas semelhantes de valorizar a posse da bola e utilizar linhas altas para impedir o rival de sair jogando. A Croácia atacou um pouco mais no primeiro tempo pelos lados enquanto a Espanha buscou o contra-golpe com jogadores adiantados. 



Croácia, em 4-1-4-1, ataca principalmente pelos lados mas
carece de um finalizador. Espanha, em 4-2-3-1, tenta induzir
os erros do adversário com linhas altas (obtido via this11.com).



De la Fuente consegue desequilibrar o jogo colocando Merino e Ansu Fati nas vagas de Ruiz e Yeremy Pino. Com isso, a Espanha consegue criar muitas chances pelo lado esquerdo e a Furia só não consegue abrir o placar -inclusive com o gol vazio- por pura ansiedade ou pelo cacoete de manter a posse da bola.

Croácia passa a maior parte do tempo encurralada e segue na tentativa de contra-atacar pelos lados. Dalić até troca Kramarić por Petković para melhorar as finalizações da Hrvatska mas o goleiro Unai Simón faz grandes defesas no segundo tempo.

A partida vai para a prorrogação e pênaltis onde a estrela do goleiro basco brilha ao pegar os chutes de Majer e de Petković. Pela Espanha, apenas Laporte desperdiça a sua cobrança no travessão e a Furia é campeã pela primeira vez na Nations League.



Com as entradas de Merino e Ansu Fati, a Espanha consegue
criar principalmente pela esquerda, mas a Furia peca demais
nas finalizações. Encurralada, a Croácia tenta responder pelos
lados mas para na recomposição rival (obtido via this11.com).



Espanha vence muito graças ao seu goleiro Unai Simón mas pecou demais nas finalizações e os gols perdidos poderiam fazer falta. Menos mal para a Furia que seu arqueiro e a recomposição da zaga funcionaram bem.

Croácia consegue equilibrar a partida mas tem de se contentar com um novo vice-campeonato. Faltaram opções no banco de reserva para tentar algo diferente. Zlatko Dalić terá muito trabalho para garimpar novos talentos e renovar seu envelhecido grupo neste ciclo se quiser manter a competitividade de sua equipe.

Valeu a insistência de Luis Enrique e de Luis de la Fuente com Unai Simón. O goleiro basco protagonizou muitas trapalhadas durante o ciclo anterior mas conseguiu se redimir nesta final e inicia este quadriênio com o pé direito ao ser decisivo na conquista da Nations League.



Imagem extraída de twitter.com/SEFutbol




Improvisos no Bolsão




O "Bolsão" é um estacionamento localizado do outro lado da rua da Faculdade de Ciências Farmacêuticas. É um local bastante ermo e até perigoso -eu já ouvi histórias de assaltos na localidade- mas também era utilizado pelos alunos para a realização de eventos durante meus tempos de estudante. A Farmatuque costumava ensaiar por lá e os graduandos também se utilizavam das instalações para fazer festas improvisadas.

Eu estava voltando de um aniversário à noite quando os amigos que me davam carona resolveram passar no "Bolsão" onde os colegas da faculdade realizavam uma festa junina improvisada. Havia até uma fogueira -acesa e mantida com folhas secas- onde o pessoal cozinhava milho e preparava vinho quente.

Descobri durante a ocasião que a madrugada é horário mais gelado de São Paulo -as temperaturas podem chegar a 9ºC durante o inverno. Eu estava bastante agasalhado mas, mesmo assim, eu estava me contorcendo de frio. O jeito foi permanecer perto da fogueira onde, pelo menos, havia algum aquecimento.






Ficamos a madrugada inteira no "Bolsão" conversando a respeito de aleatoriedades -quer dizer, os meus amigos visto que eu ainda não conhecia a maioria das pessoas e eu ainda não me sentia muito a vontade com elas. Só fomos embora por volta das cinco da manhã já com o sol nascendo.

Já fui a diversas festas mas esta pode ser considerada a mais "aleatória" que eu já presenciei. Não faço ideia se foi algo planejado ou se os alunos organizaram o evento na hora, mas foi admirável (ou insano mesmo!) observar o pessoal enfrentar o frio da madrugada por mais algumas horas de diversão.

Esta foi a lembrança mais marcante que eu tive do "Bolsão" e também a festa junina mais aleatória que eu presenciei. Não tive tanta ligação com aquele estacionamento -eu até o evitava por causa das histórias que ouvi- mas gostaria muito de saber se o local ainda é utilizado pelos alunos para fins "recreativos".







sábado, 17 de junho de 2023

Plot Twist

Imagem extraída de www.facebook.com/atletico



Luiz Felipe Scolari, após uma boa campanha pelo Athletico Paranaense em 2022 (ele fora vice-campeão na Libertadores), anunciara sua aposentadoria do banco de reservas e trabalharia como dirigente no Furacão enquanto seu auxiliar, Paulo Turra, seria efetivado como treinador. Felipão, porém, não resistiu a uma nova oportunidade de comandar um grande time e prontamente aceitou o convite do Atlético Mineiro ontem. Turra também acabou desligado do Rubro-Negro na sequência. 

Felipão não precisaria voltar a trabalhar. Ele já é um treinador vitorioso com uma Copa do Mundo (de 2002 pela Seleção Brasileira) e duas Libertadores (1996 pelo Grêmio e 1999 pelo Palmeiras) no currículo, além de estar com a vida financeira resolvida. Mas o gaúcho certamente ainda deseja apagar as lembranças amargas que deixou no futebol (em especial, a derrota por 7x1 diante da Alemanha) além de se livrar do rótulo de "ultrapassado" que seus críticos passaram a lhe atribuir.

O gaúcho, justiça seja feita, ainda conseguiu montar equipes competitivas durante os últimos anos (foi campeão brasileiro pelo Palmeiras em 2018 e também vice na Libertadores pelo Athletico em 2022) mas nada que lembrasse os seus grandes trabalhos realizados durante os anos 90 e 2000.



Imagem extraída de www.facebook.com/clubathleticoparanaense



O ego, porém, sempre fala muito alto em situações como esta. Telê Santana, mesmo com problemas de saúde durante a década de 90, queria provar que ainda reunia condições de trabalhar e acertou com o Palmeiras em 1997, mas seu fragilizado corpo o obrigou a renunciar ao cargo antes de assumir. Ou Vanderlei Luxemburgo, que estava aposentado mas não resistiu à oportunidade de voltar ao Corinthians e calar a boca dos críticos que o chamam de "ultrapassado".

Felipão terá um gordo salário no Galo (estimado em R$ 1,2 milhões) e um elenco robusto à sua disposição, dois belos incentivos para voltar ao trabalho. Porém, precisará motivar o elenco que está com atrasos nos vencimentos e também buscar por resultados a curto prazo visto que as dívidas do Galo estão na casa de R$ 2 bilhões.

A escolha do Galo por Felipão pode dar certo ou errado visto que o futebol não é uma ciência exata mas o gaúcho não precisa provar a sua grandeza visto os títulos que conquistou falam por ele. Mais do que isso, uma eventual campanha ruim pode manchar ainda mais a sua imagem e oferecer ainda mais argumentos para os críticos atestarem que o técnico está realmente ultrapassado. Isso sem mencionar que o treinador não cumpriu a sua palavra de que não mais voltaria à casamata.


 

Imagem extraída de www.facebook.com/atletico




quinta-feira, 15 de junho de 2023

Enfurecidos

Imagem extraída de twitter.com/SEFutbol



A partida de hoje foi o oposto de ontem: a juventude da Espanha triunfou sobre a experiência italiana. E foi do jeito que a Furia gosta com linhas altas, ofensividade, posse de bola e muita agressividade em campo.

Luis de la Fuente escalou sua equipe em 4-3-3 com muitas novidades em relação ao ciclo anterior incluindo Robin le Normand e Mikel Merino, além de resgatar o experiente Jesús Navas após sua excelente temporada pelo Sevilla. Roberto Mancini, por sua vez, também foi de 4-3-3 mantendo a base que venceu a Euro 2020 mas com Frattesi e Zaniolo no ataque.

Ambos os times jogaram trocando passes e adiantando linhas mas a Espanha conseguiu executar melhor a sua tática e abriu o placar muito cedo com o jovem Pino após um erro na saída de bola do experiente Bonucci.

A Azzurra (que jogou de Bianca na partida de hoje) respondeu aproveitando os espaços às costas da Furia com bolas longas e com contra-ataques rápidos pelas laterais. Os italianos conseguiram empatar com um pênalti (Le Normand desviou com a mão um chute de Zaniolo) convertido por Immobile.

A Itália conseguiu tomar conta do jogo enquanto a Espanha sentiu bastante o gol sofrido. Por pouco, Frattesi não aumenta mas foi flagrado em impedimento. A Azzurra teve mais algumas chances claras ao longo do primeiro tempo mas não conseguiu aproveitar o bom momento para ampliar o placar.



Espanha, em 4-3-3, adianta as linhas e troca passes principalmente
pela direita, mas peca nas finalizações. Itália, também em
4-3-3, responde com bolas longas aproveitando os espaços
às costas da defesa rival (imagem obtida via this11.com).



A Espanha, porém, volta mais agressiva para o segundo tempo usando mais o lado esquerdo com Merino e Alba, além de adotar o jogo mais direto com jogadas individuais e mais chutes em direção ao gol. De la Fuente também aproveitou para trocar o apagado Rodrigo Moreno por Marco Asensio.

A Itália mostrava que a idade dos seus atletas estava pesando com as trocas de Bonucci e Spinazzola por Darmian e Dimarco já na volta do intervalo. E isto ficou ainda mais evidente ao longo da segunda etapa com a Azzurra perdendo a intensidade e aceitando a pressão espanhola.

A Furia revigorou sua equipe trocando todo o ataque para manter a pressão enquanto Mancini se viu obrigado a recuar a sua equipe e tentar jogar nos contra-golpes usando um atacante de mais mobilidade, Chiesa, mas não consegue aproveitar as poucas chances criadas. A insistência da Espanha foi recompensada com um gol de Joselu quase no final da segunda etapa.



Espanha parte para o jogo mais direto com jogadas rápidas,
cruzamentos e chutes de fora da área. E é recompensada com
o gol de Joselu. Itália aceita a pressão e tenta jogar nos
contra-ataques, mas para na recomposição adversária
(imagem obtida via this11.com).



Espanha, renovada, consegue impor seu estilo (apesar da oscilação na metade do primeiro tempo) e está na final com méritos. Itália, demonstrando sinais de envelhecimento e de desgaste, perde por não conseguir manter a intensidade durante os noventa minutos. Ficou evidente que Mancini ainda terá muito trabalho para rejuvenescer seu grupo.

A Furia mostrou sua fúria em campo e conseguiu superar a Itália com o que tem de melhor: leveza, ofensividade e posse de bola. Ainda há traços do velho Tiki-Taka mas De la Fuente, ao menos no segundo tempo, propôs um jogo mais direto e agressivo, justamente o que faltou à Espanha durante o último Mundial.



Imagem extraída de twitter.com/SEFutbol




quarta-feira, 14 de junho de 2023

Respeite os Mais Velhos

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2024



Não pretendia acompanhar a fase final da Nations League mas acabei ficando em casa hoje e resolvi aproveitar a oportunidade. E não é que valeu a pena? Pude ver um jogo emocionante e de excelente nível técnico no estádio De Kuip.

A primeira semifinal confrontou a juventude da Holanda (que ainda passa por um processo de renovação após a crise durante o ciclo da Copa 2018) contra a experiência da Croácia (que já está em seu canto de cisne). E prevaleceu a força mental da Hrvatska que, mais uma vez, manteve os nervos no lugar apesar dos dois gols sofridos.

A Holanda foi a campo em 4-3-3/3-4-3 com o zagueiro Geertruida revezando entre as funções de defensor ou volante conforme a necessidade. A Croácia foi com o tradicional 4-3-3 com o ponteiro Perišić recuado para a lateral esquerda.

Ambos os times começaram utilizando a mesma tática com triangulações pelos lados e utilizando linhas altas para dificultar a saída de bola rival. A Croácia, porém, conseguiu executar melhor o seu jogo encaixando melhor a marcação e trabalhando mais a pelota, mas faltava um 9 para os arremates visto que Kramarić saía muito da área.

A Holanda conseguiu criar espaços na defesa croata com bolas longas e inversões de jogada. Foi desta maneira que a Oranje conseguiu desarrumar a zaga rival para que Malen abrisse o placar pela direita após a Croácia se distrair com uma jogada de Xavi Simons pela esquerda.



Croácia, em 4-3-3, trava a Oranje e cria chances de gol
triangulando pelos lados, mas Kramarić sai muito da área
e não aproveita os arremates. Holanda, em 3-4-3, arrisca
bolas longas e consegue abrir espaços na zaga rival
com inversões (imagem obtida via this11.com).



A Holanda, porém, parece ter se cansado no segundo tempo enquanto a Croácia, que se dosou no primeiro tempo, tinha mais fôlego para jogar no segundo. Perišić e Ivanušec passaram a alternar funções e o camisa 14 passou a atacar mais pelo lado esquerdo.

Modrić, pela direita, conseguiu cavar uma falta sobre Gakpo dentro da área e Kramarić converteu o pênalti para empatar a partida. Minutos depois, Perišić, pelo lado esquerdo, cruzou na medida para Pašalić virar para 2x1.

Ronald Koeman, então, partiu para a tática do desespero e colocou diversos meias e atacantes para ao menos buscar o empate enquanto Zlatko Dalić apenas trocou os atletas cansados. O treinador croata, porém, cometeu um erro ao recuar demais seu time e permitir que um chute de fora da área de Lang surpreendesse Livaković e levasse a partida para a prorrogação.



Croácia, mais descansada, acelera o jogo e consegue o empate
com jogadas de Modrić pela direita e Perišić pela esquerda.
Holanda parte para a tática do desespero e consegue arrancar
o empate nos últimos minutos aproveitando o recuo croata
(veja no próximo esquema -imagem obtida via this11.com).



As mudanças de Koeman, porém, cobraram um alto preço no tempo extra e a zaga holandesa estava completamente desarrumada o que permitiu que Petković desempatasse novamente com um chute de fora da área.

Os croatas, com mais espaço, criaram as chances mais claras de gol no tempo extra enquanto a Holanda visivelmente atacavam na base do desespero. Um novo pênalti sofrido por Petković e convertido por Modrić enterrou as esperanças da Oranje.



Holanda, na base do desespero, vai pra cima da recuada Croácia
e leva o jogo para a prorrogação com um chute de fora da área de
Lang. A defesa holandesa, porém ficou completamente exposta e
 Petković teve espaço para jogar à vontade (obtido via this11.com).



Croácia vence por manter a concentração mesmo com os gols sofridos e com os erros cometidos, em especial o de recuar demais nos minutos finais. Holanda perde pela falta de maturidade em campo. Os jovens holandeses sentiram demais a responsabilidade, desperdiçaram chances claras de gol e falharam muito na defesa.

A Hrvatska, mesmo em seu canto de cisne, demonstra uma força mental inabalável. Mesmo com tantos jogadores trintões, a Croácia provou que o futebol não se joga apenas com a força ou a velocidade. Seu toque de bola refinado, a sua concentração e, principalmente, sua experiência fizeram a diferença contra uma Holanda ainda em renovação.



Imagem extraída de www.facebook.com/cff.hns




Quando o Ódio Fala Mais Alto que a Razão

Luan está encostado no Corinthians atualmente
(reprodução www.instagram.com/luanguillherme).



Luan chegou ao Corinthians em 2020 como a principal contratação da temporada. O meia estava em baixa no Grêmio e enxergava no Timão, que estava renovando o seu elenco, a oportunidade perfeita para se reerguer. O jogador, porém, nunca correspondeu às expectativas criadas. Pior ainda: custou R$ 29 milhões aos cofres alvinegros, recebe um salário estimado em R$ 700 mil e está encostado por pressão de torcedores.

Jogadores são "ativos" dos clubes e o simples fato de não entrarem em campo acarreta em sua desvalorização. Mais do que isso, manter um atleta afastado do elenco significa prejuízo para as instituições visto que os esportistas continuam recebendo seus salários sem uma atuação efetiva.

Muito mais sensato seria tentar utilizar utilizar Luan como uma "moeda de troca" e oferecê-lo por algum outro jogador que esteja em baixa em outro clube. Desta forma, o prejuízo seria amenizado para as duas instituições e ainda haveria a possibilidade dos dois atletas envolvidos darem a volta por cima em um novo ambiente.

O Corinthians, assim, poderia trocar Luan por Marinho (que está afastado no Flamengo) ou por Orejuela (que está encostado no São Paulo). E o negócio poderia ser vantajoso para as partes envolvidas visto que o Tricolor e o Rubro-Negro necessitam de armadores e o Timão teria um reforço no ataque ou um lateral mais jovem para rejuvenescer a defesa.



Marinho atualmente está afastado no Flamengo (imagem
extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial).



Os clubes, porém, quase sempre preferem "castigar" um jogador visto que uma transferência não é uma punição propriamente dita. Pode haver empecilhos como a falta de interessados ou divergências nos valores da transação (em especial quando há discrepâncias nos salários dos atletas envolvidos) mas afastar um futebolista deveria ser o último recurso visto que isto também significa prejuízo à instituição.

A maioria dos nossos clubes, cabe lembrar, está bastante endividada e não está em condições de jogar dinheiro fora. Mesmo assim, os dirigentes (muitas vezes sob pressão de conselheiros ou das torcidas organizadas) preferem "castigar" um jogador (na esperança de que ele peça rescisão) a adotar uma solução mais racional e que, ao menos, poderia amenizar as perdas financeiras.

Afastar um jogador apenas torna a situação mais difícil: há a sua consequente desvalorização, o clube paga o salário a um atleta que não entra em campo e ainda torna a relação ainda mais difícil, o que inviabilizaria uma rescisão mais amigável. Não obstante, a medida muitas vezes oferece argumentos para o estafe do profissional acionar a instituição na justiça, o que significa ainda mais desgaste e mais despesas.

É compreensível o sentimento de decepção quando um jogador não corresponde às expectativas criadas mas os clubes deveriam agir com a razão em situações como a de Luan, e não com rancor. Há punições justas mas as instituições só perdem dinheiro ao pagar os salários a um atleta que não entra em campo. 



Orejuela está sem espaço no São Paulo (imagem
extraída de www.facebook.com/saopaulofc).




terça-feira, 13 de junho de 2023

Soluções Caseiras?

Abel Ferreira possui o desejado "perfil vitorioso" mas seu temperamento explosivo
o afasta da Seleção Brasileira (imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras).



E seguem as especulações a respeito de quem será o próximo treinador da Seleção Brasileira. O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, afirmou em entrevista que ainda não desistiu de Carlo Ancelotti e que acredita em um acerto com o italiano a despeito do técnico ter afirmado que cumprirá seu contrato no Real Madrid -que vai até o final da temporada 2023-24.

Alguns jornalistas e conselheiros da CBF defendem que Ednaldo esqueça Ancelotti e adote alguma "solução caseira", ou seja: contrate um treinador com experiência no futebol brasileiro visto que, neste caso, o possível sucessor de Tite não precisaria se adaptar aos nossos costumes e uma eventual multa rescisória seria muito mais baixa do que tirar o italiano do Real Madrid.

O primeiro nome especulado é justamente o de Abel Ferreira, atual técnico do Palmeiras. O português já está bem ambientado no futebol brasileiro e possui o desejado "perfil vencedor" com oito títulos conquistados pelo Verdão, incluindo duas Libertadores. Pesam contra o treinador o seu estilo defensivista (que não é muito quisto por alguns conselheiros da CBF), as pressões da presidenta Leila Pereira (que jurou que o lusitano não deixa o Alviverde até o fim de seu mandato) e, principalmente, o seu temperamento explosivo que lhe rendeu um recorde de 50 cartões.



Fernando Diniz encanta pelo perfil ofensivo mas tem poucos
títulos no currículo e também possui um temperamento explosivo
(imagem extraída de www.facebook.com/FluminenseFC).



Fernando Diniz, atualmente no Fluminense, tem seus defensores na CBF. A favor do mineiro estão sua filosofia ofensiva de jogo e também sua facilidade em utilizar atletas jovens. O treinador tricolor, porém, possui pouquíssimos troféus em seu currículo e também é conhecido pelo seu temperamento explosivo -o técnico já foi expulso algumas vezes de campo e já chegou a se desentender publicamente com seus atletas.

Dorival Jr. foi ventilado durante as últimas semanas, embora o nome do técnico não tenha sido vazado pela CBF. O paulista é lembrado pelos seu bom trabalho no Flamengo (ganhou Libertadores e Copa do Brasil) e pelo seu perfil conciliador. O treinador, porém, adota um futebol mais conservador (que é chamado ironicamente de "feijão com arroz") e ele já se desentendeu com Neymar em 2010 enquanto os dois estavam no Santos. E, cabe mencionar, seu estilo paternalista é muito similar ao de Tite, o que pode ser algo bom ou ruim para a Seleção Brasileira dependendo do contexto.



O estilo paternalista de Dorival e os títulos recentes
são pontos positivos, mas seu futebol "feijão com
arroz" e a briga com Neymar em 2010 pesam contra ele
(imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc)



Uma quarta opção surgiu durante os últimos dias. Jorge Jesus, lembrado pelo grande trabalho no Flamengo em 2019, não renovou com o Fenerbahçe e está livre no mercado. Seu futebol vibrante e seus títulos pelo Rubro-Negro pesam a favor do português. Há, porém, outros times de olho no lusitano e a CBF teria de agir logo para contratá-lo. E, cabe mencionar, o ex-flamenguista é bastante profissional na casamata e, portanto, dificilmente concederia privilégios a jogadores.

A CBF, independente da escolha, necessita de um nome para a sucessão de Tite o quanto antes. A Seleção Brasileira dificilmente ficará fora da próxima Copa visto que as Eliminatórias Sul-Americanas estão ainda mais fáceis com o aumento do número de vagas e há poucos adversários difíceis neste momento. Mas a função de um treinador vai muito além dos resultados em campo e talvez não valha tanto a pena insistir com o improvável acerto com Ancelotti.



Jorge Jesus está livre no mercado e possui muitos títulos
no currículo, mas há outros times de olho no português
(imagem extraída de www.facebook.com/Fenerbahce).




segunda-feira, 12 de junho de 2023

Cadê a Bia?

Reprodução www.instagram.com/biahaddadmaia



Faz algum tempo que não acompanho tênis mas chegaram aos meus ouvidos que a brasileira Bia Haddad havia alcançado as semifinais do torneio de Roland Garros durante a última semana. O feito fez com que a mídia esportiva entrasse em polvorosa e realizassem inclusive comparações exageradas com a lendária Maria Esther Bueno (falecida em 2018). E os patrocinadores também trataram de surfar no sucesso da tenista com muitas campanhas publicitárias.

A queda de Bia ante a polonesa Iga Świątek (atual número 1 no ranking da WTA), porém, foi um verdadeiro balde de água fria nas expectativas dos torcedores brasileiros. E os efeitos da eliminação da brasileira foram quase imediatos com o sumiço da tenista das manchetes em sites esportivos e também das campanhas publicitárias.

O "sumiço" de Bia não é algo incomum no Brasil. Tite e Vini Jr., que realizaram diversas campanhas publicitárias às vésperas da Copa do Mundo, também passaram a ser "escondidos" após a eliminação da Seleção Brasileira do Mundial. Nenhuma empresa quer ter seu nome vinculado a um derrotado, sobretudo quando há o sentimento de "decepção" envolvido.

A sensação transmitida, porém, é a de que Bia era "útil" à mídia e às empresas somente enquanto a tenista tinha possibilidade de títulos. Com a eliminação, mais parece que a esportista foi abandonada porque não conquistou o troféu que, cabe mencionar, ela desejava mais do que ninguém.



Reprodução www.instagram.com/biahaddadmaia



A atitude da mídia e dos patrocinadores nada mais é do que reflexo de nós, torcedores brasileiros. Sim, afinal quando o esportista ganha um troféu ele é o "máximo", um "gênio", um "herói", ... Em contrapartida, quando o atleta perde ele é um "pipoqueiro" ou um "fracassado". As empresas sabem que os fãs dificilmente consumiriam um produto relacionado a um derrotado, então simplesmente optam por "esconder" sua imagem.

A decepção dos fãs é compreensível, assim como a atitude das empresas que simplesmente desejam lucrar. Mas de nada adianta adotar discursos bonitos como "patriotismo em torcer pelo Brasil" ou "apoiar o esporte brasileiro" se não são colocados em prática. Virar as costa a Bia contradiz tais palavras, assim como fizemos com a Seleção Brasileira em dezembro.

O esporte não é só feito de vitórias. Os atletas que brilham nos dias de hoje tiveram de superar muitos obstáculos para chegar até onde estão. E todos os esportistas também passam por fases ruins. O Manchester City é um bom exemplo recente disto, afinal os Citizens quebraram a cara muitas vezes e fizeram algumas campanhas fracas até conseguirem sua desejada Champions.

É compreensível, portanto, o "sumiço" de Bia da mídia sob o ponto de vista financeiro visto que nenhum fã gostaria de consumir um produto relacionado a alguém derrotado. Mas o ato de torcer deveria ser muito mais do que apoiar os atletas apenas nas vitórias. Se fosse em outros países, provavelmente a tenista estaria sendo recebida como heroína pelo seu feito gigantesco nas quadras.



Reprodução www.instagram.com/biahaddadmaia