quinta-feira, 16 de junho de 2022

Obrigado, Charles

Charles era um grande fã de automobilismo e também são-paulino
fanático (reprodução www.instagram.com/charlesmarzanasco).



Eu nunca gostei de ler ou escrever. Via os livros da escola com extrema má vontade e odiava as aulas de redação. Muitos articulistas, porém, ajudaram o autor que vos escreve a apreciar o hábito da leitura e também da escrita.

Comecei a ler a revista Quatro Rodas em meados de 2016 e vejo o periódico até hoje. Em meados de 2020 eu me deparei com uma nova coluna na publicação assinada por Charles Marzanasco Filho. O jornalista compartilhava suas memórias no texto onde relatava suas experiências como repórter e também como assessor de imprensa. Gostei tanto do conteúdo que quis passei a acompanhar o articulista também nas redes socias.

Charles foi repórter da própria Quatro Rodas durante os anos 70. O jornalista deixou a Editora Abril para trabalhar como assessor de imprensa do piloto Ayrton Senna (falecido em 1994) e, posteriormente, na Audi que era representada aqui no Brasil pelo próprio Senna e alguns sócios. Recentemente, jornalista voltou a escrever na revista que o consagrou onde mantinha uma coluna de duas páginas.

Charles era um grande fã de esportes, em especial o automobilismo. Foram anos de carreira dedicados à categoria. O jornalista também se declarava são-paulino fanático e sempre buscava maneiras de  ficar próximo ao seu time de coração, como vocês podem ver na foto acima.



Charles (à direita) foi assessor de imprensa do piloto Ayrton
Senna (reprodução www.instagram.com/charlesmarzanasco)



Charles foi um dos muitos jornalistas que tive o prazer de acompanhar através de seus textos. Mais do que isso, o comunicador me ajudou a cultivar o prazer pela leitura e pela escrita. Sua coluna reacendeu em mim a paixão de escrever em 2020, período em que o medo da pandemia nos consumia fisicamente e psicologicamente.

Foi com imensa tristeza que recebi a notícia de sua despedida na tarde de hoje através das redes sociais. Acompanhei toda a sua luta pela vida através de seu Instagram e seus familiares sempre nos mantinham atualizado a respeito de seu estado de saúde.

Jamais pude trocar experiências com Charles mas fico feliz em, ao menos, ter deixado algumas mensagens de apoio em seu Instagram durante sua longa batalha pela vida.

Não terei, infelizmente, mais o prazer em folhear a Quatro Rodas e encontrar textos inéditos de Charles mas jamais esquecerei aquelas histórias incríveis que ele compartilhou no periódico. As pessoas vão mas seu legado fica para sempre.

Obrigado por tudo, Charles. Seu texto foi um alento para o autor durante um período muito difícil. Você me ajudou a redescobrir a paixão pela literatura e pela escrita durante aquele ano tão melancólico.



Um dos textos escritos por Charles na revista Quatro Rodas
(reprodução www.instagram.com/charlesmarzanasco)



Leia mais:

Quatro Rodas- "Morre Charles Marzanasco, ex-assessor de Senna e colunista de Quatro Rodas ": quatrorodas.abril.com.br/noticias/morre-charles-marzanasco-ex-assessor-de-senna-e-colunista-de-quatro-rodas




quarta-feira, 1 de junho de 2022

Arte X Eficiência: o Eterno Debate

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



Olá, leitoras e leitores! Após vários meses sem escrever, senti vontade de compor algum texto e resolvi expor minhas opiniões sobre futebol novamente!

Assisti à final da Champions League 2021-22 durante o último sábado. Terminada a partida, fui ler a repercussão do jogo nas redes sociais e pouquíssimas pessoas pareciam concordar com o resultado do embate, incluindo jornalistas esportivos.

Não foi necessário ser analista de desempenho para resumir o jogo. É fato que o Liverpool encurralou o Real Madrid, teve muito mais posse de bola, buscou mais o ataque, teve as chances mais claras de gol e, mesmo assim, saiu como perdedor do Saint-Denis. Os Merengues, por sua vez, sofreram com os Red e se limitaram a utilizar o atacante Vini Jr. como desafogo mas o brasileiro aproveitou a única oportunidade que teve para dar aos espanhóis sua 14ª taça na competição.

Já fui um defensor ferrenho do futebol-arte -influência do articulista e ex-jogador Paulo César Caju- e provavelmente eu também criticaria o Real Madrid do defensivista Carlo Ancelotti há alguns anos atrás. Hoje, porém, vejo o esporte com mais frieza e menos passionalidade. Li alguns livros que mudaram a minha visão a respeito dos jogos e passei a enxergar os fatos de outras maneir.

O futebol não necessariamente premia quem tem mais posse de bola ou quem cria mais oportunidades de gols. Astúcia, leitura de jogo ou simplesmente sorte também fazem parte do esporte. Carlo Ancelotti sabia que os rivais do Liverpool dispunham de jogadores muito melhores fisicamente e de um repertório muito maior de jogadas. Preparou, então, seu Real Madrid para "sofrer" e atuar nos contra-ataques pelas pontas com Valverde pela direita e, principalmente, Vini Jr. pela esquerda. Os Merengues ainda contaram com ótimas intervenções do goleiro Courtois, eleito merecidamente o melhor atleta da partida.



Os dois times em 4-3-3. Liverpool encurrala Real e impede os
espanhóis de jogar com a defesa ou o meio-de-campo. Merengues
aceitam a pressão rival e contra-atacam principalmente com
Vini Jr. pela esquerda, além de utilizar Benzema para abrir espaços
para os companheiros (imagem obtida via this11.com).



Os detalhes fazem toda a diferença no esporte de alto desempenho. Um único momento de distração de Alexander-Arnold -que estava prestando atenção em uma bola levantada enquanto Vini Jr. estava totalmente livre às suas costas- foi suficiente para sacramentar o resultado da partida.

O estilo de jogo adotado pelo Real pode não ter sido o mais belo e nem o mais empolgante, mas Ancelotti foi certeiro ao lançar mão de uma maneira apropriada para utilizar seus envelhecidos atletas contra um rival com mais intensidade e força física. O treinador italiano sabia que enfrentar o Liverpool no mano a mano poderia ter consequências desastrosas e, então, optou por "sofrer" em campo.

As críticas que fiz ao elenco do Real Madrid durante temporadas anteriores, contudo, continuam valendo. A equipe que faturou quatro títulos continentais durante a década passada já está mais do que manjado pelos rivais e necessita de uma renovação. Ademais, ficou evidente que muitos dos seus jogadores já estão sentindo o peso da idade e não conseguem mais fazer a diferença no exigente futebol atual, em especial Kroos e Modrić que foram facilmente engolidos pela marcação rival.

O Liverpool, por outro lado, demonstrou que o técnico Jürgen Klopp e a atual geração ainda têm lenha para queimar. A equipe, que mostrava sinais de esgotamento, voltou a conquistar títulos durante a atual temporada e foi competitiva em todos os campeonatos que disputou. Pecou, porém, em pequenos detalhes que acabaram pesando durante os jogos decisivos da Premier League e da Champions League.

A final, por fim, demonstrou que não jogar um futebol bonito e ofensivo não é o mais importante em campo. O correto é adotar um estilo de jogo compatível com os atletas disponíveis no elenco e também que possa ser inserido no contexto da partida. Como explicado, o Real provavelmente seria derrotado para o Liverpool dada a superioridade física dos Reds, mas prevaleceu a experiência de Carlo Ancelotti que soube fazer a leitura correta da situação.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague