terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Palmas para Ten Hag

Imagem extraída de www.facebook.com/manchesterunited



Acabou o jejum de títulos do Manchester United. Os Red Devils conquistaram a EFL Cup no último domingo em cima no "novo rico" Newcastle United e tiveram o gostinho de erguer um troféu novamente, algo que não acontecia desde 2016-17 quando venceram a Europa League.

Os meios de comunicação vêm exaltando o volante Casemiro pelo feito, algo muito justo visto que o brasileiro anotou um gol na partida e ainda negou os espaços aos contra-ataques adversários. O "artesão" do Manchester tem feito toda a diferença em campo sem nenhuma dúvida, mas eu acredito que o grande responsável pelo título e também pelo bom momento dos Red Devils seja o treinador Erik ten Hag.

Ten Hag foi contratado pelo Manchester na atual temporada após um grande trabalho no Ajax -ele conseguiu levar os Godenzonen de volta às semifinais da Champions League em 2019 e também impressionou pelo futebol vistoso. O holandês é um legítimo representante do Totaalvoetbal com um estilo de jogo típico do país: jogadores versáteis, dinamismo, posse de bola, ofensividade e, obviamente, exibições de encher os olhos.

O holandês tomou algumas decisões controversas na montagem do elenco como barrar o ídolo Cristiano Ronaldo e insistir na contratação de Antony, que fora seu jogador no Ajax -o Manchester desembolsou a quantia recorde de 95 milhões de Euros para tirar o brasileiro dos Godenzonen. É inegável, contudo, que o desempenho de Ten Hag até o momento vem justificando tais atitudes.



Imagem extraída de www.facebook.com/manchesterunited



Os efeitos da contratação de Ten Hag foram notados já durante o início da temporada. O Manchester passou a atuar exatamente como as equipes holandesas com muito mais leveza em campo. Não obstante, jogadores que estavam em baixa, como Rashford e Sancho, voltaram a brilhar sob as ordens do novo treinador.

O desempenho até o momento empolga: além do troféu conquistado no domingo, os Red Devils estão em terceiro na Premier League (atrás apenas do líder Arsenal e do obcecado City) e seguem com chances de títulos nos outros dois mata-matas (FA Cup e Europa League). Os números também impressionam, com apenas seis derrotas sofridas até o momento durante toda a temporada.

Não sou mais um defensor ferrenho do futebol-arte mas confesso que o estilo do Manchester empolga muito o torcedor. Um dos diferenciais dos Red Devils, cabe lembrar, é o "artesão" Casemiro que faz o "trabalho sujo" no meio-de-campo e permite que os homens de frente tenham menos trabalho na recomposição defensiva.

Não podemos afirmar que Erik ten Hag trará mais alegrias ao seu torcedor sedento por novas conquistas, mas o holandês já conseguiu colocar a casa em ordem e demonstrou que no futebol inglês não se vence apenas com armários em campo.



Imagem extraída de www.facebook.com/manchesterunited



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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

A Ilusão dos Estaduais

Galoppo está voando no Paulistão, mas conseguirá manter a toada no
restante da temporada (imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc)?



É fácil se iludir com os fracos campeonatos estaduais. As equipes que atuam na primeira divisão do Brasileirão quase sempre sobram em campo diante de rivais com menor poder aquisitivo e passam a impressão de que estão jogando o fino da bola. Apenas os clássicos ou a fase de mata-mata nos oferecem algum parâmetro confiável para se avaliar um time.

Muitos dos jornalistas também se deixam iludir pelas exibições vistosas diante de rivais fracos e se apressam em transformar em ídolo algum jogador em destaque nos estaduais. Basta navegar pelos portais de notícias esportivas para observar algum atleta ganhando a primeira página com manchetes recheadas de elogios exagerados.

Giuliano Galoppo foi um dos "eleitos" pelos sites desportivos. O argentino, que atualmente defende o São Paulo, impressiona pelos sete gols marcados e pela raça em campo. O meio-campista não vinha sendo titular no Tricolor mas a pressão da torcida somada às boas exibições tornaram o camisa 14 "intocável" no grupo.

Há dois anos atrás, porém, um outro argentino também estava voando no Paulistão mas acabou caindo de rendimento no decorrer da temporada. O compatriota Martín Benítez havia sido um dos destaques do São Paulo no fácil estadual e também na primeira fase da Libertadores. Mas o armador não repetiu as boas atuações no segundo semestre, teve problemas extracampo e acabou deixando o clube pela porta dos fundos.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



O que o autor escreveu no parágrafo anterior não significa que ele contesta a qualidade técnica de Galoppo e, tampouco, que o meia terá o mesmo destino de Benítez. Mas cabe a reflexão de que a idolatria ao camisa 14 está ocorrendo em um contexto muito semelhante ao do antigo camisa 8. Ademais, o argentino terá mais dificuldade em se impor diante de rivais mais fortes, além de suas características já estarem devidamente estudadas pelos adversários.

O próprio desempenho do São Paulo após a conquista do fraco Paulistão em 2021 foi uma evidência do quanto os inúteis estaduais são superestimados -o Tricolor quase foi rebaixado no Brasileirão e só se salvou na penúltima rodada diante do Juventude. Cabe mencionar que muitos comunicadores, empolgados com o título regional, colocavam o Soberano como "favorito" também na competição nacional durante aquela época.

O torcedor tem todo o direito de torcer e exaltar o seu time por uma boa campanha nos estaduais. Mas, ao mesmo tempo, deve questionar a qualidade das competições regionais que vem perdendo a importância e também a qualidade técnica ano após ano.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc




domingo, 26 de fevereiro de 2023

Alfinetando a UNICAMP




Eu já pretendia fazer um blog há muito tempo atrás, desde 2008 para ser mais preciso. Ou melhor: eu planejava abrir uma comunidade no finado Orkut, uma rede social muito famosa na década de 2000 e que foi a "precursora" do Facebook. O assunto da página, contudo, nada teria a ver com esportes ou games: seria uma grande tiração de sarro com a Universidade Estadual de Campinas, a UNICAMP!

Eu fiz USP enquanto meu irmão estudou na UNICAMP, que eu considerava a grande "rival" de minha universidade. E eu não perdia a chance de tirar sarro da "concorrente" com um monte de piadas infames, mais ou menos como os torcedores fazem com os outros times. Foi aí que eu tive uma ideia de abrir uma comunidade que sacaneasse a instituição sediada em Campinas!

A comunidade não teria o objetivo de denegrir a imagem da UNICAMP, muito pelo contrário: eu pretendia exaltar as qualidades da universidade mas de uma maneira muito bem-humorada. Pensava em escrever matérias apontando pontos de interesses (incluindo um trailer de sucos que eu adorava), eventos, entrevistar docentes e divulgar as linhas de pesquisa, mas sempre finalizando os textos afirmando que "a USP era melhor"!

Eu até criei um logotipo para a comunidade e pretendia comercializar produtos com a marca (canecas, camisetas, chaveiros, ...) para ajudar na divulgação da página. Eu também já tinha todo um roteiro planejado para gerar conteúdo e manter o site abastecido.






A ideia, obviamente, não foi para frente. Fui desaconselhado a criar a comunidade visto que seu conteúdo poderia soar ofensivo para algumas pessoas. E hoje fico feliz em não ter publicado nenhum texto visto que as redes sociais tornaram-se verdadeiros murais de intolerância onde uma piada aparentemente inofensiva pode ter efeitos similares a uma faísca em um posto de gasolina.

Cabe mencionar que os anos 2000 não eram como hoje. Durante aquela época, as provocações eram bem mais inofensivas e não geravam tanta discórdia, independente do assunto. De qualquer forma, o Orkut acabou desativado em 2014 e a comunidade iria embora junto com a rede social.

Tudo o que eu havia bolado para a comunidade, contudo, não foi em vão e apliquei muitas daquelas ideias aqui no Farma Football e também na Farmácia dos Games. Entrevistas e posts exaltando as universidades estavam planejadas para aquele site que jamais foi ao ar graças ao meu bom senso.

A comunidade nunca ganhou a luz da internet mas acabou sendo um preparatório para o Farma Football. E, antes que alguém me pergunte: eu admiro muito a UNICAMP e as pessoas formadas pela instituição! A universidade de Campinas, inclusive, supera a USP em diversos aspectos.







sábado, 25 de fevereiro de 2023

Quem Vai Conquistar a Europa?

Imagem extraída de www.facebook.com/EuropaLeague



Foram definidos ontem os confrontos válidos pelas oitavas-de-final da Europa League. Desde a temporada 2021-22 ocorrem playoffs entre os segundos colocados de cada chave contra as equipes transferidas da Champions League.

Não tivemos muitas surpresas durante os playoffs e a maioria dos favoritos confirmou presença nas oitavas-de-final. O sorteio, de modo geral, foi generoso com as equipes que tiveram de disputar a fase anterior e a maioria destes times terá rivais acessíveis na etapa seguinte -a ser realizada nos dias 9 e 16 de março.

Faremos, como é tradição aqui no blog, uma breve análise dos confrontos e também daremos palpites -lembrando que estamos falando a respeitos de "probabilidades" e não de "certezas". As equipes que se classificaram diretamente às oitavas-de-final mandarão as partidas de volta.



UNION BERLIN (Alemanha) X UNION SAINT-GILLOISE (Bélgica): o emergente e surpreendente time alemão terá sua revanche contra os belgas -ambos já se enfrentaram na fase de grupos. O Saint-Gilloise tem o mando da volta a seu favor mas o Berlin atravessa um momento muito melhor.

Jogo de Volta: Stade Joseph Marien (Bélgica)

Palpite: Union Berlin



JUVENTUS (Itália) X FREIBURG (Alemanha): apesar da má fase agravada pela perda de pontos na Serie A, a Juventus é franca favorita aqui. O consolo dos alemães é o apoio de sua torcida na partida de volta.

Jogo de Volta: Europa-Park Stadion (Alemanha)

Palpite: Juventus



SPORTING (Portugal) X ARSENAL (Inglaterra): o rendimento do Arsenal caiu após a pausa para a Copa do Mundo mas os Gunners ainda são francos favoritos a avançarem às quartas-de-final.

Jogo de Volta: Emirates Stadium (Inglaterra)

Palpite: Arsenal



ROMA (Itália) X REAL SOCIEDAD (Espanha): jogo bastante equilibrado com ambas as equipes atravessando um bom momento. A Roma, com mais elenco e com o resultadista José Mourinho, tem mais um pouco mais de chances de avançar.

Jogo de Volta: Reale Arena (Espanha)

Palpite: Roma



SEVILLA (Espanha) X FENERBAHÇE (Turquia): e não é que a pausa para a Copa do Mundo fez bem aos andaluzes? Os nervionenses, pela tradição na Europa League e pelo momento, são favoritos a avançar, mas terão de enfrentar um caldeirão turco na partida de volta.

Jogo de Volta: Ülker Stadyumu (Turquia)

Palpite: Sevilla



BAYER LEVERKUSEN (Alemanha) X FERENCVÁROS (Hungria): o Leverkusen já viveu dias melhores mas ainda possui mais elenco que o Ferencváros.

Jogo de Volta: Groupama Aréna (Hungria)

Palpite: Leverkusen



MANCHESTER UNITED (Inglaterra) X REAL BETIS (Espanha): os andaluzes possuem um bom elenco à disposição e podem dar trabalho, mas o Manchester é franco favorito neste confronto.

Jogo de Volta: Estadio Benito Villamarín (Espanha)

Palpite: Manchester



SHAKHTAR DONETSK (Ucrânia) X FEYENOORD (Holanda): o Shakhtar enfrentou muitas crises recentes devido aos confrontos ocorridos na Ucrânia durante os últimos anos. As guerras, porém, têm motivado, e muito, os seus jogadores em campo, o que explica a atual campanha dos Hirnyky até o momento. O Feyenoord tem a vantagem do jogo de volta mas os ucranianos parecem ter mais determinação para avançarem.

Jogo de Volta: Stadion Feijenoord (Holanda)

Palpite: Shakhtar



Imagem extraída de www.facebook.com/EuropaLeague




sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Dunga e a Revolução que Não Deu Certo

Imagem extraída de www.facebook.com/CBF



Lembremo-nos, antes de mais nada, o contexto da admissão do então inexperiente Dunga pela Seleção Brasileira em 2006: o Brasil havia jogado a Copa daquele ano de "barriga cheia" por ser o atual campeão. Os títulos da Copa América 2004 e da Copa das Confederações 2005 só aumentaram a ilusão de que o hexa cairia no colo dos brasileiros. Até que veio a dura realidade diante da França de Zidane.

O treinador gaúcho assumiu a Seleção não apenas com o objetivo de renovar o grupo mas também mudar a mentalidade da equipe. Dunga precisava acabar com a acomodação demonstrada na Copa 2006 e também com a farra das estrelas -durante aquele Mundial, vazaram fotos de jogadores fumando e indo a festas em meio aos treinos.

Dunga, então, barrou Ronaldo, Roberto Carlos, Cafu e Dida; além de ter diminuído consideravelmente o espaço de Adriano, Kaká e Ronaldinho Gaúcho. Sua equipe seguiu a tendência do São Paulo e do Internacional daquela época, ambos campeões mundiais com equipes "operárias" e de mais transpiração do que inspiração.

Eu mesmo critiquei muito o futebol da Seleção durante aquela época -e era um jogo muito feio mesmo- bem como as convocações. Dunga, não obstante, chegou a se desentender com profissionais da imprensa durante o período, o que serviu para aumentar a rejeição pelo ex-volante.

Dunga, porém, conseguiu os mesmos títulos obtidos pelo antecessor Parreira (Copa América em 2007 e Copa das Confederações em 2009) além da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim. Mesmo que aos trancos e barrancos, o treinador teve méritos pelas suas conquistas e também conseguiu levar o Brasil à África do Sul com folga nas eliminatórias sul-americanas.



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF



O estilo "guerreiro" de Dunga, porém, se voltou contra o próprio treinador durante o Mundial de 2010: a sua equipe era muito faltosa e a expulsão de um jogador era uma bola cantada, o que acabou acontecendo com Felipe Melo durante o fatídico confronto contra a Holanda. Não obstante, faltava um camisa 10 para abastecer os atacantes e descomplicar o jogo durante situações como aquela. E, por fim, a inexperiência pesou para o técnico quando ele ficou com apenas dez homens em campo e não encontrou alguma solução para correr atrás do prejuízo.

Dunga ainda teria uma segunda chance em 2014 mas o seu desempenho foi tão ruim (foi eliminado nas quartas-de-final na Copa América 2015 e caiu já na fase de grupos na edição seguinte) que o treinador acabou substituído por Tite em 2016. Com os resultados obtidos durante o mencionado período, ficou difícil sair em defesa do ex-volante.

O gaúcho, embora fosse uma escolha contestável, foi uma tentativa da CBF de tirar a Seleção do comodismo. Dunga conseguiu acabar com a apatia do time ao optar por uma equipe "operária" e abrir mão do talento das estrelas. Esqueceu-se, porém, de que o futebol não se vence apenas pela força: são necessário outros recursos para surpreender o adversário ou para "soltar as amarras" em um duelo parelho.

Dunga, em sua primeira passagem pela Seleção, nem de longe fez um trabalho ruim. As conquistas e o desempenho do time falam pelo treinador. A execução, porém, apresentou falhas que custariam a Copa do Mundo justamente no momento mais agudo da competição.



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Pegando no Tranco

Com este cabeceio, Gvardiol evitou a derrota do Red Bull Leipzig
(imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague).



O futebol é decidido nos mínimos detalhes como em qualquer meio competitivo. Um breve segundo de desconcentração pode decidir uma partida ou mesmo um campeonato. O Red Bull Leipzig, visivelmente desligado, sofreu um gol em um erro na saída de bola e precisou levar um "sacode" para reagir no segundo tempo.

Marco Rose escalou o Red Bull Leipzig em 4-4-2 com Nkunku poupado por estar voltando de lesão. Guardiola, por sua vez, enviou o Manchester City em 3-5-2 sem os meias Foden e De Bruyne.

O City começou o jogo tocando a bola desde a defesa usando os dois volantes (Rodri e Bernardo Silva) e também o lateral Walker pela direita, tentando acionar Mahrez. Haaland, bem vigiado por Orbán, passou o primeiro tempo em branco.

O Leipzig tentou pressionar a saída de bola rival na imposição física mas foi sendo envolvido pelo toque de bola dos Citizens. Os alemães tentaram responder pela esquerda com André Silva mas o português foi flagrado em impedimento durante suas subidas.

Os alemães, pressionados, tentaram jogar com a defesa mas Xaver entregou a bola de graça para Gündoğan que acionou Mahrez e o argelino abriu o placar. Os Bullen ainda levaram mais alguns sustos e terminaram a primeira etapa com pouquíssimas finalizações.



City, em 3-5-2, ataca principalmente pelo lado direito com
Walker tentando acionar Mahrez ou jogando desde a defesa
com seus volantes (Bernardo e Rodri) mas só consegue vazar
Blaswich após erro na saída dos alemães. Leipzig, encolhido
em 4-4-2, tenta responder também pela direita acionando
André Silva mas o português é flagrado em impedimento
(imagem obtida via this11.com).



Leipzig volta mais "ligado" e agressivo para o segundo tempo. Marco Rose troca Klostermann por Henrichs e Forsberg por Nkunku, além de utilizar mais o lado esquerdo com Werner. Com isso, os mandantes imprensaram o City e conseguiram empatar em cobrança de escanteio arrematada por Gvardiol.

Os ingleses tentam responder mas a marcação alta dos alemães dificulta os passes e os Citizens precisam lançar mão de bolas longas, cruzamentos ou jogadas individuais; artifícios que Guardiola não costuma usar.



Leipzig volta "ligado" para o segundo tempo e encurrala o City com
Werner pela esquerda e Henrichs pela direita (obtido via this11.com).



Leipzig evita o pior em casa mas não pode se dar ao luxo de vacilar em um jogo, sobretudo em um mata-mata onde o erro pode ser fatal. É necessário se manter concentrado durante toda a partida pois um pequeno detalhe pode ser a diferença entre a classificação e a eliminação.

City consegue um bom resultado fora de casa mas era possível fazer melhor. Faltou contundência aos Citizens para "matar" o jogo durante as oportunidades oferecidas. Guardiola precisa abrir mão um pouco de suas convicções e liberar o time para acelerar as jogadas. O velho Tiki-Taka serviu para envolver o Leipzig mas os ingleses poderiam ser mais agressivos enquanto os alemães estavam grogues com o gol sofrido.

O Red Bull Leipzig pegou "no tranco" e reagiu, evitando o pior. Mas também poderia ter evitado o gol e até vencido a partida se tivesse demonstrado já no primeiro tempo toda a intensidade e concentração exibidos durante a segunda etapa.



Imagem extraída de www.facebook.com/rbleipzig




Feijão com Arroz

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Não me recordo quem escreveu isso mas algum jornalista afirmou em seu blog que Dorival Júnior havia resolvido os problemas do Flamengo e levado o Rubro-Negro aos títulos de 2022 realizando algo simples: colocando os seus jogadores para atuarem da maneira que mais gostam. Sim, afinal uma das muitas reclamações atribuídas ao antecessor Paulo Sousa era de que o português "inventava demais" em campo e que isto estava prejudicando o desempenho dos atletas.

Os livros A Arte da Guerra de Sun Tzu e O Livro dos Cinco Anéis de Miyamoto Musashi contém passagens afirmando que uma das melhores maneiras de derrotar um adversário é surpreender o rival. Treinadores europeus -muitos deles influenciados pela escola holandesa de futebol- gostam de jogadores versáteis capazes de desempenhar mais de uma função em campo e, com isso, tornar suas equipes imprevisíveis. Isto ficou evidente com o quarteto ofensivo do Manchester United trocando de posição o tempo todo visando confundir a marcação do Barcelona.

Nem todos os jogadores, porém, conseguem assimilar tal mentalidade. Gabigol, por exemplo, não se adaptou à Internazionale e se desentendeu com o treinador Frank de Boer porque sentia dificuldades em atuar em mais de uma posição em campo. Ademais, o atacante estava acostumado com o restante do time jogando em sua função, algo inimaginável na Europa sobretudo para um jovem recém-chegado.

Os treinadores europeus, cabe lembrar, possuem muito mais autoridade e menos proximidade dos jogadores em relação ao futebol brasileiro. Guardiola, por exemplo, não teve piedade em dispensar atletas que não se encaixavam em seu estilo de jogo independente do talento ou da história no clube. O catalão, desta forma, mandou embora Ronaldinho Gaúcho do Barcelona e Bastian Schweinsteiger do Bayern München.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Paulo Sousa, com parcos quinze dias de pré-temporada, não conseguiria implantar uma mentalidade tão "revolucionária" em tão pouco tempo. Com isso, os resultados não vieram e a demissão do português era mais do que esperada. E foi nesse cenário que Dorival Júnior deixou o Ceará (onde fazia um bom trabalho) para assinar com o Flamengo.

Dorival, com um estilo paternalista e respeitando as vontades de seu elenco, teve o sucesso que o antecessor Paulo Sousa não havia alcançado. E isso apesar do Flamengo ter perdido Arão, Lázaro e Gustavo Henrique para o futebol europeu na metade do ano.

O treinador paulista, porém, acabou injustamente dispensado ao final da temporada apesar dos títulos conquistados. Foi um erro enorme dos dirigentes e que teve influência no desempenho do Flamengo neste início de ano. Provavelmente os cartolas desejavam algum técnico "de grife" para comandar o time no Mundial e que também pudesse surpreender os rivais com alguma ousadia na escalação, algo que Dorival dificilmente poderia oferecer por seu estilo simples.

A ousadia e a imprevisibilidade são elementos que contribuem para a vitória afinal muitas equipes vencedoras acabam derrotadas posteriormente porque se acomodam e se tornam manjadas para os rivais. Dorival, porém, nos provou que o futebol ainda tem espaço para o feijão com arroz, sem grandes invenções em campo.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial




terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Os Fantasmas se Divertem

Vini Jr. participou de quatro dos cinco gols do Real Madrid
(imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague).



Vinícius Júnior voltou para assombrar o Liverpool. O brasileiro já havia sido o carrasco dos Reds na última edição da Champions League e agora o atacante comandou a reação do Real Madrid em pleno Anfield com dois gols, uma assistência e uma falta sofrida -que resultou no tento de Militão.

Jürgen Klopp foi a campo em 4-3-3 variando para 4-4-2 com o atacante Darwin Núñez voltando para dar cobertura para Robbo pela esquerda. Carlo Ancelotti também foi de 4-3-3 com Valverde recuado para o meio-de-campo na vaga de Kroos (poupado) e Rodrygo fazendo o lado direito do ataque.

O Liverpool começou o jogo oferecendo seu cartão de visitas com linhas altas e sufocando o Real Madrid. Os Reds atacaram principalmente pela direita com Salah, Hendo e Alexander-Arnold. O egípcio inverteu uma bola para Darwin Núñez, pela esquerda, anotar um lindo gol de letra. Minutos depois, o africano aumentou a conta após uma falha de Courtouis. 2x0 para os mandantes.

O Real perdeu Alaba por lesão e Nacho entrou em seu lugar. O que deveria ser uma tragédia, acabou sendo uma bênção e o espanhol conseguiu fechar o lado esquerdo muito melhor do que o austríaco. Os Merengues contra-atacaram por aquele lado com Vini Jr. que acertou um petardo para diminuir o placar. Minutos depois, o brasileiro empatou em uma falha de Alisson. 2x2.



Liverpool, em 4-3-3/4-4-2 (com Núñez alternando entre as
funções de meia e atacante pela esquerda), ataca principalmente
pela direita com Alexander-Arnold, Hendo e Salah. Real,
encolhido em 4-3-3, responde com Vini Jr. às costas do
lateral dos Reds (imagem obtiva via this11.com).



O Liverpool, sem saída, segue pressionando o Real em busca do desempate mas deixa a sua zaga exposta aos contra-ataques madrilenhos. Vini Jr., mais uma vez, avança pela esquerda às costas de Alexander-Arnold e é derrubado por Gomez perto da área de Alisson. Modrić cobra na medida para Militão virar em uma falha incrível da defesa inglesa. Merengues 3x2. 

Klopp mexe no time e segue na pressão para evitar a derrota mas seu time acaba levando mais dois gols de contra-ataque: primeiro com tabela de Benzema e Rodrygo pela direita e depois com mais uma escapada de Vini Jr. pela esquerda para servir o atacante francês. Real 5x2.



Liverpool arrisca e vai para cima do Real mas deixa a sua zaga
exposta e é punido pelos madrilenhos (imagem obtiva via this11.com).



Real vence graças a Vini Júnior, que participou de quatro dos cinco gols, e a Nacho, que conseguiu negar os espaços a Salah. Os madrilenhos conquistam uma vantagem gigantesca em pleno Anfield e terão mais tranquilidade para decidir em casa no Santiago Bernabéu.

Liverpool, mais uma vez, perde por dar espaços a Vini Jr. Alexander-Arnold (de novo) e Gomez foram muito mal na cobertura ao brasileiro que deitou e rolou em cima dos dois ingleses. Jürgen Klopp também foi mal nas substituições e deveria ter mexido antes, além de tirar o camisa 66 que estava levando mais um baile do atacante do Real.

O fantasma de Vinícius Júnior segue assombrando o Liverpool. O brasileiro, mais uma vez, foi decisivo contra os Reds e está se mostrando um verdadeiro carrasco dos ingleses. É bom Jürgen Klopp pensar em uma contramedida ou a história vai se repetir pela terceira vez no Bernabéu daqui a três semanas...



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague




segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Sem Folia

Romário fazia "acordos" com Johan Cruyff  no Barcelona para curtir o
carnaval no Brasil (imagem extraída de www.facebook.com/fcbarcelona).



O carnaval é celebrado em diversos países mas apenas aqui no Brasil a festa possui importância nacional. Tanto que a data é feriado em nosso território e até mesmo as atividades esportivas são suspensas para a realização das festividades.

O futebol europeu, no entanto, não é interrompido para o carnaval e diversos jogos decisivos ocorrem em fevereiro ou março, o que causa um certo estranhamento aos jogadores brasileiros acostumados aos recessos para as festividades. Isto, porém, nunca impediu que alguns de nossos jogadores dessem um jeito de escapar para o Brasil e aproveitar a folia por aqui.

Romário sempre era visto por aqui durante os carnavais mesmo enquanto atuava na Europa. Seu treinador no Barcelona, o falecido Johan Cruyff, contava que fazia "acordos" com o Baixinho para que o atacante pudesse curtir a folia no Brasil. O próprio holandês, em histórias confirmadas pelo carioca, afirmava que liberaria o jogador caso ele anotasse um certo número de gols nas partidas. A estratégia do técnico funcionava como estímulo para o atleta se dedicar em campo e o jogador ganhou muitos prêmios (individuais e coletivos) em sua passagem pela Catalunha apesar da fanfarronice.

O conterrâneo Edmundo, porém, não teve a mesma sorte. Em 1999, a Fiorentina (seu time na época) disputava a liderança da Serie A com a Lazio. O seu parceiro de ataque, Gabriel Batistuta, acabou se machucando no ápice da temporada enquanto o brasileiro deixou a equipe para curtir o carnaval, o que custou pontos preciosos à Viola e culminou em uma crise interna no elenco, além da perda do título que ficou com o Milan.



Edmundo foi responsabilizado pela perda do Scudetto da Fiorentina
em 1999 (imagem extraída de www.facebook.com/ACFFiorentina).



Os jogadores brasileiros, nos dias de hoje, sequer cogitam abandonar suas equipes para curtir o carnaval. O futebol atualmente é muito mais profissional em relação aos anos 90 e os futebolistas precisam se portar como verdadeiros atletas mesmo fora de campo. Dessa forma, não são permitidos excessos como noitadas, álcool, alimentos gordurosos e atividades onde haja riscos de lesões.

As partidas estão ainda mais disputadas e os jogadores precisam se apresentar em condições impecáveis, tanto fisicamente como mentalmente, para não comprometerem o desempenho de suas equipes. Não obstante, os mata-matas da Champions League coincidiram com o carnaval neste ano e mesmo os brasileiros compreendem a necessidade de abrirem mão das festividades em nome do profissionalismo.

Romário e Edmundo certamente não teriam o direito de deixarem suas equipes para curtir o carnaval nos dias de hoje. A mera presença de jogadores em algum camarote durante o auge da temporada europeia seria um grande escândalo e isto certamente teria graves consequências, tanto dentro quanto fora de campo.

Não veremos mais, portanto, astros do futebol europeu curtindo o carnaval aqui no Brasil. Foram-se os tempos em que um ou dois dias de folga a mais não interferiam no desempenho em campo. Hoje um mínimo detalhe pode ser a diferença entre a classificação e a eliminação de um campeonato. O futebol mudou e os jogadores precisam se adaptar à nova realidade nos gramados.



imagem extraída de www.facebook.com/ACFFiorentina




domingo, 19 de fevereiro de 2023

Pastel Aromático




Lembro das quintas-feiras do meu segundo ano de faculdade quando tínhamos aula de química orgânica experimental e passávamos o dia inteiro no laboratório realizando experimentos relativamente complexos. Saíamos apenas para comer entre o meio-dia e as quatorze horas. Algum colega, por acaso, descobriu que havia uma feira naquele dia próximo ao portão 1 da USP e passamos a almoçar por lá nos intervalos da disciplina.

A feira, que ficava na Rua Romão Gomes, oferecia um cardápio bem variado incluindo yakisoba, tempurá e tapioca. Eu, no entanto, preferia o tradicional pastel com caldo de cana mesmo. E era muito barato comer por lá -lembro que eu gastava menos de R$ 5,00 por refeição.

Passamos a ir lá com mais frequência visto que houve greve no restaurante universitário (ou "bandejão") durante aquele semestre e tivemos de buscar alternativas para almoçarmos. E a feira foi uma de nossas escolhas óbvias.

Dois amigos, porém, não podiam ir conosco porque foram escolhidos pela Atlética de minha faculdade para fazer "plantão" às quintas-feiras na hora do almoço. Os dois precisavam vender ingressos para o "Aromáticos", uma festa promovida pela Farmácia e que, geralmente, era realizada nas vésperas da Semana Santa.






Esses dois amigos, aliás, eram parceiros inseparáveis na faculdade e já protagonizaram diversas histórias bizarras que, infelizmente, não posso publicar aqui no blog. Eles faziam dupla nas aulas, nos laboratórios, no futebol e até nos vexames!

Passamos, então, a levar pastel e caldo de cana para os dois amigos comerem enquanto faziam seus "plantões" para a Atlética. Toda quinta-feira antes de irmos à feira perguntávamos que sabor eles queriam e parávamos na barraca do pasteleiro para comprar almoço aos plantonistas.

Não fui mais àquela feira após o término do semestre. O "bandejão" voltou a funcionar normalmente e acho que os colegas enjoaram do pastel após quatro meses consecutivos. Eu também não tive mais noticias a respeito daquelas barracas e não faço ideia se ainda estão em atividade na Rua Romão Gomes.

Pretendo ir alguma quinta-feira àquela região em breve para matar saudades daquela feira caso ela ainda esteja funcionando. Sim, afinal foi algo bastante marcante para a minha vida universitária! Ficaram muitas lembranças divertidas dos intervalos da aula de química orgânica experimental quando íamos até a Rua Romão Gomes almoçar. E também o delivery que fazíamos para os dois amigos que tinham de vender ingressos para o "Aromáticos".







sábado, 18 de fevereiro de 2023

Grandes Poderes, Grandes Responsabilidades

Imagem extraída de www.facebook.com/PSG



Quando Neymar deixou o Barcelona para assinar com o Paris Saint-Germain em 2017, ele certamente considerou todas as vantagens que a mudança de ares lhe traria. O salário seria muito maior que na Catalunha, o brasileiro sairia da sombra de Messi para ter um time todo "seu" na França e ele poderia fazer história ao levar o clube a uma inédita conquista na Champions League.

Não há, contudo, bônus sem ônus e Neymar não pensou que ser o jogador mais caro da história (na época ele custou 222 milhões de Euros aos cofres do PSG) também lhe traria tantas responsabilidades para arcar. O atleta passou a ser muito mais cobrado em campo para que justificasse todo o investimento realizado.

O brasileiro passou a ser muito mais vigiado e exigido em relação às suas passagens em clubes anteriores. A tolerância com seus erros foi diminuindo com o passar das temporadas e os aplausos foram substituídos por vaias. O sonhado protagonismo na Europa havia cobrado o seu preço a Neymar.

As críticas passaram a beirar a perseguição sendo que muitas foram injustas visto que o brasileiro não havia sido responsável por todas as derrotas ou eliminações sofridas pelo PSG. Pesavam contra Neymar, porém, as festas em seus dias de folga e as simulações de falta (que são toleráveis no Brasil mas condenáveis na Europa), entre outras atitudes do atacante.



Imagem extraída de www.facebook.com/PSG



Neymar, portanto, sentiu o quão pesado é ser o protagonista de uma equipe europeia. Não bastava apenas jogar bem, ele precisava justificar o status e o salário em todos os sentidos. Ainda que tivesse direito a se divertir nas horas de folga como bem entendesse, isto era visto com maus olhos pela imprensa ou torcedores e também como um péssimo exemplo para o restante do time.

O jogador, recentemente, recebeu uma sondagem do Chelsea para jogar na Inglaterra. O novo proprietário dos Blues,  Todd Boehly, vem buscando desesperadamente por estrelas para seu clube reagir "na marra" -o norte-americano já trouxe João Félix e Enzo Fernández nesta janela de inverno, além de atravessar o rival Arsenal e assinar com o ucraniano Mykhailo Mudryk.

Uma mudança de ares poderia fazer bem a Neymar: ele reencontraria o "parça" Thiago Silva no Stamford Bridge, poderia ser o líder de um time predominantemente jovem e teria uma folha em branco para recomeçar sua carreira longe da perseguição sofrida na França. O brasileiro, porém, ativou a cláusula de renovação com o PSG até 2027 e dificilmente abriria mão de seus altíssimos vencimentos.

Neymar então pode escolher: tentar salvar sua imagem na França e manter seus polpudos salários, ou recomeçar sua carreira na Inglaterra onde ele teria um pouco de paz, longe da pesada responsabilidade que ele possui atualmente no PSG.



Imagem extraída de www.facebook.com/PSG




sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

O Abel Tem Razão

Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras



Têm sido frequentes os questionamentos ao treinador Abel Ferreira com relação à utilização do atacante Endrick durante as entrevistas coletivas. Talvez o português tenha sido ríspido e até grosseiro com os repórteres durante as coletivas mas continuo acreditando que o técnico tenha razão ao escalar moderadamente o atleta de apenas 16 anos.

Endrick, que já está negociado com o Real Madrid, é exaltado com exagero. O jogador já é visto como um "fora-de-série" por alguns dos comunicadores. Talvez seja mesmo mas eu já li e ouvi tais argumentos a respeito de muitas outras promessas. E muitas delas não vingaram justamente porque se deixaram levar pelos elogios.

Abel foi muito bem em 2021 quando barrou Endrick para o Mundial de Clubes e disse que o garoto "deveria viajar para a Disney". O atacante ainda é muito novo e está em uma fase bastante susceptível às armadilhas da fama. O fato do jogador já estar negociado com o Real Madrid afasta o assédio de outros clubes, mas não os falsos amigos ou as más influências.



Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras



Abel vem utilizando Endrick aos poucos para protegê-lo do excesso de exposição. O garoto está muito valorizado e isto faz com que ele seja muito visado pela expectativa criada por veículos da imprensa, pela cobrança dos torcedores e também pelos carrinhos dos adversários. Tudo isso cria uma pressão enorme sobre o jovem que tem apenas 16 anos.

O português, com suas atitudes, também corta as asas do jovem e impede que Endrick se deixe deslumbrar pela fama. Abel, como ex-jogador, conhece muito bem as armadilhas da carreira e também oferece uma lição de humildade ao garoto, demonstrando que ele terá de buscar espaço no time e também respeitar a hierarquia do grupo.

O treinador precisa ser respeitoso com todos, afinal ele fala em nome da instituição Sociedade Esportiva Palmeiras e uma postura inadequada é danosa também para o clube. Mas, ao mesmo tempo, o técnico protege os seus jogadores de opiniões externas e também demonstra que é o líder do grupo.

Endrick é um bom jogador mas ainda é um garoto. O fato dele ser diferenciado -caso realmente seja- não o coloca acima da hierarquia do grupo. Abel, portanto, tem toda a razão ao manter o jovem sob controle e utilizá-lo aos poucos, preservando o respeito à instituição.



Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras




quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Primos Distantes

Imagem extraída de twitter.com/EuropaLeague



Barcelona e Manchester United são dois dos maiores clubes do mundo mas cometeram alguns erros administrativos durante os últimos anos o que justificou os poucos títulos recentes e a presença de ambos na Europa League nesta temporada. Os dois times vieram a campo com mais uma coincidência: ambos traziam o DNA do futebol holandês para a partida de hoje. Sim, afinal o treinador dos Red Devils, Erik ten Hag, é um legítimo representante do Totaalvoetbal enquanto Xavi, comandante do Barça, é discípulo de Guardiola que bebeu da mesma fonte.

Ten Hag mandou seu time em 4-2-3-1/4-1-4-1 com Fred alternando entre as funções de segundo volante e segundo meia. Xavi apostou no velho 4-3-3 com o meia Gavi adiantado para o lado esquerdo do ataque e com Koundé e Araújo invertidos na defesa.

O Manchester United tomou as rédeas do jogo com marcação alta e "perde-pressiona" para impedir o Barcelona de jogar. Os jogadores mais ofensivos (Weghorst, Sancho, Rashford e Fernandes) trocavam de posições o tempo todo visando confundir a marcação catalã.

O Barcelona, sem espaço, foi obrigado a arriscar bolas esticadas que eram facilmente interceptadas pelos ingleses. Jordi Alba, pela esquerda, foi o principal desafogo do Barça durante o primeiro tempo. Não à toa, os Red Devils tiveram mais finalizações e estavam muito melhores na partida. Os mandantes ainda tiveram o azar em perder Pedri, lesionado, logo na primeira etapa.



Manchester, em 4-2-3-1, espreme o Barcelona e confunde a
marcação rival fazendo com que seu quarteto ofensivo troque de
posição o tempo todo. Barça, em 4-3-3, é obrigado a esticar
passes e tem apenas Jordi Alba pela esquerda como
desafogo (imagem obtida via this11.com).



O Manchester tenta decidir a partida percebendo as dificuldades dos rivais mas acabam oferecendo muitos espaços atrás para os contra-ataques catalães. Raphinha, que fez um primeiro tempo apagado, teve mais liberdade de atacar mais em diagonal pelo lado direito com a entrada de Sergi Roberto. Uma cobrança de escanteio por aquele lado terminou em gol de Marcos Alonso. Barcelona 1x0.

Os Red Devils, porém, não abriram mão de sua estratégia e viraram o jogo com um petardo de Rashford também pela direita e depois com um gol contra de Koundé em uma cobrança de escanteio pelo mesmo lado.

Os mandantes, porém, não se deixaram abater pela virada inglesa e seguiram pressionando ainda pela direita com Raphinha que empatou de novo com um petardo de fora da área -e com uma sutil ajuda de Lewandowski que bagunçou a marcação adversária com seu tamanho.

Os dois times não se contentaram com o empate e a partida se tornou bastante aberta durante os vinte minutos finais. Houve praticamente o mesmo número de chances para ambos os lados e também muitas faltas cometidas pelas duas equipes. Os jogadores lutaram muito mas a igualdade persistiu até o final do confronto.



A presença de Sergi Roberto pela direita deu mais liberdade para
Raphinha atacar por aquele lado e aproveitar os espaços às
costas da defesa do Manchester(imagem obtida via this11.com).



O jogo termina em um justo empate embora o Manchester tenha jogado melhor durante a maior parte do tempo. O placar fica um pouco pior para o Barcelona que perdeu a chance de abrir vantagem em casa e terá de buscar resultado no Old Trafford.

A partida correspondeu às expectativas: os times trouxeram a rivalidade a campo, o futebol foi de excelente nível técnico e o jogo praticado por ambas as equipes foi de encher os olhos. Mérito dos dois treinadores de mentalidade ofensiva e que se provaram representantes legítimos do Totaalvoetbal.

Barcelona e Manchester são rivais que protagonizaram muitas disputas memoráveis. A de hoje pode entrar para a estatística, seja pela intensidade do confronto, seja pelo seu futebol artístico que possui um ancestral em comum: o Mestre Johan Cruyff.



Imagem extraída de www.facebook.com/manchesterunited




quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Lembranças Felizes

Karim Adeyemi (de amarelo) anotou o único gol da partida
(imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague).



Quem me acompanha aqui desde os primórdios do blog em 2013 sabe que eu simpatizava com o Borussia Dortmund. Eu adorava o futebol leve praticado pelos Aurinegros durante o início da década de 2010. Hoje pude reviver um pouco daqueles tempos quando os Schwarzgelben jogavam com a bola no chão e trocavam muitos passes.

Edin Terzić mandou a campo um time escalado em 4-1-4-1. Surpreendentemente, os capitães Reus e Hummels começaram a partida no banco e coube ao jovem Jude Bellingham liderar a equipe aurinegra. Graham Potter, por sua vez, foi de 4-4-2.

O Borussia Dortmund tentou envolver o rival no toque de bola e criou as melhores chances no primeiro tempo, mas a sólida defesa inglesa fechou as portas aos alemães. Chelsea respondeu principalmente pela esquerda com Mudryk e João Félix. O atacante português, provavelmente sonhando com a permanência nos Blues, tentou mostrar serviço mas se afobou em muitos lances.

Os londrinos, por pouco, não abrem o placar com Thiago Silva em escanteio, mas o próprio brasileiro avisa que colocou a mão na bola. Os alemães passam a responder pela direita com Wolf aproveitando as subidas de Mudryk mas Koulibaly consegue fechar os caminhos.



Dortmund, em 4-1-4-1, troca passes e envolve a marcação adversária
mas a defesa consegue fechar os caminhos. Chelsea, em 4-4-2,
responde pela esquerda com Mudryk e Félix mas o português acaba
se afobando nos lances. Aurinegros treplicam pela direita com Wolf
aproveitando os espaços deixados pelo ucraniano (obtido via this11.com).



Chelsea volta mais agressivo para o segundo tempo adiantando as linhas, imprensando o Dortmund e obrigando o goleiro Kobel a realizar grandes defesas. Os Blues também utilizam mais o lado direito com Ziyech e James, mas a dupla acabou oferecendo o espaço para que Karim Adeyemi, em um arrancada espetacular, anotasse o único gol da partida.

Os Blues passaram a apertar ainda mais os Aurinegros que tentam controlar o jogo com faltas. Muitos dos alemães terminaram o jogo pendurados por matarem vários contra-ataques. Chelsea cria chances mas peca nas finalizações.

A temperatura do jogo sobe e há um princípio de confusão iniciado pelo meia Mason Mount e pelo lateral Julian Ryerson. O juiz consegue controlar a situação e distribui ainda mais amarelos aos atletas. O Chelsea luta muito mas não consegue transpor a Muralha Aurinegra.



Chelsea encurrala Dortmund e utiliza mais o lado direito com
Ziyech e James, mas isto foi a "senha" para Adeyemi contra-
atacar e anotar o único gol do jogo (obtido via this11.com).



Borussia faz valer o mando de campo e consegue a vantagem mínima para o jogo de volta, a ser realizado no Stamford Bridge. A equipe conseguiu se impor com leveza, aproveitou a única chance que teve e soube sofrer em campo. O fato do Dortmund possuir menos elenco e recursos financeiros que o rival inglês tornou o resultado ainda mais valoroso.

Chelsea terá de vencer em casa por dois gols ou mais de diferença para avançar sem depender da prorrogação ou pênaltis. Não foi um resultado totalmente ruim e os ingleses têm plenas condições de reverterem o placar. Faltou aos Blues, porém, alguma referência na área para abrir os espaços a Félix e aos ponteiros -Havertz não possui tal característica.

Tivemos um ótimo jogo no Signal Iduna Park neste final de tarde. E o melhor: tive algumas lembranças felizes do ano de 2013 quando pude rememorar o futebol leve daquela época, além de mais um espetáculo da torcida alemã.



Imagem extraída de www.facebook.com/BVB




terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Lei do Ex

Coman (de vermelho) decidiu de novo contra seu ex-
time (imagem extraída de www.facebook.com/FCBayern).



O Bayern München reestreou com vitória na Champions League e saiu na frente apesar dos muitos desfalques. O time alemão repete a decisão de 2020 quando Kingsley Coman, ex-jogador do Paris Saint-Germain, sacramentou o gol da vitória contra os parisienses.

O treinador Christophe Galtier optou por poupar Mbappé (voltando de lesão) e escalou seu time em 4-4-2 com o garoto Warren Zaïre-Emery (de apenas 16 anos) jogando pela direita. Julian Nagelsmann, por sua vez, foi em um surpreendente 3-5-2/3-4-3, talvez já prevendo a formação de seu adversário.

O Bayern nem parecia estar jogando no Parc des Princes e tomou conta do jogo durante todo o primeiro tempo. O 3-5-2 dos bávaros "encaixou" o 4-4-2 parisiense, sufocando a saída de bola dos donos da casa. Os alemães, porém, pareciam sentir a falta de um "matador" e desperdiçaram muitas chances criadas.

O Paris Saint-Germain praticamente não jogou durante todo o primeiro tempo. Houve apenas uma escapada de Neymar que resultou em um amarelo para Pavard (que custaria caro mais tarde) e alguns lances de bola parada sem muito perigo para Sommer.



Bayern, em 3-5-2/3-4-3, trava o PSG e tenta criar principalmente
pelas pontas, mas peca nas finalizações ou para no goleiro
Donnarumma. Parisienses, em 4-4-2, não conseguem jogar e só
levam perigo na individualidade de Neymar ou com bolas
longas (imagem obtida via this11.com).



Ambos os treinadores mexem em suas equipes no intervalo. Julian Nagelsmann, surpreendentemente, troca João Cancelo (que estava bem na partida) por Alphonso Davies, mudando sua formação para 4-4-2/4-2-3-1. Ademais, Sané e Coman trocam de lado. Galtier, por sua vez, substitui o lateral Hakimi pelo zagueiro Kimpembe e muda a escalação para 3-5-2/3-4-3.

A aposta de Nagelsmann, contudo, dá frutos e o canadense apoia Sané em jogada pela esquerda que terminou em gol de Coman pela direita. Bayern 1x0. O camisa 11 não comemora em respeito ao seu ex-clube e ainda dá sua camisa de presente a um funcionário do estádio -provavelmente algum gandula que ele conhecia da base.

Galtier coloca Mbappé em campo para tentar evitar a derrota. O veloz atacante consegue bagunçar a marcação bávara e coloca duas bolas na rede, mas é flagrado em impedimento em ambos os lances. Nagelsmann responde invertendo o amarelado Pavard com Upamecano para evitar a expulsão de seu lateral.

O PSG adianta suas linhas e tenta resolver na base do "abafa" mas a defesa do Bayern e o goleiro Yann Sommer conseguem segurar o resultado. Nem mesmo a expulsão de Pavard (pelo segundo amarelo) foi suficiente para evitar a derrota francesa.



Bayern, agora em 4-4-2/4-2-3-1, consegue achar espaços no
3-5-2/3-4-3 parisiense e decide a partida com Sané e Coman
pelas pontas. PSG vai para o "abafa" adiantando linhas, forçando
pela direita e usando Mbappé para bagunçar a marcação bávara,
mas o atacante é flagrado em impedimento (obtido via this11.com).



Bayern consegue uma boa vantagem para decidir em casa na Allianz Arena. A lamentar apenas a expulsão de Pavard (que será desfalque para a volta) e Coman, que saiu machucado e preocupa para os próximos jogos.

PSG sentiu demais o desfalque de Mbappé e não conseguiu se impor apenas com Neymar e Messi. Christophe Galtier fica ainda mais pressionado para a sequência da temporada visto que o seu time foi eliminado da Coupe de France e perdeu para o Monaco no último final de semana. Em caso de queda, não será difícil que o treinador perca o emprego.

O Bayern superou as lesões e também o território hostil para voltar com a vitória da França. Méritos do treinador Julian Nagelsmann que mexeu no time na hora certa. E o "carrasco" Kingsley Coman decidiu mais uma vez, aplicando a "lei do ex" contra o Paris Saint Germain.



imagem extraída de www.facebook.com/FCBayern