sábado, 30 de setembro de 2023

Presos no Passado

Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians



Mano Menezes está de volta ao Corinthians. Será a terceira passagem do gaúcho pelo Parque São Jorge e com duas missões: evitar que o Timão volte a se aproximar da zona de rebaixamento (atualmente são cinco pontos de distância para o Bahia, o 17º colocado) e vencer a Copa Sulamericana que é a última chance real de título para o Coringão em 2023.

O Corinthians demitiu Vanderlei Luxemburgo na última quarta-feira após o empate por 1x1 contra o Fortaleza em plena Neo Química Arena durante partida válida pelas semifinais da Sulamericana. O carioca vinha sendo criticado pelo futebol excessivamente defensivo e por alguns problemas internos no clube -Luxa, segundo jornalistas, teria se desentendido com o fisioterapeuta Bruno Mazziotti que é considerado um dos funcionários mais importantes da instituição.

O Timão anunciou a saída de Luxa justamente no momento em que Tite estava viajando para o Rio de Janeiro para se encontrar com dirigentes flamenguistas. Comunicadores afirmaram que o Corinthians tentou atravessar as negociações do gaúcho com o Flamengo mas sem sucesso. Restou então ao Coringão partir para o "plano B" que era Mano Menezes.

O retorno de Mano ao Parque São Jorge foi marcado por controvérsias muito antes da apresentação do técnico. O clube acertou com o gaúcho até o final de 2025, sendo que haverá eleições gerais no final deste ano e muitos dos conselheiros discordaram do tempo de contrato, principalmente os oposicionistas que não se mostravam simpáticos ao treinador.



Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians



Mano, ademais, é um treinador defensivista, assim como Luxemburgo vinha sendo no Corinthians. Muito provavelmente o gaúcho fará o Timão jogar "por uma bola" contra o Fortaleza no Castelão ou tentará levar a decisão para os pênaltis (basta segurar o empate), exatamente como Luxa certamente faria na partida agendada para a próxima terça-feira. Ou seja, não foram considerados os estilos dos técnicos na escolha.

O gaúcho, por fim, não vem realizando bons trabalhos desde a sua saída do Cruzeiro em 2019. Mano, aliás, teve problemas com o elenco no próprio Corinthians em 2014 e reencontrará muitos dos jogadores que estavam naquele grupo incluindo Cássio, Fagner, Gil, Fábio Santos e Renato Augusto. Tanto que os cartolas alvinegros dispensaram o treinador sem dó a despeito do técnico ter classificado o time para a Libertadores durante a ocasião.

O que motivou o retorno de Mano ao Parque São Jorge foi óbvio: a chapa situacionista sabe que a queda de rendimento do time irá influenciar nas eleições, então se apegou a alguém que remetesse ao passado do Timão acreditando que as glórias daquela época serão revividas, assim como foi com Luxa e muitos dos veteranos do elenco. O treinador, sabendo dos riscos de assumir o Corinthians, tratou de se proteger com um contrato longo visto que ele pode ser novamente demitido caso perca o título da Sulamericana ou caso a oposição vença o pleito.

O Corinthians jamais deve esquecer o seu passado afinal Luxa, Tite e o próprio Mano Menezes foram muito importantes para as conquistas do clube, assim como Cássio, Fagner, Gil, Fábio Santos e Renato Augusto. O tempo, porém, é implacável e isto se evidencia ainda mais em um meio competitivo como o futebol onde os esquemas táticos tornam-se obsoletos e os atletas envelhecem.

O passado do Corinthians, portanto, deveria ser uma inspiração para o clube, e não uma muleta como os cartolas vêm fazendo desesperadamente. Como o futebol é aleatório por envolver o fator humano, Mano Menezes pode surpreender e levar o Timão ao troféu da Sulamericana. Ou pode, mais uma vez, confirmar a tese de que os dirigentes alvinegros erram ao se apegarem em demasia aos feitos de décadas anteriores ao invés de olharem para o futuro.



Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians




sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Os Limites do Torcedor

Leila Pereira, presidenta do Palmeiras, enfrentou as torcidas
organizadas (imagem extraída de twitter.com/leilapereiralp).



A relação dos clubes com as organizadas mudou bastante durante as últimas décadas. Segundo o jornalista Cosme Rímoli, dirigentes oferecem privilégios às uniformizadas em troca de apoio político. Desta forma é comum que torcedores tenham pleno acesso às dependências das instituições, ameacem ou agridam atletas com a conivência de mandatários e interfiram em assuntos administrativos, em especial as contratações e dispensas de futebolistas e treinadores. Os cartolas, porém, acabam se tornando reféns das torcidas visto que passam a depender dos fãs para se manterem no poder.

Leila Pereira, porém, mostrou-se disposta a desafiar tal sistema ao peitar as própria organizadas. A mandatária não atendeu aos apelos dos fãs que exigiam reforços, bancou Breno Lopes que vinha sendo hostilizado pelas arquibancadas e a cartola cortou privilégios de uniformizadas ao não destinar uma cota de ingressos a grupos de torcedores.

A presidenta foi ameaçada por torcedores durante algumas transmissões ao vivo mas a mandatária não apenas manteve a postura firme como também obteve na justiça uma medida protetiva contra as organizadas. Leila, que chegou a patrocinar o carnaval da torcida Mancha Verde, agora se mostra cada vez mais distante das uniformizadas.



Imagem extraída de twitter.com/leilapereiralp



Muitos comunicadores saíram em defesa dos torcedores visto que são os fãs quem respondem pelo faturamento dos clubes de maneira direta ou indireta. Sim, afinal é o entusiasta quem paga ingresso para assistir aos jogos, oferece audiência/engajamento aos times e consome produtos licenciados. Os meios de comunicação e patrocinadores estão sempre atentos ao movimento do espectador e, com isso, passam a gerar ainda mais lucros às instituições esportivas com transmissões e ações de marketing.

Os clubes, porém, necessitam de administração profissional para sobreviverem enquanto o torcedor sempre age pela emoção como sempre afirmam os comunicadores. Não é raro ver nas redes sociais fãs insultando ou elogiando treinadores e jogadores de acordo com o resultado da última partida. Se a gerência das instituições estivesse nas mãos de entusiastas, muitas certamente iriam à falência visto que suas opiniões variam conforme o humor.

O torcedor tem todo o direito de protestar quando o time está mal e também quando se sente injustiçado, mas não pode interferir nos assuntos administrativos do clube e tampouco exigir privilégios na instituição. Clubes devem ser administrados com seriedade e muitas vezes são necessárias medidas impopulares para que consigam se manter saudáveis financeiramente.

Leila pode ter sido radical ao romper com as uniformizadas mas, ao mesmo tempo, foi bastante corajosa, diferente de seus pares que se mostram mais preocupados com seus cargos do que com a administração de seus respectivos clubes.



Imagem extraída de twitter.com/leilapereiralp




quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Razão ou Orgulho?

Bruno Henrique estaria na mira do Palmeiras (imagem
extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial).



O Flamengo foi eliminado das copas e as chances de título no Brasileirão são apenas virtuais. Resta ao Rubro-Negro colar os cacos e lutar por uma vaga na Libertadores durante as 14 rodadas restantes na competição nacional. Neste cenário melancólico, o Urubu já inicia o planejamento para 2024 buscando por um novo treinador e realizando uma reformulação no elenco.

Duas notícias, porém, deverão tumultuar o planejamento na Gávea: Bruno Henrique e Everton Ribeiro, que já podem assinar pré-contrato com outros clubes, teriam recebido propostas de dois grandes rivais do Rubro-Negro. O atacante estaria na mira do Palmeiras enquanto o meio-campista interessaria ao Fluminense. O Flamengo, que estava focado na final da Copa do Brasil, havia congelado as conversas de renovação com os atletas mas agora deve tratar do assunto com mais prioridade.

Os dois jogadores já estão com mais de trinta anos e a saída de ambos poderia ajudar no rejuvenescimento do elenco que já não demonstra a mesma intensidade de 2019. Everton, não obstante, perdeu espaço com Jorge Sampaoli e já não desperta a mesma simpatia dos fãs. Bruno, por sua vez, possui um histórico apreciável de lesões graves.

O camisa 7, porém, ainda é muito querido pelo restante do elenco, é o capitão do time e poderia recuperar a titularidade com a vinda de um novo treinador. O camisa 27, por sua vez, é ídolo do torcedor e voltou a jogar bem em 2023 a despeito de ter ficado quase um ano parado.



Everton Ribeiro interessaria ao Fluminense (imagem
extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial).



Os clubes sempre devem ser gratos aos jogadores pelos serviços prestados, sobretudo se tiverem conquistado títulos. O futebol atual, porém, vem demandado ainda mais intensidade e forma física, algo que não combina com lesões nem com idade avançada. Ademais, o esporte é um meio competitivo e são necessários resultados em campo para a manutenção das finanças. É preciso, portanto, avaliar sob todos os pontos de vista (esportivo, financeiro, social, ...) se valeria a pena manter Everton e Bruno.

Talvez fosse mais racional permitir que os dois jogadores respirassem novos ares, mas as duas notícias devem mexer com o orgulho dos cartolas que se sentiriam derrotados ao perderem atletas para algum grande rival. Os torcedores, da mesma forma, jamais perdoariam os dirigentes ao verem um ídolo vestindo a camisa de algum adversário mais ferrenho.

timing das notícias, aliás, parece ter sido muito conveniente visto que surgiram justamente quando há necessidade para que o elenco seja reformulado e os veteranos puxariam a fila das dispensas. Sabe-se que o orgulho dos clubes pesa muito em situações como as mencionadas por mais que os atletas não estejam mais rendendo em campo.

Bruno Henrique e Everton Ribeiro são bons jogadores mas visivelmente já estão sentindo o peso da idade. A manutenção da dupla requer uma avaliação criteriosa visto que são atletas caros e mais propensos às lesões. O torcedor, porém, pode ter uma certeza: a possibilidade dos esportistas reforçarem algum grande rival terá muito peso em tal questão.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial




quarta-feira, 27 de setembro de 2023

O Lateral "Certo"

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Eu estava pensando há algum tempo em escrever um texto comparando as trajetórias de Rafinha e de Daniel Alves no São Paulo, mas o blog Trivela postou um conteúdo semelhante há três semanas atrás em alusão ao aniversário do camisa 13 do Tricolor. Confesso que pensei em desistir da postagem pelo motivo citado mas o título da Copa do Brasil foi uma ocasião perfeita para trazer o assunto à tona novamente.

Tanto Daniel Alves quanto Rafinha são laterais-direitos experientes e de grande sucesso na Europa. O baiano, porém, chegou em 2019 em uma apresentação cheia de pompas e exigiu uma série de privilégios, dentro e fora de campo. O paranaense, por sua vez, foi adquirido em 2022 sem muito alarde em uma "liquidação" do então rebaixado Grêmio mas foi conquistando o seu espaço e a liderança aos poucos até se tornar o capitão do time naturalmente.

As mentalidades dos dois brasileiros também eram totalmente opostas. Daniel sempre foi um jogador de personalidade forte, adota um estilo extravagante fora de campo e jamais se conformou com a reserva -o baiano chegou a chutar uma garrafa ao ser substituído por Luis Enrique durante seus tempos de Barcelona. Rafinha, por sua vez, sempre foi mais discreto e, mesmo quando perdeu posição para Alaba no Bayern, o paranaense manteve o profissionalismo no banco.



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Tanto Daniel quanto Rafinha também tiveram mais um ponto em comum: ambos ajudaram a findar o jejum de títulos do São Paulo -o baiano conquistou o Paulistão de 2021 enquanto o paranaense venceu a Copa do Brasil deste ano. Os destinos dos dois jogadores, porém, divergiram bastante ao ponto do atual camisa 13 ter uma proposta para renovar apesar dos 38 anos enquanto o ex-camisa 10 saiu magoado e não deixou saudades no Morumbi.

Talvez as expectativas e o tratamento oferecido tenham sido o grande diferencial para o destino dos dois laterais. Esperava-se demais de Daniel que recebeu inúmeros privilégios do clube mas o baiano mostrou-se bastante egocêntrico diante de tantos mimos e esteve longe de ser o líder que levaria o Tricolor de volta aos títulos maiores. Rafinha, por sua vez, chegou apenas para compor elenco mas o paranaense aceitou sua condição e, aos poucos, foi galgando seu espaço no time até ter o direito de erguer o troféu como capitão.

Um dos erros do São Paulo, aliás, foi buscar obsessivamente por contratações de impacto durante os últimos anos ao invés de pensar nas carências da equipe. Estrelas ajudam a manter o time em evidência na mídia, vendem mais camisas e até impõem algum respeito diante dos adversários em campo, mas quase sempre custam caro e exigem tratamento diferenciado. Por outro lado, jogadores que chegam sem muito alarde quase sempre surpreendem justamente porque não há muitas expectativas sobre eles. Os casos de Dani Alves e Rafinha foram provas cabais disto.

O São Paulo errou ao entregar as chaves do clube a Daniel Alves mas acertou quando trouxe Rafinha "por acaso". O baiano decepcionou no Tricolor porque se esperava demais do jogador, enquanto o paranaense agradou porque soube conquistar seu espaço. Fica o aprendizado para que os cartolas são-paulinos pensem antes de buscarem por novos atletas midiáticos sem antes pensarem nas reais necessidades da equipe.



Imagem extraída de twitter.com/CopaDoBrasilCBF




terça-feira, 26 de setembro de 2023

Apenas Comunicações

Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc



A internet mudou muitas coisas no futebol e isso inclui a relação dos clubes com a imprensa. Profissionais do esporte e da comunicação tiveram de se adaptar aos avanços da tecnologia que, para o bem e também para o mal, permitem que informações sejam veiculadas com muito mais velocidade em relação às décadas anteriores quando a mídia televisionada e a impressa ainda eram predominantes. Alguns, porém, visivelmente não parecem aceitar muito bem tais transformações.

Um jornalista, há algum tempo atrás, escreveu em seu blog que as entrevistas com os jogadores estão cada vez menos espontâneas. O comunicador reclamou de seus colegas, os chamados assessores de imprensa, que instruem os jogadores a tomarem mais cuidado com as palavras e evitarem comentários a respeito de temas polêmicos.

Eu assisti há alguns dias atrás um influenciador reclamando em seu canal que os treinadores não liberam mais a escalação de suas equipes dificultando ao máximo possível o acesso a tais informações com treinos fechados para a imprensa. Bem diferente dos anos 80 e 90 quando as atividades eram mais abertas aos repórteres e havia muito mais proximidade entre profissionais da mídia com os do esporte.

As duas reclamações mencionadas no texto têm uma causa em comum que é justamente a internet. A rede que conecta milhões de aparelhos ao redor do mundo tornou-se paradoxalmente amiga e inimiga do futebol visto que informações benéficas ou nocivas podem ser propagadas literalmente na velocidade da luz.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



A escalação de um time pode facilmente cair nas mãos do treinador adversário que pode elaborar contramedidas. Como o esporte é um meio extremamente competitivo, uma pequena vantagem pode ser a diferença entre a vitória e a derrota. Como afirma aquela frase pronta, "conhecimento é poder" e conhecer a estratégia de um rival é uma grande arma nas mãos de qualquer técnico.

Os jogadores, por sua vez, recorrem aos assessores de imprensa para zelar por suas respectivas imagens. Os atletas, como pessoas publicas, dependem de contratos de publicidade e qualquer arranhão a suas reputações pode acarretar em prejuízos incalculáveis. Não obstante, os esportistas necessitam de extremo cuidado com as palavras para não serem mal interpretados, sobretudo com as "políticas de cancelamento" nas redes sociais que impediram que muitos profissionais voltassem ao trabalho.

Os profissionais de comunicação, por outro lado, apenas fazem o seu trabalho que é justamente divulgar notícias ao público e, principalmente, aos fãs. Os torcedores desejam acompanhar a rotina de seu clube de coração e muitos têm apenas a imprensa como meio de acesso aos times. O advento da internet, porém, obriga que as instituições "filtrem" as informações para que não haja prejuízo financeiro ou técnico às suas equipes.

A internet mudou a relação dos clubes com a imprensa. Graças à rede, recebemos notícias muito mais rápido mas também informações nocivas também são propagadas na mesma velocidade. Alguns comunicadores parecem resistir às transformações -com uma certa razão, devo ponderar- mas a tecnologia veio para ficar e é impossível lutar contra ela.



Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras




segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Tapa com Luva de Pelica

Imagem extraída de twitter.com/CopaDoBrasilCBF



O Flamengo, há pouco mais de seis meses atrás, demitia Dorival Júnior que havia tirado o Rubro-Negro da crise e vencido duas competições em 2022, a Libertadores e a própria Copa do Brasil. Os mandatários flamenguistas, porém, desejavam um "treinador de grife" e assim trouxeram Vítor Pereira e Jorge Sampaoli, que fizeram campanhas pífias em 2023. Foi um grande erro dos cartolas e a prova final disto se daria ontem, com os caminhos do Urubu e do técnico paulista se cruzando novamente, desta vez em lados opostos.

Dorival repetiu a escalação do jogo de ida em 4-4-2 com duas linhas de quatro e com a óbvia proposta de controlar a partida. Jorge Sampaoli, por sua vez, parece ter aprendido com os erros no Maracanã e mandou seu time em 4-4-2 losango com um meio-de-campo mais povoado.

O Flamengo tomou iniciativa com linhas altas e pressionando a saída de bola tricolor. O São Paulo, recuado, respondeu principalmente pela direita com Wellington Rato aproveitando que Gerson muitas vezes deixava Fabrício Bruno sozinho por aquele lado. Os mandantes ainda deram azar já no primeiro tempo com a lesão de Arboleda, substituído por Diego Costa.

O Rubro-Negro naturalmente abriu o placar com Bruno Henrique pegando um rebote de Erick Pulgar após chute de fora da área. O Tricolor, porém, igualou o placar nos acréscimos em cobrança de falta pela direita, quando Rato achou Nestor livre na esquerda para empatar.



Flamengo, em 4-4-2 losango, ocupa o campo de ataque e
pressiona o Tricolor. São Paulo, recuado em 4-4-2 linear,
segura o jogo e reponde com Wellington Rato pela direita
em cima de Ayrton Lucas ou tentando acionar Calleri
por aquele lado (imagem obtida via this11.com).



O Flamengo busca o segundo gol persistindo nas linhas altas e usando mais o lado direito com Luiz Araújo mas o Rubro-Negro desperdiça chances pela ansiedade nas finalizações ou por intervenção do goleiro Rafael. São Paulo apenas mantém a posse da bola e, eventualmente, tenta lançamentos tirando proveito da marcação adiantada do rival.

O Tricolor perde mais um jogador por lesão, Caio Paulista, que é substituído por Wellington. Dorival coloca mais atletas para reforçar a marcação (Michel Araújo e Gabi Neves), além de Luciano para incomodar a zaga rival. Sampaoli, sem saída, adianta todo o seu time com as entradas de Gabigol, Everton Ribeiro e Victor Hugo mas a ansiedade dos flamenguistas e o calor intenso os impede de trabalhar melhor as jogadas.

São Paulo faz um jogo "correto" e conquista seu primeiro título da Copa do Brasil administrando o resultado obtido no Maracanã. Flamengo luta mas tem de se contentar com o vice por não manter os nervos no lugar e também pelo desempenho pífio no jogo de ida.

Dorival aproveitou a conquista para dar um tapa com luva de pelica nos dirigentes flamenguistas. O treinador fez questão de cumprimentar e consolar um a um seus ex-jogadores. O ano sem títulos do Flamengo é resultado do planejamento ruim dos cartolas rubro-negros que foram muito injustos com o técnico que conquistou dois títulos pelo clube. Como escreveu o jornalista Bruno Villafranca, "em um esporte onde não existe justiça, ela se fez".

O São Paulo, que nada tinha a ver com os problemas do Flamengo, volta a conquistar títulos relevantes e, enfim, consegue se redimir de tantos erros do passado, quando deixou o sucesso lhe subir a cabeça e esqueceu o profissionalismo. Se o Runro-Negro errou com a demissão de Dorival, o Tricolor acertou em cheio com o treinador que melhorou o ambiente no elenco e recuperou a confiança do time.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc




domingo, 24 de setembro de 2023

Aviso




Devido a um compromisso do autor, o blog não será atualizado hoje.

Um abraço, um ótimo domingo a todos e até segunda-feira.




sábado, 23 de setembro de 2023

Fogo Apagou?

Imagem extraída de twitter.com/Botafogo



O Botafogo sofreu a sua terceira derrota consecutiva no Campeonato Brasileiro -a quarta se também computarmos a eliminação para o Defensa Y Justicia na Sulamericana. Menos mal para o Glorioso que a liderança segue assegurada por pelo menos mais duas rodadas visto que a distância de sete pontos para o Palmeiras (que perdeu na quinta-feira para o Grêmio) foi mantida.

Cabe a ressalva de que a última derrota, ocorrida ontem contra o Corinthians, se deveu muito à expulsão do lateral Marçal após revisão do VAR e o Glorioso teve de atuar com um jogador a menos durante quase 80 minutos na Neo Química Arena. O revés, portanto, foi muito mais por azar do que pela queda de rendimento.

A sequência ruim, porém, é preocupante. A sorte que o Glorioso teve nesta rodada pode não durar para sempre visto que nem sempre os adversários irão vacilar. Já havia torcedores pressionando o elenco nas redes sociais devido aos recentes resultados e a tendência é de piora com mais uma derrota. A sorte do treinador Bruno Lage é de que o Botafogo vem sendo gerido de maneira mais profissional, ou o português certamente já estaria desempregado mesmo com a vantagem.



Imagem extraída de twitter.com/Botafogo



O momento é de avaliar o desempenho do time e realizar correções. Os adversários certamente já dissecaram o Fogão e estão sabendo como neutralizar os pontos fortes do líder, bem como explorar as suas fraquezas. Haverá uma semana inteira livre para que Bruno Lage possa treinar e testar novas formações na equipe.

O mais importante, contudo, é evitar que o elenco se deixe abalar pelo momento ruim. Os clubes ainda menosprezam a importância da psicologia no esporte, algo que tem se mostrado cada vez mais necessário, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional dos atletas. Acredito que muitas campanhas e carreiras poderiam ser salvas se houvesse auxílio neste sentido.

O Botafogo, por enquanto, está seguro com seus sete pontos de vantagem para o segundo colocado, mas é hora de agir para que as quatro derrotas consecutivas não se transformem em uma crise, ou o Fogão permanecerá em sua sina de só se contentar com campeonatos estatuais.



Imagem extraída de www.facebook.com/Botafogo




sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Mais do Mesmo

Imagem extraída de twitter.com/J__Nagelsmann



A lógica se confirmou e Julian Nagelsmann foi anunciado na Seleção Alemã. O treinador estava desempregado desde que deixou o Bayern München neste ano e, segundo jornalistas, restavam apenas burocracias para que o técnico assumisse a Mannschaft. O comandante, coincidentemente, será novamente o sucessor de Hansi Flick assim como havia sido na Baviera em 2021.

Nagelsmann é um dos muitos treinadores projetados pelo Red Bull Leipzig, assim como Domenico Tedesco (atualmente na Seleção Belga), Ralph Hasenhüttl (que dirigiu o Southampton) e Jesse March (que comandou o Leeds United).

O estilo de Nagelsmann não é lá muito diferente daquele apresentado por Joachim Löw ou por Hansi Flick com um futebol mais leve, toques de bola e triangulações pelos lados. O treinador também preza por jogadores versáteis e capazes de realizar mais de uma função em campo. Seu Red Bull Leipzig, por exemplo, contava com zagueiros capazes de jogar nas laterais e no meio-de-campo. E no seu Bayern observamos o ofensivo Benjamin Pavard atuando no miolo da zaga ou atacantes Mané e Choupo-Moting invertendo posições.

Não duvido da qualidade de Nagelsmann que fez um ótimo trabalho na Baviera e que foi injustamente demitido do Bayern após um grande trabalho na Champions League 2022-23. A grande questão é se ele é o técnico certo para a Nationalelf para este momento visto que o treinador reza pela mesma cartilha de Flick e Löw quando a Alemanha necessita de se desprender de tal estilo, que se mostra esgotado desde 2018.



Imagem extraída de twitter.com/J__Nagelsmann



A Alemanha, aliás, já teve uma prova cabal de que deveria "recuar algumas casas" em seu futebol e resgatar um pouco de suas raízes quando praticava o jogo mais físico e direto. Quando o ex-atacante Rudi Völler (que pertence à velha geração alemã) assumiu interinamente a equipe, a Mannschaft teve uma vitória convincente sobre a França no último amistoso.

Outro ponto importante a ser considerado é o reencontro com o goleiro Manuel Neuer, que teria sido um dos responsáveis pela demissão de Nagelsmann no Bayern. O arqueiro também é o capitão na Mannschaft e, desta forma, possui muita influência na equipe, o que poderia minar novamente o trabalho do treinador e aumentar a crise na Seleção Alemã.

A Mannschaft terá apenas amistosos até junho de 2024 quando começa a próxima Eurocopa. A Alemanha já está classificada por ser o país sede e Nagelsmann terá tempo de sobra para realizar testes na equipe sem riscos de eliminação. Por outro lado, haverá a pressão para se fazer uma boa campanha em casa e o treinador terá de dar continuidade ao processo de renovação da equipe, algo que Flick não conseguiu realizar durante o ciclo anterior.

Não há dúvida alguma de que Julian Nagelsmann é um excelente treinador e que ele merece um grande time para comandar. Seus bons trabalhos à frente do Red Bull Leipzig e do Bayern München respaldam o comandante. Seu estilo, porém, não parece ser o que a Mannschaft necessita neste momento de crise, com mais um treinador de estilo semelhante a Joachim Löw ou Hansi Flick. A posse de bola ainda é importante, mas saber o que fazer com ela é ainda mais.



Imagem extraída de twitter.com/J__Nagelsmann




quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Por Que Tanta Gente Ainda Defende Sampaoli?

Sampaoli quando comandava o Chile (imagem extraída de www.facebook.com/SeleccionChilena).



Jorge Sampaoli há anos deixou de ser unanimidade devido aos seus recentes trabalhos ruins. A instabilidade de seu Flamengo apenas serve para atestar isto, mas muitos ainda o defendem a despeito da péssima campanha do Rubro Negro. E não estou falando apenas do presidente Rodolfo Landim que jura de pés juntos que não demitirá seu técnico.

Muitos ainda se lembram do Sampaoli que revolucionou o futebol chileno durante suas passagens pela Universidad de Chile e pela Seleção Chilena. O argentino, influenciado pelo seu mentor Marcelo Bielsa, nos apresentou equipes que desfilavam um futebol encantador combinando o toque de bola típico da Espanha com a raça e a intensidade da América Latina.

O treinador também projetou muitos jogadores que viriam a ser seus comandados na Roja e ajudariam o país a conquistar seu primeiro título em 2015. Casos de Eugenio Mena, Charles Aránguiz, Eduardo Vargas, Marcelo Díaz e tantos outros. Mesmo Johnny Herrera, lembrado pela sua passagem horrível pelo Corinthians em 2005, cresceu muito sob o comando do argentino.

A fase boa do argentino, obviamente, não iria durar para sempre e, após um péssimo trabalho na seleção de seu país (quando o treinador teve de se submeter ao próprio elenco), Sampaoli viveu muitos altos e baixos com algumas passagens boas (Santos e Atlético Mineiro), uma razoável (no Marseille) e duas ruins (no Sevilla e agora no Flamengo).



Imagem extraída de www.facebook.com/SeleccionChilena



Muitos, porém, ainda não conseguem se esquecer daquele futebol encantador que Sampaoli exibiu em terras chilenas, incluindo o autor que vos escreve. Mesmo passados quase dez anos desde a conquista da Copa América, ainda ficaram as lembranças daquele jogo vistoso praticado pela Roja. Cabe mencionar que o treinador, por muito pouco, não eliminou o Brasil da Copa 2014 após levar a decisão para os pênaltis nas oitavas-de-final.

O trabalho de Sampaoli, exageros à parte, foi tão bom durante aquela época que o argentino foi indicado a melhor técnico do ano pela FIFA em 2015 -Luis Enrique, que dirigia o Barcelona, seria o grande vencedor. Mesmo sem o prêmio, a nomeação serviu para ratificar a qualidade do treinador.

Sampaoli, aliás, também se mostrou um ótimo gestor de elenco na época, por mais surpreendente que pareça. O argentino precisou unir um grupo totalmente rachado onde jogadores tiveram casos de adultério com as companheiras dos próprios colegas de time. O treinador fez com que os atletas esquecessem as diferenças e demonstrassem profissionalismo em campo a despeito da gravidade dos fatos.

Há muito romantismo e idealismo quando se fala a respeito de Sampaoli, sobretudo quando invocamos seus trabalhos no Chile, mas quem viu a Roja e La U jogarem durante aquela época, certamente ficou encantado com o futebol da equipes. E todos ficariam profundamente estarrecidos com a queda de rendimento do argentino após suas passagens recentes pelo Sevilla e Flamengo.

Landim tem lá suas razões políticas e pessoais para insistir com Sampaoli no Flamengo, mas quem viu os trabalhos do argentino em terras chilenas, certamente concordaria um pouquinho com o cartola. 2015 já se passou há muito tempo mas ainda invoca lembranças agradáveis a quem teve a oportunidade de assistir La U e La Roja em ação na época.



Imagem extraída de www.facebook.com/SeleccionChilena




quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Acabou o Gás

Imagem extraída de twitter.com/FCBayern



Bayern München e Manchester United reeditaram a final da Champions League de 1999 em um jogaço de sete gols que terminou com vitória dos alemães. O resultado, porém, poderia ter sido outro se o treinador Erik ten Hag tivesse se atentado às condições físicas de seus jogadores e realizado antes as suas alterações.

O auxiliar Zsolt Lőw (Thomas Tuchel estava suspenso) escalou seu time no 4-2-3-1 que é uma "tradição" entre os bávaros. Ten Hag, por sua vez, foi de 4-3-3 variando para 4-1-4-1 com a proposta de dificultar a saída de bola dos rivais.

O Manchester, com linhas altas, encurralou o Bayern e conseguiu boas chances pelos lados (principalmente pela esquerda com Rashford) e com bolas paradas cavadas próximas à área de Ulreich. Os bávaros respondem principalmente pela direita com Upamecano e Laimer tentando acionar Sané mas o camisa 10 não conseguiu dar sequência às jogadas.

Os Red Devils, porém, não conseguiram manter a intensidade e visivelmente se cansaram por volta dos 25 minutos. Foi a senha para os bávaros ocuparem o campo de ataque e devolver na mesma moeda com linhas altas. Sané abriu o placar pela direita com "ajuda" do goleiro Onana que falhou no lance. Minutos depois, Musiala serve Gnabry pela esquerda e amplia para os mandantes.   



Manchester, em 4-3-3/4-1-4-1, usa linhas altas para marcar a
saída de bola rival e também para criar chances. Bayern, em
4-2-3-1, responde principalmente pela direita com Laimer
tentando acionar Sané (imagem obtida via this11.com).



O Manchester volta disposto a correr atrás do prejuízo e, com linhas altas, Højlund diminui para os visitantes após uma boa troca de passes. Os ingleses, porém, não têm tempo de comemorar e Eriksen comete pênalti ao colocar a mão na bola. Kane marca e amplia para os alemães.

Os ingleses, visivelmente exaustos, não conseguem mais se impor na velocidade e lançam mão das bolas longas em um ato de desespero. Apesar disso, Ten Hag demora para mexer em sua equipe e, quando o faz, realiza apenas substituições conservadoras como um meia por outro (Eriksen por McTominay) ou um atacante por outro (Højlund por Martial). O Bayern só não amplia o placar porque Onana faz grandes defesas.

Casemiro consegue diminuir para 3x2 em um lance de pura raça mas Mathys Tel, segundos depois, esfria a reação dos visitantes com um belo gol pela esquerda. No último lance do jogo, o volante brasileiro realiza um cabeceio certeiro em cobrança de falta de Bruno Fernandes mas já era tarde demais para buscar o empate.

Bayern se impõe no talento e, principalmente, na parte física ao manter a intensidade ao longo dos 90 minutos. Ao Manchester, por outro lado, faltou fôlego para competir com os alemães e o treinador Ten Hag deveria ter mexido antes em sua equipe, além de ter ousado mais nas substituições.

O Bayern termina a rodada na liderança do Grupo A ajudado pelo empate entre København e Galatasaray. O Manchester, que não atravessa uma boa fase na Premier League, começa a Champions com o pé esquerdo e terá muito a fazer para evitar que a sequência negativa se transforme em uma crise.



Imagem extraída de twitter.com/FCBayern



terça-feira, 19 de setembro de 2023

Abafa

Mbappé, de pênalti, deixou o dele no confronto (imagem
extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague).



A temporada do Paris Saint-Germain começou de maneira turbulenta com diversas polêmicas relacionadas às transferências de jogadores durante a última janela, a campanha instável na Ligue 1 (apenas duas vitórias em cinco jogos) e as especulações de que Mbappé havia feito diversas exigências para permanecer no clube, incluindo a saída de colegas "estrelados". Pelo menos o time da capital francesa fez a "lição de casa" e estreou bem na Champions.

Luis Enrique escalou seu time para atacar em 4-3-3 enquanto Edin Terzić foi de 5-3-2 com a óbvia proposta de segurar os mandantes e tentar algum gol de contra-ataque.

O PSG tomou a iniciativa pelo lado esquerdo com Vitinha e Mbappé atacando por aquele lado mas esbarrou na forte marcação alemã. O Dortmund responde principalmente com Adeyemi e com algumas subidas de Brandt aproveitando os espaços deixados pela dupla parisiense mas sem levar muito perigo a Donnarumma.

Os franceses, então, passam a utilizar mais o lado direito com Dembélé e Zaïre-Emery invertendo funções -o camisa 33 subindo ao ataque para atrair a marcação enquanto o 10, mais recuado como um ala, tenta se infiltrar ou acionar Kolo Muani.

Os alemães dão azar em perder Sabitzer logo na primeira etapa -Felix Nmecha o substitui- mas o Borussia consegue manter a solidez defensiva a despeito da mudança e vai satisfeito com o empate para o intervalo.



PSG, em 4-3-3, tenta atacar pelos lados com Mbappé e Dembélé
mas para no ferrolho aurinegro. Borussia, recuado em 5-3-2,
responde sem muito sucesso com Adeyemi aproveitando os
espaços deixados por Vitinha (obtido via this11.com).



O PSG, enfim, consegue vencer o ferrolho aurinegro quando Schlotterbeck comete um pênalti (discutível) ao cair com o braço em um cruzamento de Dembélé. O goleiro Kobel até consegue acertar o lado da cobrança mas Mbappé abre o placar para os mandantes.

O Dortmund é obrigado a sair para o jogo para correr atrás do prejuízo e concede espaços para os contra-ataques rivais. Em um deles, Vitinha acha Hakimi na área e o marroquino marca contra seu ex-time. PSG 2x0. O africano, obviamente, comemorou contidamente em respeito à camisa que vestira no passado.

Edin Terzić, sem nada mais a perder, escancara o time com as entradas de Reus, Füllkrug e Bynoe-Gittens. O trio, jogando pela esquerda, até consegue levar perigo ao PSG mas a zaga francesa e o goleiro Donnarumma dão conta do recado. Os Aurinegros ainda são obrigados a substituir Wolf, lesionado, por Bensebaini. Luis Enrique, por sua vez, apenas faz trocas "protocolares". Os mandantes até conseguem ampliar o placar mas Mbappé e Gonçalo Ramos estavam impedidos nos lances.

PSG demonstra a força de seu elenco e, com um pouco de sorte (o pênalti foi discutível), consegue abafar a crise que ameaçava o time. Dortmund dá azar no lance com Schlotterbeck e não se mostrou capaz de competir com um rival com mais opções quando precisou propor jogo. 

Os franceses largam bem no dificílimo Grupo F e ainda são ajudados pelo empate sem gols entre Milan e Newcastle United. O resultado coloca o PSG na liderança da chave e ainda sela a paz do clube com a vitória. Resta saber, porém, se o time irá engrenar de vez após o início turbulento. Há elenco e futebol para isto, mas o esporte possui suas armadilhas.



Imagem extraída de www.facebook.com/PSG




segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Composição de Elenco

Reprodução www.instagram.com/breno_lopes_07



Breno Lopes no Palmeiras, Rodinei no Flamengo, Edimar no São Paulo, ... Poderíamos fazer uma lista imensa de jogadores que são (ou eram) odiados pelos seus próprios torcedores e que frequentemente eram vaiados em campo quando pegavam na bola. O camisa 19 do Verdão, porém, não aguentou as críticas e, após marcar o gol da vitória contra o Goiás na última sexta-feira, fez gestos obscenos para os próprios fãs como resposta.

A presidenta Leila Pereira e o treinador Abel Ferreira saíram em defesa do jogador, que deverá pedir desculpas "protocolares" ao torcedor. O atacante, aliás, já vinha sendo blindado pelo clube com poucas imagens nas redes sociais -não encontrei fotos recentes no Facebook ou no Twitter- o que evidencia que o atrito do atleta com o torcedor já era um fato recorrente.

Breno Lopes, para quem não se lembra, foi o jogador que marcou o gol do título contra o Santos na final da Libertadores 2020, realizada em 2021 em razão da pandemia. O atacante havia sido contratado durante aquele ano para compor elenco. O atleta não preza pela técnica ou talento o que justifica a sua condição de reserva, mas nunca lhe faltou raça em campo. Mesmo com seu empenho e com o tento heroico na Liberta, o camisa 19 nunca foi lá muito querido pelo seu torcedor.



Reprodução www.instagram.com/breno_lopes_07



É fato que Breno e os demais atletas mencionados no texto não são craques mas o torcedor deveria compreender o significado de "composição de elenco", o que é justamente a função da grande maioria destes jogadores: ser reserva para alguma emergência. É como o estepe de um carro: não substitui totalmente um pneu furado mas é suficiente para o carro rodar até que uma troca possa ser realizada.

Há, porém, jogadores com esse perfil que acabam se firmando porque aproveitam muito bem as oportunidades e acabam agradando em campo. Um bom exemplo é Rodriguinho que foi contratado pelo Corinthians na metade de 2013 apenas para ser reserva de Renato Augusto. O meia, porém, acabou se firmando com a saída do titular em 2016 e foi fundamental para as conquistas do ano seguinte.

O camisa 19 do Verdão vem jogando porque Dudu rompeu os ligamentos cruzados do joelho e só volta em 2024. E não há mais tempo hábil para contratações visto que a janela de transferências se encerrou. Ademais, cabe lembrar que Breno foi contratado em novembro de 2020, portanto, com a anuência de Abel Ferreira. O português provavelmente confia muito mais no atacante que indicou do que nos garotos Endrick ou Kevin para a vaga do camisa 10.

O palmeirense, goste ou não, terá de torcer por Breno Lopes. Como explicado, o Verdão não possui alternativas até o retorno de Dudu e o camisa 19 conta com o apoio de Abel Ferreira, que endossou a contratação do jogador em 2020. É fato que o atacante só está no time para compor elenco, mas vem se mostrando um bom estepe até que o Palmeiras consiga pneus novos.



Reprodução www.instagram.com/breno_lopes_07




domingo, 17 de setembro de 2023

Rolê no Mercadão

Imagem extraída de twitter.com/spmercadao



2009. Era um sábado quando alguns amigos me convidaram para ir ao Mercado Municipal de São Paulo, também conhecido como "Mercadão" ou "Mercado Cantareira". Não me lembro exatamente o que fomos fazer por lá mas era véspera da final do Campeonato Paulista entre Corinthians e Santos que terminou com título para o Timão -e, por pouco, o capitão William não acabou chamuscado na hora de erguer a taça quando o zagueiro recebeu uma chuva de papéis e fogos de artifício!

Nunca havia ido ao Mercadão mas eu costumava frequentar a região quando eu era criança para fazer compras no Largo do Arouche e na Rua 25 de Março, dois pontos bastante conhecidos pelo comércio popular. O edifício havia acabado de ser revitalizado e estava em alta nos meios de comunicação. Muitos visitavam o prédio para fazer turismo, comprar mercadorias e degustar dos lanches tradicionais como o famoso sanduíche de mortadela.

Encontrei os meus amigos no metrô da Vila Madalena e fomos até a Estação São Bento. A primeira impressão que eu tive da região não foi das melhores: desembarcamos na Ladeira Porto Geral, uma rua cercada por edifícios muito altos em ambos os lados. O local é bastante escuro mesmo durante o dia em decorrência dos prédios e confesso que tive um pouco de receio de andar por lá.



Imagem extraída de www.facebook.com/mercadaospoficial



Confesso que não lembro o caminho que fiz naquele dia depois que saímos da Ladeira, apenas fui seguindo os meus amigos que, aparentemente, conheciam bem a região -não havia Waze na época e GPS era um artigo de luxo. Havia diversos ambulantes pelo caminho vendendo produtos relacionados ao Corinthians e ao Santos por causa da final do Paulistão e também muitos frequentadores -se não me engano, estávamos próximos ao Dia das Mães.

Almoçamos no Mercadão -pedi um sanduíche de pernil enquanto meus amigos foram no lanche de mortadela- e fizemos algumas compras. Não levei muita coisa visto que eu havia ido mais pelo passeio mesmo e não fiquei muito impressionado com os produtos ofertados. Eu também não fazia ideia para onde eu estava indo dentro do edifício, apenas seguia meus colegas.

Uma pena que meu celular não possuía câmera na época -bem, mesmo que tivesse, as fotos sairiam em uma definição baixíssima devido às limitações dos aparelhos durante o período. O Mercadão era realmente muito bonito e eu tenho fascínio por edifícios históricos. Eu, aliás, sempre lamento que o Centro de São Paulo esteja tão decadente, afinal há muitos tesouros arquitetônicos na região.

Assim foi o meu rolê no Mercadão às vésperas da final do Paulistão 2009. Eu, aliás, me encontrei de novo com os amigos no dia seguinte para assistirmos ao jogo. Foi um passeio divertido apesar de eu não ter comprado muita coisa por lá. Quando eu for novamente ao local, quero tirar muitas fotos daquele prédio histórico, algo que não pude fazer durante a minha primeira visita.



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sábado, 16 de setembro de 2023

As Finais da Soberba

Imagem extraída de twitter.com/CopaDoBrasilCBF



As finais da Copa do Brasil 2023 irão marcar o encontro entre São Paulo e Flamengo, dois clubes que já foram considerados modelos de gestão mas que cometeram erros muito semelhantes durante os últimos anos: ambos deixaram os títulos lhes subirem a cabeça e seus dirigentes passaram a agir com soberba utilizando as conquistas como "salvo-conduto" para seus deslizes.

O Tricolor, após muitos títulos durante a década de 2000, começou a se perder em 2008 quando Juvenal Juvêncio realizou manobras para se perpetuar no poder e passou a interferir nos outros setores da instituição, o que causou o esfacelamento do tão aclamado "clube-modelo". Como se isso não fosse o bastante, o mandatário peitou adversários poderosos como a Globo e a CBF e ainda indicou todos os três presidentes seguintes (Aidar, Leco e Casares) que reproduziram seu estilo de administração. Não à toa, o São Paulo ficou de 2013 até 2021 sem erguer um troféu.

O Rubro-Negro, da mesma forma, acomodou-se após as conquistas de 2019 e os seus mandatários passaram a cometer muitos erros como contratar treinadores sem critério para depois demití-los ao primeiro sinal de crise, além de mimar seu elenco. A ausência de troféus na atual temporada é reflexo de administração que outrora também fora considerada "modelo" por jornalistas. Não obstante, o Flamengo também passou a desafiar árbitros, emissoras e a própria CBF.



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As finais da Copa do Brasil poderão ser a redenção ou a condenação para os erros dos cartolas que não mereciam ir tão longe na competição pela maneira como vêm administrando seus respectivos clubes. É impossível para um time manter a competitividade em todas as temporadas, mas tanto o São Paulo quanto o Flamengo poderiam ter feito melhor durante os últimos anos pela história e pela estrutura que possuem.

Os erros dos dirigentes obviamente não invalidam os méritos dos jogadores e dos treinadores que, de modo geral, estão nas finais merecidamente pelo que jogaram durante a competição. Os dois times contam com bons elencos, cada um a sua maneira, para proporcionar duas boas partidas nos próximos domingos.

Uma pena que a soberba dos dirigentes tire um pouco o brilho das equipes em campo. São Paulo e Flamengo não deveriam proporcionar tanto desgosto para os seus torcedores pela história e tradição que possuem.  



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc




sexta-feira, 15 de setembro de 2023

O Peixe Perdido

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Eu, antes de escrever este texto, fui ler os últimos posts que publiquei a respeito do Santos e só havia críticas ao clube praiano. Confesso que eu gostaria de escrever algo mais positivo a respeito do Peixe mas a instituição não se ajuda nem dentro e nem fora de campo. Não a toa o Alvinegro está com uma dívida milionária estimada em R$ 600 milhões e naufragando na zona do rebaixamento.

O clube, em um ato de puro desespero, negociou suas joias para trazer reforços durante a última janela de transferências. Desta forma, a venda do atacante Ângelo ao Chelsea viabilizou a contratação de atletas mais "prontos" como Dodô, Jean Lucas, João Basso, Nonato e Julio Furch. Na prática, o Santos abriu mão do futuro para tentar salvar o seu presente, ação que tem sido corriqueira por parte dos times brasileiros. Alguns jogadores que estavam livres no mercado também desembarcaram no litoral paulista como Alfredo Morelos, Maxi Silvera, Júnior Caiçara e Tomás Rincón.

O Peixe também havia trocado de treinador no início de agosto -saiu Paulo Turra e assumiu Diego Aguirre. O uruguaio teve muito tempo livre para implantar seus métodos de trabalho junto ao elenco visto que o Santos já foi eliminado das copas e ainda houve a pausa para a "data FIFA". Esperava-se, portanto, alguma evolução por parte do time.



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O Peixe, porém, não demonstra nenhum indício de reação apesar das mudanças e do tempo livre para treinos. O Santos teve quatro derrotas e apenas uma vitória nos último cinco jogos disputados, período após a contratação de Aguirre. Com os resultados, o Alvinegro não conseguiu sair da zona de rebaixamento e ainda viu o Goiás e o Bahia abrirem quatro pontos de vantagem do Z-4.

Já surgiram rumores de que Aguirre será demitido apesar dos poucos jogos no comando, mas o medo do rebaixamento vem aumentando a pressão por parte das torcidas organizadas e de conselheiros influentes no clube. Caso o uruguaio caia, será a terceira troca de treinador no Santos, que já dispensou Odair Hellmann e Paulo Turra em 2023.

A solução para o Santos seria agir com menos precipitação e mais razão em suas atitudes. As mudanças de treinador não pareceram obedecer nenhum critério técnico -mais pareceu que o Peixe foi atrás do primeiro comandante livre no mercado nas duas trocas anteriores. E as contratações de jogadores na última janelas foram realizadas muito mais por quantidade do que por qualidade, salvo poucas exceções.

O clube, porém, segue refém do amadorismo de seus dirigentes, que cedem facilmente às pressões de organizadas e de conselheiros, algo que os jornalistas cansam de escrever em suas colunas. O resultado é que o Santos segue cada vez mais perdido, tanto dentro quanto fora de campo. O Peixe, em cenários semelhantes, conseguiu escapar do rebaixamento em temporadas anteriores mas não tem demonstrado indícios de que isto se repetirá em 2023...



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