Champions na Praia

Costuma fazer frio nesta época do ano em São Paulo em virtude do outono, exatamente como está acontecendo neste 2023. O clima, porém, não intimida os cidadãos paulistanos que aproveitam ocasiões como este feriado ou um fim de semana qualquer para curtir uma praia. Foi o que alguns amigos fizeram há alguns anos atrás em 2011, conforme relatei em um post anterior.

Fomos para Itanhaém curtir uma praia -ou tentar pelo menos visto que havia chovido forte na noite anterior e estava muito frio. Não obstante, ventava muito e mal conseguia tirar o agasalho. Alguns dos meus amigos foram surfar apesar do clima e, por incrível que pareça, a água estava morna e agradável!

Eram cerca de 15 horas quando não me lembro se eu ou um dos colegas recordou que haveria a final da Champions League naquele sábado. Voltei pra casa onde estávamos hospedado com alguns dos meus amigos enquanto os demais permaneceram na praia surfando. Passamos no mercado (acho que se chamava Kroik's ou algo assim) para comprar alguns petiscos e fomos ver o jogo.

Eu, obviamente, estava torcendo para o Barcelona de Guardiola, que eu considerava a oitava maravilha do mundo naquela época. Acho que quase não falei nem comentei nada durante a partida visto que eu estava hipnotizado com a filosofia de que "a bola é quem deve correr, não o jogador". Só prestava atenção como o Manchester United era envolvido pelo toque de bola catalão. O único detalhe para o qual torcia o nariz era a presença do volante/zagueiro Javier Mascherano, que eu considerava "muito violento" para jogar no Barça.

Os colegas que ficaram surfando na praia chegaram algum tempo depois já com a bola rolando. Não sei se também estavam ansiosos pela partida ou se desistiram da praia por causa do frio. Depois que a partida terminou, não tivemos mais coragem de sair de casa e fomos aos fundos da residência fazer um churrasco que durou a noite toda e avançou madrugada adentro.

Lembro que fui o primeiro a levantar no dia seguinte (acho que eram sete horas da manhã) e fui de novo ao mercado comprar uma dúzia de pães e 1,5 litro de chá gelado para tomarmos café. Acho que eu deveria ter trazido mais coisas visto que a ressaca bateu forte em todos e os alimentos foram consumidos muito rapidamente!

Realmente viajar é sempre muito legal, independente do clima. Mesmo com frio e chuva, sempre há maneiras criativas de se curtir o momento. Não pudemos aproveitar muito a praia na ocasião mas o jogo da Champions e a bagunça que fizemos no churrasco fizeram o passeio valer muito a pena!

Pepe, o Interminável

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Quando se fala em Pepe, quase sempre vem à nossa cabeça a imagem daquele zagueiro brasileiro naturalizado português que era considerado faltoso, violento e até desleal. E se eu contasse para vocês que o jogador amadureceu e vem se notabilizando muito mais pelos lances bonitos do que pelas faltas? E mais: vocês acreditariam que ele já está com 40 anos, continua atuando em bom nível técnico e acabou de renovar com o Porto?

Pepe completou 40 anos em fevereiro deste ano mas continua firme e forte nos gramados. Tal fato surpreende ainda mais visto que o futebol está cada vez mais exigente sob o ponto de vista físico, o que obrigou até mesmo atletas jovens como Schürrle e Khedira a pendurarem as chuteiras. Quem acompanhou os jogos de Portugal na última Copa do Mundo deve ter se espantado com o desempenho do zagueiro que continuou muito seguro em campo, cometeu pouquíssimas faltas e até anotou um gol.

O zagueiro já vinha demonstrando evidentes sinais de evolução desde o ciclo para a Copa 2018, quando estatísticas revelaram que era um dos defensores menos faltosos da Europa. A má campanha no Mundial 2014 (quando foi expulso na estreia contra a Alemanha) parece ter sido a "virada de chave" em sua carreira.

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A maturidade do defensor também ficou evidente fora dos gramados. O alagoano mostrou-se um ótimo líder e foi nomeado capitão pelo Porto e também pela Seleção Portuguesa -na ausência do intocável Cristiano Ronaldo. Com a faixa no braço, o jogador teve o gostinho de conquistar mais alguns títulos em sua vitoriosa carreira, desta vez como o primeiro em ter a honra de erguer o troféu.

O zagueiro não dá sinais de que irá parar tão cedo apesar dos 40 anos muito bem vividos. O alagoano acabou de renovar com o Porto por mais uma temporada e ele segue fundamental nas equipes que representa, tanto pelos Dragões quanto pelas Quinas. Não será surpresa alguma que Pepe dispute a Euro 2024 (quando estará com 41 anos) ou a Copa 2026 (quando terá 43).

Pepe mais parece um vinho em campo: quanto mais velho, melhor. É fato que a idade prejudica o desempenho dos atletas, sobretudo aqueles que atuam em alto nível. O alagoano, porém, desafia a logica assim como Modrić e Ibrahimović, resistindo bravamente ao tempo e empilhando mais conquistas apesar das transformações do futebol.

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Nova Administração, Mesmos Erros

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Fiz críticas ao antigo proprietário do Chelsea, o russo Roman Abramovich. Sua gestão rendeu aos Blues dois títulos na Champions League mas o empresário visivelmente tinha pressa em conseguir os troféus para se afirmar. Seus anseios fizeram com que dezenas de jogadores e treinadores fossem queimados pelo clube sem que tivessem tempo para que pudessem formar uma equipe de verdade.

Abramovich, após muita pressão, vendeu o Chelsea ao norte-americano Todd Boehly em 2022. O novo proprietário visivelmente quis apagar o legado do antecessor no clube e "dar a sua assinatura" aos Blues o quanto antes. Vários jogadores outrora importantes foram negociados, um caminhão de reforços chegou ao Stamford Bridge e o treinador Thomas Tuchel foi dispensado ao primeiro tropeço na Champions League.

Boehly visivelmente também tinha pressa em conquistar os troféus, seja por vaidade, seja para apagar os feitos do antecessor Abramovich. O norte-americano, porém, visivelmente cometeu os mesmos erros do russo e o time, que reunia condições de brigar ao menos por vaga em copas, tornou-se instável. Só na temporada 2022-23, o Chelsea já teve três treinadores (Tuchel, Graham Potter e Frank Lampard) e torrou cerca de 600 milhões de Euros em reforços.

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Não há regras para se montar uma equipe campeã mas leva tempo para que os jogadores e o treinador possam criar entrosamento e, com isso, atuarem como um verdadeiro time. Como afirmou o jornalista VSR, se o desejo era a mudança de técnico, que isso fosse realizado durante a pré-temporada, e não com o bonde andando. O mesmo ocorre com os reforços vindos na janela de inverno, onde o encaixe dos atletas deveria ser imediato, algo que raramente ocorre.

As consequências aprecem em campo, com o Chelsea eliminado da Champions League (embora tenha lutado bravamente contra o Real Madrid) e despencando na tabela da Premier League, se afastando das copas europeias e se aproximando da zona do rebaixamento -embora dificilmente vejamos os Blues caindo de divisão.

Todd Boehly não foi bem em sua primeira temporada completa pelo Chelsea. Em sua pressa, o mandatário buscou por resultados imediatos mas acabou obtendo justamente o contrário. Que esta sessão tenha servido de aprendizado para que em 2023-24 os Blues possam brigar por objetivos maiores novamente.

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Bomba Relógio

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O blog não foi atualizado ontem devido a compromissos do autor e teremos um texto extra hoje ou amanhã para compensar.

O Corinthians havia anunciado Cuca como substituto de Fernando Lázaro no dia 20 de abril e o paranaense, cerca de uma semana depois, deixou o clube. O acerto do treinador com o Timão era uma tragédia anunciada desde o início visto que o técnico tem sido lembrado muito mais pelos problemas do que pelos troféus durante os últimos anos.

Não se nega as qualidades de Cuca. Os títulos conquistados pelo paranaense falam por ele. Foi o treinador quem conduziu o Atlético Mineiro a sua primeira e única Libertadores em 2013. O técnico também ajudou o Palmeiras e o Galo a saírem da fila do Brasileirão em 2016 e 2021, respectivamente. E o comandante ainda fez um "milagre" com o limitado Santos ao conduzir o Peixe até a final de uma competição continental também em 2021.

Cuca sempre foi conhecido por ser um treinador "bonzinho demais" e até "chorão" nos vestiários -até hoje, comenta-se que o técnico teria "implorado" por uma vitória a seus jogadores enquanto comandava o Botafogo em 2007.

A postura do treinador, porém, mudou muito durante a última década. Cuca desenvolveu uma personalidade explosiva no banco de reservas, o que agravou o seu estado de saúde durante os últimos anos -em pelo menos duas ocasiões o técnico apresentou problemas cardíacos. Não obstante, o comandante tornou-se mais intransigente com seus atletas e ele teve desentendimentos com estrelas de suas equipes: Felipe Melo no Palmeiras, Dani Alves no São Paulo e Hulk no Atlético Mineiro.

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Cuca também teria cometido um crime em 1987 enquanto era jogador e defendia o Grêmio: o paranaense e dois colegas teriam abusado de uma menor de idade durante uma excursão do Imortal em Berna, Suíça. O técnico sempre alegou inocência quando questionado a respeito do assunto mas os próprios torcedores jamais aceitaram a versão do treinador e exigiram a sua saída desde o início de seu trabalho.

A contratação de Cuca pelo Corinthians acabou sendo uma afronta à história do próprio clube que sempre esteve envolvido em causas político-sociais (incluindo a Democracia Corinthiana protagonizada pelo Dr. Sócrates) e, recentemente, passou a combater a violência contra a mulher com a campanha #RespeitaAsMina.

Cuca, portanto, era uma verdadeira "bomba relógio" no Corinthians e alguma hora ela iria explodir, seja por desentendimentos com o elenco, seja pela acusação de estupro. E a detonação veio na madrugada da última quinta-feira, com a renúncia do técnico apesar da vitória sobre o Remo na Copa do Brasil. O técnico não aguentou a rejeição do próprio torcedor e pediu desligamento apesar do apoio público de seus dirigentes e dos jogadores.

Cuca nunca foi o treinador ideal para o Corinthians neste momento. Seu currículo é ótimo com muitos títulos relevantes conquistados nos últimos dez anos. Contudo, o seu temperamento explosivo e as evidências de que teria abusado de uma menor de idade fizeram do paranaense um verdadeiro barril de pólvora no vestiário corinthinano. E os estragos da explosão levarão dias para serem recuperados, tanto para o clube quanto para o comandante.

Cássio e Roger Guedes demonstraram apoio a Cuca e tentaram
demover o treinador de sua demissão, mas o clima estava pesado
demais (imagem extraída de www.facebook.com/corinthians).

Dinamarquês Antitanque

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Uma das estratégias mais utilizadas pelos treinadores consiste em lançar mão de um atacante grandão com boa imposição física (ou "trombador" mesmo) para abrir espaços na zaga rival visando criar brechas para que os companheiros mais velozes possam se infiltrar. Mesmo se aproximando do final da carreira, os gigantes Olivier Giroud e Edin Džeko ainda prestam excelentes serviços às suas respectivas equipes graças à suas estaturas privilegiadas.

O atacante grandão tornou-se ainda mais útil com o advento dos zagueiros mais leves: atualmente muitas equipes optam por defensores de mais técnica ou mobilidade com o objetivo de subir a segunda linha com mais frequência. Esse tipo de beque, contudo, tem mais dificuldades quando precisa dividir bolas e se torna presa fácil para os centroavantes adversários. Muitas vezes, os times precisam mobilizar dois ou três desses jogadores para conseguir deter um "tanque", deixando o gol vulnerável.

O zagueiro Andreas Christensen surgiu como um antídoto contra os "tanques" adversários. O dinamarquês é alto (1,87m de altura) e forte, compensando a falta de força física dos companheiros de zaga no Barcelona. O camisa 15 (6 pela Seleção Dinamarquesa) ainda possui uma boa mobilidade, podendo atuar como primeiro volante quando necessário.

Um atacante grandão como Giroud pode obrigar o adversário a mobilizar até três
zagueiros e, com isso, abrir espaço para a infiltração de companheiros. Christensen,
porém, consegue deter os centroavantes grandalhões sozinho graças à sua estatura
e, dessa forma, consegue anular a estratégia (imagem obtiva via this11.com). 

Christensen demonstrou isso durante a última Copa do Mundo quando o camisa 6 conseguiu anular Giroud sozinho -a França só venceu a Dinamarca graças à individualidade de Mbappé. O defensor também contribui muito com o desempenho do Barcelona na atual temporada com apenas nove gols concedidos em 30 jogos disputados no Campeonato Espanhol.

Uma pena que zagueiros como Christensen sejam raros no futebol. A maioria dos defensores grandões não prima pela velocidade e muitos deles tendem a ser faltosos por chegarem atrasados nos lances. O dinamarquês, portanto, foi um grande acerto do Barcelona e já pode ser considerado uma das melhores contratações da temporada 2022-23 na Europa.

O sucesso de Christensen pelo Barcelona e pela Dinamarca deve motivar os clubes a buscarem por zagueiros com seu perfil. Quando isto acontecer, teremos verdadeiras batalhas de titãs, com defensores e centroavantes grandões brigando por cada centímetro quadrado na área...

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Mais Lições para Rogério

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Olá, leitoras e leitores! O blog ficou dois dias sem atualização devido a uma gripe do autor. Peço desculpas pela ausência.

A segunda passagem de Rogério Ceni pelo banco de reservas do São Paulo terminou mal e o ex-goleiro acabou demitido na última quarta-feira. A partida contra o Academia Puerto Cabello deixara evidente que o treinador havia perdido o elenco, com o Tricolor atuando com uma apatia impressionante apesar de estar jogando em casa e diante de um rival de pouca tradição ou qualidade técnica.

A partida contra os venezuelanos caminhava para um justo empate quando o meia Marcos Paulo (foto acima) entrou ao final do segundo tempo e abriu o placar para o São Paulo -Araújo ampliaria minutos depois. Ceni ganhava um breve respiro no cargo graças ao camisa 32, justamente aquele que havia sido o pivô de toda a crise no Tricolor.

Ceni teria cobrado Marcos Paulo rispidamente diante de todo o elenco por uma postagem do meia no Instagram, onde o jogador teria feito indiretas ao ex-goleiro pelas poucas oportunidades recebidas. O camisa 32, porém, deu uma demonstração de profissionalismo ao correr em campo apesar das desavenças com seu treinador e salvar o seu time do empate.

Dorival Júnior (foto abaixo), que substituiu o demitido Ceni, fez questão de elogiar o antecessor durante a sua apresentação. Mais do que isso, o novo treinador deixou evidente o quanto respeitava a história do ex-goleiro pelo São Paulo e que daria continuidade ao trabalho do colega antes que mudanças fossem implantadas.

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A atitude de Dorival contrastou bastante com a de Ceni quando o ex-goleiro assumira o São Paulo em 2021. Na ocasião, o paranaense se mostrava bastante incomodado com o apoio do torcedor ao antecessor Hernán Crespo que fora demitido injustamente.

Ceni é um bom treinador e possui muito potencial para voos mais altos. Os feitos do ex-goleiro no Fortaleza e no Flamengo (ainda que aos trancos e barrancos) falam pelo técnico. Mesmo no próprio São Paulo, seu trabalho não pode ser considerado "ruim" apesar da ausência de títulos.

O paranaense, porém, deveria refletir a respeito das atitudes de Marcos Paulo e também de Dorival Júnior. O meio-campista não deixou de correr pelo time mesmo após o lamentável episódio. O atual treinador também foi bastante respeitoso (ou "político") com Ceni, bem ao contrário do ex-goleiro que se mostrava visivelmente incomodado com o apoio da torcida a Crespo.

Resultados são importantes mas os times necessitam de harmonia entre as partes envolvidas para que as metas sejam alcançadas. Ceni já trabalhou em quatro clubes mas ainda é muito jovem no banco de reservas. O ex-goleiro precisa compreender que treinadores precisam cultivar relações humanas, e não apenas agir com rigidez. Seu ego e seu perfil autoritário desta vez foram muito mais determinantes para a sua demissão do São Paulo do que o desempenho em si.

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O Brasil Está Ficando Pequeno para Abel

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A América do Sul, verdade seja dita, é um critério cada vez menos seguro para se avaliar a qualidade de um jogador. Mesmo a Seleção Argentina campeã da Copa 2022 foi totalmente forjada na Europa -apenas o terceiro goleiro, Franco Armani, atuava em seu país natal. Isso justifica a necessidade dos atletas buscarem o futebol europeu para se afirmarem. E os treinadores devem a seguir a mesma tendência.

Abel Ferreira chegou ao Brasil durante o segundo semestre de 2020, provavelmente motivado pelo sucesso do compatriota Jorge Jesus por aqui. O ex-lateral ainda é jovem para a média de idade dos treinadores e, após trabalhos sem muita expressão em Portugal e na Grécia, buscou o Palmeiras visando dar um salto em sua carreira. Sabia que se faturasse o Mundial Interclubes em cima de algum gigante europeu, o técnico estaria valorizado e as portas para as grandes potências do Velho Continente lhe estariam abertas. 

O português ainda não conseguiu o desejado título mundial mas seu trabalho, que completará três anos em 2023, já entrou para a história do futebol. Em pouco tempo, Abel já faturou duas Libertadores, uma Copa do Brasil e um Campeonato Brasileiro, além de diversas outras conquistas menores. Os feitos do ex-lateral já chegaram aos ouvidos das confederações e também de alguns clubes europeus menores, que já demonstraram interesse no técnico lusitano.

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Abel sabe que está valorizado no mercado graças às suas conquistas. Mais do que isso, o treinador percebeu que o Brasil está ficando pequeno e ele precisa alçar voos mais altos em sua carreira. O português já deu diversas indiretas durante suas entrevistas afirmando que está chegando o momento de buscar por novos desafios fora do Verdão. Outros motivos como a distância da família e a instabilidade do futebol brasileiro (os clubes daqui mudam de técnico como se estivessem trocando de roupa) também influenciam nos anseios do ex-lateral.

A presidenta do Palmeiras, Leila Pereira, jura de pés juntos que Abel não deixará o Verdão até o fim de seu mandato mas a cartola tem plena consciência de que não poderá segurar seu vitorioso treinador caso ele receba algum convite de uma grande seleção ou de um grande clube europeu. O próprio Jorge Jesus não resistiu à oportunidade de voltar ao Benfica e disputar a Champions League a despeito de ter seu contrato renovado com o Flamengo.

Leila defende os interesses do Palmeiras ao tentar manter seu treinador mas sabe que Abel veio ao Brasil em busca de recolocação no mercado, assim como Jorge Jesus quando acertou com o Flamengo. Mais do que isso, hoje a América do Sul é quase uma periferia do futebol mundial, afinal os maiores clubes do planeta estão na Europa. É uma afirmação dura mas o desempenho recente dos times europeus em Mundiais de clubes e de seleções são provas cabais disto.

Abel já fez história no Palmeiras e também no futebol brasileiro apesar do pouco tempo no Verdão. O português sabe que, mesmo sem o Mundial, já conseguiu o desejado salto em sua carreira e que ele está pronto para sua "revanche", seja em um clube europeu, seja em uma seleção. Gostem ou não, o Brasil está ficando pequeno para os anseios do ex-lateral.

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Quem Vai Conquistar a Europa?

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O chaveamento e os mandos de campo para as semifinais da Champions League e da Europa League já estavam previamente definidos. Não foi necessário, portanto, realizar um novo sorteio para os confrontos desta fase, bastando apenas aguardar o término dos duelos válidos pelas quartas-de-final.

Algumas surpresas foram observadas durante a etapa anterior na Champions League. O Napoli, que era apontado como favorito a avançar, apresentou uma visível queda de rendimento no começo deste mês após sofrer uma goleada por 4x0 para o próprio Milan em pleno Diego Armando Maradona. Os Rossoneri, portanto, já sabiam como resistir à pressão da torcida adversária e também como anular os Partenopei.

A queda do Bayern diante do City também pode ser considerada uma surpresa. Esperava-se um confronto mais equilibrado entre os times. Os bávaros estavam com 100% de aproveitamento na Champions mas a crise no vestiário seguida da mudança de treinador certamente fez com que a equipe alemã perdesse o prumo.

A única surpresa na Europa League foi a classificação do Sevilla, que estava em crise, diante do Manchester United, que atravessava uma fase espetacular. Os andaluzes, com uma boa dose de sorte, arrancaram um empate improvável no Old Trafford após relaxamento dos Red Devils e depois golearam os ingleses no Ramón Sánchez Pizjuán. Como afirmou o blog Trivela, a "mística é irresistível".

Fica, como sempre, a lição que vivo repetindo aqui no blog: os "azarões" jamais devem deixar de acreditar na vitória enquanto os "favoritos" jamais devem abaixar a guarda sob o risco de sofrerem uma reação do adversário.

Faremos, como é tradição aqui no blog, uma breve análise dos confrontos e daremos palpites. Cabe sempre mencionar que estamos fazendo uma "previsão" baseada no momento das equipes e no feeling do autor, e não dando "certezas" para os duelos. Ademais, o futebol envolve o fator humano e os times podem sofrer problemas como lesões, trocas de treinadores, brigas no elenco, crises, ...

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REAL MADRID (Espanha) X MANCHESTER CITY (Inglaterra): o tradicional Real Madrid confronta o emergente City. Ambos os times possuem ótimos elencos e atravessam momentos técnicos semelhantes, mas os Citizens parecem ter a equipe melhor entrosada enquanto os Merengues estão reaprendendo a jogar sem Casemiro, Marcelo, Varane e Ramos.

Jogo de ida: terça-feira, dia 9 de maio no Santiago Bernabéu (Espanha)

Jogo de volta: quarta-feira, dia 17 de maio no Etihad Stadium (Inglaterra)

Palpite: City

MILAN (Itália) X INTERNAZIONALE (Itália): o maior clássico da Itália ganha o palco da Champions League. Fica muito difícil arriscar um palpite visto que a rivalidade deve tornar o confronto imprevisível. A Internazionale tem um elenco um pouco melhor enquanto o Milan atravessa um momento um pouco mais tranquilo. 

Jogo de ida: quarta-feira, dia 10 de maio no San Siro (Itália -mando do Milan)

Jogo de volta: terça-feira, dia 16 de maio no Giuseppe Meazza (Itália -mando da Inter)

Palpite: Inter

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JUVENTUS (Itália) X SEVILLA (Espanha): será que a mística é realmente irresistível? A Juve tem mais elenco, sabe jogar melhor com o regulamento e ainda recebeu uma bela dose de ânimo ao recuperar os 15 pontos (liminarmente) que havia perdido na Serie A. Os Nervionenses, porém, possuem a tradição ao seu lado (são os recordistas de títulos na competição com seis taças) e, embora não atravessem um bom momento, vivem um caso de amor com a Europa League.

Jogo de ida: quinta-feira, dia 11 de maio no Allianz Stadium (Itália)

Jogo de volta: quinta-feira, dia 18 de maio no Ramón Sánchez Pizjuán (Espanha)

Palpite: Juventus

ROMA (Itália) X BAYER LEVERKUSEN (Alemanha): favoritismo para a Roma que atravessa um melhor momento, tem mais elenco e sabe jogar melhor com o regulamento.

Jogo de ida: quinta-feira, dia 11 de maio no Stadio Olimpico (Itália)

Jogo de volta: quinta-feira, dia 18 de maio na BayArena (Alemanha)

Palpite: Roma

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Lições para Ceni

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Terminou mal a segunda passagem de Rogerio Ceni pelo banco de reservas do São Paulo. O treinador teve a demissão decretada pela manhã de ontem e o clube já anunciou Dorival Júnior que estava sem time. A pressão sobre o ex-goleiro já era grande devido aos problemas internos e a manutenção do técnico tornou-se praticamente insustentável após protestos das principais torcidas organizadas contra o comandante.

O desempenho teve peso na saída de Ceni mas não foi exatamente o principal motivo para o seu desligamento. O ex-goleiro, mesmo sem conquistar nenhum troféu, apresentou bons resultados para a realidade do clube que, verdade seja dita, luta no máximo pelo meio da tabela. O treinador foi vice do Campeonato Paulista em 2022, vice da Sulamericana também em 2022 e por pouco não chegou à Libertadores (terminou em 9º no Brasileirão do ano passado).

O seu time, ademais, foi bastante prejudicado pelas lesões neste ano. O São Paulo teve mais de onze atletas entregues ao departamento médico durante o Campeonato Paulista, o que tornou a tarefa de Ceni ainda mais árdua.

Ceni, porém, esqueceu-se de que a sua relação com o elenco agora é diferente dos tempos em que era goleiro e capitão do time. Ele não mais pode cobrar os jogadores com tanta rispidez sob o risco de ser derrubado pelos próprios atletas. O próprio treinador, aliás, já foi acusado de fazer "motim" contra Ney Franco em 2013.

O paranaense, não obstante, teria interferido em demasia nos assuntos administrativos do clube. Alguns jornalistas afirmam que Ceni recebeu "plenos poderes" de seus dirigentes para que o ex-goleiro assumisse a culpa por eventuais erros da diretoria e, com isso, servisse de "escudo" para seus chefes. O treinador, porém, teria se excedido no cargo e, com isso, descontentado alguns cartolas.

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Ceni, por fim, conseguiu irritar o seu próprio torcedor e o elenco por realizar alterações no time sem necessidade. Em muitas partidas o treinador substituía atletas simplesmente porque queria "demonstrar que mexeu bem na equipe". O goleiro também vetava jogadores que atravessavam bons momentos sem justificativas plausíveis.

Rogério não deve ficar muito tempo desempregado apesar de ter deixado o São Paulo pela porta dos fundos. O treinador demonstrou potencial com a prancheta mas, visivelmente, ainda não está pronto para assumir o Tricolor Paulista (onde o seu passado ainda interfere demais em seu desempenho) ou times que brigam na parte de cima da tabela como o Flamengo. Talvez equipes emergentes e que ainda não lutam efetivamente por títulos fossem o ideal para o paranaense neste momento, como o Red Bull Bragantino ou o Athletico Paranaense.

Ceni, porém, terá de melhorar o trato com seus jogadores se quiser progredir em sua carreira como treinador. Seu perfil autoritário e seu ego minaram seus trabalhos desde que o técnico deixou o Fortaleza. O paranaense precisa baixar a bola e compreender que o seu relacionamento com o elenco é diferente dos tempos em que era goleiro.

Cabe por fim, mencionar que o problema no São Paulo não é treinador ou elenco, visto que jogadores e técnicos dos mais variados perfis já passaram pelo time sem muito sucesso. Os dirigentes, há anos, deixaram o profissionalismo de lado e passaram a administrar o clube com soberba e prepotência. Não obstante, seus cartolas demonstram uma enorme incompetência para isolar a equipe dos problemas políticos, o que explica o ambiente constantemente conturbado. As ações de Ceni, no fundo, foram reflexo das atitudes de seus chefes.

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc

LEIA MAIS:

GE- "Opinião: Rogério Ceni precisa ser mais treinador e menos diretor no São Paulo"

ESPN- "Independente, Ceni, Pato e o ciclo inesgotável da mediocridade no São Paulo"

Dérbi nas Semis

A Internazionale passou sufoco mas garantiu sua classificação no saldo
de gols (imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague).

A Internazionale, que já havia construído uma boa vantagem por 2x0 sobre o Benfica em pleno Estádio da Luz, estava ainda mais motivada pelo resultado visto que o arquirrival Milan (que se classificou ontem) a esperava nas semifinais. Era, portanto, questão de honra para os Nerazzurri passar de fase e encarar os Rossoneri, mas os valentes Encarnados quase estragaram o reencontro.

Simone Inzaghi, com a vantagem na mão, escalou a Inter em 3-5-2 com linhas altas visando prender a bola no campo de ataque e também dificultar as jogadas adversárias pelas pontas. Roger Schmidt, por sua vez, enviou seu Benfica em 4-4-2/4-2-3-1.

Os mandantes começaram pressionando o Benfica. Os dois atacantes e os quatro meio-campistas dificultavam a saída de bola encarnada, impedindo os lisboetas de saírem jogando. Simultaneamente, os Nerazzurri construíram suas jogadas pelos lados e utilizaram o grandão Džeko para abrir espaços na zaga.

A Inter não tardou a abrir o placar com um avanço de Lautaro e Barella pela direita, com um belo chute em diagonal do meia italiano. O Benfica, inicialmente, respondeu com bolas longas e cruzamentos, mas encontrou no ponta Aursnes uma alternativa para desarrumar a defesa milanesa e empatar o jogo em 1x1.

Internazionale, em 3-5-2, "tranca" os Encarnados com a primeira
linha e utiliza Džeko para abrir espaços para as infiltrações dos
companheiros. Benfica, encurralado em 4-4-2, acaba encontrando
na movimentação de Aursnes a solução para empatar a partida
(imagem obtida via this11.com).

Roger Schmidt, precisando buscar o resultado, troca o lateral Gilberto pelo atacante David Neres e coloca Aursnes para jogar no lado direito da defesa. A ousadia do treinador alemão faz com que o Benfica consiga encurralar a Internazionale. Os Encarnados, porém, perdem chances claras e se empolgaram demais no ataque. A defesa lisboeta fica exposta permitindo que Lautaro desempate para 2x1.

Inzaghi, na metade da 2ª etapa, troca Džeko, Lautaro e Barella por Lukaku, Correa e Çalhanoğlu. Com isso, a Inter ganha mais fôlego e Tucu amplia para 3x1 em um belo chute pela esquerda. O Benfica, porém, não se deu por vencido e, em dois lances de bola parada, consegue um novo empate com António Silva e Petar Musa.

David Neres, apoiado por Aursnes pela direita, consegue
encurralar a Internazionale mas os Nerazzurri respondem
aproveitando os espaços às costas da zaga com Lautaro e
depois Correa. Os lisboetas, porém, dão a tréplica em lances
de bola parada (imagem obtida via this11.com).

Internazionale consegue a vaga graças ao regulamento mas visivelmente relaxou e levou sufoco do Benfica na reta final. Fica a lição para que os Nerazzurri jamais abaixem a guarda enquanto a partida não tiver terminado. Como Musashi escreveu em O Livro dos Cinco Anéis, o adversário pode estar fisicamente derrotado mas seu espírito ainda pode estar combativo.

Benfica não consegue superar a Inter mas "cai de pé" após muita luta e aplicação em campo. Deram azar com alguns gols perdidos -provavelmente pela ansiedade em campo- e se despediram da Champions League de maneira honrosa.

Teremos, com os resultados das quartas-de-final, um Derby della Madonnina com os grandes rivais Internazionale e Milan se enfrentando nas semifinais. Quem assistiu aos tempos áureos do Calcio deve estar tendo lembranças agradáveis neste exato momento. Ainda não temos o renascimento efetivo do futebol italiano mas já se observa alguns sinais de recuperação na atual temporada.

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague

...E o Rayo Caiu Duas Vezes no Mesmo Lugar

Rodrygo (de branco) fez dois gols e classificou o Real Madrid para mais
uma semifinal (imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague). 

Um ditado popular afirma que um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar, algo que não possui fundamentação científica mas que segue no imaginário das pessoas. Na partida de hoje, Rodrygo Rayo, em dois contra-ataques, fez os dois gols que classificaram o Real Madrid para as semifinais da Champions League.

O Chelsea, comandado pelo interino Frank Lampard, foi a campo em 3-5-2 com três volantes com o objetivo de ter superioridade numérica no meio-de-campo, além de travar Modrić e Kroos. O Real Madrid foi escalado no tradicional 4-3-3 com Camavinga improvisado na lateral esquerda.

Os Blues atacaram principalmente pela direita com Reece James e Kanté. Kovačić atuava um pouco mais recuado permitindo que Enzo Fernández e o volante francês pudessem subir ao ataque. Os londrinos criaram mais chances inicialmente mas as desperdiçaram.

O Real, inicialmente, não conseguiu jogar. A superioridade azul no meio-de-campo travou os armadores blancos e os visitantes responderam pelos lados com Vini Jr. ou Rodrygo sem muito sucesso. Apenas ao final do primeiro tempo os madrilenhos tiveram um pouco mais de liberdade para subir e testar o goleiro Kepa.

Chelsea, em 3-5-2, trava o meio-de-campo e força as jogadas pela
direita com James e Kanté, mas peca nas finalizações. Real, em
4-3-3, passa boa parte da 1ª etapa encurralado e tenta responder
pelos lados (imagem obtida via this11.com).

O Chelsea retorna mais ofensivo para o segundo tempo e consegue imprensar o Real com linhas altas. Os Blues seguem na estratégia de forças as jogadas sobre Camavinga e utilizando o volante Kanté como elemento surpresa no ataque. Os londrinos, porém, continuam pecando nas finalizações ou param no goleiro Courtois.

O Real, com Rüdiger no lugar de Alaba, aceita a pressão adversária e segue tentando responder pelos lados. Em um desses lances, Militão aciona Rodrygo pela direita e o Rayo abre o placar. O Chelsea até consegue recompor a defesa mas não foi o suficiente para evitar o gol. 1x0 para os visitantes.

Lampard, sem saída, segue com a estratégia de linhas altas e coloca mais atacantes em campo (Mudryk, Sterling e João Félix) mas nenhum deles consegue superar Courtois. O Real, em compensação, consegue um novo contra-ataque, desta vez pela esquerda com Vini Jr. e Valverde, e Rodrygo só tem o trabalho de empurrar a bola para fechar a conta. 2x0 para os Merengues.

Ancelotti, já com a vaga na mão, oferece descanso aos veteranos ou aos jogadores mais cansados e o Real se resume a "cozinhar o galo" trocando passes. Chelsea, já mentalmente derrotado, até ensaia alguma pressão mas não tinha forças nem para tentar um gol de honra.

Chelsea vai para cima do Real mas deixa espaços às costas da
defesa que Rodrygo aproveita (imagem obtida via this11.com).

Real "administra" o resultado obtido no jogo de ida e consegue os gols aproveitando o desespero dos rivais pelo resultado. Mesmo com os desfalques no elenco, os Merengues "souberam sofrer" em campo e não desperdiçaram as oportunidades oferecidas.

Chelsea luta muito mas erra demais em campo. Faltou competência (e, talvez, calma) nas finalizações e também nas recomposições defensivas. Os Blues, que foram o clube que mais contratou na última janela de transferências, veem todo o seu investimento virar pó. Não obstante, os londrinos não têm mais chances de títulos na temporada e mesmo uma nova vaga para a Champions é muito difícil neste momento -estão a 17 pontos atrás do 4º lugar, Newcastle. Uma enorme reformulação deverá ocorrer em junho após tal desempenho.

Rodrygo demonstrou que um raio pode, sim, cair duas vezes no mesmo lugar. O Rayo, em dois lances semelhantes, decidiu a partida e selou a classificação do Real Madrid. O garoto, de apenas 22 anos, demonstrou muita maturidade em campo, oportunismo nos dois gols e pode ser o futuro do clube madrilenho durante os próximos anos.

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague

Aviso

Hoje não teremos postagem. Vou tirar um dia de folga e voltamos amanhã com textos novos.

Abraços.

Primeira Impressão

Até hoje eu lembro quando fui procurar estágio de iniciação científica no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) no começo de 2008. Era uma segunda ou terça-feira de janeiro à tarde quando fui ao laboratório conversar com o docente responsável. O meu futuro chefe, como sempre, estava bastante ocupado e eu precisava esperar a minha vez na "fila" para poder falar com ele.

Fui recebido por um pós-doutorando que hoje é professor na UNICAMP e com quem tenho amizade até hoje. O laboratório possuía uma espécie de escritório com diversos computadores e o rapaz disse que eu poderia me acomodar para utilizar um dos aparelhos enquanto esperava pela minha vez de falar com o docente. Só que eu fiquei "bem à vontade" demais!

Aproveitei para ver os meus e-mails e, como não havia sido chamado, resolvi ficar navegando por sites aleatórios para fazer hora. Foi quando entrei no Youtube e fiquei assistindo a alguns vídeos do jornalista Milton Neves tirando sarro do rebaixamento do Corinthians.

Foi quando um doutorando do laboratório, que era torcedor do Corinthians, chegou e viu o que eu estava assistindo. De princípio, ele achou graça e pensou que eu também fosse fã do Alvinegro. Mas ele ficou louco da vida quando percebeu que era um vídeo do Milton Neves realizando um "velório" para o Timão devido ao rebaixamento no Campeonato Brasileiro 2007!

Fiz a entrevista, fui apresentado a alguns poucos estudantes do laboratório e aos aparelhos do local. Cerca de dois meses depois, eu voltei ao ICB para começar o meu estágio propriamente dito. Eu, que sou péssimo para lembrar de rostos, não me recordava de quase ninguém que eu havia conhecido em janeiro. Mas aquele doutorando que me viu assistindo ao vídeo do "velório do Corinthians" me reconheceu imediatamente! E ele veio me questionar pelo ocorrido!

O doutorando, obviamente, só estava brincando. Aliás, naquela época não havia tanta intolerância em relação ao futebol quanto nos dias de hoje. Aprendi naquele dia, porém, como eu devo me portar em uma entrevista de emprego (ainda que não tenha sido uma "entrevista" propriamente dita) e também a não ficar "à vontade demais" no ambiente de trabalho. Como me ensinou um professor da Farmácia, "é importante aprendermos com os erros".

Assim foi meu primeiro contato com o ICB. Deixei uma primeira impressão não muito boa mas consegui o estágio e, de lá, fui para o mestrado. Se eu tivesse que passar por algum processo seletivo novamente, eu certamente teria outro tipo de postura nos dias de hoje!

Começa o Brasileirão 2023

Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras

Inicia-se hoje a edição 2023 do Campeonato Brasileiro. Como de praxe, serão vinte equipes participantes se enfrentando no formato de pontos corridos em turno e returno, totalizando 38 rodadas e 380 partidas. Os times lutam por objetivos distintos na competição: há os que desejam o troféu, os que anseiam por uma vaga na Libertadores ou Sulamericana e aqueles que brigarão para permanecer na elite do futebol nacional.

Eu vejo o Palmeiras (foto acima), o atual campeão, como o grande favorito novamente visto que o Verdão é o clube melhor estruturado e administrado do Brasil, além de contar com um ótimo treinador e um bom elenco. Não obstante, o Porco é forte candidato ao troféu também por demérito dos rivais, incluindo alguns que gozam de excelente saúde financeira mas que ainda são geridos de maneira amadora.

Atlético Mineiro e Flamengo têm o direito de sonhar com a taça por contarem com bons elencos e por estarem em situação financeira favorável, mas suas administrações têm deixado muito a desejar durante os últimos meses e nem mesmo as conquistas recentes parecem suficientes para animar seus torcedores.

O Grêmio poderia se encaixar entre os favoritos ao troféu por contar com um ótimo elenco, uma boa infraestrutura e também pelo fato do clube estar financeiramente saudável. Pesa contra o Imortal o retrospecto recente (em 2021 a instituição estava nas mesmas condições e o time acabou rebaixado a despeito disto) e a desconfiança pelo fato do Tricolor ter acabado de voltar da Série B.

Athletico Paranaense, Fortaleza e Red Bull Bragantino correm por fora. São clubes bem administrados mas que não estão na mesma situação financeira dos rivais acima. Seus elencos, ademais, têm menos opções e seus times não têm apresentado poder de decisão em grandes jogos. Uma vaga na Libertadores, portanto, é o objetivo mais palpável.

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc

Corinthians, Fluminense, Internacional e São Paulo (foto acima) seriam considerados "favoritos" há alguns anos atrás pela qualidade de seus elencos. Estes clubes, porém, ainda sofrem de alguns problemas internos que os impedem de lutar efetivamente pelo troféu. Apresentam espasmos em campo diante de grandes rivais mas não possuem regularidade para brigar no alto da tabela. Devem se contentar com vaga na Pré-Libertadores ou Sulamericana.

Bahia e Vasco são os dois "novos ricos" do futebol brasileiro após se transformarem em empresas e serem adquiridos por magnatas. A temporada para os dois clubes, porém, será muito mais de transição do que afirmação visto que as instituições ainda têm uma casa para arrumar, as equipes ainda estarão aprendendo a lidar com a nova realidade e ainda não se sabe como seus proprietários lidarão com a instabilidade inicial dos times. A Sulamericana é um objetivo mais palpável neste cenário.

Botafogo e Cruzeiro adoraram o modelo de clube-empresa há mais tempo que Bahia e Vasco. A "herança maldita" das administrações anteriores, porém, ainda impede os clubes de lutarem efetivamente pelo troféu ou por vaga na Libertadores. Alguns jornalistas até veem o Glorioso e a Raposa em risco de queda. Uma vaga na Sulamericana estaria de bom tamanho para ambos. 

América Mineiro, Coritiba, Cuiabá, Goiás e Santos (foto abaixo) correm o risco de serem rebaixados. São clubes que apresentam poucos recursos financeiros e elenco para competirem. Alguns deles, não obstante, se encontram em situação bastante complicada sob o ponto de vista administrativo. Devem fazer boas partidas inicialmente mas provavelmente ocuparão as últimas posições da tabela a longo prazo. 

Vale lembrar que esta análise foi realizada levando-se em conta o momento atual dos clubes. O esporte envolve o fator humano e isto pode interferir no desempenho das equipes: trocas de treinadores, brigas no elenco, lesões, competições paralelas, vendas/aquisições de jogadores, mudanças na administração, ... Não por acaso, os narradores dizem que "o futebol é uma caixinha de surpresas".

Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc

Choques Culturais

O português Pepa foi contratado em março pelo Cruzeiro
(imagem extraída de www.facebook.com/cruzeirooficial). 

O sucesso de Jorge Jesus no Flamengo e de Abel Ferreira no Palmeiras fez com que muitos outros clubes fossem atrás de treinadores estrangeiros, em especial os portugueses. De 2019 pra cá, diversos técnicos lusitanos passaram pelos times brasileiros: Jesualdo Ferreira (Santos), Ricardo Sá Pinto (Vasco), Luís Castro (Vasco), Paulo Sousa (Flamengo) e Vítor Pereira (Corinthians e depois Flamengo). O último a desembarcar em nosso país foi Pepa, contratado pelo Cruzeiro no dia 20 de março.

A CBF também tende a seguir na mesma direção e busca por um treinador europeu para assumir a Seleção em junho. O italiano Carlo Ancelotti é a prioridade mas os portugueses Jorge Jesus e Abel Ferreira têm defensores na confederação e os dois lusitanos poderiam ser um "plano B" para o selecionado nacional.

Os treinadores portugueses também se animaram em vir para o Brasil, sobretudo com o sucesso do compatriota Jorge Jesus por aqui visto que o Mister conseguira reerguer a sua carreira no Flamengo e fora chamado de volta ao Benfica em 2020 após conquistar tantos troféus pelo Rubro-Negro.

A grande maioria dos treinadores mencionados no primeiro parágrafo, contudo, não teve êxito em nosso país e nem de longe conseguiram repetir o sucesso de Jesus ou de Abel. Ficou bastante evidente que houve um grande choque cultural entre os técnicos lusitanos e o futebol brasileiro por vários motivos: o imediatismo pelos resultados, as cobranças dos torcedores (muitas vezes ameaçadoras e violentas), a falta de profissionalismo de alguns jogadores, entre outros. 

Luís Castro está há pouco mais de um ano no
Botafogo mas vem balançando no cargo (imagem
extraída de www.facebook.com/Botafogo).

As diferenças entre o futebol europeu e o brasileiro ficaram evidentes após a passagem de Vítor Pereira pelo Flamengo, demitido na última terça-feira. O treinador se mostrou pouco flexível com seu esquema tático (o português não abria mão da formação de três zagueiros e pouco utilizava o meio-de-campo para criar jogadas) e não hesitou em sacar atletas que outrora eram considerados titulares absolutos. Sua queda na Gávea foi mais do que esperada em tal cenário.

Já houve casos na Europa onde jogadores derrubaram técnicos mas no Velho Continente, de modo geral, os treinadores possuem muito mais autoridade e estabilidade em relação ao Brasil. Mais do que isso, os comandantes se relacionam apenas profissionalmente com os jogadores e raramente aceitam palpites dos atletas. Quem não se encaixa é mandado para o banco ou afastado. Mesmo Ancelotti, que possui um perfil paternalista, mantem tal distanciamento dos futebolistas.

O treinador europeu, portanto, não é "parça" nem "brother" dos jogadores. Os dirigentes precisam compreender que ao contratar um técnico estrangeiro, ele não apenas trará esquemas táticos revolucionários como também ele exigirá profissionalismo e disciplina dos subordinados. Porém, os futebolistas, cabe lembrar, são "ativos" dos clubes e os cartolas quase sempre preferem tomar partido dos atletas nos confrontos, o que causou algumas das demissões.

Os clubes são livres para buscarem treinadores em Portugal assim como os técnicos lusitanos são sempre bem-vindos para acrescentar novos valores ao nosso futebol. Cabe lembrar, porém, que ambos os países adotam metodologias de trabalho bastante diferentes no esporte e esses choques culturais explicam o fracasso de alguns dos comandantes portugueses por aqui.

Os flamenguistas aguardam ansiosos pelo retorno de Jorge Jesus acreditando que o treinador
repetirá o sucesso de 2019. Será (imagem extraída de www.facebook.com/Fenerbahce)?