terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Começo Doloroso

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Passaram-se cerca de duas semanas desde o início da temporada 2023 no futebol brasileiro e já tivemos alguns grandes jogos cujos resultados deixaram alguns questionamentos. O torcedor, obviamente, não gosta de ver o seu time perder nem mesmo em partidas amistosas, quanto mais aquelas onde há um título em jogo. Alguns de nossos comunicadores ajudam a piorar o cenário com pautas sensacionalistas e com argumentos puramente emocionais.

Resultados ruins deixam o clima tenso no clube e todo o grupo fica pressionado, principalmente o treinador. O futebol é um meio competitivo onde cada vitória ou título significa lucro e cada derrota ou eliminação é sinônimo de prejuízo.

Esquecem-se, porém, de que os jogadores acabaram de voltar de férias e a pré-temporada aqui no Brasil é praticamente inexistente, bem diferente da Europa onde a preparação dos times é extensa (aproximadamente um mês de treinos) e há tempo suficiente para que as equipes comecem a temporada já com ritmo de jogo.

Tudo isso é agravado quando há grandes mudanças no grupo incluindo a troca de treinador e/ou perdas de jogadores importantes no elenco. Isto não é uma regra mas geralmente leva algum tempo para que as alterações sejam totalmente assimiladas e as equipes tendem a tropeçar bastante sem uma preparação adequada.



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Deveríamos encarar o início de temporada como um período adaptativo, sobretudo com os inúteis estaduais que já perderam a sua relevância há muito tempo. Alguns jornalistas até consideram tais campeonatos como "pré-temporadas".

A rivalidade entre os times, porém, impede que isto aconteça. Basta uma derrota em um clássico ou a perda de um título em uma recopa para o clima esquentar no clube perdedor. E isto já custou o emprego de muitos treinadores por mais irrelevante que fosse o troféu ou competição em questão. Penso até hoje que Ariel Holan (no Santos) ou Miguel Ángel Ramírez (Inter) talvez pudessem reagir ao longo da temporada se tivessem mais tempo.

Os resultados no futebol são importantes para a sobrevivência dos times mas é fundamental tomar as decisões com racionalidade, e não ceder à pressão de conselheiros, imprensa ou torcedores na primeira derrota do ano. Estaduais e recopas valem títulos mas suas relevâncias são inferiores à de um Brasileirão, de uma Copa do Brasil ou de uma Libertadores/Sulamericana. 



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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Pressa ou Ostentação?

Imagem extraída de www.facebook.com/vascodagama



Quando o magnata Roman Abramovich comprou o Chelsea em 2003, o russo tratou de dar um verdadeiro banho de loja em sua equipe e contratou dezenas de estrelas. Conseguiu até seduzir jogadores oriundos de seus grandes rivais da Premier League como Ashley Cole do Arsenal em 2006 e Fernando Torres do Liverpool em 2011.

O objetivo de Abramovich era se afirmar o mais rápido possível dentre os grandes clubes da Europa, sobretudo diante da rejeição que os concorrentes passaram a nutrir pelos Blues após a chegada do russo ao Chelsea. Para isso, o magnata precisava de grandes contratações para demonstrar seu poderio financeiro e também para criar atalhos até os troféus.

O Vasco e o Bahia, recém adquiridos pela 777 Partners e pelo Grupo City respectivamente, anunciaram nada menos do que dez contratações até o momento. E seus proprietários prometem não parar por aí com metas cada vez mais ambiciosas para seus clubes.

O objetivo dos "novos ricos" é o mesmo de Abramovich quando adquiriu o Chelsea: demonstrar o poderio financeiro das entidades através de contratações e criar equipes estreladas para chegar aos títulos o quanto antes. Vasco e Bahia já possuíam tradição no futebol brasileiro muito antes de se tornarem clubes-empresas mas só isso não basta: seus novos proprietários precisam realizar algo grandioso para sua própria afirmação. 



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Contratações sempre são bem-vindas: o clube se mantém em evidência na mídia, o treinador ganha opções no elenco, os rivais ficam preocupados e os torcedores gostam. Muitos mandatários, inclusive, anunciam novos jogadores para desviar a atenção de problemas internos.

Não há, contudo, uma fórmula certa para se montar uma equipe vencedora. Bons jogadores e bons treinadores ajudam, mas não oferecem nenhuma garantia de troféus. Basta lembrar-nos do Real Madrid e seus elencos estrelados entre 2003 e 2006 que não conquistaram troféus durante o mencionado período. Ademais, Madri ficou pequena demais para comportar todos aqueles egos em um vestiário.

O próprio Abramovich levou quase dez anos para, enfim, conquistar a sua desejada Champions League em 2012. Sua obsessão pelo troféu fez com que dezenas de jogadores e treinadores fossem contratados e queimados até que o título viesse para o lado azul de Londres.

O Vasco, já com alguns de seus reforços à disposição, realizou um teste contra um River Plate em renovação e acabou sendo goleado por 3x0 pelos Millonarios. Mais uma demonstração de que ter bons jogadores e treinadores à disposição não é tudo: é necessário tempo para que o grupo possa se entrosar e transformar em uma verdadeira equipe.

Os clubes-empresas vieram para ficar e acabar de vez com o amadorismo da cartolagem que tanto atrasa o nosso futebol. Mas o modelo não é infalível e, tampouco, oferece garantia de sucesso como tudo o que envolve o fator humano. Abramovich, quando assumiu o Chelsea em 2003, cometeu diversos erros e torrou milhões de Euros até, finalmente, colocar as mãos na Champions League em 2012. Será que os "novos ricos" Vasco e Bahia precisarão trilhar o mesmo caminho para compreenderem?



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domingo, 29 de janeiro de 2023

Série Lugares Especiais: Zé Gordo




Este será nosso último post da série "Lugares Especiais" com alguns estabelecimentos que, de alguma forma, foram marcantes para o blogueiro. Gostaria de agradecer a você, querida leitora e querido leitor, pela ótima audiência dos textos e, posteriormente, irei relembrar novas histórias divertidas a respeito de outros bares e restaurantes.

O bar de hoje não teve nenhuma história relacionada a algum esporte ou à atlética de minha faculdade mas eu fiz questão de abrir uma exceção para recordar este local que foi bastante marcante para o autor e também para seus ex-colegas de classe que costumavam se reunir aqui com alguma frequência.

O Zé Gordo é um bar localizado no bairro do Itaim Bibi que é um polo gastronômico de São Paulo. O estabelecimento é especializado em frutos do mar mas eu jamais provei de alguma lula ou camarão durante as três vezes que fui ao estabelecimento.

A maioria de meus colegas, em meados de 2009, trabalhava em uma empresa de pesquisa clínica localizada no próprio bairro do Itaim Bibi o que justificava a escolha do local para happy hours. Eu havia perdido um pouco o contato com meus amigos porque continuei na universidade enquanto eles foram para a indústria mas nos falávamos por um grupo de e-mails -não havia Whatsapp ou Telegram na época- e sempre me falavam tanto a respeito do tal Zé Gordo que fiquei com vontade de ir.






Consegui ir pela primeira vez em 2010. Foi uma noite inesquecível mas por motivos não muito agradáveis para o autor que passou mal após o encontro! Lembro que, após o happy hour, meus colegas resolveram dar algumas voltas pela cidade e acabei presenciando alguma situações, digamos, inusitadas. Uma de minhas melhores amigas também estava presente na ocasião e ela estava se preparando para ir embora para a Austrália. E ela me convidou para ir em sua despedida.

Votaria lá em 2014 quando outro amigo nos convidou para o anúncio "formal" seu casamento. Poucas pessoas estavam presentes mas pude reencontrar amigos que não via há anos e passamos horas conversando. Lembro também que eu havia chamado um táxi para ir embora e paguei um mico quando a garçonete me avisou que o transporte havia chegado!

Minha última visita ao Zé Gordo foi em 2019 quando um amigo que mora no exterior veio nos visitar. Fazia muito tempo que não frequentava um bar e eu estava até desacostumado sobre como agir dentro do estabelecimento. Me senti um peixe fora d'água na ocasião.

Não fui mais ao Zé Gordo após 2019. Há muito tempo, aliás, não vou ao bairro do Itaim Bibi visto que os meus amigos não trabalham mais por lá -alguns deixaram a empresa enquanto outros migraram para o home office. Os perfis nas redes sociais, contudo, seguem ativos o que indica que o bar resistiu à pandemia.

O Zé Gordo acabou sendo um bar muito marcante tanto para mim quanto para meus ex-colegas de classe. Talvez, um pouco mais para eles visto que estive lá em apenas três ocasiões enquanto para meus amigos era "rotina" realizar happy hours por lá!







sábado, 28 de janeiro de 2023

Amistoso?

Imagem extraída de twitter.com/Palmeiras



A Supercopa do Brasil, como escreveu um jornalista do portal Globoesporte, deveria ser um jogo festivo para celebrar o início de uma nova temporada no futebol. A rivalidade entre os milionários Palmeiras e Flamengo, contudo, transformou em guerra o que deveria ser uma partida amistosa. Ambos os clubes passaram a semana inteira trocando provocações e preparando seus elencos para a decisão.

Abel Ferreira, apesar da fama de "retranqueiro", escalou seu time em 4-2-3-1 e colocou seus jogadores para atacar, principalmente pela direita com Piquerez e Rony. Gabriel Menino e Zé Rafael se revezavam na função de primeiro volante com a missão de deter os avanços de Gerson e De Arrascaeta.

Vitor Pereira foi de 4-1-4-1 com Everton Ribeiro e Gabigol invertendo suas posições para confundir a marcação rival. Com o meio-de-campo travado pelos volantes palmeirenses, o treinador colocou sua equipe para jogar nos contra-golpes e tentar bolas longas para De Arrascaeta ou Pedro.

O Flamengo, inicialmente encurralado, conseguiu uma escapada com De Arrascaeta que foi derrubado na área por Zé Rafael. O árbitro assinalou pênalti que deu início à primeira confusão do jogo com os palmeirenses contestando o lance. Gabigol marcou e provocou a torcida rival, tirando sua camisa e levando o primeiro amarelo da partida. 1x0 Rubro-Negro.

O Palmeiras, porém, não desanimou e passou a atacar também pela esquerda com Dudu, além de usar Endrick para atrair a marcação rival. Veiga e Gabriel Menino aproveitaram os espaços por aquele lado e viraram o jogo para o Verão em 2x1 ainda no primeiro tempo.

Houve um segundo princípio de confusão ainda no primeiro tempo com Abel Ferreira e De Arrascaeta se estranhando após o treinador atrapalhar a reposição de bola. O juiz apenas deu amarelo para o técnico palmeirense.



Palmeiras, em 4-2-3-1, ataca pelas pontas e usa Endrick para abrir
os espaços para as infiltrações. Os dois volantes seguram Gerson e
De Arrascaeta além de subirem para arriscar chutes de fora da área.
Flamengo, travado no 4-1-4-1, só tem bolas longas como opção de
contra-ataque e usa as inversões de Gabigol e Everton Ribairo
para confundir a marcação (imagem obtida via this11.com). 



Palmeiras mantém a estratégia de travar o meio-de-campo além de adiantar as linhas para decidir o jogo o quanto antes, mas deixa espaços atrás que Gabigol aproveita para empatar novamente. Flamengo 2x2.

O Verdão, porém, consegue um pênalti minutos depois após uma trapalhada de Everton Ribeiro que colocou a mão na bola dentro da área de Santos. Veiga cobra com perfeição e desempata. Palmeiras 3x2.

O Rubro-Negro, em mais um espaço às costas da zaga palmeirense, empata novamente. Flamengo 3x3. Na sequência, um novo princípio de briga envolvendo o goleiro Weverton e o atacante Gabigol, mas a arbitragem controlou na base da conversa.

A estratégia ousada de Abel, porém, deu frutos e o Verdão conseguiria o gol da vitória com Gabriel Menino após as linhas altas do Palmeiras sobrecarregarem a defesa flamenguista. Verdão 4x3.

Vitor Pereira, precisando do resultado, encheu o time de meias e de atacantes para buscar ao menos o empate mas a marcação palmeirense conseguiu abafar. Abel, por sua vez, deu trocou seus jogadores mais ofensivos e volantes por atletas mais descansados para ajudar na recomposição e segurar o resultado.

Mais princípios de tumultos vieram dos bancos de reservas. Abel Ferreira e um auxiliar foram expulsos de campo enquanto alguns reservas do Flamengo foram amarelados. O juiz chegou a dar dez minutos de acréscimo para compensar todas as interrupções.



Pedro e Gabigol conseguiram o empate graças à zaga palmeirense
que deu espaços, mas a defesa do Flamengo acabou sucumbindo à
marcação alta do Palmeiras(imagem obtida via this11.com).



Palmeiras vence graças à estratégia ousada de Abel que buscou jogo o tempo todo. O treinador, porém, perdeu a cabeça e foi merecidamente expulso. O português precisa se controlar visto que o comportamento de um líder acaba refletindo em seus subalternos. Os jogadores palmeirenses tiveram méritos em não caírem na pilha de seu técnico e dos adversários.

Flamengo perde por usar mal seus recursos. O Rubro-Negro tinha um elenco melhor que o do "remendado" Palmeiras e, mesmo assim, não soube aproveitar a vantagem. Vitor Pereira também foi mal nas alterações que pareciam muito mais um ato de desespero do que uma estratégia pensada.

O Palmeiras venceu a "guerra" contra o Flamengo mas os dois clubes deveriam compreender melhor o que é uma supercopa. Por mais que houvesse uma taça e um título em jogo, ainda era uma partida festiva, não uma decisão. Nada justificava as provocações durante a semana ou as confusões em campo.



Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras




sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Dessincronizado

O Liverpool superou a concorrência e assinou com Cody Gakpo, destaque
da Copa 2022 (imagem extraída de www.facebook.com/LiverpoolFC).



Contratações na janela de inverno no futebol europeu são apenas pontuais para cobrir ausências (lesões, desfalques ou saídas de jogadores) ou visando resultados a curto prazo. Isso explica porque raramente temos grandes transferências em janeiro na Europa visto que os clubes buscam apostas seguras para tapar eventuais buracos no elenco.

Tivemos, porém, a Copa do Mundo que foi realizada excepcionalmente durante a temporada europeia -geralmente o Mundial é disputado ao término de uma sessão no Velho Continente, entre junho e julho. A competição afetou os outros campeonatos da Europa em todos os sentidos, incluindo as contratações.

O Mundial projeta e também valoriza muitos jogadores. E os clubes sempre se assanham em contratar algum destaques da competição, seja para solucionar alguma carência no elenco ou meramente para fazer marketing -e, acredite, isso faz diferença em campo visto que os adversários sempre ficam preocupados quando precisam enfrentar algum atleta de renome.

As transferências de meio de temporada, contudo, envolvem muitos riscos: o jogador pega o bonde andando, há pouco tempo para se entrosar com os novos colegas ou se adaptar a um novo esquema tático devido a ausência de pré-temporada e dificilmente há o encaixe imediato no grupo. Não à toa, a maioria das piores contratações publicadas no blog do jornalista Leonardo Bertozzi eram realizadas durante o inverno europeu.



O Chelsea contratou João Félix por empréstimo junto ao Atlético
de Madrid (imagem extraída de www.facebook.com/ChelseaFC).



O risco de uma contratação pós-Copa durante o inverno é justamente esse: paga-se muito caro por um jogador valorizado e que dificilmente trará resultados imediatos devido ao curto período para adaptação. Os clubes não realizariam grandes transferências durante este período em um cenário normal mas o Mundial fez com que os times excepcionalmente se movimentassem bastante no mercado.

O futebol, porém, envolve o fator humano e existe a possibilidade de uma contratação de meio de temporada vingar. O Liverpool, por exemplo, trouxe o zagueiro Virgil van Dijk no início de 2018 e o holandês acabou sendo um tiro certeiro dos Reds, tanto a curto quanto a longo prazo. Mas que o torcedor não se empolgue: o defensor foi uma honrosa exceção em meio a tantos flops de inverno.

Resta saber se Cody Gakpo, João Félix, Wout Weghorst e outros ingressantes se darão bem em seus novos clubes. A Copa do Mundo serviu para impulsionar a transferência e os valores destes jogadores, mas que o torcedor tenha consciência: a estatística e o retrospecto jogarão contra estes atletas.



O Manchester trouxe Wout Weghorst para cobrir a saída de Cristiano
Ronaldo (imagem extraída de www.facebook.com/manchesterunited).




quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Portas Fechadas

Imagem extraída de www.facebook.com/copinha



Parabéns, antes de mais nada, à comissão técnica e aos garotos do time sub-20 do Palmeiras pelo bicampeonato da Copa São Paulo de Futebol Júnior. É o segundo título consecutivo do Verdão que, até pouco tempo atrás, era motivo de deboche por não possuir nenhuma conquista na competição.

A garotada fez a sua parte e honrou o nome do clube com mais um troféu. Mais do que isso, o feito foi televisionado e foi amplamente divulgado pela imprensa especializada. Os jovens, com isso, estão valorizados e conseguiram atrair a atenção do público. O sonho com uma vaga no time profissional ou de se transferir para alguma equipe europeia é real.

Os jovens, contudo, terão as portas fechadas nos times principais no que depender de muitos treinadores. Abel Ferreira e Rogério Ceni, por exemplo, declararam mais de uma vez durante entrevistas que têm preferência por contratações em detrimento aos garotos formados no próprio clube.

A postura dos técnicos se justifica: o futebol exige resultados a curto prazo, garotos muitas vezes sentem dificuldades no time profissional e leva algum tempo para que os jovens aprendam a lidar com as responsabilidades nas equipes principais. Por isso, os treinadores preferem trazer o talento pronto porque o tempo de adaptação costuma ser menor.



Imagem extraída de www.facebook.com/copinha



A impaciência dos clubes com os garotos, contudo, fez com que muitos talentos fossem desperdiçados. Casemiro, por exemplo, foi dado praticamente de graça pelo São Paulo ao Real Madrid e hoje o meio-campista é um dos melhores volantes do mundo. Ou Marquinhos, que era pouco aproveitado por Tite no Corinthians, foi praticamente despachado à Roma e hoje é titular absoluto no PSG. Isso sem mencionar os diversos garotos que o Palmeiras revelou durante os últimos anos (Fernandão, Papagaio, Angulo, ...) que foram escanteados ou negociados durante as gestões anteriores.

Os clubes, portanto, deveriam dar mais atenção às suas joias antes de pensar em contratações, afinal forma-se jogadores justamente para utilizá-los. Ademais, isto evita que casos como os mencionados no parágrafo anterior se repitam. 

Os argumentos deste texto já foram usados em outras postagens mas reforço o apelo aos clubes para que valorizem suas categorias de base e aproveitem mais os garotos formados nos próprios clubes. Os jovens deram o sangue na Copinha pensando em subir para os times principais e viverem daquilo que mais gostam que é jogar futebol.



Imagem extraída de www.facebook.com/copinha




quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Super Rivalidade na Supercopa

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Um jornalista do portal Globoesporte certa vez escreveu que uma supercopa (ou "recopa") é um jogo que marca o início de uma temporada. Seria quase uma partida festiva onde os dois concorrentes, ainda em clima de pré-temporada, celebrariam o início de um novo ano ou sessão no futebol. Há o troféu e o título em jogo, obviamente, mas os times raramente entram em campo com o mesmo espírito de uma decisão.

A rivalidade entre os clubes milionários, contudo, está transformando a competição em uma verdadeira guerra entre os times. E alguns veículos da imprensa têm colocado mais lenha na fogueira com provocações e comparações entre as duas instituições. A Supercopa do Brasil deveria ser um jogo "amistoso" mas que não terá nada de amistoso visto que o clima bélico instaurado entre Palmeiras e Flamengo promete transformar a partida em uma verdadeira batalha.

Palmeiras e Flamengo tornaram-se rivais ferrenhos desde 2019 quando o Rubro-Negro, já financeiramente equilibrado, passou a desafiar o Alviverde (patrocinado pela Crefisa) pelos principais títulos do continente. E a disputa tornou-se ainda mais acirrada durante os últimos anos com muitas provocações entre as duas instituições.



Imagem extraída de www.facebook.com/SupercopadoBR



Os dois times, obviamente, devem lutar pela Supercopa do Brasil como em qualquer outro campeonato. Os jogadores precisam se dedicar e buscar a vitória em respeito ao torcedor que paga o ingresso. Mas os dois clubes, acima de tudo, deveriam compreender o que é a competição.

A Supercopa do Brasil é praticamente um campeonato festivo, não deveria ser levado a ferro e fogo como uma Libertadores ou uma Copa do Brasil. O vencedor deveria comemorar com prudência visto que ainda estamos em começo de temporada e as equipes ainda não estão em sua plenitude. O perdedor, pelo mesmo motivo, não deveria entrar em crise e nem cogitar demitir seu treinador.

Os dois times, contudo, irão externar em campo todo o clima bélico criado entre as instituições. A rivalidade entre Palmeiras e Flamengo tornou-se tão grande a ponto de transformar uma partida festiva em uma guerra. A pressão pelo resultado é tamanha que ambos os treinadores pouparam seus jogadores durante esta semana pensando justamente na Supercopa do Brasil

A rivalidade do futebol brasileiro conseguiu a façanha de transformar uma partida festiva em guerra.



Imagem extraída de www.facebook.com/SupercopadoBR




terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Estou com Leila

Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras



Três jogos, uma vitória e dois empates, sendo o último diante do rival São Paulo em pleno Allianz Parque. Foi o suficiente para gerar protestos contra a presidenta Leila Pereira pela ausência de contratações na temporada. A mandatária, mesmo com o Palmeiras registrando superávit em 2022, deixou evidente que controlaria os gastos e daria prioridade aos garotos formados no próprio clube.

O treinador Abel Ferreira vem implorando por reforços após os dois tropeços do Verdão. O português chegou a desabafar durante entrevista pós-jogo que "quer jogadores prontos e não para formar". O técnico ganhou o apoio de torcedores que picharam a sede do Palmeiras exigindo contratações.

O Palmeiras, desde o início da parceria com a Crefisa, não é mais aquele clube endividado e que brigava contra o rebaixamento ano após ano. O Verdão hoje possui um grande poder aquisitivo e passou a lutar pelos principais títulos da América do Sul. A transformação, porém, também fez com que seu torcedor se tornasse mais exigente e os fãs desejam que o Porco permaneça no lugar mais alto do pódio.

A pressão por reforços é ainda maior com os rivais milionários Flamengo e Atlético Mineiro indo às compras. Não obstante, os clubes-empresas (Bahia, Botafogo, Cruzeiro e Vasco) também estão se fortalecendo e a disputa pelos troféus deve se tornar mais acirrada a médio prazo. Ademais, se o Palmeiras não conseguiu se impor em casa diante do São Paulo, que possui elenco e poder aquisitivo muito menores que o do Verdão, o torcedor ficará ainda mais preocupado quando o Porco encarar um Rubro-Negro na Supercopa do Brasil.



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É compreensível a frustração do torcedor com este início de campeonato abaixo do esperado, bem como a preocupação para quando o Verdão encarar oponentes de peso. Seria ótimo ver o Palmeiras justificando todo o poder aquisitivo em campo, jogando o fino da bola e imprensando os adversários. No entanto, mesmo elencos considerados "perfeitos" não são infalíveis e estão susceptíveis a falhas. Ademais, o Porco apresentou pouquíssimas mudanças na equipe durante os últimos anos e é normal que esteja se tornando previsível aos rivais.

Leila, ademais, está coberta de razão ao dar prioridade para a base. Os clubes não investem na formação de jogadores apenas para fazer dinheiro. As instituições desejam aproveitar tais atletas no time principal. Ademais, o Verdão está revelando muitos jogadores de talento -e mais alguns devem ser efetivados com o sucesso do time sub-20 que está na final da Copinha. O Palmeiras desperdiçou muitos garotos promissores durante as gestões anteriores e não poderia continuar cometendo tal erro.

A postura de Abel é justificável. O português já compreendeu o imediatismo que impera no futebol brasileiro e deseja atletas "prontos" em nome de resultados a curto prazo. Mas o treinador, que já foi jogador profissional, deveria compreender a importância de se oferecer oportunidades aos garotos da base. 

Os torcedores e Abel Ferreira, portanto, têm suas razões para exigirem reforços para o Palmeiras, mas continuo defendendo a postura de Leila como fiz em post anterior. Por que o Verdão precisa contratar se há tantos jogadores talentosos formados na base do próprio clube pedindo passagem? Talvez valha a pena ignorar o imediatismo para colher frutos lá na frente. Gabriel Jesus e Endrick são dois argumentos fortíssimos que dão sustentação às decisões da mandatária.



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segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Gratidão

Imagem extraída de www.facebook.com/FortalezaEC



O Fortaleza de Juan Pablo Vojvoda havia sido a grande surpresa de 2021 com seu futebol envolvente e com diversos atletas versáteis, capazes de desempenhar mais de uma função em campo. O Leão do Pici, que havia ficado sem rumo após a segunda saída de Rogério Ceni, acabou se reencontrando com o treinador argentino e fazendo uma campanha surpreendente no Brasileirão daquele ano.

O desempenho do Leão fez com que expectativas muito altas fossem criadas para o ano seguinte, o que acabou não se concretizando. O Fortaleza acabou caindo nas oitavas-de-final da Libertadores diante do Estudiantes e foi eliminado para o Fluminense nas quartas-de-final da Copa do Brasil. Não obstante, os cearenses faziam uma campanha muito ruim no Brasileirão, passando diversas rodadas próximo à zona do rebaixamento.

Vojvoda passou a ser pesadamente contestado e sua demissão passou a ser ventilada por veículos de imprensa -especulava-se até que o argentino seria o sucessor de Paulo Sousa no Flamengo. Os dirigentes do Fortaleza, porém, acreditaram no treinador e bancaram o técnico para a sequência da temporada. O Leão do Pici reagiu e terminou o Brasileirão em oitavo, o suficiente para disputar a Pré-Libertadores de 2023.



Imagem extraída de www.facebook.com/FortalezaEC



O fim da temporada 2022 foi marcado por mais especulações a respeito da saída de Vojvoda -o Vasco, recém adquirido pela 777 Partners, tentou tirar o treinador do Fortaleza- mas desta vez foi o argentino quem deu um voto de confiança a seus patrões e permaneceu no Leão do Pici por pelo menos mais um ano.

A falta de experiência dos jogadores e também de tradição do Fortaleza havia cobrado o seu preço em 2022 mas Vojvoda retribuiu o voto de confiança dado por seus dirigentes durante o ano passado e continuou acreditando no projeto do Leão. Isso apesar do argentino ter a possibilidade de se transferir para clubes com melhor infraestrutura e também capazes de pagar melhores salários.

Não é possível afirmar que o Fortaleza terá êxito em seu ambicioso projeto, o que é dificultado pelos rivais com maior poder aquisitivo. Mas a relação construída entre Vojvoda e o Leão é algo admirável e demonstra que não só de dinheiro vive o futebol moderno.



Imagem extraída de www.facebook.com/FortalezaEC




domingo, 22 de janeiro de 2023

Série Lugares Especiais: Santa Fé Cervejaria

Vista do bairro Perdizes onde fica o Santa Fé



Olá, leitoras e leitores! Estamos de volta após uma semana de descanso. Não estava mais conseguindo criar novos textos e resolvi tirar alguns dias de folga para arejar a cabeça.

Hoje recordo o Santa Fé Cervejaria, atual Santa Fé o Cupim. Esse estabelecimento acabou se tornando especial para mim porque foi aqui a primeira vez que eu assisti a uma partida de futebol em um bar, conforme eu relatei em um post anterior.

Eu e meus colegas da faculdade mantínhamos um grupo de e-mail -não havia Whatsapp na época e internet móvel era um luxo em 2010. Meus amigos foram para a indústria enquanto eu segui carreira acadêmica mas sempre mantínhamos contato através daquele grupo.

Eu estava vendo meus e-mails quando meus colegas que trabalhavam no bairro das Perdizes me convidaram para ir a um bar assistir à estreia do Brasil na Copa do Mundo 2010. O lugar era o Santa Fé, localizado próximo ao prédio onde trabalhavam.

O restaurante, localizado em uma esquina da Avenida Pompéia, possui uma área interna razoável além de uma agradável varanda onde ficamos. Era inverno e, por isso, não estava muito quente naquele dia o que foi ótimo. Acredito que o estabelecimento seja bem menos aprazível em dias muito ensolarados.






Uma das especialidades do Santa Fé é o cupim assado na telha mas não me animei em experimentar e optei pelos petiscos mesmo. Lembro que pedi uma lula à dorê e meu colega ficou um tanto assustado com a minha escolha.

Foi uma das melhores tardes da minha vida. Assistir a um jogo no bar é muito diferente de ver em casa, ainda mais quando se está junto com os amigos. A partida até acabou ficando em segundo plano para mim de tanto que me diverti naquele restaurante.

Eu não bebi quase nada durante aquele dia mas eu não me recordo como cheguei em casa. Passamos na casa de um amigo para jogar um Street Fighter 4 e ficamos por lá até meia-noite. Depois disso não sei o que aconteceu e sequer me lembro quem me trouxe de carona.

Não fui mais ao Santa Fé depois daquele dia mas passei na frente do estabelecimento em 2019 e ele continuava firme e forte. Soube através das redes sociais que o restaurante também resistiu à pandemia e mudou de nome, provavelmente para exaltar o cupim assado na telha que é sua especialidade.

Eu ainda frequento o bairro das Perdizes, que é um dos meus preferidos daqui de São Paulo. Quem sabe um dia desses não passe no Santa Fé para recordar daquela tarde tão agradável. E, claro, provar o famoso cupim de telha que eu recusei em 2010.







segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Aviso




O blog Farma Footbal não será atualizado durante esta semana.

Voltaremos no próximo domingo (22/01/2023) com mais um post da série "Lugares Especiais".

Um abraço e até lá!

Equipe Farma Football




domingo, 15 de janeiro de 2023

Série Lugares Especiais: Dueto




O Dueto é um bar e restaurante localizado na Vila Indiana, bairro situado atrás da Cidade Universitária. É um lugar relativamente caro mas costumávamos reunir o pessoal do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) por lá com certa frequência. Há um atalho -um portão para pedestres- próximo ao prédio onde eu trabalhava que dá acesso à rua do estabelecimento, o que justificava a escolha dos colegas.

Lembro de ter ido ao bar umas três ou quatro vezes para comemorar aniversários ou despedidas de colegas do ICB. Tive momentos bastante divertidos no estabelecimento, com direito a muitas risadas e histórias que não podem ser publicadas aqui no blog! O Dueto, contudo, me marcou sob o ponto de vista desportivo por um outro motivo -e eu não estava no restaurante quando isto aconteceu!

O proprietário do Dueto é holandês -ou era na época, visto que já se passaram mais de dez anos que não vou até o restaurante e não faço ideia se o bar ainda funciona sob a mesma gestão. Os panfletos do estabelecimento, inclusive, sempre exaltavam as origens do dono, com muitas alusões aos Países Baixos.

Houve a fatídica partida do Brasil contra a Holanda em 2010, que eu assisti com alguns colegas do ICB no apartamento de uma amiga. Todo o bairro ficou em luto com a eliminação do Escrete Canarinho... Exceto o proprietário do Dueto, obviamente! Um amigo disse ter ouvido fogos vindos do restaurante quando Wesley Sneijder anotou os dois gols que sacramentaram a queda brasileira, algo que não consegui constatar na época!



Todo o bairro da Vila Indiana ficou triste com os gols de Sneijder, exceto o
proprietário do Dueto (imagem extraída de www.facebook.com/WesleySneijder)!



Lembro que alguns colegas ficaram bastante irritados com a história e, de cabeça quente, juraram que não mais iriam ao Dueto! Obviamente, voltaram atrás visto que continuamos a frequentar o restaurante depois de 2010.

Não me recordo de quando foi a última vez que eu estive no Dueto -acho que foi entre o fim de 2010 e o começo de 2011 para a despedida de um amigo que estava indo para o Canadá. Hoje eu confesso que gostaria de ter aproveitado mais o estabelecimento durante a época da minha pós-graduação no ICB e agendado mais alguns happy hours por lá. 

Não faço ideia de como está o restaurante nos dias de hoje mas, pelo que vi nas redes sociais, o estabelecimento resistiu à pandemia e continua funcionando. Não vi, contudo, mais fotos dos conhecidos frequentando o bar, algo que era frequente até meados de 2016.

Não tive exatamente lembranças afetivas do Dueto apesar dos momento agradáveis com o pessoal do ICB mas foi um lugar que marcou meus tempos de pós-graduação. E também gerou esta divertida (OK, nem tanto!) memória relacionada ao futebol!







sábado, 14 de janeiro de 2023

Será que Neymar Aguenta mais um Ciclo?

Imagem extraída de www.facebook.com/neymarjr



O treinador da Seleção Brasileira ainda não foi anunciado mas o próximo técnico já terá um grande desafio pela frente que é o de renovar o elenco. Alisson, Danilo, Thiago Silva, Alex Sandro, Casemiro e Neymar já são todos trintões e estarão com 34 anos ou mais durante o próximo Mundial. 

A idade, obviamente, não é um impeditivo para se jogar bem. Messi, Giroud e Modrić estavam com mais de trinta anos em 2022 e, mesmo assim, foram muito bem na última Copa do Mundo. Alguns dos atletas mencionados no parágrafo anterior, portanto, talvez ainda possam atuar em bom nível técnico e estar na América do Norte em 2026.

O futebol atual, contudo, está muito exigente sob o ponto de vista físico e apenas o talento já não é mais suficiente para decidir partidas. Como disse um jornalista cujo nome esqueci, os jogadores de futebol precisam ser verdadeiros atletas nos dias atuais.

A grande preocupação será Neymar, o principal jogador do Brasil. O atacante, justiça seja feita, fez uma grande Copa do Mundo: cometeu poucos erros, ajudou os companheiros em campo, não foi fominha, não se envolveu em polêmicas e não simulou ou valorizou nenhuma falta. O jogador do PSG, contudo, possui um histórico apreciável de lesões e a tendência é de que comece a sentir o peso da idade neste ciclo.



Neymar possuía o apoio irrestrito de Tite na Seleção, mas terá de
convencer o próximo treinador de que ainda consegue jogar em bom nível
mesmo após os 30 anos (imagem extraída de www.facebook.com/neymarjr).



Nem todos os craques continuaram rendendo na Seleção Brasileira após os 30 anos. Ronaldo, por exemplo, estava com a mesma idade de Neymar em 2006 quando jogou sua última Copa do Mundo e não foi mais chamado. O contexto era diferente durante aquela época -o então técnico Dunga desejava uma equipe de menos mídia e mais raça em campo- mas as condições físicas e técnicas do Fenômeno também foram levadas em conta. Miranda e Thiago Silva, por outro lado, foram bem em seus últimos Mundiais disputados apesar de estarem com bem mais de 30 anos.

Neymar dificilmente aceitaria perder espaço na Seleção Brasileira e teria o apoio dos dirigentes visto que seu poder midiático significa mais lucros com os jogos. Ademais, com o advento do futebol coletivo, os times precisam cada vez mais de algum atleta fora de série capaz de decidir os jogos mais amarrados ou atrair a marcação adversária. Vini Jr. e Richarlison ainda não são esse jogador.

A continuidade de Neymar na Seleção, porém, requer uma avaliação rigorosa. Nunca lhe faltou habilidade com a bola mas isto pode não ser mais suficiente quando os problemas físicos se tornam frequentes. Nem mesmo atletas diferenciados como Cristiano Ronaldo e Gareth Bale não conseguiram compensar o declínio com talento durante a última Copa.

Neymar é um craque e nunca deixará de ser. Mas é preciso compreender que seu desempenho tende a cair neste ciclo e as lesões tendem a ser mais frequentes. Ele tem bola pra continuar na Seleção mas seu corpo terá de corresponder à demanda.



Neymar é conhecido pelos dribles e arrancadas sensacionais.
Será que ele conseguirá manter o nível técnico e físico após
os 30 anos (imagem extraída de www.facebook.com/neymarjr)?




O que Esperar do Paulistão 2023

Os grupos do Campeonato Paulista 2023 (imagem
extraída de www.facebook.com/futebolpaulista).



Não tivemos texto ontem em virtude de um compromisso do autor mas hoje à tarde soltarei uma outra postagem para compensar.

Inicia-se hoje o Campeonato Paulista 2023, cuja final está agendada para domingo dia 5 de março. Participarão 16 times divididos em quatro grupos cujas cabeças-de-chave são Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos.

O nível técnico do Paulistão deve ser um pouco melhor este ano visto que a grande maioria dos participantes está na Série A ou na Série B do Brasileirão. Reflexo da economia do Estado. Mesmo assim, não esperem por partidas de nível técnico excepcional, sobretudo se compararmos à Copa do Mundo que foi disputada recentemente.

Podemos esperar o roteiro de sempre: o time que vencer provavelmente vai se acomodar e desperdiçar resultados no início das outras competições, enquanto as equipes derrotadas entrarão em crise por se sentirem humilhadas pelos rivais e algumas até demitirão seus treinadores.



Imagem extraída de www.facebook.com/futebolpaulista



O Palmeiras, atual campeão, é o favorito a ficar com o troféu por ter o melhor elenco e também por atravessar uma situação político-financeira mais estável em relação aos rivais. O Verdão, porém, não contratou ninguém até o fechamento deste texto e tentará aproveitar mais os seus garotos. Com isso, o Porco deve atravessar uma certa instabilidade no decorrer da temporada até que a equipe se acerte novamente.

O Corinthians possui o segundo melhor elenco e deve brigar pelo troféu com o arquirrival Palmeiras. Pesa contra o Timão, porém, a preocupante situação financeira. O Coringão fez o possível para evitar um desmanche no elenco -chegou a negociar garotos da base para manter suas estrelas- mas precisa fazer uma boa temporada para que o sacrifício tenha valido à pena. A mudança de treinador (saiu Vítor Pereira e entrou Fernando Lázaro) também pode interferir nos resultados iniciais.

O Red Bull Bragantino é a terceira força. O elenco da Massa Bruta, no papel, é mais fraco que o do São Paulo mas o time do Leste Paulista possui situação político-financeira mais estável. A equipe do interior inicia 2023 de treinador novo (saiu Barbieri e entrou Pedro Caixinha) e o elenco chega bastante reformulado com atletas mais experientes para dar "casca" ao grupo após a temporada abaixo da expectativa em 2022.

O São Paulo reformulou o elenco e foi às compras com vários reforços, além de dispensar atletas que já não vinham rendendo. O Tricolor, porém, segue muito endividado e a situação política não é exatamente tranquila. Deve brigar, no máximo, por uma vaga nas semifinais.

O Santos chega em situação mais preocupante, com poucas contratações e elenco bastante deficiente. A situação financeira obrigou o Peixe a cortar gastos. A esperança está no banco com o ótimo (e injustiçado) treinador Odair Hellmann e no gerente Paulo Roberto Falcão. A expectativa é de que a dupla consiga extrair resultados do limitado grupo, algo que os dois já conseguiram em outros clubes.

Ituano e Mirassol, que fizeram boas campanhas em 2022, podem surpreender mas estes clubes raramente conseguem manter seus elencos e devem, no máximo, sonhar com uma vaga nas quartas-de-final.

Boa sorte aos times participantes e que vença o melhor (ou o menos ruim).



O Palmeiras é o atual campeão paulista. Será que o Verdão conseguirá
manter o nível apesar dos poucos reforços e do elenco predominantemente
jovem (imagem extraída de www.facebook.com/futebolpaulista)?




quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

"O Momento Chegou"

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



"O momento chegou" -Anuncia a postagem no Instagram.

O zagueiro João Miranda de Souza Filho, mais conhecido como Miranda, anunciou ontem a sua aposentadoria do futebol. Foram dezoito anos de carreira por seis clubes ao redor do mundo (Coritiba, Sochaux, São Paulo, Atlético de Madrid, Internazionale e Jiangsu Suning), com destaque ao Tricolor e ao Rojiblanco, onde o defensor foi ídolo e conquistou títulos.

Miranda, que estava em tratamento no departamento médico, havia anunciado a sua saída do São Paulo ao término de 2022 sob o argumento de que gostaria de ter mais minutos em campo. O agora ex-defensor pretendia seguir no futebol mas optou por pendurar as chuteiras, provavelmente devido às lesões e à idade -está com 38 anos.  

Miranda sempre foi exaltado pela boa técnica, pela segurança na defesa e pelas poucas faltas. Não à toa acabou se tornando ídolo e também um dos pilares no São Paulo e no Atlético de Madrid. O defensor, porém, sempre teve um perfil extremamente discreto -fala-se que ele é tímido- o que atrapalhou um pouco em seu marketing pessoal.

Talvez seu marketing discreto o tenha prejudicado nas convocações para a Seleção Brasileira, visto que os treinadores optavam por atletas mais midiáticos como Lúcio, Juan, Thiago Silva ou David Luiz. Miranda participou de alguns jogos durante a primeira "Era Dunga" -ele esteve no grupo que venceu a Copa das Confederações em 2009- mas, injustamente, não foi à Copa no ano seguinte. O mesmo aconteceu durante o ciclo do Mundial 2014 e o zagueiro acabou preterido apesar do excelente momento no Atlético de Madrid.



Reprodução www.instagram.com/atleticodemadrid



Miranda só teria seu merecido reconhecimento pelo selecionado nacional durante o ciclo para a Copa 2018, quando foi capitão do Brasil durante a "Segunda Era Dunga" e mantido no elenco quando Tite assumiu a Seleção em 2016. Mesmo aos 34 anos, o zagueiro fez um bom Mundial na Rússia ao lado do também já veterano Thiago Silva.

Uma pena que Miranda tenha encerrado sua carreira sem uma Libertadores (foi vice pelo São Paulo em 2006) ou uma Champions League (bateu na trave em 2014 pelo Atleti) mas o defensor fica marcado nos dois times pelos troféus conquistados e também por ajudar a tirar os clubes da fila de títulos.

Miranda ainda não anunciou o que fará após pendurar as chuteiras. Chegou-se a especular que ele teria algum cargo no São Paulo após a sua aposentadoria mas, aparentemente, não a nada em curso nesse sentido.

Miranda, sem dúvida, deixará saudades no futebol, principalmente nos clubes que defendeu. Foram raros os zagueiros que se destacaram pela técnica, sobretudo com o advento do futebol de força dos dias atuais. Mas "o momento chegou".



Imagem extraída de www.facebook.com/Miranda23Oficial




quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Vizinhos Ibéricos

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2024



O treinador Roberto Martínez ficou pouco tempo desempregado ao deixar a Bélgica após o fracasso dos Diables Rouges no Catar. O espanhol foi anunciado oficialmente no dia 9 deste mês pela Federação Portuguesa de Futebol como o substituto de Fernando Santos -alguns meios de comunicação já haviam antecipado o acerto ainda em 2022. O ex-volante assinou com as Quinas até 2030.

Martínez terá a missão renovar o grupo -sim, afinal Pepe, José Fonte, Cristiano Ronaldo, Moutinho e os demais já estão beirando os 40 anos- e também aproveitar a ótima safra de jovens que os portugueses têm à disposição -Rafael Leão, João Félix, Gonçalo Ramos, ...

Fernando Santos, que vinha sendo muito criticado por subaproveitar os jovens que tinha à disposição, havia feito uma boa Copa do Mundo após reconhecer que Ronaldo já não conseguia mais fazer a diferença como antes e sacar o seu capitão da equipe. A goleada que as Quinas impuseram sobre a valente Suíça foi a prova cabal disto. 

Martínez possui ampla experiência no futebol inglês, tanto como jogador, quanto como treinador. O espanhol é adepto do jogo mais físico e intenso, provavelmente devido aos seus muitos anos na Terra da Rainha. O ex-volante, quando dirigiu a Bélgica, teve méritos ao substituir o toque de bola modorrento de Marc Wilmots por mais dinamismo em campo, o que lhe rendeu um ótimo 3º lugar na Copa 2018. O técnico, porém, pecou em 2022 por se apegar demais àquele grupo e não reconhecer que muitos daqueles atletas já estavam em decadência.



Imagem extraída de www.facebook.com/PORTUGAL



Martínez quase sempre utilizou formações de três zagueiros (3-4-3 ou 3-5-2) durante seus seis anos à frente da Bélgica. A Seleção Portuguesa, por sua vez, quase sempre adotou esquemas com três atacantes (4-3-3 ou 4-2-3-1), algo que é quase tradição no país. Talvez seja necessário um período de adaptação para que equipe e treinador entrem em um consenso a respeito da escalação. 

O treinador ainda terá de lidar com Cristiano Ronaldo, cuja imagem saiu bastante chamuscada após as desavenças com seus próprios colegas durante o último Mundial. O atacante, em princípio, havia anunciado a sua aposentadoria das Quinas mas voltou atrás e se colocou à disposição para continuar representando o seu país. O camisa 7 não teria clima nem físico para continuar, mas sua influência ainda é muito grande no esporte mundial.

As exigências, ademais, serão maiores do que na Bélgica visto que as Quinas já conquistaram dois títulos recentemente (a Euro em 2016 e a Nations League em 2019) enquanto os Diables Rouges jamais ergueram algum troféu. Os torcedores e dirigentes, portanto, desejam que Martínez leve as Quinas a novas conquistas durante os próximos anos.

Martínez, por fim, terá de lidar com a desconfiança do próprio torcedor. Espanha e Portugal possuem uma grande rivalidade enraizada desde os tempos das Grandes Navegações quando disputaram territórios aqui na América Latina em busca de ouro. É um sentimento similar àquele existente entre Brasil e Argentina mas com origens mais profundas e que transcendem as quatro linhas.

A responsabilidade de Martínez, portanto, será muito maior do que na Bélgica. A confiança dos dirigentes, contudo, é grande visto que o espanhol assinou até 2030. Há um excelente material humano à disposição do treinador mas no futebol, como tudo o que envolve o fator humano, nunca há certezas.



Um novo bronze pode não ser suficiente para
Martínez se estabelecer em Portugal (imagem
extraída de www.facebook.com/BelgianRedDevils)...




terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Bale e as Exigências do Futebol Moderno

Imagem extraída de www.facebook.com/Bale



Aposentou-se ontem o meia-atacante Gareth Bale aos 33 anos de idade. O jogador, que tinha contrato com o Los Angeles até 2024, optou por pendurar as chuteiras possivelmente motivado pelos problemas físicos e pelas exibições ruins durante a última Copa do Mundo.

Bale começou no Southampton da Inglaterra mas foi no Tottenham onde o winger ganhou fama ao lado de Luka Modrić. Coincidentemente, os dois acabaram se transferindo para o Real Madrid (o croata em 2012 e o galês em 2013) onde repetiriam a parceria. Durante a ocasião, o camisa 11 chamou a atenção como a contratação mais cara da história -os Merengues desembolsaram cerca de 100 milhões de Euros para tirar o atleta dos Spurs.

O galês faturou diversos títulos pelo Real, incluindo cinco Champions Leagues (2014, 2016, 2017, 2018 e 2022). Sua trajetória na Espanha, contudo, foi bastante prejudicada por lesões e também por desavenças com o treinador Zinedine Zidane. Após tantos problemas em Madri, o jogador acabou deixando o clube em 2022 quando acertou com o Los Angeles.

Bale também fez história em sua seleção ao classificar o País de Gales pela primeira vez à uma Eurocopa, a de 2016, e também ao carregar os Dreigiau até uma improvável semifinal (caíram diante de Portugal do seu então colega Cristiano Ronaldo). Conseguiria levar seu país novamente a uma Euro em 2020 e também a uma Copa do Mundo em 2022.



Imagem extraída de www.facebook.com/Bale



Bale foi um jogador que sempre se notabilizou pelos dribles e, principalmente, pelas arrancadas -até hoje não esqueço quando o galês deixou Marc Bartra na saudade com uma meia-lua na final da Copa del Rey 2014. Tais características, porém, cobraram um alto preço do atleta que sofreu muitas lesões ao longo da carreira, sobretudo com o advento do jogo mais intenso, difundido por equipes inglesas e alemãs.

O galês, teoricamente, ainda teria lenha para queimar. Aos 33 anos, ainda poderia aguentar a Euro 2024 e, com boa vontade, jogar mais uma Copa visto que Messi (aos 35 anos), Modrić (37) e Thiago Silva (38) fizeram boas exibições no Catar a despeito da idade.

As exigências do futebol atual, contudo, obrigaram muitos atletas relativamente jovens a pendurarem as chuteiras. Os alemães André Schurrle (aos 29 anos) e Sami Khedira (aos 34) deixaram o esporte relativamente cedo por não terem mais físico para competir em tal cenário.

O próprio Bale sentiu o quanto a intensidade do futebol atual era demais para ele durante o último Mundial. Longe da forma física ideal, o galês foi presa fácil para a marcação rival e deixou apenas um gol (de pênalti) na competição. Em nada lembrou o atleta das arrancadas espetaculares da década passada.

Perde o futebol com a aposentadoria de Bale, principalmente a Seleção Galesa que não terá mais seu maior jogador e principal referência em campo. O camisa 11 conseguiu carregar nas costas uma equipe que se destacou muito mais pelo suor do que pelo talento nos gramados.

Ainda não se sabe o que o galês fará após sua aposentadoria -ele publicou duas cartas de despedida em suas redes sociais- mas o meia-atacante pode pendurar as chuteiras com o senso de dever cumprido e também feliz por ter entrado na história do futebol graças a seus feitos. Enquanto o agora ex-jogador não toma uma decisão sobre seu futuro, bom descanso, Bale! Desfrute bastante de suas conquistas que você merece!



Imagem extraída de www.facebook.com/Bale