sexta-feira, 30 de setembro de 2022

O Triste Fim dos Românticos

O Chile venceu duas Copas América consecutivas mas também ficou fora de dois
 mundiais seguidos (imagem extraída de www.facebook.com/SeleccionChilena)



Quem me acompanha desde os primórdios do blog em 2013 deve se lembrar de que eu estava na torcida pelos "românticos" Chile e Colômbia, ambas seleções comandadas por treinadores argentinos durante a ocasião -Jorge Sampaoli e José Pékerman, respectivamente.

Chamei os treinadores de "românticos" porque ambos contavam com grandes gerações de atletas e, principalmente, porque ambos nos brindavam com um futebol ofensivo, indo na contramão de muitas equipes que optavam pela eficiência durante o mencionado período. Era muito agradável ver a Roja e os Cafeteros jogarem.

O tempo, porém, passou e aquelas gerações envelheceram. O futebol também foi mudando e os adversários foram aprendendo os padrões das duas seleções sul-americanas. Mesmo os grandes astros daquelas equipes já não gozam do mesmo prestígio de outrora -James Rodríguez hoje tenta se reerguer no Olympiacos da Grécia enquanto Arturo Vidal voltou para a América do Sul e defende as cores do Flamengo.

É difícil, porém, abrir mão de toda uma geração de grandes jogadores, sobretudo quando esta alcança algum grande feito -o Chile foi campeão da Copa América em 2015 e 2016, enquanto a Colômbia chegou às quartas-de-final do Mundial em 2014. Mesmo times europeus como o Barcelona e o Real Madrid têm apresentado dificuldades para desapegarem de seus envelhecidos craques.

O Chile ainda enfrentou conflitos internos no elenco às vésperas do Mundial de 2018: o goleiro e capitão Claudio Bravo teria se desentendido com os próprios companheiros devido a questões disciplinares por parte do restante do elenco, o que causou o afastamento do arqueiro da Roja durante um bom período.



A geração 2014-2018 da Colômbia encantou pela grande safra de atletas e pelo futebol
bem jogado (imagem extraída de www.facebook.com/FCFSeleccionColPage).



Resta aos torcedores levantar a cabeça e tentar enxergar o futuro. Enquanto a maioria daqueles astros já se aposentou ou se prepara para pendurar as chuteiras, muitos outros jovens talentos vêm surgindo e podem, quem sabe, levar suas respectivas seleções novamente ao Mundial durante os próximos ciclos.

A Colômbia conta com Luis Díaz (Liverpool), Rafael Borré (Eintracht Frankfurt) e Davinson Sánchez (Tottenham) que devem ser os pilares da equipe neste próximo ciclo. O Chile, por sua vez, ainda tem os veteranos Alexis Sánchez (Marseille), Charles Aránguiz (Bayer Leverkusen) e Claudio Bravo (Real Betis) jogando em bom nível técnico na Europa e que podem ajudar na transição para as gerações futuras.

Não é sempre, infelizmente, que as seleções terão boas safras de craques à disposição. Às vezes, nem mesmo isso é suficiente para levar os times aos Mundiais ou aos títulos, como foi o caso da Itália de Roberto Mancini. Mesmo assim, cabe às federações e aos clubes realizarem bons trabalhos nas categorias de base para que talentos continuem surgindo.

Chile e Colômbia nos brindaram com excelentes gerações de jogadores e com um futebol vistoso. Mas esse tempo, infelizmente, passou e o momento é de renovar as equipes visando o futuro. Ou não haverá futuro algum para a Roja e para os Cafeteros.



Imagem extraída de www.facebook.com/SeleccionChilena




quinta-feira, 29 de setembro de 2022

O Brasil não Precisa de Adversários Europeus, e Sim Aprender com os Europeus

Imagem extraída de www.facebook.com/fifaworldcup



Confesso que nem assisti aos amistosos do Brasil realizados durante a última "data FIFA". Os previsíveis placares de 3x0 sobre Gana em renovação e 5x1 sobre uma modesta Tunísia ficaram até baratos dadas as discrepâncias entre a nossa Seleção e os dois adversários africanos. Tite até poderia ter dado folga aos titulares e testar melhor seus reservas, mas o treinador necessita do apoio de seu grupo para seguir no cargo.

Há algum tempo, contudo, comunicadores e até o próprio Tite vêm questionando os adversários do Brasil nos últimos amistosos. Todos gostariam que a nossa Seleção enfrentasse mais adversários europeus sob o argumento de que nós caímos diante de equipes do Velho Continente nas últimas quatro Copas do Mundo: França (2006), Holanda (2010), Alemanha (2014) e Bélgica (2018).

As seleções europeias têm realizado poucos amistosos em virtude da Liga das Nações, torneio de pontos corridos organizado pela UEFA e que ocupa praticamente todas as "datas FIFA". Com isso, o Brasil só pode treinar contra adversários de outros continentes e poucos deles têm se mostrado à altura do Escrete Canarinho.

Acredita-se que o Brasil aumentaria as suas chances de vencer a próxima Copa do Mundo se enfrentasse mais adversários europeus, visto que teríamos adversários (e parâmetros) melhores para avaliarmos a nossa Seleção e também estudar melhor os nossos possíveis rivais.



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF



Eu, no entanto, discordo veementemente de tal teoria afinal o Brasil enfrentou Alemanha, Espanha, França e Itália durante outros ciclos. Chegamos, inclusive, a ter vitórias convincentes sobre os mencionados adversários mas isto não foi suficiente para evitar eliminações diante oponentes europeus nos últimos quatro Mundiais.

O fato de não enfrentarmos rivais europeus em amistosos, para mim, não passa de uma desculpa para justificar uma eventual eliminação do Brasil na Copa do Mundo. Ademais, os times do Velho Continente enxergam amistosos realmente como "amistosos" e utilizam tais jogos para realizar testes. Apenas a nossa Seleção coloca o cargo do treinador em xeque em tais partidas.

O que o Brasil realmente necessita para voltar ao lugar mais alto do pódio é aprender com os europeus. Os clubes e as seleções do Velho Continente se reestruturaram desde as categorias de base até os dirigentes visando criar times de excelência. Os campeonatos, da mesma forma, são muito bem organizados para que sejam competitivos e não haja conflitos de calendários. A Europa, obviamente, não é o El Dorado do futebol visto que por lá também há jogadores, treinadores, árbitros e dirigentes ruins em todos os sentidos; mas estes raramente têm vida longa no esporte local.

Precisamos modernizar o nosso futebol para voltarmos a ser competitivos incluindo a formação de atletas, estrutura das ligas/campeonatos, instalações, arbitragem e mentalidade dos dirigentes. Países como Coréia do Sul, México e Estados Unidos ainda não possuem o nível de excelência dos europeus mas vêm melhorando ano após ano graças a investimentos nos setores mencionados.

O Brasil ainda é o maior campeão em Copas do Mundo mas visivelmente nos acomodamos e permitimos que os europeus nos superassem em quase todos os aspectos o que justifica as últimas eliminações sofridas. E se não tomarmos providências, a distância em relação aos rivais se tornará ainda maior.

Seria bom realizarmos mais amistosos contra adversários europeus mas seria ainda melhor se aprendêssemos com os adversários do Velho Continente e nos modernizássemos assim como eles fizeram e continuam fazendo.



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF




quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Calma com o Endrick, Verdão!

Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras



O Palmeiras foi campeão brasileiro sub-20 durante o último domingo sobre o arquirrival Corinthians em plena Neo Química Arena. O destaque foi o atacante Endrick que anotou o único gol da partida. O garoto, de apenas 16 anos, já havia feito história pelo Verdão no começo do ano ao vencer a Copa São Paulo de Futebol Junior -o primeiro título do Porco na competição- e vem chamando atenção há algum tempo.

Confesso que ainda não vi Endrick em ação mas as expectativas em relação ao garoto são altíssimas. Torcedores e comunicadores pressionam o treinador Abel Ferreira para que o jovem seja efetivado para o elenco profissional o quanto antes. Ao mesmo tempo, o Palmeiras tenta proteger o atacante do assédio europeu visto que os clubes do Velho Continente se assanham quando algum adolescente apresenta potencial para se tornar um craque.

Todo esse excesso de expectativa, contudo, pode se tornar um grande problema, tanto para o Palmeiras quanto para Endrick. Todo o holofote sobre o garoto pode fazê-lo se deslumbrar e se perder na carreira. Não são raros os casos de promessas que não conseguem lidar com a fama e acabam se desviando do profissionalismo. Tudo isso é agravado visto que as transferências de jovens sempre movimentam milhões de Euros todos os anos e alguns farão o possível para que o atacante seja negociado ou valorizado o quanto antes.

Basta nos lembrarmos de quantas promessas se perderam ou, simplesmente, não corresponderam às expectativas no profissional. Talvez o leitor ou leitora não se recorde de Lulinha (Corinthians), Lucas Gaúcho (São Paulo), Negueba (Flamengo) ou Jean Chera (Santos) -todos esses atletas foram destaques nas categorias de base de seus respectivos clubes, chegaram a ser taxados como "craques" por veículos de imprensa mas não vingaram.



Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras



Endrick terá tempo de sobra para se profissionalizar e, quem sabe, chegar à Seleção Brasileira e à Europa. Ele terá apenas 20 anos em 2026 (quando ocorrerá a próxima Copa do Mundo) e, se não apresentar problemas físicos, poderá jogar em bom nível até meados de 2040. A carreira de um futebolista é efêmera mas a pressa pode prejudicar o desenvolvimento do jovem.

Abel Ferreira, portanto, foi muito sábio quando questionado sobre a possibilidade de levar Endrick ao Mundial de Clubes no começo deste ano. O português sabe que o garoto ainda precisa se desenvolver e também aprender a lidar com a fama antes de subir para o profissional. Ademais, seria uma responsabilidade muito grande vestir uma camisa pesada como a do Palmeiras em uma competição tão importante.

Não tenho dúvidas de que Endrick seja um bom jogador e de que ele trará muitas alegrias para o Palmeiras no futuro. O jogador, contudo, ainda tem apenas 16 anos e precisa completar a sua formação antes de partir para voos mais altos. O Verdão e Abel Ferreira, portanto, têm toda a razão ao protegerem a joia alviverde e conduzirem sua profissionalização com calma, sem queimar etapas.



Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras




terça-feira, 27 de setembro de 2022

Estou com Mancini

Imagem extraída de www.facebook.com/NazionaleCalcio



A Itália está nas semifinais da Liga das Nações após uma dura disputa com a Hungria na Puskás Aréna. O que deveria ser motivo para celebração para os italianos, contudo, ficou com sabor agridoce visto que a Azzurra está fora da Copa do Mundo 2022 (fora eliminada na repescagem pela Macedônia do Norte) e a competição de pontos corridos tem sido muito mais um "prêmio de consolação" do que um objetivo propriamente dito.

Ficaram questionamentos em relação ao trabalho do treinador Roberto Mancini. O técnico ousou ao renovar toda a Seleção Italiana oferecendo espaço a jogadores mais jovens (muitos deles pouco conhecidos fora da Itália) e também ao mudar radicalmente o estilo de jogo -a Azzurra sempre se notabilizou pelo estilo defensivo enquanto o ex-atacante propõe um jogo mais ofensivo.

Mancini parecia ter colocado a Azzurra de volta nos trilhos com a convincente conquista da Eurocopa 2020 (que eu chamo de "Euro 2021") quando levou aquele balde de água fria da Macedônia do Norte. A seleção dos Balcãs, durante a ocasião, teve muito menos posse de bola e finalizou muito menos que os italianos mas acabou triunfando na base da eficiência.

A Itália e Roberto Mancini, afinal, erraram ao propor mudanças tão radicais em relação às suas tradições? Foi incorreto abandonar o jogo defensivo em favor de um futebol mais ofensivo e dinâmico? A Azzurra deveria manter Buffon, Chiellini, Marchisio, Pirlo e outros veteranos ao invés de apostas em promessas?



Imagem extraída de www.facebook.com/NazionaleCalcio



A resposta é "não".

Voltemos a 2017 quanto a Itália ficou fora da Copa 2018 após cair na repescagem diante da Suécia. Durante a ocasião, o treinador Gian Piero Ventura apostou no velho 3-5-2 tendo a Juventus como base e utilizando a estratégia de jogar nos erros adversários. A eliminação diante os nórdicos deixou evidente que uma renovação no elenco era necessária e que a Azzurra precisava de novas ideias.

Foi nesse contexto que surgiram Roberto Mancini e suas ideias arrojadas com a missão de renovar a Seleção Italiana. O treinador teve um início lento com muitas derrotas e empates, mas conseguiu engatar uma sequência invicta que durou de 10 de outubro de 2018 até 6 de outubro de 2021. A conquista da Eurocopa veio durante o período, o que coroou o ótimo trabalho do técnico.

A Itália, porém, tornou-se o "adversário a ser batido" com a conquista da Euro e os rivais conseguiram explorar as fraquezas da Azzurra. Assim, Mancini e seus jogadores acabaram indo para a repescagem onde caíram diante a Macedônia do Norte.

A queda na repescagem não pode invalidar os méritos de Mancini ainda que a desclassificação tenha sido dolorosa. A renovação da Itália é um processo mais do que necessário, sobretudo durante o momento atual quando não há mais como contar com Pirlo, Chiellini ou Barzagli. Uma nova mudança no comando seria retroceder a 2017 e voltar à estaca zero.

Será triste ver mais um Mundial sem a Azzurra, sobretudo quando Mancini e seus comandados nos brindaram com um futebol bonito e moderno. Mas seria ainda mais triste ver todo um ótimo trabalho ser interrompido quando ainda há potencial para novas conquistas.



Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2024




segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Liga sem Noção

Imagem extraída de www.facebook.com/NazionaleCalcio



Muitos devem ter estranhado os placares da Liga das Nações que está ocorrendo nesta "data FIFA". O resultado mais impactante foi, sem dúvida, a derrota da Inglaterra ante a Itália que culminou no rebaixamento do English Team com uma rodada de antecedência. Outras potências como Espanha e França também foram derrotadas, respectivamente, por Suíça e Dinamarca.

A Liga das Nações é um campeonato de seleções europeias no formato de pontos corridos com promoção, rebaixamento e troféu decidido em mata-mata. A competição tem como objetivo oferecer mais chances para que seleções menos tradicionais possam participar das copas (um bom desempenho dos times assegura ao menos uma vaga em repescagens) e, obviamente, para a UEFA capitalizar ainda mais em cima de suas equipes durante as "datas FIFA".

Uma análise no calendário justifica os resultados aparentemente estranhos. Estamos muito próximos da Copa do Mundo que será realizada entre os dias 20 de novembro e 18 de dezembro. Muitas das potências europeias, então, decidiram se poupar para o Mundial em detrimento à Liga das Nações, sobretudo com a intensidade do futebol atual que aumenta o risco de lesões.

Equipes que não se classificaram para o Mundial (como a Itália e a Hungria) ou times com menos chances de levar o troféu na Copa (como a Croácia e a Suíça), por outro lado, optaram por investir tudo na Liga das Nações visto que aqui haveria chances palpáveis de titulo aproveitando que os rivais mais tradicionais estariam priorizando outra competição.



Imagem extraída de www.facebook.com/cff.hns



Não houve, portanto, ironia quando o treinador da Inglaterra, Gareth Southgate, declarou que sua equipe "estava no caminho certo": o técnico deliberadamente optou por priorizar a Copa do Mundo em detrimento à Liga das Nações, mesmo que isto culminasse no rebaixamento de sua equipe. Cabe ainda lembrar que a Premier League é um dos campeonatos mais exigentes do mundo sob o ponto de vista físico e, portanto, os jogadores ingleses estariam ainda mais propensos a lesões.

É necessário questionar, contudo, a atitude da UEFA que manteve a Liga das Nações a despeito da proximidade do Mundial. A federação, com isso, acabou desvalorizando a sua própria competição visto que as seleções mais tradicionais decidiram priorizar a Copa do Mundo.

Seria mais interessante um ajuste no calendário ou mesmo a suspensão da Liga das Nações visto que a Copa do Mundo, verdade seja dita, é uma competição muito mais importante que o campeonato de pontos corridos proposto pela UEFA. A própria atitude das seleções e as palavras de Gareth Southgate deixaram isto evidente. Ou será que os jogadores e o treinador inglês irão lamentar o rebaixamento se o "sacrifício" resultar no bicampeonato mundial?

A Liga das Nações é uma grande ideia da UEFA mas a federação errou em sua execução. Se os cartolas europeus tivessem mais bom senso e menos ganância, teríamos uma competição muito mais interessante e placares compatíveis com o potencial das equipes. O que se obteve, porém, foi um campeonato abandonado em favor da Copa do Mundo.



Imagem extraída de www.facebook.com/Swiss.Nati.Men




segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Aviso




Estarei de férias até o dia 26 de setembro (segunda-feira).

O blog ficará sem atualização durante o referido período.

Peço desculpas pela ausência e voltaremos na próxima semana com textos novos.

Um abraço e até lá!

Equipe Farma Football




domingo, 18 de setembro de 2022

A Batalha de Madri

Imagem extraída de twitter.com/LaLiga



Estou publicando um texto extra para compensar a ausência de sábado. E optei por fazer uma análise do clássico entre os dois times de Madri, Atlético X Real. A partida sequer havia começado e já havia provocações do lado de fora do estádio, a maioria cânticos racistas direcionados ao atacante Vini Jr. que fora alvo de insultos preconceituosos durante a última semana.

Simeone, com desfalques na zaga, optou por um 3-5-2 variando para 4-3-3 ou 4-4-2 dependendo dos posicionamentos de Llorente e Griezmann. O Atlético tomou a iniciativa e tentou prensar o Real com linhas altas e trocando passes próximo à área de Courtois.

Ancelotti, sem Karim Benzema, utilizou Rodrygo como "falso nove". Sua estratégia foi jogar no contra-ataque com os pontas (Vini Jr. pela esquerda e Valverde pela direita) ou, então, com bolas longas tentando acionar o camisa 21. O volante Tchouaméni também foi peça fundamental pelos Merengues desempenhando diversas funções em campo -ora se juntando à zaga, ora atuando como um meia-atacante.

O jogo começou bastante brigado com muitos lances ríspidos e faltas no meio-de-campo, principalmente por parte do Real visando principalmente o garoto João Félix. Mais parecia uma partida de Libertadores do que um dérbi europeu.

O Atlético, passados os atritos iniciais, ocupou o campo de ataque mas Griezmann e João Félix desperdiçaram muitas chances claras de gol. Melhor para o Real que buscava o contra-ataque principalmente pela esquerda com Vini Jr. e Mendy. Foi por aquele lado que as jogadas de ambos os gols merengues saíram.



Atlético ataca em 4-3-3 (com Llorente na lateral-direita e Griezmann
circulando próximo à área de Courtois) trocando passes mas pecando
nas finalizações. Real, também em 4-3-3, contra-ataca pelas pontas
(principalmente pela esquerda com Vini Jr.) ou com bolas longas
buscando Rodrygo (imagem obtida via this11.com).



O Atlético continuou no ataque em busca do empate. Simeone, sem outra opção, colocou mais meias e atacantes em campo para correr atrás do prejuízo. Real recua e opta por tentar controlar o jogo. Os Merengues, porém, tentam desestabilizar os Colchoneros com algumas faltas.

O zagueiro Mario Hermoso consegue diminuir o placar em lance de bola parada após Courtois afastar mal uma bola. O defensor, que seria o herói do Atlético, acabou se tornando o vilão ao perder a cabeça após lance com Carvajal e depois ser expulso.

Rojiblancos tentaram o empate mesmo com um a menos mas o Real, com um time melhor e em superioridade numérica, conseguem segurar o placar,



Real em 4-1-4-1 segura o Atlético em 4-4-2. Colchoneros
conseguem diminuir em lance de bola parada mas
a expulsão de Hermoso enterra a reação dos mandantes
(imagem obtida via this11.com).



Real vence e segue na liderança do Campeonato Espanhol com 100% de aproveitamento. Atlético perde em casa e segue fora do G-4. Os desfalques colchoneros parecem ter sido muito mais sentidos que os dos Merengues.

O Real não foi um time "limpinho" em campo -cometeu muitas faltas e apelou para a catimba durante vários momentos- mas sua vitória deixa um gosto de justiça diante dos insultos racistas proferidos por parte da torcida colchonera.

A "Batalha de Madri" não foi exatamente um jogo bonito de se assistir. Foram muitos lances feios dentro e fora de campo mas que explicitam a rivalidade entre as duas esquipes da capital espanhola. Pensei até em chamar o texto de "Copa Libertadores da Europa" inicialmente. Venceu a "guerra" justamente quem teve mais nervos no lugar durante os momentos mais críticos da partida.



Imagem extraída de www.facebook.com/LaLiga




Os Livros que Influenciaram o Farma Football




Eu nunca gostei de livros. Não sei explicar o motivo mas talvez tenha sido por causa da escola que nos obrigava a ler e fazer resumos escritos das publicações valendo nota para passar de ano. Isso talvez tenha criado minha rejeição pela literatura. E tudo ficaria pior com os vestibulares -até hoje detesto José de Alencar (o autor) e seu preciosismo com os detalhes.

Tudo, porém, mudou em meados de 2011 quando eu estava andando no Shopping e me deparei com alguns livros cujos resumos eu havia lido na internet alguns dias antes. Acabei levando duas publicações para casa e gostei de ambas. Mal imaginava durante a ocasião que uma daquelas obras seria tão influente na minha vida e em meus trabalhos.

Aqueles dois livros que eu comprei por um mero acaso geraram o meu gosto pela literatura. Desde então, eu passei a comprar e ler publicações com mais frequência. Precisei diminuir um pouco o ritmo para me dedicar a outras atividades mas sempre recorro a alguma obra quando estou sem inspiração.

Três dos livros que eu comprei influenciaram este blog. Quem pesquisar nos meus textos verá que eu sempre faço menção àquelas obras. Eu sempre recorro às publicações que envolvem estratégia e, obviamente, esportes para compor os meus textos. E dedicarei algumas palavras a elas na crônica de hoje.



A ARTE DA GUERRA (Sun Tzu):






Podemos dizer que este é o livro que mais influenciou o blog visto que quase todos os meus argumentos a respeito de estratégia são baseados nesta obra. Ademais, esta foi uma das primeira publicações que eu adquiri e afirmo que foi ela quem semeou em mim o gosto pela literatura.

A Arte da Guerra são treze capítulos que teriam sido escritos na China por Sun Tzu (não se sabe ao certo quem foi real o autor dos textos, bem como a sua origem exata) a respeito de estratégia de combate. A publicação, contudo, influenciou diversos líderes militares e seu conteúdo pode perfeitamente ser aplicado em outras áreas como os estudos, os negócios e o esporte -dizem que Luiz Felipe Scolari teria obrigado seus jogadores a lerem um exemplar durante a Copa de 2002.

O livro teria sido escrito há séculos atrás mas o seu conteúdo ainda pode ser facilmente aplicado nos dias atuais. Eu quase sempre utilizo os textos de Sun Tzu para avaliar o trabalho dos treinadores e também durante as análises táticas. A obra, por exemplo, consegue explicar porque equipes consideradas pequenas ou azaronas preferem atuar encolhidas na esperança de um contra-ataque -"Quem tem muitos recursos, ataca; quem tem poucos, defende".

Há diversas traduções da obra das mais variadas qualidades. Eu li a versão da editora Jardim dos Livros que foi escrita por um sinólogo. Possui um ótimo acabamento e o texto é bastante claro, mas há um erro grave: a publicação utiliza alguns caracteres japoneses em suas ilustrações! E, para os poucos versados em literatura, o livro é bastante curto e é possível terminá-lo em apenas uma hora.



O LIVRO DOS CINCO ANÉIS (Miyamoto Musashi):






Este é o meu livro preferido. O seu conteúdo é bastante parecido com o de A Arte da Guerra e suas aplicações são bastante semelhantes. Eu, inclusive, fui atrás desta publicação porque gostei bastante do texto de Sun Tzu.

O Livro dos Cinco Anéis foi escrito durante o Japão Feudal por Miyamoto Musashi, um samurai que -dizem- jamais perdeu uma batalha e que decidiu registrar seus conhecimentos para as gerações futuras. Cada "anel" do título representa um elemento da natureza (terra, água, fogo, ar e vazio) e corresponde a um capítulo da publicação.

Eu me identifiquei demais com este livro durante a minha pós-graduação, principalmente com o último capítulo ("O Livro do Vazio") onde, após aprender tudo, o discípulo se torna um mestre e tem a missão de trilhar novos e desconhecidos caminhos. É exatamente isto que ocorre na ciência quando o estudante realiza pesquisas para gerar novos conhecimentos.

Este livro é altamente recomendado para praticantes de artes marciais mas seu conteúdo também pode ser facilmente aplicado no futebol. Eu, inclusive, utilizei uma das passagens da obra para ilustrar a partida entre Croácia e Espanha durante a última Eurocopa.

Há diversas versões e traduções da obra a exemplo do que ocorre com A Arte da Guerra. Eu utilizei a publicação da Editora Conrad, bastante conhecida por traduzir mangás aqui no Brasil. Esta edição foi escrita por praticantes de kendô e ainda possuí o texto original em japonês -que eu ainda não tive coragem de ler!



OS NÚMEROS DO JOGO (Chris Anderson e David Sally):






Não poderia, obviamente, faltar um livro a respeito de futebol. Eu procurei pela publicação desde 2012 e só fui encontrá-la dois anos depois, por acaso, após a missa de sétimo dia de um parente! Lembro que a obra causou furor entre os jornalistas esportivos quando foi lançada e pude compreender os motivos após lê-la.

Os Números do Jogo foi escrito por Chris Anderson e David Sally, dois professores de estatística/análise combinatória que decidiram unir seus conhecimentos acadêmicos com sua paixão pelo futebol. A obra explicita a importância da matemática no esporte e mostra como tais estudos levam a conclusões surpreendentes, como a eficiência do escanteio curto.

O livro me ofereceu um outro ponto de vista diferente daquele defendido por Paulo César Caju, que foi uma das minhas influências para este blog. A obra mostra vários problemas enfrentados pelos times e propõe soluções com base em pesquisas científicas. Muitas delas acabam indo em confronto aos ideais dos amantes do futebol-arte, como eu era.

Este livro é caro e só o recomendo para os que desejam algum conhecimento mais profundo a respeito do futebol visto que suas aplicações são bastante específicas. Ademais, devo alertar que a publicação é extensa -são mais de duzentas páginas, letras pequenas e muita informação. Eu mesmo levei quase uma semana para concluir a obra.



Estes foram os três livros que mais influenciaram meu blog. Mais do que trazer conhecimento para este diário, as três obras ajudaram a cultivar em mim o gosto pela literatura. Eu odiava ler mas hoje eu adoro. E devo muito a estas três publicações que me mostraram o quanto o universo dos textos é fascinante!







sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Procura-se um Ídolo

Kylian Mbappé é sempre apontado por jornalistas como "futuro melhor do
mundo" (imagem extraída de www.facebook.com/kylianmbappeofficiel).



Cristiano Ronaldo e Messi, gostem ou não, já estão na reta final de suas respectivas carreiras. A dupla que sempre "oligopolizou" a Bola de Ouro já não consegue mais fazer a diferença nos gramados como durante as últimas duas décadas e é questão de tempo para que pendurem as chuteiras.

Há uma busca desesperada por jogadores que possam ocupar o vazio deixado pela dupla de atacantes mas é difícil encontrar atletas que possuam o mesmo apelo midiático. Jogadores como Modrić, De Bruyne e Lewandowski não geram o mesmo impacto de Messi ou Ronaldo por mais troféus que conquistem.  

O futebol precisa de ídolos por uma questão comercial afinal são eles quem cativam os fãs, ajudam a divulgar o esporte aos leigos -e, trazê-los para o mundo da bola- e também movimentam bilhões de dólares através de vários tipos de publicidade incluindo venda de produtos licenciados que serão consumidos pelos entusiastas.

A dificuldade de se encontrar alguma nova estrela, no entanto, é ainda maior no futebol atual visto que vivemos a era do jogo coletivo onde o trabalho em equipe faz muito mais a diferença do que individualidades. Foram-se os tempos quando todo o time ficava recuado e deixava o craque decidir sozinho as partidas.



Muitos acreditam que Haaland conquistará a Bola de Ouro
 futuramente (imagem extraída de www.facebook.com/mancity).



Tudo isso justifica os apelos sobre Mbappé, Haaland e qualquer outro jogador de potencial técnico e/ou midiático, afinal a indústria do futebol deseja a continuidade dos lucros após as aposentadorias de Ronaldo e Messi.

Alguns veículos de imprensa, da mesma forma, exageram nos elogios aos possíveis craques visando obter engajamento em cima de tais jogadores. Não à toa criam apelidos impactantes como "o Fenômeno", "o Imperador", "a Máquina" e por aí vai.

Eu não tenho dúvidas que Mbappé e Haaland sejam craques. Os dois realmente fazem muita diferença em campo e decidem para suas equipes quando o jogo está parelho. Mas há muitos exageros a respeito dos jogadores e tudo parece uma "forçada de barra" para que a dupla preencha o quanto antes o vazio deixado por Ronaldo e Messi.

Mbappé possui apenas 23 anos (completa 24 em dezembro) enquanto Haaland tem 22. Os dois ainda são jovens e têm toda uma carreira pela frente. O excesso de expectativa e de elogios, porém, criam uma grande pressão sobre o desempenho dos atletas. Talvez os dois sequer conquistem a Champions League, o campeonato que quase sempre é utilizado como critério para a Bola de Ouro.

O fato de serem jovens torna o excesso de elogios ainda mais perigosos. Os dois atletas podem acabar "mimados" e ambos podem até se desviar do profissionalismo. Aqui mesmo no Brasil não são raras as promessas que acabam se perdendo pelas expectativas exageradas ou pelas más influências.

Mbappé e Haaland são dois grandes atacantes e têm tudo para fazer sucesso. Ainda é cedo, porém, para afirmarmos que sejam os sucessores de Messi e Ronaldo. Isto só o tempo e o desempenho em campo irão responder. O desespero de alguns veículos para torná-los ídolos é uma atitude muito forçada e pode até ser nociva à carreira dos dois esportistas.



Mbappé já venceu a Copa do Mundo em 2018 mas isto não ainda foi suficiente para
ganhar a Bola de Ouro (imagem extraída de www.facebook.com/kylianmbappeofficiel).




quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Afinal, Ganso Merece a Seleção?

Imagem extraída de www.facebook.com/FluminenseFC



Não tenho acompanhado os jogos do Fluminense mas soube através da imprensa que o meia Paulo Henrique Ganso atravessa uma excelente fase no Tricolor. O jogador, que há alguns anos atrás era alvo de críticas pela sua lentidão e por ter se desentendido com o técnico Oswaldo de Oliveira, agora parece ter reencontrado o bom futebol sob a batuta do treinador Fernando Diniz.

O ótimo momento do jogador motivou torcedores e comunicadores a pedirem uma nova chance para Ganso na Seleção Brasileira. Há, inclusive, quem defenda sua convocação para a Copa do Mundo a ser realizada daqui a dois meses. A última vez que o armador vestiu a amarelinha foi em 2016 na Copa América Centenário mas o articulador não chegou a entrar em campo na ocasião.

Ganso é um craque. É um camisa 10 clássico com passes precisos e ótima leitura de jogo. O jogador, porém, sempre pecou pela pouca mobilidade e versatilidade em campo o que fez o meia ser preterido no Sevilla para o intenso Samir Nasri. Ademais, o atleta possui fama de "acomodado" pela sua postura nos gramados, o que lhe rendeu o desagradável apelido de "Gansono" pelos detratores.

O futebol atual exige muito do físico dos jogadores. Os defensores sobem para ajudar no ataque enquanto os atacantes recompõem a defesa quando o time está sem a bola. Atletas como Ganso, Özil e Xavi acabaram perdendo espaço em decorrência disto. Atualmente, o "modelo ideal" de meia-armador é Kevin de Bruyne que possui muita mobilidade em campo e a capacidade de se infiltrar na defesa rival, além de muita qualidade no passe.



Imagem extraída de www.facebook.com/FluminenseFC



Ganso teria outros dois problemas além da pouca mobilidade em campo: a idade (ele já está com 33 anos, um pouco acima do auge físico da maioria dos atletas) e também a falta de tempo para testes na Seleção (o Brasil fará apenas mais dois amistosos preparatórios antes do Mundial). O camisa 10, portanto, teria de apresentar um desempenho excepcional durante os próximos dois meses para convencer Tite a convocar o meia.

O meia, porém, poderia preencher um vazio em nossa Seleção que é justamente a falta de atletas criativos. No momento, temos apenas Lucas Paquetá e Philippe Coutinho com tais características. Éverton Ribeiro (que sempre figura nas convocações de Tite) é muito mais um ponteiro do que armador, enquanto Raphael Veiga (outro que comunicadores vivem pedindo) funciona mais como um segundo volante e está lesionado no momento.

Outro ponto a favor de Ganso seria a sua amizade com Neymar. Os dois foram efetivados juntos no Santos em 2009 e ambos sempre demonstraram muito entrosamento em campo. Seria, portanto, mais um recurso para ajudar nosso principal jogador durante o Mundial.

Ganso, por fim, poderia utilizar Modrić como exemplo. O croata está com 37 anos e já não possui mais força para se impor em campo. Mas o meia do Real Madrid segue como titular absoluto visto que seus passes e sua experiência ainda fazem muita diferença nos gramados.

Eu, portanto, teria muitas restrições com relação a um eventual retorno de Ganso à Seleção. O futebol atual tirou o espaço dos camisas 10 clássicos e o meia teria muitas dificuldades para se impor diante rivais mais velozes. Mas valeria a pena realizar um teste, afinal há anos o Brasil não vem convencendo em campo e alguma novidade poderia mudar o cenário.



Imagem extraída de www.facebook.com/FluminenseFC




quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Tiki-Taka X Tiki-Taka

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



Eu sempre tive a curiosidade em assistir a um jogo onde os dois times gostem de ficar com a bola quando comecei a escrever este blog. Hoje, enfim, pude presenciar um duelo entre duas equipes que atuam com tal estilo, lembrando bastante o Tiki-Taka que técnicos como Del Bosque e o próprio Guardiola popularizaram durante o fim dos anos 2000. E devo dizer que foi até um pouco "chato"!

Guardiola escalou seu Manchester City em 4-3-3 variando para 3-4-3 com Stones agindo como 3º zagueiro, Cancelo e Mahrez nas alas e De Bruyne atacando pela esquerda. Os Citizens, porém, tentavam atacar trocando passes e utilizando pouco a velocidade de seus atletas. Apenas Mahrez e De Bruyne conseguiam improvisar. Haaland, sempre muito vigiado por Süle e Hummels, teve participação apagada durante o 1º tempo.

O Borussia Dortmund também apostou no toque de bola mas a execução dos alemães foi muito melhor que a dos rivais. Os Gelbschwarzen, mesmo pressionados, saíam jogando com a defesa e contra-atacavam pelas pontas trocando passes. Reus, Bellingham, Özcan e Reyna se movimentavam muito e tinham muito espaço para chegar até a área de Éderson. O goleiro Meyer também fez um ótimo primeiro tempo com boas defesas e boas saídas do gol.

O ritmo da partida, porém, foi muito lento e até tedioso. Os grandões do City não pareciam muito à vontade jogando com a bola no chão. Os atletas do Dortmund foram um pouco melhores mas não conseguiram vazar Éderson.



 
City, em 4-3-3 variando para 3-4-3, tenta tocar a bola mas não consegue
se infiltrar na zaga rival. Apenas Mahrez e De Bruyne, pela esquerda,
conseguem levar perigo em lances individuais. Dortmund, em 4-3-3,
contra-ataca pelas pontas, trocando muitos passes e com muita
movimentação próximo à área de Éderson (imagem obtida via this11.com).



O Dortmund abriu o placar com Bellingham em lance de bola parada mas recuou demais e permitiu a pressão do City. Edin Terzić trocou o atacante Modeste pelo zagueiro Schlotterbeck e abaixou a marcação, o que foi um convite para os rivais se aproximarem do gol de Meyer.

Guardiola, com o City atrás no placar, fez um pacotão de substituições e permitiu que seus jogadores atuassem da maneira que gostam: com velocidade, imposição física e com mais bolas levantadas na área.

A marcação baixa do Borussia permitiu que Stones arriscasse um chute certeiro de fora da área e empatasse a partida. O gol abalou os alemães e, minutos depois, um cruzamento de Cancelo encontrou Haaland que emendou um lindo voleio. City 2x1 Dortmund.

Edin Terzić colocou mais atacantes (Adeyemi e Moukoko) para tentar alguma reação mas o Dortmund já estava mentalmente derrotado. Havia muito desespero nas jogadas e os alemães até apelaram para a catimba em alguns momentos.



Dortmund abriu o placar mas recuou demais e ofereceu muito espaço
aos rivais. Melhor para o City que, com imposição física e bolas
aéreas, conseguiu virar o jogo (imagem obtida via this11.com).



City faz o dever de casa mas Guardiola foi muito mal durante o primeiro tempo. O catalão tentou emular o seu Barcelona mas não possuía jogadores adequados para o seu velho Tiki-Taka. Os Citizens só melhoraram durante o segundo tempo quando seus atletas tiveram liberdade para atuar como gostam. E ainda tiveram a colaboração de Edin Terzić que mandou seu time recuar demais.

Dortmund deixou escapar o que seria uma vitória épica. O toque de bola alemão funcionou muito melhor que o inglês e os Gelbschwarzen estavam mandando no jogo. Edin Terzić, porém, errou ao recuar demais a sua equipe e oferecer o espaço que o City precisava para reagir.

A partida entre Tiki-Taka contra Tiki-Taka foi muito interessante sob o ponto de vista artístico, afinal foi um futebol muito agradável de se assistir e com poucas faltas. Mas o jogo perdeu em movimentação e em emoção -eu quase dormi durante o 1º tempo!

Eu, provavelmente, teria outra opinião há dez anos atrás quando eu comecei a escrever este blog e era um defensor ferrenho do futebol-arte. Hoje, porém, tive uma prova cabal de que a execução não é tão interessante quanto a ideia...



Imagem extraída de www.facebook.com/mancity




terça-feira, 13 de setembro de 2022

Sem Nexo

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Acompanhei pela internet alguns lances do clássico São Paulo X Corinthians, realizado durante o último domingo no Morumbi. O que mais me chamou a atenção na partida foram as escalações. Ambas as equipes terão jogos válidos pela Copa do Brasil durante o meio da semana e os treinadores tiveram decisões distintas. E ambas, a meu ver, fazendo nenhum sentido.

Rogério Ceni optou por poupar seus titulares visando o jogo contra o Flamengo a despeito de haver poucas chances de avançar -o Tricolor terá de reverter uma desvantagem de 3X1 no Maracanã. Vítor Pereira, por sua vez, mandou quase todos os seus principais jogadores -provavelmente queria derrotar o rival em sua casa e motivar seus atletas contra o Fluminense.

O empate acabou sendo um resultado justo pelo futebol apresentado. O Corinthians parece ter se acomodado após abrir o placar com Yuri Alberto e acabou cometendo um pênalti de Gil em cima de Éder -que converteu a cobrança. O São Paulo lutou até o fim mas faltou ritmo de jogo e, principalmente, entrosamento aos reservas tricolores.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Discordei das escalações de ambos os treinadores. Rogério, a meu ver, deveria enviar os titulares visto que as chances de vencer o Flamengo são remotas e o São Paulo está próximo da zona de rebaixamento no Brasileirão. O mais sensato seria abrir mão da Copa do Brasil e tentar buscar pontos no Campeonato Brasileiro visto que a posição do Tricolor na tabela está longe de ser confortável.

Vítor Pereira, por sua vez, deveria ter feito o contrário e priorizar a Copa do Brasil. É fato que o Corinthians é favorito diante do Fluminense na Neo Química Arena mas o Timão precisa vencer o jogo visto que apenas empatou a partida de ida e não há mais o critério de gol qualificado. O português certamente pensou no peso do clássico visto que derrotar um grande rival seria uma grande injeção de ânimo aos titulares mas, ainda assim, considerei a decisão pouco sensata.

O empate, pelo contexto da partida, acabou sendo um pouco melhor para o São Paulo que ganhou algumas posições na tabela mas muito longe de ser considerado um alívio. O Tricolor segue próximo à degola e longe da vaga para a Libertadores -lembrando que não há nenhuma garantia de que o time conseguirá vencer o Independiente del Valle na Sulamericana.

O Corinthians, por sua vez, caiu para a quinta posição e viu a pressão aumentar para o jogo de quinta-feira. E ainda perdeu a chance de dar um descanso para os titulares para uma partida ainda mais dura. Ao menos, o Timão não terá o desgaste da viagem visto que jogará em São Paulo novamente.

As escolhas dos dois treinadores até se justificam mas, sem dúvida, os dois técnicos deveriam ser um pouco mais realistas em suas avaliações e mudado suas respectivas escalações. As decisões dos comandantes terão impacto no futuro dos times -para o bem e para o mal. 



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc




segunda-feira, 12 de setembro de 2022

A África no Catar

O Senegal, atual campeão da CAN, é a seleção africana que mais chega
badalada ao Mundial (imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON)



Cinco seleções irão representar a África na Copa do Mundo. Camarões, Gana, Marrocos, Senegal e Tunísia tentarão levar o troféu até o continente. Coincidentemente, irão ao Catar as três equipes africanas que tiveram o melhor desempenho em Mundiais: Camarões (em 1990), Senegal (em 2002) e Gana (2010); todas conseguindo chegar às quartas-de-final da competição durante os anos mencionados.

A África já revelou inúmeros craques de renome mundial. Eto'o, Drogba, Kuffour, Okocha, Weah, ... Poderíamos fazer uma lista enorme de atletas africanos bem sucedidos. A última edição da Copa Africana de Nações (CAN -realizada entre janeiro e fevereiro deste ano) também nos brindou com futebol de bom nível técnico e serviu para empolgar os fãs, esperançosos para que as seleções do continente consigam ir mais longe na edição 2022 do Mundial.

Muitas das seleções africanas, porém, eram boas no papel ou no videogame mas não funcionavam como equipes. Mesmo contando com grandes gerações de jogadores, nem sempre os atletas conseguiam fazer a diferença juntos em campo. Ademais, não foram raros os problemas internos nas equipes.



O Marrocos conta com uma boa geração de atletas e tem potencial
para surpreender (imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON)



Outro problema apresentado é bem conhecido por nós, sul-americanos: dependência do futebol europeu. Por melhores que estejam as ligas locais, hoje é praticamente obrigatório buscar os astros que estejam brilhando na Europa para que as seleções sejam competitivas. Nem todos os jogadores, porém, criam identificação com os países que representam ou com o estilo de futebol do continente visto que muitos deles são formados nos costumes do Velho Continente.

Há, inclusive, a possibilidade de jogadores nascidos na África representar algum país europeu, visto que eles acabam se identificando muito mais com a Europa. A França, por exemplo, hoje conta com três jogadores nascidos no continente africano: o goleiro Steve Mandanda, o zagueiro Samuel Umtiti e o volante Eduardo Camavinga.

Há jogadores que, por outro lado, deixam as suas raízes africanas falarem mais alto e optam por representar a África ao invés de alguma nação europeia. Kalidou Koulibaly, Whabi Khazri, Eric Choupo-Moting,  Munir El Haddadi e Iñaki Williams nasceram no Velho Continente mas optaram por defender algum país africano profissionalmente.



Camarões conta com muitos jogadores que estão fazendo sucesso
na Europa (imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON)



Um último problema é a classificação destas seleções no ranking da FIFA. Poucos times africanos conseguem triunfar diante de rivais europeus ou sul-americanos de peso. Em decorrência disto, acabam mal colocadas em tal tabela e quase sempre caem em chaves difíceis nos Mundiais, o que dificulta as pretensões de tais equipes.

O Marrocos, por exemplo, terá pela frente a forte Bélgica e a atual vice-campeã Croácia. Gana vai encarar o Uruguai e Portugal, dois rivais de respeito. E Camarões cruzou o caminho de Brasil, Sérvia e Suíça; três adversários com gerações bastante fortes. Tunísia e Senegal caíram em chaves um pouco mais acessíveis.

Isto explica porque é ainda mais difícil para as seleções africanas avançar às oitavas-de-final. Mesmo um segundo lugar na chave é uma tarefa muitas vezes hercúlea. Os treinadores sequer conseguem poupar seus titulares para os mata-matas visto que praticamente todas as partidas na fase de grupos são decisivas.



Com alguns poucos remanescentes da histórica geração de 2010, Gana tenta
renovar seu elenco (imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON)



As possibilidade de título para as seleções africanas, portanto, são remotas. Os problemas enfrentados por tais equipes justificam os desempenhos modestos em Mundiais e porque chegar às quartas-de-final já é um motivo para que estes times entrem para a história do futebol.

Os times africanos, por outro lado, podem jogar sem o peso do favoritismo e entrar em campo sem muito a perder, bem ao contrário das equipes consideradas favoritas. Como diz aquele ditado, "quanto mais alto, maior a queda".

Ainda será muito difícil vermos alguma seleção africana erguer o troféu dadas as dificuldades apresentadas neste texto. A boa safra de jogadores e o bom futebol exibido durante a CAN, no entanto, permite aos africanos sonhar em ao menos igualar as boas campanhas de 1990, 2002 ou 2010.



Das seleções africanas, a Tunísia é a que possui o elenco mais modesto mas
é a que menos terá a pressão por resultados e também a chave mais acessível
(imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON)




domingo, 11 de setembro de 2022

Fogo Amigo




Eu costumava jogar futebol com os colegas do Instituto de Ciências Biomédicas ao final do expediente  -ou ao menos tentava, visto que eu era tão ruim que eu mal conseguia chutar uma laranja. Os jogos, porém, permitiram que eu fizesse muitas amizades e eu conheci muitas pessoas legais em todo o Departamento de Fisiologia onde eu trabalhava.

Um dia duas pós-graduandas vieram ao laboratório onde eu trabalhava para realizar alguns experimentos. Comecei a puxar assunto com elas e, por acaso, começamos a falar de futebol. Uma delas me contou que era formada em educação física e se interessou em jogar bola conosco.

A aluna -ela fazia mestrado no laboratório vizinho ao meu- passou a frequentar as partidas promovidas pela minha equipe. Raramente ela recusava os convites para jogar e ainda levava mais alguns de seus colegas de pós-graduação para bater uma bola conosco.

A mestranda jogava muito bem, sabia proteger a bola como poucos e possuía um chute bastante potente, que eu conheceria da pior maneira possível como vocês verão adiante. Ela também tinha muitas histórias divertidas que contava durante os cafés promovidos pelo instituto.






Uma noite, acho que era 2010, nós estávamos jogando uma partida em times adversários. Eu fui para o gol e tive a péssima ideia de não tirar os óculos. A mestranda deu um chute do meio da quadra e tentei defender. A bola acertou o meu rosto em cheio. Meus óculos voaram e fui para o chão onde fiquei deitado por uns dez minutos.

Um colega me levou de carona de volta para o instituto. Eu estava meio grogue com a bolada e proferi um monte de palavras sem sentido no caminho. Só percebi o tamanho do estrago quando fui ao banheiro e vi o meu olho direito inchado no espelho.

Não levei a bolada por mal apesar do estrago. Até tirei sarro da situação no dia seguinte ao acidente! A mestranda disse que não se lembrava que ela havia chutado a bola e ainda me disse que foi ela que veio me socorrer após o incidente.

Fomos perdendo o contato aos poucos. Com o tempo, ela parou de frequentar o meu laboratório e nossas agendas de experimentos foram se tornando mais intensas, o que inviabilizou as partidas. Eu deixei o instituto em março de 2013 e voltei a trabalhar por lá formalmente em meados de fevereiro de 2014. Não me lembro de tê-la visto novamente desde então.

As redes sociais, felizmente, permitiram que mantivéssemos contato e, de vez enquanto, trocamos algumas mensagens ou interações. Eu, porém, nunca mais falei a respeito da bolada, assunto que eu só resolvi comentar especialmente para a crônica de hoje!







sábado, 10 de setembro de 2022

Portas Abertas

Imagem extraída de www.facebook.com/DuhailSC



Faz pouco mais de um ano que Hernán Crespo deixou o São Paulo. As eliminações nas copas (Libertadores e Copa do Brasil) e a proximidade da zona de rebaixamento no Brasileirão custaram o cargo do treinador argentino, que hoje comanda o Al Duhail no Catar.

A demissão de Crespo foi cercada por episódios controversos por parte do São Paulo. Os jornalistas Arnaldo Ribeiro e Eduardo Tironi afirmaram dias antes da dispensa que dirigentes estariam promovendo uma "renovação silenciosa" no elenco o que teria causado descontentamento por parte dos jogadores. No mesmo dia que o argentino foi desligado, a frase do técnico ("donde no llegan las piernas va a llegar el corazón") foi apagada do vestiário do Morumbi e o Tricolor acertou com Rogério Ceni na sequência, indícios de que já havia alguma movimentação para a troca no comando.

A saída de Crespo dividiu a torcida na época. Muitos permaneceram ao lado do argentino visto que foi sob sua gestão que o São Paulo acabou com o jejum de títulos que durava desde 2013. Pesaram ainda as atitudes controversas dos dirigentes tricolores durante a demissão do ex-atacante, bem como a de alguns jogadores que foram acusados de fazer "motim" para derrubar o técnico.

O argentino, porém, parece ter deixado as portas abertas ao Tricolor a despeito da saída conturbada. Não são raras as postagens de Crespo apoiando o seu ex-clube nas redes sociais. Muitos torcedores correspondem ao carinho como podemos ver na imagem abaixo.



Mesmo após sua demissão, Crespo seguiu apoiando o São Paulo.
E foi correspondido pelo torcedor (reprodução twitter.com/Crespo)



São fatos que o São Paulo apresentou uma queda acentuada de desempenho durante o segundo semestre e que o título do Paulistão fora conquistado sob condições excepcionais -o Tricolor optou por não dar férias aos jogadores enquanto as demais equipes pouparam seus atletas durante aquele período ainda influenciado pela COVID-19.

A maneira como os dirigentes do São Paulo dispensaram Crespo, no entanto, foi mais uma demonstração do amadorismo que tomou o clube que, outrora, fora considerado "exemplo de gestão". A instituição promovera constantes trocas no comando ou no elenco para obter os mesmos resultados temporada após temporada. Ademais, ficou aquele sentimento de ingratidão ao treinador que tirou a equipe da fila de títulos.

Crespo, contudo, teve o merecido reconhecimento pelos seus feitos. Não apenas por parte de torcedores do São Paulo mas também por fãs brasileiros que homenageiam constantemente o argentino nas redes sociais. Se os dirigentes tricolores não foram justos com o ex-atacante, os internautas trataram de exaltar os méritos de Valdanito.

A passagem de Hernán Crespo pelo Brasil foi curta -foram pouco mais de seis meses no banco do São Paulo- mas foi suficiente para deixar fãs em nosso país. E o argentino, pelos seus posts nas redes sociais, tratou de corresponder a todo esse carinho apesar de sua saída conturbada do Morumbi.



Crespo acabou com o jejum de títulos do São Paulo em
2021 (imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc)