terça-feira, 31 de outubro de 2023

O Fim da Zica?

Imagem extraída de twitter.com/HKane



Eu deixei um comentário em um vídeo no Youtube há alguns dias atrás. A filmagem em questão exaltava a boa fase do Tottenham após a saída do ídolo e capitão Harry Kane para o Bayern München. Escrevi o quanto o atacante era azarado por jamais ter conquistar um troféu sequer pelos Spurs em mais de dez anos de clube. Para a minha surpresa, recebi diversas respostas legais, algo muito raro em um meio repleto de haters e trolls, e elaborei um texto inspirado no que eu discuti com os outros espectadores.

"Sorte" foi algo que nunca esteve ao lado de Harry Kane quando se fala em títulos. O inglês jamais conquistou um único troféu sequer em seus quase 15 anos de carreira profissional. O jogador sempre foi exaltado (com um certo exagero por parte de comunicadores) por suas qualidades em campo mas isto nunca foi suficiente para obter alguma taça.

O jogador, cujo contrato se encerraria em 2024, anunciou que não renovaria com o Tottenham. Os Spurs, então, preferiram vender o atacante para o Bayern München a perdê-lo de graça ou permitir que ele reforçasse algum rival da Premier League -o Manchester United demonstrou interesse em Kane e o City chegou a procurar o atleta antes de acertar com Haaland.

O que ocorreu após a saída de Kane foi surpreendente: o Tottenham, que foi totalmente renovado pelo treinador Ante Postecoglou, está voando na Premier League e ocupa a liderança isolada da competição sem nenhuma derrota até o momento. O atacante também teve um excelente início de temporada na Alemanha com muitos gols e lances bonitos, mas o Bayern encontrou um páreo duro na Bundesliga com o Leverkusen de Xabi Alonso ameaçando a hegemonia dos bávaros.



Imagem extraída de twitter.com/HKane



Ainda estamos em início de temporada e tudo pode mudar até maio de 2024 mas foi difícil conversarmos a respeito de Kane sem utilizar a palavra "zica" diante dos fatos apresentados. Quando o Bayern disputou a Supercopa da Alemanha (ou DFL Supercup que eu assisti no canal do Casimiro) contra o Red Bull Leipzig, os bávaros levaram um vareio dos Roten Bullen e diversos internautas chamaram o atacante inglês de "espanta títulos" em alusão ao seu azar com os troféus.

Um outro internauta me recordou um fato ainda mais curioso: a última vez que o Tottenham havia erguido uma taça (a FA Cup) foi em 2008, exatamente um ano antes de Kane ser promovido para o time profissional dos Lilywhites!

Kane reune plenas condições de tirar a "zica" de sua carreira no Bayern visto que os bávaros possuem uma verdadeira hegemonia na Alemanha e sempre são francos favoritos a obterem os troféus domésticos. O time também possui elenco para brigar pela Champions, embora eu não os veja como favoritos na temporada. O atacante inglês, não obstante, vem justificando o investimento em campo com muitos gols e um bom entendimento com os companheiros.

É impossível, contudo, não estranhar o início da temporada com o Tottenham voando na Premier League após o "divórcio" com seu capitão enquanto Kane vem sofrendo para tirar a liderança do Leverkuen na Bundesliga. Será que os internautas tinham razão quando afirmaram que o atacante inglês era "zicado"?



Imagem extraída de twitter.com/HKane




segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Geração Maromba

Hulk em ação pelo Atlético Mineiro (imagem
extraída de www.facebook.com/atletico).



Escrevi diversas vezes aqui no blog que o futebol vem privilegiando em demasia os aspectos físicos durante os últimos anos, mesmo que isto ocorra em detrimento à técnica ou ao talento. Os jogadores têm de se portar como verdadeiros atletas, evitando os excessos e mantendo a forma mesmo quando não estejam em campo. Graças às estas mudanças, os times podem manter a intensidade ao longo dos noventa minutos.

Tais mudanças no futebol possibilitaram que jogadores como Hulk (do Atlético Mineiro) e Paulinho (atualmente no Corinthians) se tornassem pilares em seus times durante a década anterior e também na Seleção Brasileira. Os dois fortões eram presenças constantes nas listas de Mano Menezes e Felipão durante o quadriênio 2010-14 muito graças aos seus músculos.

Jogadores fortes, porém, sentem muito mais o desgaste provocado pela idade e também pelas lesões porque tais atletas acabam perdendo as características que os fazem se destacar em campo. Sem força não há mais explosão muscular, arrancadas e nem imposição física. E alguns desses futebolistas, por serem pouco técnicos ou talentosos, ficam sem recursos para compensar o enfraquecimento.



Paulinho durante treino pelo Corinthians (imagem
extraída de www.facebook.com/corinthians).



Paulinho, que fora jogador de Tite no Corinthians, perdeu totalmente o seu espaço na Seleção após a Copa de 2018 quando decepcionou em campo. E as lesões graves que sofreu após seu retorno ao Timão sepultaram as chances de algum retorno. Hulk ainda teve algumas chances para o quadriênio de 2022 mas não foi sequer considerado para o Mundial do Catar.

Jogadores como Luka Modrić, por outro lado, compensam a falta de intensidade com seu talento. Tanto que o croata segue como fundamental no Real Madrid e em sua seleção. E cabe mencionar que o camisa 10 dos Blancos é mais velho que Hulk e Paulinho. Mesmo assim, o armador vem perdendo espaço entre os Merengues após a chegada do jovem Jude Bellingham.

Os músculos são importantes no futebol porque são exigências do esporte atual mas isto não significa que o talento e a técnica sejam dispensáveis. Jogadores fortes são fundamentais em suas equipes mas apenas enquanto seus corpos suportarem a carga exigida. A longo prazo, um atleta mais talentoso possui mais chances de fazer a diferença quando comparado a um colega musculoso. 



Imagem extraída de www.facebook.com/atletico




domingo, 29 de outubro de 2023

Quando o São Paulo Melou uma Despedida




2009. Não me lembro se era junho ou julho. Um colega do meu laboratório estava de malas prontas para a Inglaterra onde ele passaria seis meses realizando parte de seu doutorado. Alguns dias antes de sua viagem, ele resolveu fazer uma despedida no Jeca Jones (atual Jeca Vila Gastronômica), um restaurante localizado no começo da Rodovia Raposo Tavares.

Eu havia terminado meus experimentos mais cedo naquele dia e fui junto com o meu colega na frente para reservarmos uma mesa enquanto os demais nos encontrariam mais tarde no restaurante. Lembro que a noite estava bastante fria e, se não me engano, estava chovendo.

Chegamos ao Jeca Jones e, para a nossa surpresa, o segurança nos avisou que não havia nenhuma mesa disponível. O motivo? O time do São Paulo havia reservado todo o restaurante para a realização de um evento! Eu e o meu colega nos olhamos incrédulos com a informação e saímos de lá nos recusando a acreditar no que havia ocorrido!






Meu colega, então, elaborou um "plano B" no carro e mudou o lugar da despedida para o Dueto, restaurante que já foi assunto aqui no blog. Chegando lá, havia alguns estudantes de um laboratório vizinho ao nosso e acabamos dividindo a mesa com eles. Claro que o assunto mais comentado foi a história a respeito do Jeca Jones de tão absurda que ela foi!

A despedida foi bastante divertida com direito a um colega bêbado imitando porco na mesa! Ficamos lá até cerca de 23 horas. Não "esticamos" demais no bar pois ainda era quinta-feira e teríamos expediente no dia seguinte. Fui embora de carona aos risos lembrando das imitações do colega embriagado.

Eu já contei diversas histórias curiosas aqui no blog mas esta certamente foi uma das mais absurdas que o autor já presenciou. Eu, que torcia para o São Paulo na época, jamais pensaria que meu time poderia estragar minha noite sem sequer entrar em campo! Pelo menos o jantar no Dueto foi bastante animado e compensou a frustração no Jeca Jones.







sábado, 28 de outubro de 2023

Passou a Fome

Alguém aí é capaz de parar Jude Bellingham (imagem extraída de www.facebook.com/LaLiga)?



O post de hoje saiu com atraso por um bom motivo: fui assistir ao clássico entre Barcelona e Real Madrid, realizado nesta manhã no Estadi Olímpic de Montjuïc devido à reforma do Camp Nou. Tudo levava a crer que os Blaugranas, que fizeram um primeiro tempo assombroso, derrotariam seus grandes rivais mas os mandantes relaxaram na segunda etapa e foram demolidos pelo garoto Jude Bellingham.

Xavi escalou sua equipe em um surpreendente 4-3-3 variando para 3-5-2 com "dois laterais direitos" (o zagueiro Araújo atuou mais aberto e Cancelo como ala ou atacante) com o óbvio propósito de segurar Vini Jr. que é o principal escape do Real. Carlo Ancelotti, por sua vez, utilizou o 4-4-2 losango que vem sendo sua marca registrada na temporada.

Observamos um Barça faminto durante o primeiro tempo com linhas altas, marcação agressiva e até  faltas -os mandantes terminaram a etapa com Fermín e Ferran amarelados. A pressão na saída de bola induziu a defesa Merengue ao erro e Gündoğan, após receber de graça dos rivais, driblou todo mundo e fuzilou Kepa. Barcelona 1x0.

O Real, encolhido, tentou atrair o Barcelona para jogar nos contra-golpes pela esquerda mas Vini Jr. estava muito bem vigiado por Ronald Araújo e Gavi. Os Merengues, aliás, se viam totalmente entregues à marcação adversária com poucas alternativas senão procurar seu camisa 7 como desafogo. Mesmo as jogadas iniciadas na direita terminavam em inversões buscando o brasileiro.

O Barcelona foi totalmente superior ao Real ao longo de toda a primeira etapa mas não "matou o jogo" enquanto teve chance -foram pelo menos mais duas oportunidade claras de gol. E isto custaria caro aos mandantes.



Barcelona, em 3-5-2, pressiona a saída de bola Merengue e
impede os rivais de jogar. Real, em 4-4-2 losango, é engolido
pela marcação rival e tenta o desafogo com Vini Jr. que
é bem vigiado por Araújo e Gavi. E, sim, os goleiros dos dois
times jogaram de verde (imagem obtida via this11.com)!



O Barcelona continuou pressionando o Real mas, aos poucos, foi perdendo o "apetite" (ou se cansou) e se limitou a controlar o jogo. Ancelotti trocou Mendy, Rodrygo e Kroos por Camvinga, Joselu e Modrić, respectivamente. O treinador italiano tratou de colocar seu time no ataque e soltou Bellingham para pisar mais na área. Xavi, percebendo que sua equipe estava se acomodando, tirou Ferran Torres para a entrada de Lewandowski.

Bellingham acertou um belo chute de fora da área e empatou para o Real. O gol acordou os Merengues que passaram a adiantar suas linhas e agir com mais agressividade. O Barcelona, percebendo que estava perdendo o controle da partida, tentou responder mas seguiu desperdiçando chances. Xavi até mudou a formação para o 4-3-3 mas não conseguiu vazar Kepa.

Melhor para o Real Madrid que, quase no final do jogo, virou a partida com mais um gol de Bellingham após uma assistência "sem querer" de Modrić. O Barcelona, desesperado, tentou uma pressão final mas sem sucesso.



Xavi tenta retomar o controle do jogo restaurando
o 4-3-3 típico, mas o Barcelona é surpreendido
por Bellingham (imagem obtida via this11.com).



Real vence graças à boa fase de Jude Bellingham que fez os dois gols. Méritos também para Ancelotti, cujas substituições tiraram os Blancos do "marasmo" e recolocaram os visitantes no jogo. Além de vencerem seus grandes rivais, os Merengues ficam com a liderança do campeonato, empatado em pontos com o Girona.

Barcelona acaba entregando o resultado após relaxar. Toda a "fome" exibida ao longo da primeira etapa não foi observada na segunda. Xavi até tentou "acordar" seu time com substituições mas o gol de Bellingham já havia desestabilizado os mandantes.

Lição dura para o Barcelona: nunca se relaxa em um jogo, sobretudo se for diante de algum rival histórico. Os catalães fizeram tudo direitinho na primeira etapa mas entregaram o ouro na segunda. É preciso "matar o jogo" quando há chance. Deixar o adversário respirar e se recuperar pode ser perigoso como demonstrado hoje.

P.S.: o cantor Mick Jagger estava na plateia torcendo pelo Barcelona. Pelo jeito, a fama de "pé-frio" do músico continua mais forte do que nunca...



Imagem extraída de www.facebook.com/LaLiga




sexta-feira, 27 de outubro de 2023

O Peso de Nossas Escolhas

Philippe Coutinho era ídolo no Liverpool
(reprodução www.instagram.com/phil.coutinho).



Até hoje me lembro quando Philippe Coutinho surgiu no início da década de 2010. O meia, revelado pelo Vasco da Gama, já estava chamando a atenção nas categorias de base da Seleção Brasileira onde faturou o Sulamericano Sub-17 e a Copa do Mundo Sub-20. Com tamanho potencial demonstrado, o armador rapidamente foi para a Europa onde viveu uma carreira bastante irregular, muito devido às suas decisões questionáveis.

Coutinho teve passagens sem muito brilho pela Internazionale e pelo Espanyol. Foi quando o Liverpool resolveu apostar no meia em janeiro de 2013 e, após um início lento, o jogador foi conquistando seu espaço na Terra dos Beatles. A "virada de chave" do carioca se deu com a vinda do treinador Jürgen Klopp em 2015. Sob as ordens do alemão, o brasileiro viveu a melhor fase de sua carreira e virou ídolo no Anfield Road.

O jogador, porém, foi seduzido pelo Barcelona e se mostrou mais do que disposto a se mudar para a Catalunha. Klopp teria alertado o meia com as seguintes palavras: "Eu disse a ele para ficar aqui no Liverpool e eles vão acabar construindo uma estátua em sua homenagem. Vá para outro lugar, para Barcelona, para o Bayern, para o Real Madrid, e você será apenas mais um. Aqui, você pode ser algo mais". O treinador alemão, porém, foi ignorado e Coutinho acabou assinando com os Blaugranas no inverno de 2018.

O começo de Coutinho na Catalunha foi bom mas o meia não conseguiu evitar a eliminação de sua equipe diante da Roma na Champions. O atleta também fez uma boa Copa do Mundo em 2018 onde foi indiscutivelmente o melhor jogador brasileiro naquele Mundial. Seu rendimento, porém, caiu durante as temporadas seguintes, agravado pela crise no Barcelona.



O sonho de Coutinho no Barcelona acabou se tornando um
pesadelo (reprodução www.instagram.com/phil.coutinho).



O carioca, sem espaço na Catalunha, assinou com o Bayern München por empréstimo em 2019. O jogador faturou a tríplice coroa pelos bávaros e até anotou dois gols contra seu ex-clube, mas não convenceu os dirigentes alemães a contratá-lo em definitivo e acabou devolvido ao final da temporada. O treinador Ronald Koeman até se mostrou disposto a aproveitar o brasileiro no Barcelona mas o armador não correspondeu.

A última cartada de Coutinho na Europa foi voltar para a Inglaterra e defender o Aston Villa a convite do treinador Steven Gerrard, que fora seu companheiro no Liverpool. O desempenho do carioca pelos Villains, porém, não passou de lampejos e ele ainda sofreu uma grave lesão que o tirou da Copa 2022. Sem espaço após a mudança de técnico, o brasileiro se transferiu para o Al Duhail do Catar, o seu clube atual.

Coutinho talvez devesse dar ouvidos a Klopp em 2018. Não era possível prever o futuro mas era evidente que o Liverpool vinha em uma ascendente na segunda metade da década de 2010 enquanto o projeto do Barcelona, que se recusava a abrir mão da "Geração 2011", já mostrava evidentes sinais de esgotamento.

Os troféus conquistados pelos clubes e as convocações de Tite na Seleção Brasileira ajudaram a manter Coutinho em evidência, mas provavelmente o carioca teria sido um jogador ainda maior se tivesse pensado um pouco antes de tomar certas escolhas em sua carreira, em especial a de abandonar seu porto seguro no Liverpool e se arriscar no Barcelona.



Coutinho faturou a Tríplice Coroa no Bayern mas não
convenceu os alemães a comprá-lo em definitivo
(reprodução www.instagram.com/phil.coutinho).




quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Scaloni, Convoque o Cano

Imagem extraída de www.facebook.com/FluminenseFC



É fato que o futebol sul-americano está a anos-luz atrás do europeu. A maior evidência disto se dá quando os treinadores das seleções divulgam suas convocações e em suas listas constam apenas jogadores que estão no Velho Continente, salvo pouquíssimas exceções. A própria Argentina foi campeã mundial em 2022 com apenas o terceiro goleiro, Franco Armani do River Plate, atuando por aqui.

O treinador da Albiceleste, Lionel Scaloni, poderia, no entanto, abrir mais uma exceção e convocar Germán Cano para a próxima rodada das Eliminatórias da Copa 2026 quando enfrentará os grandes rivais Uruguai (em casa no Mario Kempes dia 16 de novembro) e o Brasil (fora no Maracanã dia 21 de novembro).

A convocação do atleta fluminense traria algumas vantagens pontuais à Argentina: Cano, além de estar em um excelente momento técnico, conhece muito bem o treinador Fernando Diniz -com quem trabalha no próprio Tricolor- e poderia fornecer informações cruciais para Scaloni derrotar o seu grande rival. Não obstante, o atacante atuaria "em casa" no Maracanã e sua presença em campo ajudaria a diminuir a hostilidade do torcedor brasileiro.



Imagem extraída de www.facebook.com/FluminenseFC



A convocação também seria uma belíssima recompensa a Cano que desfruta do melhor momento de sua carreira. O atacante já faturou o seu primeiro título em terra tupiniquins neste ano (o Campeonato Carioca) e está na final da Libertadores. O argentino não apenas teria a honra de representar seu país mesmo que apenas durante alguns minutos como também poderia ter seu nome gritado "em casa" no Maracanã apesar de estar enfrentando o Brasil.

Cano, aos 35 anos, dificilmente estará na Copa 2026 quando estará com 38 e uma possível convocação seria apenas um reconhecimento pontual pelo seu desempenho atual. O jogador, contudo, atuaria sem grandes expectativas e poderia até surpreender em campo. Se o atacante já consegue fazer muitos gols pelo Fluminense, acredito que ele poderia anotar ainda mais com a ajuda de meias mais qualificados.

Cano dificilmente será chamado até mesmo para algum amistoso mas o atacante certamente mereceria uma chance durante a próxima data FIFA pelo excelente momento técnico vivido e também pela vantagem pontual que poderia oferecer contra o arquirrival Brasil no Maracanã.



Imagem extraída de www.facebook.com/FluminenseFC




quarta-feira, 25 de outubro de 2023

O Dinheiro Venceu a Tradição

Mbappé deixou o dele contra o Milan (imagem extraída de twitter.com/PSG_inside).



O Milan é o segundo maior vencedor da Champions League com sete troféus mas os Rossoneri há anos não fazem jus à tamanha tradição. O emergente Paris Saint-Germain não se deixou intimidar com um adversário com a camisa mais pesada e aplicou um sonoro 3x0 nos milaneses. E poderia ter anotado ainda mais gols tamanha a superioridade dos parisienses.

Luis Enrique escalou sua equipe em 4-3-3 com muita liberdade para os meias Vitinha e Zaïre-Emery subirem ao ataque em um 2-3-5. Stefano Pioli, por sua vez, foi de 4-2-3-1 com a proposta de se defender e tentar contra-golpes.

O PSG encurralou os visitantes com linhas altas e criou as melhores chances com Mbappé e Dembélé atacando pelos lados e se infiltrando por dentro em diagonal. Kolo Muani atuou como um "falso nove" recuando para preencher os espaços e também para ajudar na articulação das jogadas.

O Milan tentou responder pelos lados mas a zaga parisiense tirou os espaços de Giroud e, principalmente, Rafael Leão, que teve trabalho com Marquinhos e Hakimi. A alternativa para os Rossoneri foi o lado direito com Pulisic que criou as chances mais perigosas.

Os Rossoneri estavam começando a "gostar do jogo" quando Mbappé, em contra-ataque, passou por Kalulu e fuzilou Maignan. PSG 1x0. O gol esfriou o ânimo do Milan que perdeu a contundência e passou a cometer mais erros em campo.



PSG, em 4-3-3, adianta seus dois meias para segurar os zagueiros
e usa Mbappé e Dembélé para atacar pelos lados em um 2-3-5.
Milan, em 4-2-3-1, não consegue utilizar Rafael Leão que foi
seguro por Marquinhos e Hakimi. A alternativa dos Rossoneri se
deu com Pulisic pela direita (imagem obtida via this11.com).



Pioli trocou Thiaw por Calabria para fechar o lado direito da defesa e tirar os espaços de Mbappé mas os franceses simplesmente passaram a atacar mais pelo outro setor com Dembélé que anotou um golaço anulado por falta de Ugarte na origem do lance.

O Milan até esboçou alguma reação mas não conseguiu encontrar espaços na defesa parisiense. Não obstante, a necessidade do empate fez com que os milaneses deixassem espaços às costas da defesa e Kolo Muani ampliou em 2x0 para os mandantes.

Os Rossoneri, sem saída, se lançaram para o ataque mas pouco incomodaram Donnarumma e ainda levaram o terceiro, de Kang-in Lee, em um novo contra-golpe pela direita. E o Milan só não foi goleado porque Mbappé desperdiçou pelo menos mais três oportunidades claras.

PSG faz valer o mando e vence por 3x0 graças ao elenco mais qualificado. E os franceses mereciam fazer bem mais gols tamanha a superioridade dos parisienses. Milan segue sem vencer na Champions e cai para a lanterna do Grupo F. Os italianos, acostumados a erguerem troféus na competição, ainda não se recuperaram totalmente da crise e mostram dificuldades diante de rivais de maior poder aquisitivo.

O Milan possui mais tradição na Champions League mas o momento é do Paris Saint-Germain. A partida de hoje deixou evidente que uma camisa pesada não consegue jogar sozinha mesmo que seja sustentada por sete troféus...



Imagem extraída de twitter.com/PSG_inside




terça-feira, 24 de outubro de 2023

Saída pela Esquerda

Gabriel Jesus (de verde) deixou um gol e uma
assistência (imagem extraída de twitter.com/Arsenal).



Arsenal e Sevilla mediram forças no Ramón Sánchez Pizjuán em busca da liderança no equilibrado e embolado Grupo B. Os londrinos, apesar do ambiente hostil, voltaram da Andaluzia com os três pontos graças à força de seu lado esquerdo.

Ambos os times foram a campo em 4-3-3. O Sevilla foi mais agressivo com linhas altas e com En-Nesyri sempre grudado no goleiro David Raya para forçar o inseguro arqueiro ao erro. O Arsenal, mais recuado, respondeu utilizando principalmente o seu lado esquerdo com Tomiyasu, Rice e Martinelli.

Os Nervionenses, apesar da marcação alta, não conseguiram acertar muitos chutes na direção de Raya. Melhor para os Gunners que aproveitaram bem os espaços às costas dos mandantes e foram mais perigosos nas oportunidades criadas. Foi assim, no último lance da primeira etapa, que Gabriel Jesus acionou Martinelli que teve apenas o trabalho de driblar o goleiro Nyland e inaugurar o placar.



Os dois times em 4-3-3. Sevilla, com linhas altas, tenta forçar
os erros na saída de bola rival, principalmente do goleiro Raya
com En-Nesyri. Arsenal responde principalmente pela esquerda
aproveitando os espaços deixados pelos andaluzes e com Jesus
recuando para atrair a marcação (imagem obtida via this11.com).



O Arsenal surpreende o Sevilla logo no início do segundo tempo com linhas altas e, novamente pela esquerda, Gabriel Jesus amplia para os visitantes em 2x0. Os andaluzes não se deixaram abater e seguiram com a estratégia de adiantar a marcação e triangular bolas pelos lados.

Diego Alonso troca Sow e Lukébakio por Lamela e Mariano para reoxigenar a equipe, mas a dupla entra um tanto afobada em campo e não demora a tomar cartões amarelos. Os nervionenses, ainda assim, conseguem diminuir o prejuízo na bola parada, com uma cobrança de escanteio precisa de Rakitić na cabeça de Gudelj. 

Mikel Arteta apenas tira os atletas mais desgastados ou apagados e recua o time para administrar o placar. O Sevilla, sem nada a perder, acelera o jogo e tenta cavar mais faltas ou escanteios perto da área de Raya mas o nervosismo toma conta dos mandantes que desperdiçam muitas oportunidades claras.

Arsenal vence utilizando a própria estratégia do Sevilla contra os andaluzes. Os londrinos souberam "sofrer" em campo e exploraram amplamente os espaços às costas dos nervionenses. Aos mandantes, faltaram nervos para definir melhor as oportunidades criadas. Também pesou a discrepância entre os elencos visto que os Gunners tinham melhores opções no banco.

Os londrinos, graças ao seu forte lado esquerdo, assumem a liderança isolada do Grupo B e veem a vaga para as oitavas mais perto. Os andaluzes, por sua vez, se complicaram na tabela. Para a sorte de ambos, Lens e PSV não passaram de um empate e foram beneficiados com o resultado da outra partida.



Imagem extraída de twitter.com/Arsenal




segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Por que Vinícius Júnior Incomoda?

Imagem extraída de www.facebook.com/RealMadrid



O final de semana na Espanha ficou marcado por mais um ataque racista a Vini Jr., desta vez em Sevilha quando um torcedor foi flagrado no Ramón Sánchez Pizjuán imitando macaco para o brasileiro. O fã foi identificado pelo próprio Sevilla e expulso do quadro de sócios. Este não foi o primeiro e, infelizmente, não será o último insulto que o brasileiro receberá. Mas por que tanta perseguição ao jogador?

Racismo, infelizmente, é algo comum na Europa e torcedores costumam lançar mão de insultos contra atletas negros para desestabilizá-los em campo. Alguns jogadores até revidam -Thierry Henry, por exemplo, foi chamado de "macaco" por fãs do Valencia em 2004 e reagiu apontando para o rival John Carew que também é afrodescendente- mas a maioria prefere "responder na bola".

Vini Jr., porém, foi bastante contundente em suas respostas e o brasileiro se manteve firme quando questionado, independente se os críticos eram torcedores "anônimos" ou uma alguma autoridade. Os fãs rivais, diante das atitudes do atacante, passaram a perseguí-lo porque perceberam o incômodo do jogador com os insultos e passaram a se valer disto para desestabilizá-lo em campo, sobretudo após o incidente contra o Valencia que terminou em uma expulsão ao atleta e que foi posteriormente anulada.



Imagem extraída de www.facebook.com/RealMadrid



Os incidentes envolvendo Vini Jr. remetem aos casos de bullying nas escolas: é comum que os garotos mais velhos ou mais fortes provoquem os colegas mais fracos. Porém, quando os ofendidos reagem, os agressores passam a importunar as vítimas com ainda mais agressividade porque o ofensor sente seu orgulho ferido. Não obstante, os provocadores entendem que estão conseguindo irritar seus alvos quando há o revide.

O brasileiro não se deixou intimidar pelos insultos e proferiu respostas ainda mais duras o que gerou tréplicas dos agressores. Já houve dezenas de jogadores que foram afrontados devido à cor de suas peles mas nenhum deles demostrou a mesma contundência de Vini Jr. quando provocados, o que faz com que o camisa 7 seja a vítima preferida dos adversários.

Vini Jr., portanto, passou a ser perseguido porque demonstrou a coragem que muitos de seus colegas afrodescendentes não tiveram quando sofreram insultos racistas. O brasileiro não abaixou a cabeça e reagiu com firmeza, o que despertou a ira de seus agressores. Para o opressor não existe temor maior do que a voz de um oprimido.



Imagem extraída de www.facebook.com/RealMadrid




domingo, 22 de outubro de 2023

Como o Corinthians Estragou meu Interanos!




2010. Fui a mais uma confraternização da faculdade e, apesar da chuva ter estragado o "título" da minha turma no jogo entre calouros e veteranos, eu tive um dia bastante divertido. Eu também estava vivendo o auge do Cartola FC, um fantasy game do portal GE que eu conheci através de um amigo do ICB e que me rendeu muitos momentos felizes. Mas a brincadeira colocou água no meu chope justamente naquele churrasco!

A última rodada do Campeonato Brasileiro ocorreria naquele dia e a grande maioria dos times não tinha muito o que disputar. O Corinthians, que contava com um bom elenco e buscava a vaga direta para a Libertadores, visitaria o já rebaixado Goiás que havia apostado todas as suas fichas na Sulamericana e atuaria com uma equipe praticamente reserva. Eu não tive dúvidas: investi tudo no Timão acreditando em uma goleada sobre o Esmeraldino.

Assistimos ao jogo durante o churrasco da confraternização e tudo o que vi foi um Corinthians totalmente apático que não passou de um empate contra o Goiás. E a minha última rodada no Cartola FC, que tinha tudo para ser uma barbada, foi por água abaixo! Foi uma tristeza enorme chegar em casa (smartphones e internet móvel eram artigos de luxo durante aquela época) e ver todos aqueles números vermelhos de desvalorização no meu perfil!






A confraternização, pelo menos, foi muito divertida. Conheci diversas pessoas legais -a maioria integrantes do time feminino de basquete da Farmácia- e reencontrei amigos que não via há muito tempo. Também foi a primeira vez que vi a premiação dos alunos que se destacaram segundo a Atlética da faculdade e eu assisti à cerimônia sem entender nada do que estava acontecendo.

O grande destaque do encontro, porém, foi um "veteranossauro" -acho que ele ingressou em 1995- que apareceu com um violão e tirou algumas músicas durante o churrasco. Pena que conversei pouco com ele para trocarmos algumas experiências. Soube, mais tarde, que ele fora colega de um professor da Farmácia com quem tenho amizade.

O Interanos de 2010 fechou com chave de ouro um dos melhores anos de minha vida. Pena que o Corinthians não colaborou para tornar a minha festa ainda melhor mas o futebol envolve o fator humano e, como disse meu professor de história, "em humanidades 1+1 pode dar 5"!







sábado, 21 de outubro de 2023

Sanduíche de Influências

Imagem extraída de www.facebook.com/bayer04leverkusen



Não, eu não me esqueci da postagem de hoje. Apenas tirei a manhã para ver e analisar o Bayer Leverkusen, o time que vem liderando isoladamente a Bundesliga 2023-24 com uma campanha fantástica. Até agora são sete vitórias e um empate (contra o poderoso Bayern München) em oito partidas disputadas.

O Leverkusen é comandado pelo ex-volante Xabi Alonso desde o início da temporada anterior e o basco vem sendo bastante elogiado pelo seu trabalho. Em pouco mais de um ano a frente dos Werkself, o treinador levou a equipe até as semifinais da Europa League (caiu para a Roma de José Mourinho) e agora, mais à vontade no cargo, o técnico lidera tanto o Grupo H da competição continental quanto a Bundesliga.

A experiência de Alonso no banco de reservas ainda é modesta -antes de assumir o Leverkusen, o basco havia comandado apenas as categorias de base do Real Madrid e da Real Sociedad. O ex-volante, contudo, possui um cartel respeitável de títulos como atleta incluindo duas Champions Leagues, duas Eurocopas e uma Copa do Mundo.

O ex-volante, mais do que os troféus, obteve muito conhecimento técnico através dos treinadores que passaram por sua carreira: Rafa Benítez, Luis Aragonés, José Mourinho, Vicente del Bosque, Carlo Ancelotti e Josep Guardiola. Com cada um deles, Alonso aprendeu a importância da intensidade, da recomposição defensiva, da versatilidade em campo e, principalmente, da posse de bola. A somatória dessas influências resultou em um Tiki-Taka moderno com mais objetividade e com mais pragmatismo quando necessário.



Leverkusen em 4-4-2 contra o Wolfsburg: os Werkself constroem
jogadas triangulando bolas pelos lados mas também utilizam
o meio quando necessário (imagem obtida via this11.com). 



Foi impossível não lembrar do Barcelona de Guardiola ou da Espanha de Vicente del Bosque ao ver o Leverkusen de Alonso em ação. O basco escalou seu time em uma formação diferente de seus mentores -um 3-4-3 variando para 4-4-2 com Stanišić e Frimpong avançando pela direita e Adli voltando para dar apoio a Grimaldo pela esquerda. A execução, contudo, é virtualmente a mesma com muitas trocas de passes visando abrir espaços na defesa rival.

Alonso, porém, parece ter aprendido com as limitações do Tiki-Taka ao permitir que seus jogadores arrisquem bolas longas e também mais chutes de fora da área. Observa-se, portanto, um time mais objetivo quando comparado às equipes espanholas e também à Alemanha de Joachim Löw ou de Hansi Flick.

O basco, porém, ainda necessita corrigir uma outra limitação do método: a dificuldade em superar rivais que se valem da imposição física. Mesmo contando com atletas fortes como Granit Xhaka ou Jonathan Tah, observou-se o Leverkusen perder muitas bolas nas divididas com o Wolfsburg ou quando os Wölfe adiantavam sua marcação.

Ainda é cedo para considerarmos Alonso como um "craque da prancheta" mas o ex-volante vem demonstrando muito potencial no banco de reservas com este ótimo começo de temporada pelo Leverkusen. O treinador vem aplicando com muito sucesso na Alemanha todo o conhecimento que adquiriu com seus mentores. Se mantiver a toada, não será surpresa que o basco receba convites para voos mais altos durante os próximos anos.



Imagem extraída de www.facebook.com/bayer04leverkusen




sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Quem Vai Ficar com Bruno Henrique?

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Flamengo e Palmeiras são atualmente os clubes mais ricos do Brasil. A disputa pelos títulos durante os últimos anos fez com que se tornassem rivais ferrenhos com rusgas e provocações de ambos os lados. E os dois grandes adversários entram em choque novamente tendo o atacante Bruno Henrique como objetivo de uma disputa.

O jogador está em fim de contrato com o Flamengo e se mostra disposto a permanecer na gávea, porém há divergências pelo tempo do vínculo: o Rubro-Negro oferece no máximo dois anos de extensão mas Bruno Henrique e seu empresário exigem ao menos três temporadas. Cabe mencionar que o atleta já está em condições de assinar um pré-contrato com outro clube e pode sair de graça no final de 2023 se assim o desejar.

Já havia rumores de que o Palmeiras estava interessado no jogador e isto se confirmou com o Alviverde oferecendo de três a quatro anos de vínculo ao atleta além de um salário estimado em R$ 1,5 milhões -ele recebe cerca de R$ 1,2 milhões na Gávea.

O Verdão deseja o jogador por uma série de motivos: Bruno seria uma reposição para Dudu que sofreu uma grave lesão e só volta na metade de 2024, o atleta concederia a experiência que faltou ao elenco predominantemente jovem em 2023, o atacante seria um reforço "pronto" para Abel Ferreira que já se queixou de utilizar garotos, e Leila Pereira ainda poderia se fortalecer politicamente ao dar um "chapéu" em seu atual grande rival.



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É necessário considerar, contudo, por que o Flamengo reluta em oferecer os desejados três anos a Bruno Henrique: o jogador está com 32 anos (completa 33 em dezembro), possui um histórico apreciável de lesões graves e o elenco rubro-negro mostra-se envelhecido, clamando por uma renovação.

O Urubu, no entanto, não deseja abrir mão do jogador que é ídolo na Gávea, conquistou muitos títulos e voltou a jogar bem em 2023 a despeito de ter ficado quase um ano parado. E, para os dirigentes rubro-negros, seria uma grande derrota política e pessoal perder um atleta tão importante para um rival como o Palmeiras.

É evidente que Bruno é um jogador talentoso e que fez a diferença em muitos jogos. As negociações com o atleta, porém, requerem critérios racionais visto que ele recebe um alto salário mas dificilmente manterá o rendimento na reta final de sua carreira, o que é agravado pelo histórico de lesões. A disputa pelo atacante, portanto, mais parece motivada por orgulho e/ou razões políticas dos dirigentes.

Bruno Henrique acabou sendo o maior vencedor deste "leilão" independente do desfecho, como escreveu o jornalista André Rocha. O atleta provavelmente estaria sendo dispensado do Flamengo em outros contextos mas o atacante conseguiu uma desejada valorização em meio à disputa entre cartolas dos dois lados que veem no jogador o instrumento perfeito para fazerem as pazes com seu torcedor.


 



quinta-feira, 19 de outubro de 2023

O Técnico Certo na Hora Errada

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Tite foi apresentado oficialmente como técnico do Flamengo durante a última segunda-feira (dia 16) e realizará sua estreia pelo Rubro-Negro esta noite contra o Cruzeiro no Mineirão. O gaúcho é o décimo treinador contratado durante a gestão de Rodolfo Landim e chega com a missão de levar o Urubu à Libertadores 2024 -a 14 pontos atrás do rival Botafogo, as chances de título são apenas virtuais.

O treinador, após o término de seu vínculo com a Seleção Brasileira, havia declarado que não trabalharia no Brasil em 2023 esperando por alguma proposta do futebol europeu que nunca chegou. Seu nome também foi ventilado no Al-Hilal após rumores de que Neymar e Jorge Jesus haviam se desentendido na Arábia Saudita mas tudo não passou de especulação.

O gaúcho possui um perfil conciliador, diferente dos antecessores Vítor Pereira e Jorge Sampaoli que são mais rígidos. A expectativa é de que Tite, ao menos, melhore o ambiente no grupo e volte a unir os jogadores que não se mostram mais tão alinhados visto que houve pelos menos dois casos de agressão no elenco durante a atual temporada.



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Tite desembarca Gávea em um momento oportuno, mas poderia ter vindo em outras duas ocasiões: após a demissão de Vítor Pereira em abril deste ano ou após o caso de agressão envolvendo o atacante Pedro e o preparador Pablo Fernández. É provável que se o gaúcho tivesse sido contratado antes, o ambiente no vestiário teria melhorado e o Flamengo teria mais chances de conquistar algum título neste segundo semestre.

Alguns jornalistas, porém, apuraram que a chapa situacionista do Flamengo relutou em demitir os dois últimos treinadores devido às muitas trocas realizadas pela gestão -como mencionado acima, foram dez técnicos contratados no total. Novas mudanças no comando poderiam enfraquecer os atuais mandatários que esperavam alguma reação do time nos jogos decisivos (a final do Campeonato Carioca contra o Fluminense e a decisão da Copa do Brasil contra o São Paulo). Os resultados ruins, porém, deixaram os cartolas sem alternativas.

Tite chega muito mais para diminuir o vexame rubro-negro do que para salvar a temporada. Mesmo que o gaúcho consiga um improvável título brasileiro, o Flamengo teve um ano para esquecer em 2023 com uma ótima gestão financeira mas com decisões totalmente amadoras no futebol. O treinador tem tudo para apaziguar o ambiente na Gávea mas tal medida certamente poderia ter sido tomada bem antes. 



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quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Acesso Negado

Darwin Núñez brilhou com um gol e uma assistência
(imagem extraída de www.facebook.com/aufoficial).



O Brasil sofreu a sua primeira derrota nas Eliminatórias da Copa 2026 diante de um aguerrido e organizado Uruguai. A Celeste tirou os espaços dos Canarinhos e foi mais letal nas oportunidades criadas em um jogo de poucas finalizações de ambos os lados.

Marcelo Bielsa escalou o Uruguai em 4-3-3/4-2-3-1 variando para 4-4-2/4-2-4 com Nicolás de la Cruz espetado entre os atacantes. Fernando Diniz manteve o 4-3-3 com Yan Couto, Carlos Augusto e Gabriel Jesus nos lugares de Danilo, Arana e Richarlison respectivamente.

O Uruguai surpreendeu o Brasil com linhas altas e valorizando a posse da bola quando todos esperavam que os Charrúas mantivessem a sua tradição defensiva. O Brasil ficou sem ação e tentava responder sem muito sucesso utilizando seu lado esquerdo.

Os visitantes conseguiram equilibrar o jogo atacando um pouco mais pela direita -Rodrygo chegou a dar um susto nos mandantes em uma jogada individual- mas a Celeste esfriou a reação brasileira com um contra-ataque de Maxi Araújo pela esquerda que terminou em um cruzamento na medida para Darwin Núñes fuzilar Ederson. Para piorar, o Brasil perdeu Neymar por lesão no final da primeira etapa e Richarlison substituiu o camisa 10.



Uruguai, em 4-4-2/4-2-4, surpreende com linhas altas e impede
os brasileiros de jogar. Brasil, encolhido em 4-3-3, responde
pelos lados sem muito sucesso (imagem obtida via this11.com).



O Uruguai retorna fechando os corredores e adiantando seus laterais, impedindo o Brasil de atacar pelos lados. Os Canarinhos só conseguem criar chances de gol em lances de bola parada próximos à meta de Rochet. Melhor para a Celeste que ampliou o placar com De la Cruz após uma jogada de pura raça de Darwin Núñez -o camisa 9 protegeu a bola marcado por dois brasileiros e serviu o meio-campista.

Bielsa, então, realiza apenas substituições "protocolares" visando oferecer descanso aos mais desgastados ou tirando os amarelados para evitar uma expulsão. Diniz vai para o tudo ou nada trocando Yan Couto e Carlos Augusto por David Neres e Guilherme Arana, mudando o esquema para 3-4-3 (com Casemiro mais recuado) e adiantando as linhas.

Os Charrúas, porém, conseguem controlar o jogo com linhas baixas e mantendo a estratégia de negar os espaços nas laterais. Diniz tenta uma última cartada com Raphael Veiga para tentar mais jogadas pelo meio mas o palmeirense não consegue mudar o cenário da partida. Bielsa responde colocando mais zagueiros e volantes para segurar o resultado.



Uruguai adianta os ponteiros e os laterais para impedir o Brasil
de jogar pelos lados. Diniz, então, muda o esquema para 3-4-3
mas, mesmo assim, não consegue encontrar espaços
na defesa Charrúa (imagem obtida via this11.com).



Uruguai conquista a vitória merecidamente por aproveitar melhor as oportunidades criadas e também ao neutralizar os pontos fortes de seus adversários. Brasil não consegue encontrar alternativas para superar a forte defesa Celeste e mostrou-se pouco resiliente para tentar outras estratégias.

Méritos para o treinador Marcelo Bielsa que vem conseguindo renovar o Uruguai ao trocar os já cansados Suárez e Cavani por atletas mais jovens, além de mudar o estilo de jogo. As apostas do Loco vêm se mostrando acertadas com uma Celeste mais ofensiva e intensa sem perder a raça e a solidez defensiva que consagraram a equipe.

Diniz terá muito a explicar pela queda de rendimento da Seleção nos dois últimos jogos. O Brasil não encontrou ideias para superar as defesas adversárias e ainda desmoronou quando os rivais subiram o tom em campo. E terá de vencer oponentes duríssimos nas próximas rodadas (Colômbia e Argentina) talvez sem Neymar, que sofreu uma "grave lesão" segundo o que alguns repórteres teriam ouvido em campo.



Imagem extraída de www.facebook.com/aufoficial




terça-feira, 17 de outubro de 2023

Cuidado! Frágil!

Danilo se lesionou no jogo contra a Venezuela e virou desfalque para o
Brasil e para a Juventus (imagem extraída de www.facebook.com/Juventus).



O Brasil já havia perdido cinco atletas por lesão antes do jogo contra a Venezuela: o goleiro Bento; os laterais Caio Henrique, Vanderson e Renan Lodi; e o atacante Raphinha. A lista de desfalques aumentou com Danilo que sentiu ainda no primeiro tempo contra a Vinotinto e com Nino que se machucou durante um treino.

O motivo para tantos desfalques já foi explicado em diversas postagens aqui no blog: o futebol atual está muito exigente sob o ponto de vista físico e os atletas estão ainda mais susceptíveis às lesões. Não obstante, é grande a quantidade de jogos disputados a cada temporada, o que aumenta ainda mais o desgaste para os jogadores.

Os melhores atletas de cada time são justamente os mais exigidos porque são titulares e, portanto, são os que disputam o maior número de jogos a cada temporada. Não obstante, são estes jogadores que participam das partidas mais importantes e, portanto, enfrentam os rivais mais duros o que agrava ainda mais o risco de lesões.



Caio Henrique e Vanderson desfalcaram o Brasil (imagem
extraída de www.facebook.com/asmonaco.portuguese).

  

Os jogadores convocados para as seleções sempre são os melhores ou os que estejam atravessando um bom momento técnico, salvo algumas exceções. Os treinadores, porém, devem ter em mente que são justamente estes atletas que mais correm o risco de desfalcar os times por serem os mais requisitados em campo.

Os próprios atletas anseiam por uma convocação, afinal é uma grande honra representar um país e isto também é um grande salto para suas respectivas carreiras. Por este motivo, já houve jogadores que atuaram no sacrifício porque temiam perder a vaga em suas respectivas seleções. Alguns desses casos, porém, terminaram em prejuízo técnico para as equipes.

Cabe aos treinadores administrarem o cenário e estarem sempre preparados para eventuais desfalques. Muitos dos técnicos, porém, sabem que não podem prescindir de certos atletas seja porque alguns deles são "insubstituíveis", seja porque há pressões externas (torcedores, comunicadores, dirigentes, questões comerciais, ...) por suas convocações. Isso sem mencionar que há sempre os comandantes que preferem morrer abraçados às suas convicções a lutarem efetivamente pelos troféus.


 

Renan Lodi virou problema para o Brasil e para o Marseille
(imagem extraída de www.facebook.com/OlympiqueMarseilleENG).




segunda-feira, 16 de outubro de 2023

O Craque Fora das Quatro Linhas

Imagem extraída de www.facebook.com/mamadousakho



Talvez muitos não conheçam ou não se lembrem de Mamadou Sakho. Eu, por acaso, comecei a acompanhar o francês pelas redes sociais em meados de 2014 enquanto ele defendia o Liverpool -apesar de eu torcer para o Arsenal na época, eu simpatizava com os Reds por influência de amigos. O zagueiro, que atualmente defende o Montpellier da França, não teve lá uma carreira muito grandiosa no futebol com poucos títulos.

Sakho viveu o melhor momento de sua carreira justamente na terra dos Beatles -durante a ocasião, ele foi convocado para a Copa 2014 e disputou algumas partidas aqui no Brasil. Porém, também foi pelos Reds que a sua trajetória desmoronou: durante 2015-16, o zagueiro perdeu espaço após alguns problemas com o treinador Jürgen Klopp e o defensor foi flagrado no exame antidoping no final da temporada, o que impediu a sua participação na Euro 2016. A suspensão praticamente decretou o fim de sua passagem pelo Liverpool e também pela Seleção Francesa -ele foi convocado pouquíssimas vezes desde então.

O zagueiro, então, tentou reconstruir sua carreira no Crystal Palace (também da Inglaterra) e retornou ao seu país natal em 2021 após assinar com o Montpellier, mas sem o mesmo impacto dos tempos quando defendia o Liverpool. Sakho até esteve presente na pré-lista de convocados para a Copa 2018 que terminaria no bicampeonato da França mas acabou cortado.

Sakho, se não teve uma trajetória memorável dentro dos gramados, marcou verdadeiros golaços fora deles. O zagueiro, que possui origem senegalesa, jamais se esqueceu de suas raízes e sempre apoiou os Leões de Teranga nas competições. Mais do que isso, o jogador realizou diversos trabalhos humanitários no continente africano, o que gerou minha admiração pelo defensor.



Sakho entregando donativos em um vilarejo em Tambacounda,
Senegal (imagem extraída de www.facebook.com/mamadousakho).



O zagueiro, através de sua fundação, arrecada suprimentos para serem distribuídos em comunidades carentes do Senegal. Sakho também firmou parcerias com os políticos locais para a realização de projetos sociais no país, incluindo a construção de centros de treinamento para a formação de jogadores. O defensor, posteriormente, estendeu a ação a outras nações do continente africano.

Sakho também visitou alguns presídios no continente onde entregou donativos e também camisas autografadas. Não ficou evidente se o jogador teve contato com os detentos mas não deixou de ser um enorme gesto de humanidade por parte do zagueiro ao conceder momentos de dignidade à população carcerária.

Sakho demonstra que jogadores não são feitos apenas de lances bonitos dentro de campo, mas também fora das quatro linhas. Se o francês nunca foi um atleta renomado pelos títulos ou pelo futebol praticado, o zagueiro se provou um verdadeiro craque fora dos gramados com feitos maiores do que qualquer troféu.



Sakho durante visita a um presídio na Costa do Marfim
(imagem extraída de www.facebook.com/mamadousakho).