quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Muito Sacrifício por Pouco

Imagem extraída de www.facebook.com/FluminenseFC



Todos sabem que Fernando Diniz ainda é um treinador jovem e que ainda comete muitos erros por não ter a vivência de seus colegas mais experientes. O técnico do Fluminense parece ainda não ter compreendido a importância do Mundial de Clubes para o Tricolor e vem tomando decisões totalmente questionáveis.

O Flu está na mesma situação do Palmeiras: ambos reivindicam ter sido campeões mundiais pela extinta Taça Rio que não é reconhecida pela FIFA. O Tricolor, portanto, necessita do troféu na Arábia Saudita por uma questão de honra -ou, ao menos, realizar uma campanha convincente no Mundial de Clubes visto que o Manchester City é franco favorito.

Diniz, provavelmente incomodado com as críticas que recebeu durante os jogos da Seleção Brasileira, disputou as últimas partidas pelo Fluminense com o time titular a despeito do Tricolor não ter mais chances de título pelo Brasileirão nem correr mais riscos de rebaixamento. O mineiro certamente quis dar uma resposta em campo mas correu riscos desnecessários.



Imagem extraída de www.facebook.com/FluminenseFC



Samuel Xavier saiu de campo chorando após se machucar durante a vitória por 1x0 diante do São Paulo. A lesão do lateral-direito não é considerada grave mas o atleta é dúvida para o Mundial de Clubes. Diniz voltou a escalar boa parte dos titulares contra o Coritiba e contra o Santos e, para sua sorte, nenhum jogador sofreu algum ferimento mais sério.

Diniz também parece não ter levado em conta a exaustiva temporada do futebol brasileiro, algo que foi apontado por Jorge Jesus como uma das causas para a derrota do Flamengo diante do Liverpool em 2019. Não seria surpresa que o Fluminense não conseguisse manter a intensidade durante os noventa minutos. Seria ideal, portanto, descansar os atletas mais importantes visando a competição mais importante.

É obrigação dos times buscarem o resultado porque o futebol é competição e também em respeito ao público que pagou ingresso para assistir ao jogo. O torcedor, porém, se sentirá ainda mais respeitado se o Fluminense fizer uma boa campanha no Mundial de Clubes ao invés de priorizar partidas que já não têm mais importância.



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quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Estepe

Bellingham fez tudo na tarde de hoje: gol, assistência,
desarmes, (imagem extraída de twitter.com/realmadrid)...



Não tivemos análise no dia de ontem devido a um compromisso do autor na parte da tarde.

Estepe, como escrevi em outro texto, não substitui totalmente um pneu mas é suficiente para o carro rodar até chegar à borracharia para que uma troca possa ser realizada. O Real Madrid chegou à quinta rodada da Champions League com vários desfalques. Era fato que a partida contra o Napoli não valia muita coisa visto que os Merengues já estavam assegurados nas oitavas mas os espanhóis queriam vencer em respeito ao público que pagou ingresso e o fizeram graças aos seus muitos "estepes".

Carlo Ancelotti escalou o Real em 4-4-2 alternando entre os meio-campistas em linha ou em losango com Bellingham atuando como trequartista. Walter Mazzari, contratado há uma semana atrás, manteve o 4-3-3 do Napoli mas foi obrigado a poupar Osimhen que estava voltando de lesão -Giovanni Simeone, filho do ex-volante e técnico do Atlético de Madrid, substituiu o nigeriano.

O Real Madrid começou melhor o jogo imprensando o Napoli, adiantando linhas e trocando passes mas sentiu falta de uma referência na área. Os Partenopei passaram o jogo encolhidos e buscando Kvaratskhelia pela esquerda como desafogo -mesmo os contra-ataques iniciados pela direita foram em direção ao georgiano.

O camisa 77 acertou um petardo defendido por Lunin mas Simeone pegou o rebote e abriu o placar -o ucraniano "defendeu" a bola dentro do gol. Os italianos, porém, não tiveram tempo para comemorar e Rodrygo, pela esquerda, deu a resposta logo que o jogo reiniciou. Minutos depois, Bellingham, pelo mesmo lado após lançamento de Alaba, virou para os mandantes.



Real, em 4-4-2, ataca principalmente pela esquerda com
Rodrygo e Bellingham. Napoli, em 4-3-3, responde também
pela esquerda com Kvaratskhelia (obtido via this11.com).



Mazzari troca Simeone por Osimhen e ordena seu time para atacar mais pelo lado direito. Logo no início da segunda etapa, Zambo Anguissa aparece de surpresa por aquele lado e fuzila Lunin para empatar. Minutos depois, o treinador napolitano tira Zieliński e coloca Elmas mudando o esquema para 4-4-2/4-2-3-1.

O jogo torna-se uma verdadeira "trocação" com os dois times atacando e contra-atacando seguidamente. Ancelotti responde trocando Ceballos e Brahim Díaz por Joselu e Nico Paz. O garoto de camisa 32 consegue desempatar com um belo petardo pela direita. Quase no final da partida, o camisa 14 "mata" o jogo (após desperdiçar pelo menos três chances claras) com uma assistência de Bellingham.

O Napoli tenta uma última cartada colocando mais atacantes enquanto o Real recua para segurar o jogo. Houve ainda tempo para Rodrygo sentir a perna e se tornar mais uma preocupação para o já desfalcado time merengue.



Napoli consegue empatar com Zambo Anguissa pela direita
mas é surpreendido pelo garoto Nico Paz (obtido via this11.com).



Real faz o dever de casa mesmo com o time predominantemente reserva e assegura o primeiro lugar do Grupo C, podendo enfrentar um adversário teoricamente mais fácil nas oitavas. Napoli se complica e jogará a vida contra o desesperado Braga em dezembro -para a sorte dos Partenopei, a partida será no Diego Maradona.

O Real Madrid não apenas foi melhor em campo como também demonstrou que tem recursos no banco de reservas para suprir os muitos desfalques nesta primeira metade da temporada. Os "estepes" merengues causaram uma dor de cabeça boa a Carlo Ancelotti e provaram que podem conduzir o possante madrilenho tranquilamente.



Imagem extraída de twitter.com/realmadrid




terça-feira, 28 de novembro de 2023

Mudanças?

Imagem extraída de twitter.com/Corinthians



O empresário Augusto Melo (foto acima) foi eleito presidente do Corinthians no último sábado e irá dirigir o clube durante o próximo triênio -de 2024 até 2026. O resultado foi considerado um fato histórico por jornalistas visto que o oposicionista conseguiu vencer a chapa "Renovação e Transparência" que comanda o Timão desde 2007.

Pesaram contra a situação a dívida recorde do Corinthians (estimada em R$ 1 bilhão), a falta de títulos durante o último triênio, a rejeição ao candidato André "Negão" Luiz de Oliveira (que chegou a ser investigado pela justiça) e alguns escândalos ocorridos durante a gestão como o calote da empresa Tanusa durante a contratação do volante Paulinho. O vexame diante do Bahia em plena Neo Química Arena foi o golpe final na atual diretoria.

A eleição, cabe mencionar, foi bastante turbulenta e marcada por diversas polêmicas: trocas de acusações, tiros contra o Parque São Jorge durante a madrugada, um princípio de acordo amarrado pela situação (e sem nenhuma transparência) para quitar as dívidas referentes ao estádio e supostos áudios misóginos atribuídos ao candidato oposicionista.



Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians



Os desafios de Melo não serão poucos: o mandatário terá de lidar com a dívida recorde do clube, reformular o time masculino (que está envelhecido e apresenta um desempenho sofrível) e decidir o que fazer com o treinador Mano Menezes cujo contrato está amarrado até o final de 2025. Haverá ainda enorme pressão por parte de torcedores e conselheiros que exigirão o fim do jejum de troféus.

O novo presidente já declarou que irá realizar uma auditoria para investigar o que levou a instituição a contrair uma dívida tão grande. As finanças, aliás, deveriam ser a prioridade da gestão visto que com as contas em ordem o Corinthians poderia voltar a ser competitivo e nunca mais passar por vexames como salários atrasados, o calote das marmitas e tantos outros.

Sabemos, porém, que o desempenho em campo sempre pesa mais que o financeiro. Dificilmente a nova gestão escapará da tentação de buscar por medalhões -Gabigol e Di María já foram ventilados como possíveis reforços para 2024. Como escreveu Paulo Cobos, cartolas entram na história dos clubes pelos títulos conquistados, mas seria desejável que fossem lembrados por sanearem as finanças.



Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians




segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Prazo de Validade

Imagem extraída de www.facebook.com/bayer04leverkusen



Bayer Leverkusen e Girona são as grandes sensações da Alemanha e da Espanha respectivamente. Os dois times estão surpreendendo nesta primeira metade da temporada e disputando a liderança com os principais times de suas respectivas ligas. É com imensa tristeza, porém, que afirmo que dificilmente estas equipes serão mantidas para 2024-25 mesmo que eventualmente conquistem algum título.

Os Werkself e os Blanquivermells muito provavelmente perderão seus principais jogadores para rivais mais abastados e devem chegar enfraquecidos para a próxima temporada. É possível, aliás, que alguns de seus destaques sejam negociados já durante a próxima janela de transferências visto que o "vírus FIFA" causou diversas lesões de atletas e muitos clubes terão de ir às compras em janeiro. Os treinadores Xabi Alonso e Míchel estão valorizados com as boas campanhas de seus respectivos times e também podem receber propostas para saírem.

Os desmanches são comuns em equipes de menos tradição na Europa como explicado em um post anterior. Os clubes de maior poder aquisitivo certamente virão atrás dos principais jogadores do Leverkusen e do Girona que pouco terão a fazer visto que não podem competir financeiramente com seus rivais mais endinheirados. Foi o que aconteceu com o Lille de 2010-11, o Leicester City de 2015-16 e com o Ajax de 2018-19. Me surpreende, aliás, que o Napoli tenha conseguido segurar seu elenco campeão de 2022-23 -dos titulares, apenas o zagueiro Min-jae Kim saiu.



Imagem extraída de www.facebook.com/gironafc



Os eventuais rumores de propostas podem interferir no desempenho das equipes para o restante da temporada visto que os jogadores podem balançar com a possibilidade de serem vendidos e, com isso, perderem a concentração em campo. Os treinadores, sabendo que seus atletas estão valorizados, terão de blindar seus comandados para evitar que as ótimas campanhas venham por água abaixo. Não será uma tarefa fácil para Alonso e Míchel visto que os dois técnicos ainda são muito jovens e, por enquanto, não possuem muito estofo para cobrar o elenco.

Alguns podem argumentar que o Girona pertence ao City Group e, portanto, poderia manter o elenco graças ao dinheiro dos empresários emiráticos. Os Blanquivermells, porém, são um "clube satélite" e a tendência é de que seus principais jogadores sejam realocados para a "matriz" Manchester City caso não sejam negociados.

Resta ao Leverkusen e ao Girona aproveitarem seus respectivos elencos enquanto puderem. Os clubes dificilmente chegarão intactos para 2024-25 visto que seus principais jogadores receberão propostas de rivais mais abastados. Ao menos, os Werkself e os Blanquivermells receberão um bom dinheiro com as vendas e poderão reinvestir tudo em novas promessas.



Imagem extraída de www.facebook.com/bayer04leverkusen




domingo, 26 de novembro de 2023

A Churrasqueira do 13A




Não é nenhuma novidade que o autor não se envolvia com as atividades extraclasses durante seus tempos de graduação. Eu mal sabia onde estavam localizados os departamentos da faculdade, quanto mais os espaços destinados aos alunos. Eu sequer imaginava que havia uma churrasqueira "escondida" em meio aos edifícios da Farmácia, algo que só descobri depois de formado.

A Faculdade de Ciências Farmacêuticas compreende um grupo de oito edifícios chamados de "blocos" que vão do 13 até o 17, sendo que o 13 está dividido em três prédios: o 13, o 13A e o 13B. A churrasqueira está localizada em um corredor anexo ao Bloco 13A onde também fica a diretoria da faculdade.

Eu só descobri a existência da tal churrasqueira em meados de 2011 quando fui à defesa de mestrado de um amigo da faculdade. Tão logo se deu a aprovação, os espectadores se dirigiram ao Bloco 13A onde o agora mestre nos ofereceu um churrasco. Fiquei muito surpreso com a existência daquele espaço, afinal passei vários anos da minha vida na Farmácia e jamais imaginei que houvesse um lugar destinado a confraternizações por lá!



A churrasqueira da Farmácia fica localizada atrás desse portão.



Voltaria ao local dias depois para a comemoração de uma outra defesa de mestrado quando reencontrei um professor de uma das matérias mais temidas da faculdade. Foi uma experiência bastante divertida, afinal eu só conhecia o docente no ambiente da sala de aula e passamos algumas horas conversando como se fôssemos velhos amigos.

Retornaria ao local dois anos depois para a despedida de outro amigo da Farmácia -talvez eu conte esta história com mais detalhes futuramente. Foi um dos dias mais divertidos que eu já tive na faculdade. Reencontrei pessoas que não via há anos e também foi uma das últimas vezes que eu estive com o pessoal do "Rolênios" antes deles se formarem.

A existência da churrasqueira foi um dos fatos mais surpreendentes da minha vida na Farmácia. Eu sabia que a faculdade não se limitava apenas a pesquisas e ensino, mas eu sempre enxergava o ambiente acadêmico como algo estritamente profissional. Jamais imaginei que haveria a preocupação com a realização de celebrações no campus ou com a integração dos frequentadores.

Juro que se algum dia eu fizer uma outra faculdade, vou aproveitar bem mais o que ela tem a oferecer! Como eu nunca me envolvi com atividades extraclasses, jamais imaginei que houvesse uma churrasqueira bem no lugar onde eu estudava! E bem escondida ao lado da diretoria!







sábado, 25 de novembro de 2023

Eurozona

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2024



Foi realizado durante a última quinta-feira o sorteio para os playoffs que irão definir os três últimos classificados para a Eurocopa 2024. Os doze times jogarão em março do próximo um mini torneio com semifinais e finais de turno único. Houve, porém, uma grande polêmica com relação às seleções que disputarão a repescagem visto que o desempenho na Nations League anterior foi considerado para as equipes que participarão desta etapa.

Georgia, Estônia, Cazaquistão, Islândia e Bósnia-Herzergovina sequer ficaram em terceiro lugar em suas respectivas chaves e estariam eliminados se o regulamento antigo ainda estivesse em vigência. Estes times, porém, apresentaram um bom desempenho na Nations League 2022-23 o que lhes assegurou ao menos uma vaga para a repescagem.



Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2024



O regulamento, que está em vigência desde a edição anterior da Eurocopa, gerou uma série de fatos bizarros. Luxemburgo, Islândia e Bósnia-Herzegovina estavam todos na mesma chave das eliminatórias e as três seleções foram de mãos dadas para a repescagem. A Estônia, que foi lanterna do Grupo F com apenas um ponto e sem nenhuma vitória conquistada, também acabou beneficiada pela regra.

Pagaram o preço Noruega, Suécia e Montenegro que terminaram em terceiro nas suas respectivas chaves mas acabaram desclassificados porque não obtiveram um bom desempenho na última edição da Nations League. Alguns comunicadores, aliás, lamentaram uma nova ausência dos noruegueses e sua excelente geração de atletas (Haaland, Ødegaard, Aursnes, ...) na Eurocopa, algo que já ocorrera em 2020.



Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2024



A UEFA realizou tais mudanças no regulamento para que houvesse a inclusão de equipes de menor tradição e, principalmente, para que a Nations League fosse devidamente valorizada. As novas regras, porém, tiveram consequências bizarras na repescagem desta edição com o desempenho da liga se sobrepondo ao mérito dos times nas eliminatórias.

Os playoffs para a Euro 2024, portanto, deixaram evidente que as regras necessitam de ajustes para que não ocorram novas injustiças durante as próximas edições. A Nations League é um torneio interessante e a UEFA está no seu direito de valorizar a competição visando o lucro. Mas a federação, por outro lado, acabou prejudicando seleções que tiveram bons desempenhos nas eliminatórias ao mesmo tempo que beneficiou equipes que tiveram rendimentos pífios.



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sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Scaloni e a Realidade das Seleções

Imagem extraída de twitter.com/Argentina



Os torcedores argentinos mal tiveram tempo de saborear a histórica vitória sobre o arquirrival Brasil em pleno Maracanã quando foram surpreendidos por uma notícia bombástica: o treinador albiceleste, Lionel Scaloni, declarou que "está complicado continuar" em sua seleção e deixou implícito que pode sair. O motivo, segundo jornalistas, seria a insatisfação do técnico com o presidente da Asociación del Fútbol Argentino (AFA), Claudio Tapia, bem como problemas estruturais da federação.

As declarações de Scaloni justificam as recusas de outros treinadores argentinos em assumirem a seleção de seu país. Antes do ex-lateral assumir a Albiceleste, a AFA teria procurado Diego Simeone e Mauricio Pochettino mas os dois optaram por permanecer em seus respectivos clubes a despeito de ser uma grande honra comandar o selecionado nacional. Cabe mencionar que os Hermanos tiveram três técnicos (Tata Martino, Patón Bauza e Jorge Sampaoli) durante o ciclo para a Copa 2018, o que demonstra a instabilidade do cargo.

O ex-lateral, ademais, sabe que está valorizado com a conquista da Copa 2022. Scaloni não teria dificuldades em encontrar algum time europeu interessado em seus serviços após tirar a Albiceleste da fila. Ou então, poderia engordar sua conta bancária com os "petrodólares" do Oriente Médio. O argentino, portanto, dificilmente ficaria desempregado por muito tempo se optar por renunciar ao seu cargo atual.



Imagem extraída de twitter.com/Argentina



Comandar uma seleção é muito diferente de um clube: há menos tempo hábil para se formar um time, os resultados devem vir a curto prazo devido à menor frequência de jogos e sempre há muitas pressões para a convocação de determinados atletas. Não obstante, aqui na América do Sul sempre há muita instabilidade no cargo e são poucos os treinadores que obtém respaldo dos dirigentes durante as oscilações das equipes. O próprio momento vivido pelo Brasil evidencia tal fato.

A AFA, porém, precisa agir para manter seu treinador visto que foram anos até que alguém fosse capaz de tirar a Albiceleste da fila. Os dirigentes têm a obrigação de ouvir as queixas de seu técnico (caso sejam verdadeiros os rumores) e tentar convencê-lo a ficar visto que o trabalho de Scaloni ainda tem potencial para mais conquistas.

As declarações de Scaloni, acima de tudo, servem de alerta para os dirigentes de toda a América do Sul: os treinadores de seleções precisam de respaldo e de estrutura para que possam desenvolver seu trabalho. O tempo já é escasso e a pressão já é enorme devido aos poucos jogos disputados pelas equipes nacionais.



Imagem extraída de twitter.com/Argentina




quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Esticando a Corda

Imagem extraída de www.facebook.com/cff.hns



A Croácia garantiu a sua vaga direta para a Eurocopa 2024 -já estava assegurada para os playoffs por ter sido finalista na Nations League- e terá mais uma chance de consagrar a fantástica geração de Luka Modrić. A campanha, no entanto, foi aos trancos e barrancos com tropeços em casa diante dos rivais diretos, Turquia e País de Gales. 

A Hrvatska ficou na dependência de um tropeço dos galeses (o que acabou acontecendo na penúltima rodada diante dos armênios) para não ter de disputar a repescagem. E o Grupo D era bastante acessível, sendo composto por Turquia, Armênia, Letônia e o País de Gales. Os croatas ao menos, fizeram a sua parte e não vacilaram nas duas últimas partidas.

O treinador Zlatko Dalić realizou um trabalho excepcional durante os dois últimos quadriênios. Foram dois vice-campeonatos (Copa 2018 e Nations League 2023) e um terceiro lugar (Copa 2022). Isso a despeito da excepcional geração de jogadores ter sofrido perdas importantes (Mandžukić, Rakitić, Subašić, Lovren, ...) durante o último ciclo e também a despeito do fato de seus principais jogadores estarem envelhecendo. 

A campanha sofrível visando a competição na Alemanha, contudo, deixou evidente que o estilo de Dalić já está se tornando previsível para os rivais. Ademais, o elenco vem apresentando uma renovação tímida e ainda há uma dependência excessiva de Modrić. Cabe mencionar que o camisa 10 pretendia se aposentar após o Mundial do Catar mas o meia foi convencido a jogar a Euro 2024 após o bom desempenho no Oriente Médio.



Imagem extraída de www.facebook.com/cff.hns



É evidente que ninguém gostaria de abrir mão de uma geração de atletas tão excepcionais, sobretudo quando realizam grandes campanhas. Mas o futebol é um meio competitivo, os jogadores envelhecem, os esquemas táticos tornam-se obsoletos e quem não se renova acaba passado para trás. Foi o que aconteceu com os ótimos times da Espanha na Copa 2014 e da Alemanha em 2018.

Será um processo doloroso abrir mão de Dalić e dos veteranos remanescentes após tantas campanhas excepcionais mas o desempenho durante as Eliminatórias deixou evidente que mudanças precisam ser realizadas. Modrić também está se aproximando de sua aposentadoria visto que está perdendo espaço no Real Madrid e os adversários estão conseguindo vencer o genial meio-campista nas divididas.

Nada vai apagar o que Dalić e seus comandados fizeram pela Croácia, mas eventuais campanhas vexaminosas poderão deixar algumas manchas. Tão importante quando acreditar na continuidade de um trabalho é saber quando ele está chegando ao seu limite.



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quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Para-Raio

Rodrigo de Paul (ao centro) chamou faltas e cavou três cartões
para o Brasil (imagem extraída de twitter.com/Argentina).



Muitos dos times brasileiros costumam subestimar a psicologia mas ela fez toda a diferença na partida de ontem visto que a Argentina venceu o Brasil justamente nos nervos. Os mandantes cometeram muito mais faltas que os visitantes e a Canarinho recebeu bem mais cartões que a Albiceleste -4x0, sendo um vermelho. O treinador Fernando Diniz, aliás, é formado em psicologia mas pouco utilizou de seus conhecimentos na área e também entrou na pilha dos rivais.

Diniz repetiu o 4-2-4 da partida anterior mas com Carlos Augusto e Gabriel Jesus (já recuperado de lesão) nos lugares de Renan Lodi e Vini Jr. Lionel Scaloni, por sua vez, foi de 4-4-2 alternando entre quatro meio-campistas em linha e o losango dependendo do posicionamento de Lo Celso, ora jogando aberto pela direita, ora centralizado como trequartista.

A partida nem havia começado e o clima já estava quente nas arquibancadas. Após muita provocação entre as duas torcidas, houve uma confusão no setor onde estavam concentrados os fãs argentinos e a polícia foi acionada. Assustados, os atletas albicelestes ameaçaram não jogar mas foram convencidos a entrarem em campo.

O jogo começou bastante nervoso com muitas divididas e poucas chances criadas -foram apenas duas oportunidades para cada lado durante todo o primeiro tempo. De Paul foi o atleta mais caçado em campo, sofrendo duas faltas duras (uma de Raphinha e outra de Gabriel Jesus) causando o amarelamento dos dois brasileiros.

Quando os dois time se acalmaram, o Brasil tentou atacar principalmente pelos lados com Rodrygo pela esquerda e Raphinha pela direita, mas sem muito perigo para Dibu Martínez. A Argentina respondeu usando seus quatro meio-campistas roubando a bola e articulando contra-ataques também pelos flancos mas os albicelestes não conseguiram acionar seus atacantes. Messi tentou voltar para ajudar na armação mas não teve muito sucesso.



Brasil, em 4-2-4, tenta a infiltração pelos lados mas esbarra na
marcação rival. Argentina, em 4-4-2, responde interceptando os
passes no meio-de-campo e contra-ataca pelos flancos mas não
consegue acionar seus atacantes. Messi tenta voltar para ajudar
atrás mas sem êxito (imagem obtida via this11.com).



Brasil perde Marquinhos por lesão no intervalo e Nino o substitui. Os mandantes conseguem imprensar a Argentina e criam oportunidades ainda pelos lados mas a Albiceleste consegue tirar os espaços dos brasileiros baixando as linhas. Foram os visitantes, porém, que abriram o placar em uma cobrança de escanteio arrematada por Otamendi.

Diniz, então, mexe no time colocando Joelinton, Douglas Luiz e Raphael Veiga para tentar mais jogadas pelo centro e também para preencher o meio-de-campo. Scaloni, por sua vez, recua o time trocando Acuña por Tagliafico.

O Brasil tenta adiantar as linhas novamente mas Joelinton se excede em uma dividida com De Paul e acaba expulso, acabando com a estratégia de Diniz. Os mandantes, então, apelam para bolas longas mas a Argentina, agora recuada, consegue controlar o jogo. Os Albicelestes tentam contra-ataques periódicos mas sem ameaçar Alisson.

Há quem ainda duvide da eficácia da psicologia do esporte mas ela fez toda a diferença na partida de ontem. A Argentina soube chamar faltas e "pilhar" os seus adversários, enquanto os brasileiros foram ingênuos e acabaram caindo na estratégia dos rivais. Como escreveu o jornalista Luiz Antônio Prósperi, futebol também é jogo de força mental.



Imagem extraída de twitter.com/Argentina




terça-feira, 21 de novembro de 2023

Futuro Sombrio

Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians



A chapa situacionista do Corinthians havia depositado na Copa do Brasil e na Sulamericana a esperança de um título para vencer as eleições gerais que serão realizadas durante o próximo final de semana. Como os troféus não vieram, os mandatários tentam uma última cartada para salvar o pleito: anunciaram um princípio de acordo com a Caixa Econômica Federal para quitar as dívidas referentes ao estádio do clube.

O grupo político situacionista comanda o Timão desde 2007 quando Alberto Dualib renunciou e a chapa encabeçada por Andrés Sanchez venceu as eleições gerais subsequentes. Os cartolas não conseguiram evitar o trágico rebaixamento naquele ano mas reestruturaram o clube e também acabaram com os maiores espinhos do Corinthians: o Coringão venceu sua Libertadores em 2012 (que era motivo de escárnio para os rivais), conquistou o Mundial cumprindo todos os ritos necessários (nada de "convite" como ocorreu em 2000) e houve a construção do estádio em 2014. Isso sem mencionar que o time faturou muitos outros títulos e se manteve competitivo ao longo da década de 2010.

O desgaste da chapa, contudo, ficou bastante evidente durante os últimos três anos visto que o Corinthians não conquista um troféu desde 2019, o time apresenta apenas espasmos de competitividade, a dívida atingiu valores recordes (estima-se algo em torno de R$ 1 bilhão) e o clube tomou uma série de decisões bastante controversas -a maioria apenas medidas a curto prazo para acalmar conselheiros e torcedores.



Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians



Nenhuma pessoa, contudo, renunciaria ao poder sem que houvesse uma forte motivação para tal. A chapa que controla o Timão desde 2007 (na verdade, há ainda mais tempo ainda visto que muitos de seus integrantes eram aliados do finado Dualib) fará o possível para se manter na presidência apesar da crise e do desgaste da gestão.

Talvez mesmo que haja alternância na gestão, o Corinthians não tenha perspectivas de melhoras: segundo o jornalista Paulo Cobos, o candidato oposicionista, Augusto Melo, também demonstrou poucas possibilidades de mudanças no modelo administrativo no clube e ainda foi alvo de um protesto, acusado de misoginia.

As perspectivas para o Corinthians, portanto, são de um futuro sombrio independente do resultado das eleições. Sem mudanças reais no modelo administrativo, o clube seguirá à mercê de seus dirigentes e de seus respectivos interesses políticos.



Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians




segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Tite Deveria Ter Ficado?

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Eu fui um dos defensores da saída de Tite ao final da Copa 2022, independente se o treinador tivesse conquistado o hexa ou não. A meu ver, o ciclo do gaúcho na Seleção Brasileira já havia se encerrado após cinco anos e meio, lembrando que o atual técnico do Flamengo havia assumido o Escrete Canarinho na metade de 2016 pouco após a eliminação da Copa América Centenário. Hoje, contudo, eu consideraria até mesmo o retorno de Adenor.

O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, afirma que Carlo Ancelotti irá assumir a Seleção Brasileira até a metade de 2024 e que não há um "plano B" caso o atual técnico do Real Madrid recuse. O mandatário está absolutamente convicto de que o italiano irá "cumprir sua palavra" e que o técnico virá para o Brasil após o término da temporada europeia em junho do próximo ano.

Ednaldo tem alguma coerência ao insistir tanto com Ancelotti: o estilo do italiano é muito parecido com o de Tite, tanto sob o ponto de vista técnico quanto sob o pessoal (ambos são paternalistas). Cabe lembrar que o gaúcho fez um estágio com o ex-volante no Real Madrid durante o ano de 2014. Essa proximidade entre os dois treinadores evitaria um choque cultural na Seleção Brasileira visto que seria a primeira vez que um estrangeiro assumiria o Escrete Canarinho.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Tite, por ter um estilo mais afim com o de Ancelotti, talvez devesse permanecer no cargo a despeito do fracasso no Catar visto que a transição seria um processo bem menos conflituoso em virtude das semelhanças. Ademais, o gaúcho possui mais estofo, algo que Diniz e Ramon ainda não possuem por serem muito jovens.

Havia muitos argumentos para a saída de Tite cargo visto que teve dois ciclos para implantar seu estilo e o desempenho foi abaixo do esperado -conquistou apenas a fácil Copa América de 2019 e seus times não convenceram nos dois mundiais disputados. Mas, sob um ponto de vista racional, a continuidade do gaúcho deveria ter sido considerada.

É tarde demais para considerar o retorno de Tite visto que o treinador já está comprometido com o Flamengo e uma nova mudança no comando da Seleção talvez agravasse a situação. Mas talvez os dirigentes da CBF devessem ter realmente considerado uma extensão com o gaúcho dados os argumentos aqui levantados no texto.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial




domingo, 19 de novembro de 2023

Troféu Pipeta de Ouro




Não me lembro se era 2009 ou 2010 mas meus colegas de laboratório estavam tão empolgados com o futebol semanal que estávamos organizando que um deles teve a ideia de organizar um campeonato no ICB a ser disputado entre os laboratórios!

O campeonato teria até premiação: seria chamado "Pipeta de Ouro". "Pipeta" é uma ferramenta  de plástico ou vidro que serve para transferir quantidades precisas de líquido de um recipiente para outro. Meu colega pretendia pegar um desses utensílios de plástico já sem uso e pintar de dourado com tinta em spray para fazer um troféu!

A ideia seria fazer um campeonato envolvendo todo o departamento de fisiologia do ICB onde participariam docentes, funcionários e os alunos. Confesso que não imaginava como seriam distribuídos os times visto que alguns laboratórios possuíam mais de vinte integrantes e outros mal contavam com dois mestrandos.






O Campeonato "Pipeta de Ouro", infelizmente, não pôde ser realizado afinal nossas tarefas foram aumentando com o decorrer do tempo e os alunos aptos a participarem foram diminuindo. A pós-graduação, cabe mencionar, é uma fase bastante efêmera e a rotatividade de pessoas no meio é muito elevada.

As partidas realizadas pelo meu laboratório, ao menos, ainda ocorriam com certa frequência com muitos lances divertidos e com a participação esporádica de pessoas externas. Uma pena que também foram diminuindo à medida em que os alunos viajavam para o exterior para realizarem parte dos estudos em outros países.

Hoje eu lamento que a ideia do "Pipeta de Ouro" não tenha decolado. Fico imaginando como seria a cara das pessoas externas ao ICB entrando nos escritórios dos docentes para pedirem estágio e se depararem com uma vidraria dourada exposta na sala do professor responsável pelo laboratório vitorioso!







sábado, 18 de novembro de 2023

Vestibular

Imagem extraída de www.facebook.com/futebolpaulista



Todos os anos dezenas de jogadores que estão em fim de contrato imploram por uma extensão ou renovação a seus respectivos clubes. Geralmente são atletas emprestados que dificilmente terão a mesma projeção em suas antigas equipes ou veteranos que já não desempenham a mesma intensidade de seus tempos áureos.

O jornalista Cosme Rímoli, porém, escreveu uma ótima ideia para os os jogadores provarem que merecem permanecer em seus clubes atuais: estender os seus contratos até o final dos campeonatos estaduais. Segundo o comunicador, foi o que o atacante Alexandre Pato propôs ao São Paulo: com o seu vínculo chegando ao final e sem espaço com o técnico Dorival Júnior, o paranaense pediu para jogar o Paulistão e demonstrar que ainda reúne condições de ajudar o elenco em 2024.

A grande maioria dos times ainda tem pretensões no Campeonato Brasileiro e não se pode dar ao luxo de realizar testes neste momento sob o risco de perderem título, vaga nas competições internacionais ou a permanência na Série A. Os doze pontos ainda em disputa podem ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso para tais equipes. 



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Os campeonatos estaduais, por outro lado, perderam a relevância das décadas anteriores e hoje só servem para enriquecer federações regionais. As competições, porém, seriam perfeitas para os atletas em fim de contrato demonstrarem que ainda podem contribuir com o elenco visto que o nível técnico é menos exigente e o prejuízo seria menor em caso de eliminação.

O uso dos jogadores em final de contrato nos estaduais, ademais, permitiria que os titulares descansassem um pouco mais nos meses de janeiro e fevereiro visando as competições realmente importantes -Brasileirão, Libertadores, Sulamericana e Copa do Brasil. Grêmio e Athletico Paranaense há anos vêm disputando as competições regionais com reservas ou garotos da base já pensando no restante da temporada.

Os irrelevantes estaduais, portanto, poderiam ser o "teste" perfeito para que veteranos em fim de carreira e atletas em fim de contrato provarem que ainda podem ser úteis ao time -os que convencerem em campo, podem ganhar a desejada renovação. A medida também traria um pouco de significância a competições que hoje só prestam para aumentar o desgaste aos atletas no já inchado calendário brasileiro e causar crise às equipes eliminadas.



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sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Em Nome do Pai

Luis Díaz (de amarelo) virou o jogo para a Colômbia (imagem extraída de twitter.com/FCFSeleccionCol).



Luis Díaz foi a personagem do jogo de ontem. O atleta do Liverpool teve de lidar com o sequestro do pai, que ficou cerca de duas semanas em poder dos criminosos, e o refém só foi libertado poucos dias antes do confronto contra o Brasil. O desfecho do rapto também parece ter motivado o camisa 7 na partida, apoiado pela torcida e pelos entes que estavam no estádio em Barranquilla.

Néstor Lorenzo escalou seu time em um 4-4-2 losango com os atacantes Díaz e Borré abertos pelas pontas e o meia James Rodríguez com liberdade para pisar na área quase como um "falso nove". Fernando Diniz, por sua vez, resgatou o 4-2-4 de Tite com dois volantes e quatro atletas ofensivos sem posição fixa.

A hostilidade ao Brasil começou já na execução do hino nacional com muitas vaias por parte da torcida colombiana. A provocação parece ter motivado os visitantes que encurralaram os mandantes com linhas altas e muitas jogadas pelos lados. Martinelli abriu o placar logo aos três minutos após cruzamento de Vini Jr. pela esquerda.

A Colômbia, imobilizada, tentou responder pela esquerda tentando acionar Luis Díaz mas o camisa 7 foi parado por Alisson que realizou grandes defesas durante todo o primeiro tempo. O Brasil aparentava que teria uma partida tranquila tamanha a superioridade inicial dos Canarinhos.

Os Cafeteros, aos poucos, conseguiram criar mais oportunidades em escanteios e utilizando Carrascal também pela esquerda. O Brasil ainda deu azar em perder Vini Jr. lesionado na metade da primeira etapa -João Pedro o substituiu. Apesar dos sustos, os visitantes conseguiram controlar bem a partida.



Brasil, em 4-2-4, adianta as linhas para travar os
Cafeteros e ataca principalmente pelos lados. Colômbia,
em 4-4-2 losango, responde principalmente pela esquerda
com Luis Díaz (imagem obtida via this11.com).



Néstor Lorenzo troca Machado e Uribe por Borja (não é o ex-palmeirense) e Sinisterra respectivamente, mudando o esquema para 4-3-3 mas o Brasil seguiu melhor em campo. O treinador da Colômbia, minutos depois, realiza uma nova mudança tirando Borré por Córdoba.

Os colombianos adiantaram suas linhas mas ainda assim não conseguiram vencer o goleiro Alisson. O Brasil, aproveitando os espaços às costas dos Cafeteros, realizou diversos contra-ataques perigosos mas pecou nas finalizações.

A Colômbia, então, encontrou o ponto fraco dos times de Diniz: pressionar a saída de bola. O Brasil tentou sair jogando várias vezes com a defesa mas as linhas altas dos colombianos geraram muitos contra-ataques perigosos para os Cafeteros. O treinador brasileiro ainda errou ao trocar Rodrygo (que estava bem em campo) por Paulinho, o que diminuiu a criatividade dos Canarinhos e ainda ofereceu mais espaço aos rivais.

Luis Díaz, em cruzamento pela esquerda, consegue empatar em um cabeceio certeiro. Minutos depois, o camisa 7 vira o jogo em um lance parecido, desta vez pela direita. Somente após sofrer a virada, Diniz resolve mexer no time (saem Lodi, Magalhães e Rapinha e entram Pepê, Douglas Luiz e Endrick). O Brasil vai para cima mas a Colômbia recua e consegue segurar o resultado. Os Canarinhos até apelam para chuveirinhos e cruzamentos na área, sem sucesso.



Brasil não aproveita os espaços às costas da Colômbia e é
castigado por Luis Díaz (imagem obtida via this11.com).



Difícil não atribuir a derrota a Fernando Diniz. O treinador mexeu muito mal no time e não se preocupou com as infiltrações de Luis Díaz pelo lado direito da defesa. O mineiro, que estava com a moral elevada pelo título da Libertadores, subestimou o poder de reação dos Cafeteros e acabou pagando o preço.

Luis Díaz, que não tinha nada com os problemas do Brasil, foi o grande herói da noite e presenteou seus pais com dois gols. O jogador retribuiu todo o carinho recebido pelo estádio e correspondeu em campo com uma grande exibição com raça, velocidade, habilidade e, claro, os dois tentos que sacramentaram a vitória sobre o Brasil.



Imagem extraída de twitter.com/FCFSeleccionCol




quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Esperança Africana

A Argélia não participou das duas últimas Copas do Mundo a despeito da ótima
geração de jogadores (imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON).



O aumento do número de times classificados para a Copa do Mundo (de 32 para 48) foi alvo de muitas críticas visto que isto tornaria mais fácil o ingresso de seleções menos qualificadas o que poderia diminuir o nível técnico do torneio e gerar muitos jogos "desinteressantes", levando à consequente desvalorização do campeonato.

A crítica, no entanto, não se aplica a um continente, a África. Todas as 54 seleções filiadas à confederação local, CAF, tinham de lutar por míseras cinco vagas o que causou a eliminação de ótimas gerações de jogadores. A Argélia de Mahrez, Mandi, Slimani e Feghouli, por exemplo, não conseguiu se classificar para os Mundiais de 2018 e 2022. O bom Egito de Mo Salah também acabou fora da última Copa.

O aumento do número de vagas destinadas à CAF de cinco para dez (uma via repescagem) permitirá que tal injustiça seja corrigida e que mais africanos tenham mais chances de desfilar seu talento em Copas do Mundo. O último mundial, aliás, demonstrou que as equipes do continente estão se cansando de serem meras coadjuvantes e desejam lutar por objetivos maiores.



O Mali sempre revelou ótimos jogadores mas jamais disputou um Mundial.
Será que desta vez vai(imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON)?



A mudança permitirá que seleções como o Mali e a República Democrática do Congo, enfim, possam desfilar seus talentos em uma Copa do Mundo. Não é de hoje que ambos os times têm revelado grandes gerações de atletas mas sempre acabaram esbarrando na temida terceira fase das eliminatórias africanas onde acabam eliminadas por rivais de mais tradição.

O aumento do número de vagas também será benéfico sob o ponto de vista financeiro, afinal astros africanos como Salah, Osimhen e Mahrez fizeram muita falta durante o último Mundial e estes jogadores poderiam aumentar ainda mais o apelo comercial da competição, sobretudo na própria África.

Uma Copa do Mundo com mais vagas certamente causará a queda do nível técnico mas, ao mesmo tempo, corrigirá uma das maiores injustiças do futebol que é o pequeno número de vagas destinadas aos times africanos. E é bom os rivais se prepararem, pois a ótima campanha do Marrocos no último Mundial é indicativo de que as equipes do continente prometem dar trabalho.



A Nigéria de Osimhen por pouco não embarcou para o Catar. Será que ele terá mais
sorte na América do Norte (imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON)?



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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Suárez Deixará Saudades no Brasil

Imagem extraída de www.facebook.com/LuisSuarez9



Eu duvidei muito que Suárez pudesse fazer sucesso no Brasil. O jogador, aos 36 anos, já não era o mais atacante espetacular que faturou a Tríplice Coroa pelo Barcelona em 2015. Não obstante, o uruguaio vinha de problemas físicos que prejudicaram seu desempenho na Copa 2022 e suas exibições pelo Nacional do Uruguai durante o mesmo ano foram aquém do esperado. O autor, porém, pagou pela língua e viu o Pistolero brilhar no Grêmio. E o blogueiro ainda admite: Luisito deixará muitas saudades por aqui quando for embora.

Suárez adaptou-se rapidamente ao seu novo time e não tardou brigar pela artilharia dos campeonatos disputados. A forma física, obviamente, já não é a mesma de 2015 pela idade e pelo histórico de lesões. O talento e a aplicação nos gramados, contudo, ainda permanecem intactos. O desempenho do Pistolero foi tão impactante em terras tupiniquins que o treinador Loco Bielsa resolveu dar uma chance a Luisito apesar da necessidade de renovação do elenco celeste.

O que mais encantou o autor, contudo, não foi o desempenho em campo de Luisito, e sim suas atitudes. Suárez é um craque que ergueu inúmeros troféus na Europa, mas o jogador demonstra uma simplicidade exemplar, dentro e fora dos gramados. Dentro das quatro linhas, o uruguaio não é "fominha", serve os companheiros melhor posicionados, volta para recompor e ajuda a atrair a marcação rival. Fora deles, o Pistolero foi visto fazendo compras despreocupadamente em um supermercado de bairro e o atleta atendeu carinhosamente aos fãs que pediam fotos ou autógrafos.



Imagem extraída de www.facebook.com/LuisSuarez9



Luisito é um astro mas em nenhum momento demonstrou o estrelismo exibido por alguns de seus colegas. O uruguaio não fez exigências absurdas para assinar com o Grêmio, foi conquistando o elenco naturalmente e hoje ele é o terceiro capitão do grupo, atrás apenas dos eternos Geromel e Kannemann. O jogador, mesmo em fim de carreira, demonstrou nos treinos e nos gramados a mesma aplicação de quando era jovem.

A passagem de Suárez pelo Grêmio, porém, já tem um prazo de validade. O jogador recebeu um convite de seu amigo Lionel Messi para jogar a MLS pelo Inter Miami e irá para os Estados Unidos ao final de 2023. O uruguaio, em princípio, tentou se transferir na metade deste ano -ele até teria proposto devolver todo o seu milionário salário ao Imortal como compensação- mas os cartolas gremistas negaram visto que o Grêmio contava com o atacante para a disputa dos troféus neste segundo semestre.

Suárez demonstrou que o talento e a aplicação não envelhecem e que ainda pode fazer a diferença nos gramados mesmo na reta final de sua carreira. Mais do que isso, o uruguaio deu uma verdadeira lição de humildade com suas atitudes dentro e fora de campo. Seria muito bom que mais jogadores seguissem o exemplo de Luisito aqui no Brasil com mais dedicação e menos estrelismos.



Imagem extraída de www.facebook.com/LuisSuarez9