quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Coudet e Inter: o Casamento que Nunca Deveria Ter Acabado

Imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional



Eduardo Coudet fez um bom trabalho durante sua primeira passagem pelo Internacional em 2020. Para quem não se lembra, o argentino manteve o Colorado brigando pela liderança do Brasileirão com o Atlético Mineiro e também o time estava vivo nas duas copas, a Libertadores e a Copa do Brasil. O trabalho de Chacho, porém, sempre era injustamente criticado, talvez pelo futebol mais baseado em raça do que talento ou pelos seus métodos pouco ortodoxos.

Coudet deixou o Colorado em novembro de 2020 após receber um convite para dirigir o Celta de Vigo na Espanha -e, convenhamos, que treinador da América do Sul recusaria? Chacho foi embora sob muitas críticas mas tendo deixado um Inter vivo em todas as competições e também um elenco montado para seu sucessor.

Chacho voltou ao Brasil ao final de 2022 para comandar o Atlético Mineiro. O treinador, porém, não conseguiu isolar seu elenco dos problemas internos do clube e o desempenho do Galo foi muito irregular. Não obstante, Coudet chegou a criticar abertamente seus dirigentes por não ter sido consultado sobre as transferências dos seus jogadores. A queda do argentino era uma bola cantada e ela ocorreu em junho deste ano.



Imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional



O ex-meia voltou ao Colorado em julho deste ano após a demissão de Mano Menezes. Seu retorno ao Inter foi cercado de desconfiança, sobretudo após seu último trabalho no Atlético. O reinício de Chacho em Porto Alegre foi bastante irregular com o desempenho oscilando bastante no Brasileirão e com muitas reclamações de torcedores nas redes sociais.

Coudet, porém, deu a volta por cima na Libertadores. Conseguiu enfrentar de igual para igual o poderoso River Plate -superou os Millonarios nos pênaltis- apesar das discrepâncias técnicas e financeiras entre argentinos e gaúchos. Na sequência, o seu Inter se impôs sobre o Bolivar apesar dos bolivianos contarem com os recursos do City Group e com a altitude de La Paz. Claro que o sucesso também precisa ser creditado à vinda de reforços importantes como o goleiro Sergio Rochet e o atacante Enner Valencia.

O Inter está de volta às semifinais da Libertadores, algo que não ocorria desde 2015. Os colorados, verdade seja dita, não são favoritos ao troféu e talvez o bom momento do time não dure até lá. Mas os gaúchos já foram tão longe na competição que podem se dar ao direito de sonhar com o tricampeonato.

O desempenho no mata-mata da Libertadores simboliza a comunhão entre Coudet e o Internacional. O argentino retorna para continuar o trabalho que fora interrompido em 2020. Dificilmente conseguirão o troféu mas os gaúchos já tiveram um desempenho muito acima do esperado na competição e o trabalho merece reconhecimento. O casamento entre Chacho e o Colorado sempre foi uma relação injustamente criticada e que nunca deveria ter acabado.



Imagem extraída de twitter.com/SCInternacional




quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Matrizes e Filiais

O zagueiro Adryelson deve se transferir do Botafogo para
o Lyon em 2024, ambos clubes pertencentes a John Textor
(imagem extraída de www.facebook.com/Botafogo).



A transformação de clubes em empresas permitem que um mesmo empresário ou conglomerado seja proprietário de vários times ao redor do mundo. John Textor, por exemplo, é sócio majoritário do Botafogo, do Lyon da França e do Crystal Palace da Inglaterra. A 777 Partners, por sua vez, controla o Vasco da Gama e também o Genoa da Itália. E conflitos de interesses muitas vezes são inevitáveis em tais negócios.

O City Group, por exemplo, administra 11 clubes ao redor do mundo incluindo o Manchester City da Inglaterra, o Girona da Espanha, o Yokohama Marinos do Japão e, mais recentemente, o Bahia do Brasil. O conglomerado, como se sabe, prioriza o time inglês utilizando as demais agremiações para revelar talentos visando abastecer a equipe "principal" ou para realocar atletas que estão sem espaço entre os Citizens.

A justificativa é óbvia: dinheiro. Os empresários sabem que os campeonatos europeus são muito mais lucrativos e, portanto, tendem a dar mais prioridade às grandes ligas do Velho Continente. Isso não significa que os proprietários estejam se lixando para as suas "filiais" mas suas equipes "principais" sempre receberão mais importância devido à maior probabilidade de faturamento.



Torcedores vascaínos ficaram revoltados quando a 777 Partners anunciou
Mateo Retegui no Genoa enquanto o Cruzmaltino estava na zona de
rebaixamento (imagem extraída de www.facebook.com/genoaCFCofficial).



John Textor, desta forma, já havia enviado o jovem atacante Jeffinho do Botafogo para reforçar o Lyon no final de 2022. E o empresário pretende fazer o mesmo com o goleiro Lucas Perri e o zagueiro Adryelson, que devem se juntar aos Gones no início de 2024. O mandatário, cabe mencionar, não quis negociar seus dois atletas com outros clubes da Europa neste momento com o Glorioso disputando Brasileirão e Sulamericana, mas não descarta ofertas futuras ao término da temporada brasileira.

A 777 Partners, por sua vez, anunciou a contratação do atacante Mateo Retegui no Genoa em julho deste ano. A notícia gerou a revolta de torcedores vascaínos, cujo time estava em crise e afundando na zona de rebaixamento. "Coincidentemente", o conglomerado foi atrás de reforços para o Cruzmaltino durante as últimas semanas e trouxe alguns medalhões como o volante/zagueiro Gary Medel, o meia Dimitri Payet e o atacante Pablo Vegetti.

A transformação de clubes em empresas, portanto, não possui apenas pontos positivos. As gestões profissionais mostram-se muito mais competentes que a cartolagem. Os seus proprietários, porém, terão sempre o faturamento como objetivo principal mesmo que isto eventualmente signifique prejuízo técnico ou a perda de títulos para os times. E não há como julgar tais atitudes, afinal no mundo capitalista o lucro justifica quase tudo.



Lucas Perri também deve deixar o Botafogo rumo ao Lyon ao
final de 2023 (imagem extraída de www.facebook.com/Botafogo).



CADÊ A MODERINDADE?

O Cruzeiro anunciou ontem a demissão do treinador Pepa. O português foi dispensado após sete jogos seguidos sem vencer. A Raposa, ainda abalada pelas dívidas que decretaram seu rebaixamento em 2019, não fazia uma campanha ruim para as pretensões do clube mas, como sempre, nossa cultura de valorizar apenas resultados a curto prazo falou mais alto.



RAPHINHA

O atacante Raphinha do Barcelona foi convocado para a vaga de Vini Jr., cortado por lesão. O jogador, que não era chamado desde a Copa 2022, terá a grande chance de dar a volta por cima na Seleção após as exibições tímidas no Catar. O gaúcho, aliás, já começou a temporada com o pé esquerdo após ter sido expulso contra o Getafe e ter sua vaga ameaçada pelo garoto Lamine Yamal. Terá de trabalhar duro para recuperar seu espaço.




terça-feira, 29 de agosto de 2023

Cuidado, Yamal!

Reprodução www.instagram.com/lamineyamal



O Barcelona superou o Villarreal em uma grande partida de duas viradas e que terminou em 4x3 para os catalães em pleno Estadio de la Cerámica. O destaque da partida foi o garoto Lamine Yamal de apenas 16 anos que participou dos gols de Gavi e de Lewandowski. O camisa 27 é mais uma joia revelada pela cantera do próprio Barça, fazendo jus à tradição do clube.

Yamal, que substituiu o suspenso Raphinha, já anotou diversos recordes em sua curta carreira como profissional: o meia (promovido na temporada anterior) foi o mais jovem a entrar em campo pelo Barcelona aos 15 anos, o mais jovem a ser titular pelos catalães aos 16 anos e também o mais jovem a dar uma assistência pelo clube.

O início promissor de Yamal já lhe rendeu comparações exageradas com outras pratas da casa como Lionel Messi e Ansu Fati. O jogador também deve gerar uma grande disputa entre três países uma vez que ele poderia defender três seleções: o meia nasceu na Espanha (em Mataró, na Catalunha), seu pai é natural do Marrocos e sua mãe é da Guiné Equatorial. Por causa disso, são grandes as pressões de torcedores para que o treinador Luis de la Fuente convoque o jovem na próxima sexta-feira de modo que a Furia não perca a promessa para os rivais africanos.



Imagem extraída de www.facebook.com/fcbarcelona



O bom desempenho de Yamal contra o Villarreal lhe trouxe um sucesso repentino mas também pode lhe trazer muitos problemas, afinal o jogador de apenas 16 anos teve uma mudança muito brusca em sua carreira e ele está bastante susceptível às armadilhas da fama como o deslumbramento, os falsos amigos e o excesso de holofotes. O jovem necessitará de acompanhamento para que seu potencial não seja perdido.

Outro problema é que sempre há muita expectativa sobre as joias do Barcelona desde o sucesso da "Geração Guardiola" entre 2008 e 2012 quando o treinador venceu duas Champions League com times formados praticamente apenas por jogadores formados na base do clube. Porém, nem todos os garotos revelados em La Masia tiveram o mesmo sucesso de Messi, Piqué, Xavi, Iniesta ou Busquets. Ou por acaso alguém ainda se lembra de Marc Muniesa, Cristian Tello, Bojan Krkić, Marc Bartra, Riqui Puig ou Carles Aleñá?

O Barcelona, não obstante, vem buscando desesperadamente por alguma joia em sua cantera visando preencher o vazio deixado por Lionel Messi, algo que já tentaram fazer com Ansu Fati. E a situação se agravou com a crise no clube que impede a que instituição realize grandes contratações sem infringir o fair play financeiro. Yamal, portanto, surge em um momento muito oportuno para o Barça mas ele pode não corresponder à toda essa expectativa criada.

Cabe ao Barcelona blindar a sua mais nova joia para que as armadilhas da fama e o excesso de expectativa não façam o garoto se perder. E o mais importante: por mais promissor que tenha sido o início do jovem, talvez ele não corresponda no futuro, afinal ter potencial não faz de um jogador necessariamente um craque. É necessário ter cuidado com o Yamal para que o sucesso ou um eventual fracasso não destruam a sua carreira e, principalmente, a sua vida pessoal. E, lembrando, o atleta possui apenas 16 anos.



Imagem extraída de www.facebook.com/fcbarcelona



APROVEITA, ENDRICK!

O Palmeiras perdeu o atacante Dudu pelo restante da temporada. O camisa 10 rompeu os ligamentos cruzados do joelho e deve levar pelo menos cinco meses para voltar. O desfalque do jogador, por outro lado, é a chance para o garoto Endrick jogar em sua posição favorita (aberto pela esquerda) e provar de vez que não é uma eterna promessa.



COPA DO BRASIL

Foram definidos ontem os mandos de campo da final da Copa do Brasil 2023. A partida de ida (realizada no domingo dia 17 de setembro) terá o mando do Flamengo enquanto a volta (disputada no domingo dia 24 de setembro) será no Morumbi, casa do São Paulo. Cabe mencionar que o Maracanã está interditado para reformas e ainda não se sabe se o Rubro-Negro terá o estádio a sua disposição.




segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Gablindagem

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Gabriel Barbosa, o Gabigol, é atualmente o maior ídolo do Flamengo mas o atacante deixou de ser unanimidade entre os torcedores há algum tempo. O jogador caiu muito de rendimento mas segue intocável no onze inicial (raramente é substituído e só não é escalado quando suspenso ou lesionado) e, segundo alguns jornalistas, é mimado/protegido pelos seus dirigentes.

O jogador agendou uma festa para comemorar seu 27º aniversário na próxima quarta-feira, semana quando ocorrerão as partidas de volta válidas pelas quartas-de-final da Libertadores -o Flamengo não está nessa fase por ter sido eliminado pelo Olimpia do Paraguai. A atitude de Gabigol gerou indignação de torcedores e da mídia especializada porque decidiu festejar em meio à crise no clube, que corre o risco de terminar a temporada sem um troféu sequer.

O atacante, não obstante, pediu 50% de aumento e mais cinco anos de contrato para renovar com o clube -o vínculo atual vai até o final de 2024. A tendência, contudo, é que Gabigol permaneça na Gávea a despeito das controvérsias. Mas qual o motivo para manter o atleta se há torcedores e jornalistas reclamando abertamente do jogador?



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Gabigol é uma celebridade e que serve de escudo para os dirigentes visto que o jogador desvia a atenção dos problemas do clube graças ao seu apelo midiático. Mais do que isso, suas extravagâncias fazem com que a culpa pela crise seja atribuída ao jogador ao invés dos cartolas. Se o Flamengo perder o clássico contra o Botafogo, o atacante será responsabilizado por ter comemorado seu aniversário às vésperas de um jogo importante, mas também será perdoado por ser o maior ídolo do clube. 

Não será surpresa, portanto, que Gabigol permaneça no Flamengo após 2024 e com o desejado aumento. O jogador ajuda seus dirigentes com seu poder midiático e ainda conta com apoio de outra ala da torcida que ainda demonstra gratidão ao atacante pelos gols salvadores contra o River Plate na Libertadores de 2019.

Gabigol, amado e odiado ao mesmo tempo, encontrou no Flamengo o ambiente ideal para o seu futebol e também para as suas extravagâncias. E, ao que parece, esta relação está muito longe de terminar visto que há interesse mútuo pela permanência do atleta a despeito de sua má fase em campo.



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domingo, 27 de agosto de 2023

Onde Fica a Quadra da Odonto?

Eu já estive várias vezes nesse edifício mas
nunca encontrei a tal "Quadra da Odonto"
(imagem extraída de www.facebook.com/fousp).



Eu já tive de ir à Faculdade de Odontologia pelos mais variados motivos. Há uma lojinha no edifício onde eu comprava luvas de látex, aventais descartáveis (ambos para as aulas de anatomia) e até fios de estanho (que usávamos nas aulas de química analítica qualitativa). Mais tarde, durante meus tempos de pós-graduação, fui até lá algumas vezes para imprimir alguns pôsteres e manuscritos. Lembro até de ter almoçado um dia no prédio.

Eu, contudo, nunca encontrei a "Quadra da Odonto" durante nenhuma das minhas visitas à faculdade. A Farmácia, durante meus primeiros anos de graduação, costumava realizar algumas festas no local visto que o prédio da vivência estava em reforma. Eu, que era um aluno pouco socializável, nunca quis festejar com os colegas mas sempre perguntava onde ficava a localidade, sem sucesso.

Os anos se passaram e as visitas à Odonto foram se tornando frequentes mas eu jamais soube onde ficava a tal quadra. Cabe mencionar que o edifício aparenta ser pequeno pelo lado de fora mas a sua área útil (incluindo os estacionamentos) é enorme. E o prédio possui mais de um andar, sendo possível se perder facilmente lá dentro!



Imagem extraída de www.facebook.com/fousp



A tecnologia avançou com o passar do tempo e eu tive a "brilhante" ideia de procurar a quadra da faculdade com o auxílio do Google Maps quando a ferramenta se tornou acessível. Mas, para a minha surpresa, não encontrei nada que lembrasse um campo ou um ginásio esportivo nas fotos do satélite. Ou o local é coberto, ou simplesmente não existe mais. 

Passei mais de dez anos de minha vida ligado à USP e a localização da tal "Quadra da Odonto" permanece um grande mistério para mim. Não deve se tratar de uma "lenda da universidade", afinal as festas que recusei realmente ocorreram no local mas nenhum aluno da Farmácia ou do ICB soube me informar ao certo onde fica tal localidade.

Fui mais algumas vezes à USP durante os últimos meses mas o tempo que permaneci afastado da universidade me fez esquecer da história. Quando eu for novamente ao ICB (que fica bem próximo à Faculdade de Odontologia), vou saciar de vez a minha curiosidade e descobrir onde, afinal, fica essa tal "Quadra da Odonto" que eu ouço falar desde o meu primeiro dia na graduação mas nunca soube exatamente onde está localizada!



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sábado, 26 de agosto de 2023

O que o Brasil Pode Aprender com a Copa 2023?

Imagem extraída de www.facebook.com/fifawomensworldcup



Encerrou-se há uma semana a Copa do Mundo Feminina 2023. A competição deixou um enorme legado afinal tivemos campeãs inéditas (algo que já se sabia desde as quartas-de-final com a queda do Japão), a consagração da Espanha (que, tristemente, acabou manchada com a atitude infeliz do presidente da RFEF, Luis Rubiales) e o recorde de audiência/engajamento ao redor do mundo.

Mas e o Brasil?

Nós brasileiros sequer valorizamos um vice-campeonato, quanto mais um time que caiu já na fase de grupos. Até hoje lembro quando a Seleção Masculina ficou em 2º lugar na Copa 1998 e os jogadores foram chamados de "amarelões" apesar da boa campanha. As nossas meninas certamente estão sendo ainda mais criticadas pelos torcedores a despeito de não serem favoritas no Mundial.

A CBF fez um grande esforço junto das emissoras e dos patrocinadores para divulgar a competição. Isto fez com que a Copa tivesse um recorde de audiência também no Brasil mas, ao mesmo tempo, criou uma expectativa muito grande o que aumentou o sentimento de decepção quando a Seleção Feminina caiu já na fase de grupos.

O Brasil, verdade seja dita, fez uma Copa ruim. O time foi eliminado em um grupo era considerado "acessível" (composto por França, Jamaica e Panamá) e nossas meninas não jogaram um bom futebol nas partidas disputadas, exceto contra as frágeis panamenhas.



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E o que o Brasil pode levar deste Mundial após um desempenho tão fraco?

Temos de lembrar que o Brasil possui ampla tradição no futebol masculino mas ainda vem engatinhando na categoria feminina -ou, melhor escrevendo, está na "adolescência". A profissionalização efetiva da modalidade começou há cerca de dez anos por imposição da CONMEBOL que ameaçou excluir de suas competições os clubes que não investissem também nas mulheres.

As equipes consideradas favoritas, por outro lado, já estavam investindo há muito tempo na formação de jogadoras e também na profissionalização de suas equipes. Nunca faltou talento ao Brasil, tanto que nossas meninas tiveram bons desempenhos em Mundiais e Olimpíadas anteriores mas estava evidente que as brasileiras tinham (e ainda têm) um longo caminho a percorrer para lutar contra as potências da modalidade. A própria Espanha serve como exemplo visto que a Roja não possuía tradição em Copas (foi apenas a sua 3ª participação) mas correu atrás e hoje colhe os frutos.

O torcedor brasileiro também precisa mudar sua postura em relação ao futebol feminino visto que ainda há muito preconceito e machismo em relação à modalidade, algo que pode ser facilmente notado pelas redes sociais. Ademais, o torcedor também deve reconhecer o esforço das esportistas mesmo nas derrotas, até porque o Brasil não foi eliminado por desvio de conduta ou por fazer corpo mole em campo. Um bom exemplo foi a Austrália, que terminou a Copa de mãos vazias (ficou em 4º lugar) a despeito de jogar em casa mas os fãs exaltaram as Matildas como verdadeiras heroínas.

Ainda levará algum tempo para que o Brasil possa evoluir no futebol feminino e deixar de ser um coadjuvante nas principais competições. As gerações anteriores de nossas meninas já provaram que há talento e potencial para isto. O momento é de aprender com os erros e continuar investindo na modalidade por dolorosa que tenha sido a eliminação. As espanholas, com menos tradição na categoria, conseguiram o troféu e servem de exemplo (apenas não se espelhem em Luis Rubiales que conseguiu estragar um momento histórico de seu país).



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sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Insider Gambling

Lucas Paquetá não foi convocado devido
às suspeitas de seu envolvimento com apostas
(reprodução www.instagram.com/lucaspaqueta).



Os sites de apostas são uma verdadeira mina de ouro no futebol mas também têm se tornado uma inesgotável fonte de controvérsias. Clubes, jogadores e árbitros já foram condenados por manipularem resultados no esporte -e tendo jogos de azar por trás de suas atitudes. E agora atletas estão sendo investigados acusados de apostarem em seus próprios times ou em si mesmos.

O primeiro caso de maior repercussão foi o de Kieran Trippier, divulgado em 2020. O lateral apostou em sua própria transferência do Tottenham para o Atlético de Madrid, sacramentada em 2019. A atitude do jogador, que atualmente defende o Newcastle United, lhe custou dez semanas de suspensão e uma multa de 70 mil Libras.

Um caso ainda mais grave foi o de Ivan Toney, que atualmente defende o Brentford. O atacante foi acusado de cometer 232 irregularidades envolvendo jogatina (todas admitidas pelo jogador) sendo que o atleta apostou 29 vezes em partidas envolvendo seu time, embora não haja comprovação de manipulação de resultados. O definidor inglês levou um gancho de 11 meses (pena atenuada por ter se confessado) e terá acompanhamento psiquiátrico/psicológico por alegar ser viciado em jogos de azar.

O caso que gerou mais repercussão no Brasil foi o de Lucas Paquetá, atualmente no West Ham. O meia está sendo acusado de ter cometido faltas propositais que teriam beneficiado apostadores. O armador ainda não foi julgado mas as suspeitas já lhe custaram uma transferência para o Manchester City (Guardiola pretendia repor a saída de Gündoğan com o brasileiro) e o atleta acabou fora dos jogos contra a Bolívia e contra o Peru devido às suspeitas.



Ivan Toney levou um gancho pesado por seu envolvimento
com apostas (reprodução www.instagram.com/ivantoney1).



Os sites de apostas dificilmente serão banidos, afinal sua participação no futebol aumentou exponencialmente durante os últimos anos e o negócio vem movimentando milhões de Dólares todos os anos. Até mesmo o Brasil, onde a jogatina era proibida por lei, realizou concessões e agora permite a veiculação de tais empresas nos meios de comunicação e também durantes as partidas (nos uniformes a nas placas de publicidade).

A jogatina, porém, já vem sendo alvo de restrições por parte das federações. A Serie A da Itália e La Liga na Espanha, por exemplo, não permitem mais que clubes sejam patrocinados por sites de apostas (o Real Madrid e o Milan já exibiram a logomarca da Bwin durante os anos 2000) e a Inglaterra deve seguir o mesmo caminho, segundo o blog Trivela.

Os jogadores, por sua vez, devem ter suas atividades cada vez mais monitoradas após os incidentes. A própria Inglaterra (onde os três casos citados neste texto ocorreram) proíbe atletas e seus familiares de realizarem apostas relacionadas ao futebol com o objetivo de preservar a integridade do esporte.

Os atletas, mais do que isso, possuem uma óbvia vantagem sobre os apostadores comuns ao realizarem jogatinas envolvendo futebol visto que eles podem controlar o desenrolar das partidas e têm acesso a informações privilegiadas no meio. Os próprios casos mencionados deixaram isto evidente. É como se fosse um insider trading, o que até poderia ser considerado crime dependendo da interpretação.

É muito tentador para um atleta se valer de sua profissão em jogatinas mas há leis e regras que impedem que jogadores obtenham vantagens injustas em relação aos demais apostadores. Mais do que isto, o esporte sempre deve ser limpo, justo e competitivo.



Kieran Trippier foi suspenso por dez semanas após
ter apostado em sua própria transferência
(reprodução www.instagram.com/ktrippier2).




quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Treta Estrangeira

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



O Flamengo já contratou quatro treinadores estrangeiros desde a saída do português Jorge Jesus em 2020: o catalão/espanhol Dome, os também lusitanos Paulo Sousa e Vitor Pereira, e o argentino Jorge Sampaoli que está a frente do Rubro-Negro atualmente. E destes técnicos, três deles apresentaram problemas com os próprios jogadores.

Sousa entrou em rota de colisão com os próprios jogadores após uma crise que teve o goleiro Diego Alves como pivô. Pereira caiu porque utilizava seus atletas de maneira improvisada e fora de suas posições preferidas. Sampaoli, por fim, enfrentou o "caso Pedro" (que culminou na demissão de seu preparador físico) e ainda teve de lidar com o incidente envolvendo Gérson e Varela que saíram no braço.

Os treinadores estrangeiros, em especial os europeus, possuem muito mais autoridade em seus clubes. Já houve casos onde um técnico foi derrubado pelos próprios atletas no Velho Continente -os mais recentes foram o de Julian Nagelsmann no Bayern e o de Antonio Conte no Tottenham- mas, de modo geral, as instituições dão respaldo aos seus comandantes.

Pep Guardiola, por exemplo, não teve piedade em afastar Ronaldinho Gaúcho no Barcelona, Schweinsteiger no Bayern ou Hart no City a despeito dos jogadores serem ídolos em seus respectivos clubes. José Mourinho também encostou o capitão Iker Casillas no Real durante a temporada 2012-13. E em todos os casos mencionados, as instituições apoiaram as decisões dos técnicos.



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Os dirigentes brasileiros, em contrapartida, sempre preferem ficar ao lado dos atletas em situações de confronto com os técnicos. Primeiro porque os jogadores são "ativos" dos clubes e puní-los significaria desvalorizá-los acarretando em prejuízo para as instituições. E segundo porque é sempre mais fácil demitir um único funcionário (o treinador) do que vários (os futebolistas).

As quedas de Sousa e de Pereira do Flamengo, portanto, não foram motivadas apenas pelos maus resultados como também ambos foram considerados "intransigentes" pelo elenco e por alguns jornalistas. Sampaoli vem resistindo porque o Rubro-Negro já demitiu seis treinadores desde a saída de Jesus e o desligamento do argentino poderia enfraquecer a atual gestão, mas o técnico segue bastante contestado e ameaçado devido à instabilidade do time.

Os casos do Flamengo servem como alerta para os que desejam um treinador estrangeiro, seja nos clubes, seja na Seleção. O choque cultural é inevitável na maioria das vezes e nem sempre os resultados serão os esperados por mais talentosos ou vitoriosos que sejam os técnicos. A imensa maioria dos comandantes vindos de fora não está disposta a se curvar ante as "lideranças" do elenco e, tampouco, a aceitar palpites de "subalternos".

Sampaoli vem resistindo às criticas e à pressão por sua demissão, mas o time segue instável e o "caso Pedro" segue gerando ruídos no trabalho do argentino. Será que o treinador conseguirá quebrar a sina dos técnicos pós Jorge Jesus e prevalecer a despeito dos questionamentos? Ou terá o mesmo destino que Sousa e Pereira?



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quarta-feira, 23 de agosto de 2023

A Elitização do Futebol

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Eu estava observando o chaveamento dos playoffs da Champions League desta semana e encontrei poucos jogos considerados "interessantes" visto que não há mais times da Alemanha, Inglaterra, Itália ou Espanha. As equipes destes países não participam mais da fase preliminar desde a edição 2018-19 da competição.

Já havia rumores a respeito de uma "Superliga Europeia" desde 2017 e a proposta veio à tona em 2021. Para quem não se lembra, foi uma competição sugerida pelos clubes mais ricos da Inglaterra, Itália e Espanha para rivalizar com a Champions League. A ideia do torneio foi prontamente rechaçada pela UEFA (inclusive com ameaças de punição às equipes participantes) mas, coincidentemente, os times destes países passaram a se classificar diretamente para a fase de grupos da Liga dos Campeões a partir da temporada 2018-19.

Os espectadores que consomem a Champions League, verdade seja dita, desejam acompanhar os times mais ricos da Europa onde também atuam os melhores jogadores do mundo. Com todo respeito às equipes dos outros países, poucos se interessariam em assistir a um "Maccabi Haifa X Young Boys" ou a um "Royal Antwerp X AEK". A UEFA e os próprios clubes perceberam isto e articularam mudanças nas competições.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



As mudanças na Champions e a proposta de uma Superliga Europeia, portanto, atenderiam às demandas dos consumidores visto que uma competição apenas com "times ricos" teria maior apelo comercial. Tal ideia, por outro lado, acabaria com o mérito esportivo e criaria um torneio exclusivo -no sentido de "excluir"- dificultando a participação de "zebras".

É compreensível o lado financeiro das competições mas o mais importante do futebol deveria ser o mérito esportivo, e não o apelo comercial. Até porque os times mais ricos já possuem mais chances de vencer justamente por reunirem recursos para adquirir e manter os melhores jogadores do mundo.

O futebol é fascinante justamente porque envolve o fator humano e a lógica pode ser quebrada a qualquer momento. Por mais que o espectador queira ver os esquadrões estelares do Real Madrid ou do Paris Saint-Germain, é ainda mais extraordinário quando um Leicester City ou uma Atalanta conseguem surpreender nas competições a despeito de todas as discrepâncias técnicas e/ou financeiras. Admita que você se emocionou quando o "humilde" Marrocos, da mesma forma, contrariou as expectativas em 2022 e chegou a uma semifinal de Copa do Mundo.

Eu admito que é muito mais interessante assistir e analisar um confronto entre um City contra um Barcelona. A atitude da UEFA e a tentativa de se criar uma Superliga Europeia, porém, não levam em conta o mérito esportivo, apenas o potencial de um time para gerar audiência. E isto é uma enorme contradição visto que, desta forma, não participariam as melhores equipes da Europa, apenas as mais ricas.



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terça-feira, 22 de agosto de 2023

O Brasil Precisa Aprender a Jogar Sem Neymar

Imagem extraída de www.facebook.com/neymarjr



O técnico interino da Seleção Brasileira, Fernando Diniz, convocou os 23 jogadores que representarão o Brasil nas partidas contra a Bolívia (dia 8 de setembro em Belém) e contra o Peru (dia 12 de setembro em Lima), ambas válidas pelas Eliminatórias da Copa 2026. A lista, que foi considerada "conservadora" por alguns jornalistas, teve algumas novidades como o goleiro Bento, os laterais Caio Henrique e Vanderson e o zagueiro Nino. O retorno de Neymar, contudo, foi o tema que mais gerou repercussão.

Neymar acabou de acertar sua transferência para o Al-Hilal da Arábia Saudita e já foi apresentado pelo seu novo clube no último sábado. O seu treinador, Jorge Jesus, se declarou "surpreso" com a convocação do atleta e revelou que o jogador está com uma lesão que impediu sua estreia. A informação causou grande estranhamento visto que o brasileiro chegou a fazer a pré-temporada com o Paris Saint-Germain e ele até anotou dois gols em amistoso contra o Jeonbuk Mototrs da Coréia do Sul.

A lesão, seja ela verdadeira ou apenas uma desculpa para vetar a convocação de Neymar, é um indício de que a Seleção precisa aprender a atuar sem o craque. Sim, afinal o atleta já está com 31 anos e possui diversas passagens pelo departamento médico. A velocidade e a agilidade que consagraram o jogador tendem a diminuir com a idade.



Imagem extraída de www.facebook.com/neymarjr



Neymar está se aproximando da reta final de sua carreira. Aos 31 anos e sem mercado entre os grandes clubes da Europa, restou ao atacante ir para a Arábia Saudita, liga ainda emergente e onde a maioria dos craques já são trintões como Benzema e Cristiano Ronaldo. Não obstante, as lesões que o assombraram durante sua passagem pelo PSG devem se tornar ainda mais frequentes pela idade.

A CBF, porém, ainda acredita muito em Neymar visto que nenhum jogador apresentou seu mesmo apelo midiático ou poder de decisão em campo. A inspiração dos cartolas é justamente Lionel Messi que, aos 35 anos e após várias Copas decepcionantes, entregou tudo em seu sprint final e levou a Argentina ao tricampeonato. Os dirigentes, portanto, acreditam que o atleta do Al-Hilal fará o mesmo pelo Escrete Canarinho naquele que provavelmente será seu último Mundial.

O futebol, como sempre escrevo, envolve o fator humano e Neymar ainda pode surpreender a todos em campo apesar da idade e do histórico de lesões. É necessário, porém, ter consciência de que aos 31 anos e com os recentes problemas físicos apresentados; a ausência do jogador na Seleção deve se tornar algo frequente durante este quadriênio. E o Brasil precisa estar preparado para isto.


Imagem extraída de www.facebook.com/neymarjr




segunda-feira, 21 de agosto de 2023

O Scarpa Tá Certo

Imagem extraída de www.facebook.com/OlympiacosFC



Terminou mal a primeira temporada do meia Gustavo Scarpa na Europa. O armador havia assinado pré-contrato com o Nottingham Forest e se transferiu de graça para a Inglaterra no fim de 2022. O brasileiro, inclusive, já havia declarado em entrevistas que tinha o sonho de disputar a Premier League. O jogador, porém, teve problemas com lesões e não foi bem em seus primeiros meses na Terra da Rainha.

O jogador, que não caiu no gosto do treinador Steve Cooper, recebeu sondagens de Flamengo e Palmeiras para retornar ao Brasil mas Scarpa estava determinado a permanecer na Europa. O meia, então, foi cedido ao Olympiacos da Grécia (que pertence ao mesmo proprietário do Nottingham Forest) onde tentará dar a volta por cima.

Muitos veem a insistência de Scarpa como uma "perda de tempo", afinal a carreira de um jogador é efêmera e um atleta aos trinta anos já é considerado "velho". Ademais, há o próprio interesse de torcedores e dirigentes que anseiam por um retorno do meia ao Brasil para que ele reforce algum time daqui -em especial os palmeirenses que ainda não encontraram um substituto que preenchesse o vazio deixado pelo armador.



Imagem extraída de www.facebook.com/OlympiacosFC



Eu, contudo, apoio a decisão de Scarpa e encorajo o jogador a continuar lutando pelo seu sonho de fazer carreira na Europa. Sim, afinal se este é seu objetivo como atleta, o meia deve brigar por ele até o final. Desistir diante do primeiro empecilho seria assinar um atestado de fracasso.

O choque cultural é inevitável em situações como a de Scarpa afinal outros países diferem do nosso em todos os sentidos, incluindo os costumes e o estilo de jogo praticado. Nem todos os jogadores conseguem se adaptar e muitos optam por voltar ao Brasil sem completar uma temporada sequer na Europa. E isto era ainda mais frequente na Inglaterra onde poucos brasileiros haviam vingado até pouco tempo atrás.

Scarpa, diferente dos colegas que retornaram cedo da Europa, parece determinado a provar que pode, sim, vingar no Velho Continente, mesmo em alguma outra liga. Talvez uma boa temporada na Grécia possa selar seu retorno à Premier League ou, então, atrair a atenção de algum outro país do continente.

Talvez Scarpa fracasse em sua jornada na Europa mas o meia já fez o mais importante: não desistiu de seu sonho diante da primeira dificuldade enfrentada. Mesmo que em outra liga, o atleta não abaixou a cabeça e se mostrou disposto a cumprir o objetivo de fazer carreira no exterior. Se outros jogadores compartilhassem da mesma mentalidade, provavelmente teriam uma trajetória mais memorável no Velho Continente ao invés de voltarem ao Brasil perante o primeiro empecilho.



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domingo, 20 de agosto de 2023

As Artes Marciais do IME




Meu primeiro semestre na faculdade foi um verdadeiro tour pela USP afinal nós tínhamos aulas em quatro prédios diferentes: Farmácia, Química, Física e no Instituto de Matemática e Estatística (IME -não confundir com o Instituto Militar de Engenharia que utiliza uma sigla semelhante). E todos os edifícios eram relativamente distantes entre si o que nos rendia longas caminhadas pelo campus.

Meu período no IME foi bastante breve afinal íamos apenas uma vez por semana ao edifício para as aulas de estatística (até hoje não sei o que é "quartil" e nem como calcular essa coisa!) que eram bastante breves, com cerca de três horas de disciplina e um intervalo de trinta minutos. Mas este curto período no prédio me deixou algumas lembranças, digamos, curiosas.

Foi no instituto que começaram a surgir as primeiras partidas de baralho protagonizadas pelos colegas de classe. Como eu não entendia nada, apenas ficava olhando à distância tentando aprender as regras. Posteriormente, outros amigos começaram a falar a respeito de artes marciais durante os intervalos das aulas de estatística, assunto que redeu algumas situações divertidas.






Meus colegas começaram a exibir alguns golpes durante os intervalos das aulas (discretamente, afinal era um lugar bastante apertado) mas os resultados acabaram não sendo os esperados pelos "espectadores", o que arrancou muitas risadas nossas. Havia ex-praticantes de todos os tipos de artes marciais: Kung Fu, Aikido, Taekwondo, ... E as conversas a respeito do assunto fluíam.

Uma pena que não havia torneios de artes marciais no INTERUSP durante meus tempos de graduação, algo que só foi introduzido nos últimos anos. A despeito da zoeira, meus colegas eram lutadores talentosos e, talvez, pudessem trazer algumas medalhas para a Farmácia se as modalidades já estivessem disponíveis na época. Soube através da organização que hoje há campeonatos de caratê, judô e jiu-jitsu. 

Nunca mais fui ao IME depois que meu primeiro semestre se encerrou. Eu não tive lá muitas lembranças afetivas do edifício afinal eu odiava estatística (hoje eu gosto) e eu tive pouca proximidade dos professores do local. Mas o assunto a respeito de artes marciais rendeu muitas situações divertidas e que marcaram a minha estadia no instituto.







quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Jogo de Nervos

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



Assisti ao jogo da UEFA Super Cup ontem à tarde mas eu estava muito cansado e optei por escrever a análise tática posteriormente. Eu, aliás, pensei em nem redigir uma crônica visto que uma supercopa é apenas um jogo festivo para celebrar o início de uma nova temporada (como disse o jornalista Carlos Eduardo Mansur) e, portanto, não poderíamos avaliar os times com o mesmo rigor de uma Champions. A partida, porém, pode nos oferecer algumas "pistas" do que os técnicos farão durante a temporada 2023-24.

O City foi a campo em 4-1-4-1/3-6-1 com Akaji realizando a função do lesionado Stones, ora atuando como zagueiro, ora atuando como volante. Além do seu camisa 5, Guardiola não pode contar com Gündoğan (que se transferiu ao Barcelona), Rúben, De Bruyne e Bernardo (lesionados). Kovačić, Gvardiol, Foden e o garoto Palmer foram escalados em seus respectivos lugares.

O Sevilla foi de 4-2-3-1 sem Alex Telles (devolvido ao Manchester United) e com Acuña em seu lugar. Em relação à equipe que disputou a final da Europa League, saíram Fernando e Bryan Gil. Jordán e Lamela substituíram os titulares daquela partida.

O City, como sempre, tentou propor o jogo mas foi travado pela marcação do Sevilla. Os andaluzes utilizaram linhas altas quando os Citizens tentavam jogar com a defesa e se fechavam em duas linhas de quatro quando os ingleses conseguiam escapar.

Os ingleses tentaram, sem sucesso, bolas altas e cruzamentos em direção a Haaland mas a defesa ou o goleiro Bono conseguiram frear os avanços dos Citizens, que pareciam sentir a falta de seus dois articuladores (De Bruyne e Gündoğan). As melhores chances do City vieram pela esquerda com Grealish forçando as jogadas sobre o veterano Navas.

O Sevilla aproveitou as subidas do rival e, em um contra-golpe veloz pela esquerda articulado por Acuña, achou En-Nesyri na área inglesa. O marroquino subiu mais alto que Aké e Gvardiol para fuzilar Ederson com um cabeceio.



City, em 3-6-1, tenta se infiltrar na defesa andaluz com Grealish
pela esquerda ou com bolas altas para Haaland, mas sem êxito.
Sevilla, em 4-2-3-1, responde pelas pontas com os laterais ou
ponteiros acionando En-Nesyri (imagem obtida via this11.com).



City volta nervoso para o segundo tempo errando muitos passes e cedendo contra-ataques perigosos ao Sevilla. Ederson, porém, faz grandes defesas e consegue deter En-Nesyri. A grande atuação do brasileiro foi devolvendo a confiança aos Citizens e abalando a dos andaluzes, que passaram a cometer muitas faltas. Em uma delas, perto da área de Bono, Rodri acha Palmer na direita e o garoto consegue empatar em um belo cabeceio.

A partida segue equilibrada e nenhum dos times consegue o desempate. Nos pênaltis, Gudelj, bastante nervoso, erra a última cobrança da série normal e o City vence o seu primeiro título na UEFA Super Cup.

O jogo não pode ser utilizado para consagrar ou crucificar os jogadores, afinal trata-se de uma partida festiva apesar de haver um troféu em disputa. O City, porém, mostrou muitas dificuldades sem seus dois maestros enquanto o Sevilla, ajudado pelos desfalques adversários, conseguiu equilibrar o confronto apesar das discrepâncias técnicas e financeiras. E, mais uma vez, o embate mostrou o quanto a psicologia faz a diferença em campo, algo que nossos clubes ainda insistem em ignorar.



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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Calma com o Pofexô!

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Vanderlei Luxemburgo superou a desconfiança de todos (incluindo a do autor que vos escreve) e tirou o Corinthians da crise. O Timão está cada vez mais longe da zona de rebaixamento e permanece vivo nas copas -fará a semifinal da Copa do Brasil hoje contra o São Paulo e enfrentará o Estudiantes nas quartas-de-final da Copa Sulamericana. A apreensão dos torcedores deu lugar à empolgação e o Coringão já enxerga a luz no fim do túnel.

Os dirigentes certamente também estão eufóricos afinal Luxa não era a primeira opção dos cartolas (Mano Menezes fora sondado após a demissão de Cuca) e a aposta arriscada no carioca rendeu frutos a médio prazo. Com isso, a chapa situacionista se fortalece e deve vencer novamente as eleições no final do ano.

Fãs e cartolas certamente já pedem a permanência de Luxa para a próxima temporada -o carioca tem um "contrato de risco" com o Timão valido apenas até dezembro deste ano- após o treinador apagar o incêndio no Corinthians. Eu, contudo, ainda esperaria até o término dos campeonatos antes de uma possível renovação com o técnico.

A crise no Corinthians foi estancada mas o Timão ainda não está livre do rebaixamento -está com 23 pontos, 5 acima do Santos (atual 17º colocado) e ainda longe dos 46, o número que os matemáticos consideram como "suficientes" para escapar do descenso. Ademais, os títulos das copas ainda não estão garantidos e, cabe sempre lembrar, jogos em mata-matas são sempre traiçoeiros. Há, portanto, muito trabalho a se fazer ainda.



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Um bom exemplo foi Abel Braga que assumira o Internacional em 2020 como "tampão". O ex-zagueiro, após um início lento (fora eliminado da Libertadores e da Copa do Brasil), conseguiu levar o Colorado à liderança do Brasileirão durante aquela temporada e até houve uma comoção para que o treinador permanecesse. Mas o time gaúcho apresentou uma queda abrupta de rendimento na reta final da competição e viu o Flamengo erguer a taça. Ou seja, a empolgação pode levar à precipitação.

Outro motivo é que treinadores tendem a se apegar em demasia ao seu elenco, principalmente se conquistas forem alcançadas. O Corinthians, porém, necessita de uma reformulação urgente em seu envelhecido time. Luxa teve méritos ao propor um estilo de jogo adequado aos seus veteranos e, com isso, fazer o Timão competir novamente. Há, porém, jogadores que já não conseguem manter a intensidade de outrora e o técnico pode se tornar um obstáculo para um necessário rejuvenescimento do grupo.

Há, por fim, a própria situação financeira do Corinthians. O treinador, caso tenha êxito em suas missões, certamente pedirá um merecido aumento para renovar e também reforços para manter a competitividade do time. Não se sabe, porém, se o endividado Timão terá recursos para bancar os prováveis desejos de Luxa para 2024 caso o carioca permaneça.

Não há dúvidas que Luxa realiza um bom trabalho no Corinthians e que ele conseguiu superar a desconfiança de todos. Uma possível permanência do treinador, porém, deve ser avaliada com critérios racionais e não com euforia. A temporada ainda é longa e o futebol está sujeito a aleatoriedades por envolver o fator humano. Muitas coisas ainda podem mudar até dezembro...



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PORRADA!

O flamenguista realmente não tem um dia de paz. Após o atacante Pedro e o técnico Jorge Sampaoli acertarem suas diferenças, houve um novo caso de agressão no clube, desta vez protagonizado pelo volante Gerson e pelo lateral Varela. Está mais do que na hora dos mandatários tomarem as rédeas da situação ou o ambiente permanecerá ruim.



COELHO EM RISCO

O América-MG vem apostando tudo nas copas -vendeu caro a eliminação pra o Corinthians na Copa do Brasil e conseguiu passar pelo Red Bull Bragantino na Copa Sulamericana- mas vem pagando o preço no Brasileirão ao desperdiçar pontos que podem ser preciosos contra o rebaixamento. O Coelho precisa repensar seu planejamento ou corre o risco de repetir o Atlético Goianiense em 2022.




terça-feira, 15 de agosto de 2023

Seja Feliz, Neymar

Imagem extraída de www.facebook.com/PSG



As constantes especulações a respeito do destino de Neymar estão prestes a terminar. O Paris Saint-Germain chegou a um acordo com o Al Hilal e o brasileiro deve jogar na equipe comandada por Jorge Jesus. O atacante deve receber algo em torno de 320 milhões de Euros mensais na Arábia Saudita. 

Neymar teria tentado retornar ao Barcelona alguns dias antes de sua transferência para o Al Hilal ser acertada, mas teria encontrado muita resistência no time catalão devido à maneira como saiu da equipe blaugrana em 2017 e também pelo seu histórico de problemas (lesões e indisciplina) no Paris Saint-Germain. Pelo mesmo motivo, o brasileiro vinha sofrendo muita rejeição na França a ponto de torcedores protestarem na frente de sua casa.

Acredito que tenha sido bom que Neymar não tenha acertado seu retorno ao Barcelona. Sim, afinal o brasileiro encontraria uma equipe completamente modificada e sem seus eternos amigos Messi (que está no Inter Miami) e Suárez (que defende o Grêmio). Aliás, dos titulares que atuaram com o atacante na Catalunha, apenas o goleiro Ter Stegen permanece no clube. Não obstante, o treinador Xavi vem tentando impor uma disciplina rígida no grupo a todo custo e o perfil do atacante dificilmente se encaixaria. Muito provavelmente o jogador também não seria feliz em seu retorno ao Barça.



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Neymar vai à Arábia Saudita seduzido pelos "petrodólares" que o governo está injetando nos times locais e também por não haver nenhum grande clube europeu interessado em seu futebol -apenas o Chelsea, que não disputará a Champions League 2023-24, realizou consultas ao brasileiro. Aos 31 anos e com algumas decisões infelizes tomadas em sua carreira, o atacante dificilmente realizará seu sonho de ganhar a Bola de Ouro.

O atacante, que já está milionário e sabendo que suas ambições dificilmente serão concretizadas, deveria investir em sua felicidade ao invés do patrimônio ou do ego. Poderia tentar se juntar ao amigo Messi no Inter Miami ou voltar para o Brasil onde é idolatrado - e, quem sabe, esperar por alguma proposta interessante na próxima janela de transferências como faz Lucas Moura no São Paulo.

Neymar, portanto, deveria "curtir" a fase final de sua carreira. Não necessita mais de dinheiro e tem consciência de que a Bola de Ouro é um sonho distante. Poderia ser feliz ao lado dos amigos ou da torcida que o ama, mas decidiu se arriscar mais uma vez ao aceitar a proposta do futebol árabe onde ainda há muitas incertezas.



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