Começou a Debandada

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São Paulo e Flamengo pouparam jogadores durante o último final de semana visando a decisão na Copa do Brasil. Ambos os times, porém, obtiveram bons resultados ao arrancarem empates contra rivais difíceis e na casa de seus adversários a despeito da maioria dos titulares não estarem em campo.

Priorizar os mata-matas é algo cultural no futebol brasileiro, como lembrou o jornalista André Rocha. Não é de hoje que nossos times optam por sacrificar o Campeonato Brasileiro em prol das copas. O prêmio oferecido pela competição eliminatória (R$ 70 milhões na Copa do Brasil contra R$ 60 milhões no Brasileirão) e o número de jogos disputados (12 x 38) são mais motivos para isto.

Os clubes, porém, se esquecem que competições eliminatórias possuem margem de erro menor e um pequeno momento de desconcentração pode acarretar na desclassificação do time, enquanto nos pontos corridos ainda há como correr atrás do prejuízo. Ademais, uma campanha ruim na Copa do Brasil culmina na eliminação enquanto uma jornada pífia no Brasileirão resulta no rebaixamento.

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O Brasileirão, cabe lembrar, oferece de seis a nove vagas (dependendo dos times que vencerem as competições paralelas) para a Libertadores do ano seguinte enquanto a Copa do Brasil garante apenas ao vencedor a participação no torneio continental. O mata-mata, portanto, não é necessariamente o caminho mais curto para o campeonato internacional.

São Paulo e Flamengo tiveram suas razões para priorizar a Copa do Brasil no meio desta semana mas não há garantia de que irão avançar de fase e, tampouco, de que irão conquistar o título na competição. O sacrifício de ambos, portanto, pode ser em vão. Ademais, as equipes podem estar deixando para trás pontos preciosos e que podem fazer falta mais adiante no Brasileirão.

Faz parte de nossa cultura futebolística priorizar as copas em detrimento aos pontos corridos mas o risco de tal atitude é muito maior do que aparenta. O Atlético Goianiense foi a maior prova disto, como eu mencionei em um post anterior. 

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Truco com Bromobutano

Hoje vocês deveriam estar lendo um texto a respeito de uma festa junina que eu iria ontem mas tive de recusar o convite de última hora por motivos de saúde -não a minha, felizmente. Precisei, então, improvisar com alguma outra história até que eu me lembrei de um dia que salvei o experimento do meu grupo de bancada!

Estávamos na aula de química orgânica experimental e seríamos apresentados ao método de "extração". Uma breve explicação do procedimento: consiste na obtenção de compostos valendo-se de sua solubilidade em água ou solvente orgânico (éter, clorofórmio, hexano, ...) utilizando uma ferramenta (ou vidraria) chamada "funil de bromo". Nós precisávamos sintetizar um produto chamado "bromobutano" na disciplina.

A obtenção do tal bromobutano demandava muitas etapas e havia longos intervalos entre elas. Então, nós aproveitávamos para sair do laboratório e jogar truco do lado de fora do instituto até dar a hora do procedimento seguinte.

Eu não era um bom aluno mas eu era extremamente metódico e sempre me atentava aos detalhes dos procedimentos. Eu, inclusive, sabia que precisávamos abrir o tal "funil de bromo" de tempos em tempos para aliviar a pressão interna da vidraria. Orientei meu colega a fazê-lo e levamos um baita susto quando os gases da ferramenta saíram com bastante força fazendo um barulho alto!

Um outro colega, mais tarde, veio chamar nossa atenção durante um dos intervalos, quando estávamos jogando truco do lado de fora do instituto. Havia uma etapa em que tínhamos de coletar a parte aquosa do "funil de bromo" -em todos os outros passos nós precisávamos da porção orgânica. Para a nossa sorte, eu também me atentei a isso e o nosso experimento estava a salvo.

Conseguimos, no fim das contas, obter o desejado "bromobutano". Foi um dia bastante divertido com muitas partidas de truco (sendo que eu perdi 80% delas) e com sucesso no experimento. Sorte na aula e azar no jogo, mas não se pode ganhar todas na vida, não é mesmo?

Liquidação

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Boa parte do time representado na foto acima já não existe mais. A grande maioria dos jogadores que venceu a Champions League em 2021 já deixou o Chelsea em busca de novos ares. O elenco inchado somado à campanha fraca dos Blues no Campeonato Inglês (os londrinos não conseguiram sequer uma vaga para a Conference League) obrigou o clube a enxugar o grupo. Isso sem mencionar que alguns dos atletas apresentaram problemas físicos ou técnicos durante os últimos meses.

Foi realmente uma pena ver um elenco vitorioso ser defeito em um período tão curto -foram apenas dois anos desde aquela conquista continental. O clube, porém, passou por uma série de problemas desde aquela época e que tiveram reflexos em campo.

A mudança na gestão somada à precipitação dos novos donos (o clube contratou jogadores demais e trocou duas vezes de treinador durante a temporada 2022-23) impediram que o time engrenasse e os Blues fizeram uma campanha apenas modesta na Premier League. Sem a vaga na Champions League, o aporte financeiro para 2023-24 será menor e não faria sentido segurar tantos atletas para poucas competições.

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O clube, então, se desfez da grande maioria de seus veteranos (como Kanté e Edou Mendy) além de liberar atletas que perderam espaço para seus rivais -Mason Mount foi para o Manchester enquanto Kai Havertz acertou com o Arsenal. E mais jogadores como Ziyech e Pulisic também podem sair nos próximos dias.

O elenco, apesar de enxuto se comparado às temporadas anteriores, ainda possui muitas opções e há muitos jovens bastante promissores como Enzo, Andrey e David Fofana. O treinador Mauricio Pochettino terá uma "folha em branco" para renovar o grupo e lutar novamente por vagas em competições europeias. O ex-zagueiro, aliás, foi uma escolha feliz visto que ele já possui experiência no futebol inglês e suas equipes são muito determinadas em campo.

É uma pena ver uma geração campeã ser desfeita em tão pouco tempo mas o futebol é um meio competitivo e quem não se atualiza é passado para trás. Isso sem mencionar que os novos proprietários conduziram mal o projeto em seu primeiro ano de clube. Vamos ver se eles acertam nesta nova empreitada.

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Libertadores ou Mais Dores?

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Foi realizado na última quarta-feira o sorteio que definiu os jogos válidos pelas oitavas-de-final da Copa Libertadores da América. E, como destacou o jornalista Douglas Ceconello do blog Meia Encarnada, o evento gerou confrontos indigestos para os líderes dos grupos. Boas campanhas na primeira fase acabaram "premiadas" com adversários duros.

O grande destaque das oitavas será o confronto brasileiro entre Palmeiras e Atlético Mineiro. Pois é, o Porco, dono da melhor campanha geral com 15 pontos, irá enfrentar o Galo, que se classificou aos trancos e barrancos mas que é sempre perigoso em mata-matas. Outros jogos difíceis incluem Internacional X River Plate, Olimpia X Flamengo e Fluminense X Argentinos Juniors.

Equipes que desejam ser campeãs, porém, não podem se dar ao luxo de escolher seus rivais e precisam estar preparadas para qualquer cenário. O Sevilla, durante a última Europa League, teve de superar adversários duríssimos (Manchester United nas quartas e Juventus nas semifinais) antes da dramática final contra a Roma.

Faremos, como é costume aqui no blog, uma breve análise dos confrontos e daremos palpites para os jogos. Lembrando que estamos falando em "probabilidades" e "possibilidades", e não de "certezas". Fatores como lesões, expulsões, erros de arbitragem, mudança no comando técnico e outros fatores externos podem interferir no desempenho dos times.

Os confrontos das oitavas-de-final da Libertadores -os times à direita decidem
os jogos em casa (imagem extraída de www.facebook.com/CopaLibertadores).

ATLÉTICO NACIONAL (Colômbia) X RACING (Argentina)- o Atlético possui mais títulos na Libertadores e tem a altitude a seu favor, mas o Racing conta com um elenco melhor e tem o mando de campo no jogo de volta.

Palpite- Racing

BOLÍVAR (Bolívia) X ATHLETICO PARANAENSE (Brasil)- páreo duro. O Bolívar está "reforçado" pelos recursos do Grupo City e tem a altitude de La Paz a seu favor. O Athletico, por sua vez, possui um melhor elenco e tem o mando da volta.

Palpite- Athletico Paranaense

FLAMENGO (Brasil) X OLIMPIA (Paraguai)- o Flamengo possui mais elenco e tem mais títulos na competição, mas o Olimpia é um time "chato" e tem o mando da volta a seu favor.

Palpite- Flamengo

ATLÉTICO MINEIRO (Brasil) X PALMEIRAS (Brasil)- este será o "prato principal" destas oitavas-de-final. O Galo é um time instável mas é uma equipe "copeira" e ainda tem Felipão (que sabe jogar com o regulamento) a seu favor. Por sua vez, o Palmeiras tem mais elenco, atravessa um melhor momento, manda o jogo de volta e tem mais títulos na competição.

Palpite- Palmeiras

DEPORTIVO PEREIRA (Colômbia) X INDEPENDIENTE DEL VALLE (Equador)- o surpreendente Deportivo Pereira não deve ser páreo para o Del Valle, que possui um bom time, tem a altitude de Quito a seu favor e manda o jogo de volta.

Palpite- Independiente del Valle

ARGENTINOS JUNIORS (Argentina) X FLUMINENSE (Brasil)- o Fluminense tem mais elenco e manda o jogo da volta mas vive um momento conturbado. O Argentinos Juniors, por sua vez, é outro time "chato" e pode dar trabalho.  

Palpite- Argentinos Juniors

RIVER PLATE (Argentina) X INTERNACIONAL (Brasil)- o River Plate perdeu muito de suas forças durante os últimos anos mas ainda possui a tradição a seu favor e conta com um elenco melhor que o do Internacional. A favor do Colorado estão o mando de campo na volta e o treinador "copeiro" Mano Menezes.

Palpite- River Plate

NACIONAL (Uruguai) X BOCA JUNIORS (Argentina)- para quem gosta de jogo "pegado", este vai ser um prato cheio. O Boca, apesar de enfraquecido, ainda tem mais elenco que o Nacional e manda a partida de volta.

Palpite- Boca Juniors

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Tampão Polêmico

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A CBF surpreendeu e anunciou Fernando Diniz como treinador interino da Seleção Brasileira na última terça-feira. O contrato do mineiro vai até dezembro deste ano mas pode ser prorrogado até a metade de 2024. A duração do vínculo irá depender da disponibilidade de Carlo Ancelotti (que está "apalavrado") para assumir o Escrete Canarinho.

A escolha por Diniz foi motivo para diversas polêmicas. O mineiro, que ainda tem vínculo com o Fluminense, não precisará deixar as Laranjeiras e poderá comandar a Seleção Brasileira em paralelo com o Tricolor, o que foi considerado por muitos comunicadores como um possível conflito de interesses. O treinador, ademais, não possui o "perfil vitorioso" desejado pela CBF (seu único título relevante é o Carioca deste ano) e seu momento em Xerém não é dos melhores. O técnico, por fim, ainda é lembrado negativamente por sua passagem pelo São Paulo, quando ficou marcado por proferir insultos aos próprios jogadores.

Diniz, a seu favor, possui o seu estilo encantador de jogo que combina posse de bola, toques curtos, jogadores versáteis, leveza e ofensividade. Tudo inspirado nos times de Pep Guardiola e Johan Cruyff que rezavam pela mesma cartilha. Os fãs do futebol arte, enfim, poderiam se deleitar com um treinador que difere de Tite, Dunga, Felipão ou Mano Menezes; todos técnicos considerados defensivistas.

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Diniz, por ser um "tampão", não terá muitas responsabilidades para arcar e gozará de uma certa liberdade para montar a Seleção a seu gosto. Mesmo assim, o treinador terá pela frente seis jogos válidos pelas Eliminatórias para a Copa 2026 tendo a obrigação de somar pontos para conseguir uma das seis vagas para o Mundial. E há pelo menos três adversários duros já em 2023: Uruguai, Colômbia e Argentina. Caso Ancelotti não assuma em janeiro de 2024, o mineiro ainda fará um amistoso contra a Espanha em março do próximo ano.

A passagem de Diniz pela Seleção Brasileira poderá ser o salto definitivo para a sua carreira marcada por muitos altos e baixos. O treinador terá um elenco compatível com sua filosofia e poderá, enfim, montar um time considerado "ideal". Ou a sua sua trajetória como técnico será enterrada de vez visto que o mineiro já chega pressionado pelo momento instável do Brasil e, como escreveu o jornalista Paulo Cobos, o comandante "é como um ímã que atrai gente sedenta para dizer que ele é uma farsa".

Descobriremos se Diniz foi um acerto ou um erro da CBF em setembro quando a Seleção terá seus próximos compromissos contra a Bolívia (em casa) e contra o Peru (fora). O treinador pode fazer a Seleção encantar em campo novamente com seu futebol vistoso. Ou pode oferecer ainda mais munição para os seus críticos.

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O Caminho Perigoso

Reprodução Twitter

O confronto entre Athletico Paranaense e Palmeiras detonou uma "guerra" entre o Alviverde e a CBF. O auxiliar João Martins (que comandou o Verdão durante a suspensão de Abel Ferreira) declarou que "era ruim para o 'sistema' o Palmeiras ganhar duas vezes" após o árbitro não ter expulso o zagueiro Zé Ivaldo que desferiu uma cotovelada no atacante Endrick.

As palavras do auxiliar, que insinuou uma "conspiração" contra o Palmeiras, causaram revolta por parte da CBF que considerou a declaração de João Martins como "xenofobia", algo que o português não cometeu em momento algum durante sua entrevista pós-jogo. O Verdão, que já havia solicitado que o árbitro Jean Pierre Goncalves Lima não apitasse mais seus jogos, saiu em defesa do assistente.

O Palmeiras já havia apresentado problemas com a imprensa e com a arbitragem por causa de Abel Ferreira. O português, conhecido pelo seu temperamento explosivo, coleciona suspensões ao discutir asperamente com os juízes e chegou a tomar o celular de um repórter, o que azedou o seu relacionamento com os homens do apito e com a mídia. Agora clube e a CBF entram em atrito por causa das declarações proferidas pelo auxiliar técnico do lusitano.

O Verdão, aliás, sequer aplica qualquer punição ao seu corpo técnico pelos incidentes, muito pelo contrário: os apoia contra as acusações sofridas. Os dirigentes alviverdes temem perder Abel Ferreira, responsável pelos títulos recentes, para o exterior ou mesmo para a Seleção Brasileira, então preferem ficar ao lado do treinador e de seus auxiliares durante os confrontos.

Reprodução Twitter

O Palmeiras, porém, vem colecionando inimigos poderosos ao sair em defesa de seu explosivo treinador e de seus auxiliares. E o clube pode acabar seriamente prejudicado ao insistir  no discurso "contra tudo e contra todos".

É muito normal que a sequência de títulos e o bom momento em campo insuflem o ego dos palmeirenses fazendo-os acreditar que nada pode detê-los, mas há certos limites que não devem ser ultrapassados. Foi o que aconteceu com o São Paulo no final da década de 2000, que também se achava muito poderoso pelos troféus conquistados e acabou prejudicado ao peitar pessoas ou entidades influentes.

A "guerra" entre Palmeiras e CBF está declarada e torcedores foram à sede da confederação para protestar em apoio ao auxiliar. E, ao que aparenta, nenhum dos dois lados está disposto a recuar a despeito de ambos terem errado no incidente envolvendo João Martins, como apontou o jornalista VSR em seu canal no Youtube.

O Palmeiras conquistou seus títulos com méritos e está em seu direito legítimo de defesa nos incidentes. Mas o clube está tomando um caminho muito perigoso ao optar pelo confronto sem antes buscar uma solução diplomática.

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É Possível Criar um Time Auto-Suficiente?

Jordi Alba, Sergi Roberto e Sergio Busquets foram todos formados nas categorias
de base do Barcelona (imagem extraída de www.facebook.com/fcbarcelona).

Sou um defensor ferrenho das categorias de base. A meu ver, os clubes devem formar garotos para serem utilizados algum dia em seu time principal mesmo que seja apenas para compor elenco. Tal filosofia foi influência do Barcelona no início da década de 2010, que se orgulhava dos jogadores revelados em La Masia e que vislumbrava a possibilidade de montar uma equipe formada apenas por atletas criados em sua cantera. O falecido (e controverso) presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, também idealizava um grupo composto apenas por garotos nascidos no CT de Cotia após sua inauguração em 2007.

A ideia de criar uma equipe auto-suficiente (que não dependa de contratações) já foi defendida por diversos futebolistas. Johan Cruyff sempre pregou que os clubes devem primeiro investir em suas bases e depois adquirir jogadores apenas se fossem imprescindíveis, filosofia praticada até hoje no Ajax e no próprio Barcelona durante a "Era Guardiola". Equipes bascas como o Athletic Bilbao e a Real Sociedad também investem na formação de atletas para que tenham plena identificação com a província e compartilhem do sentimento de nacionalismo com o País Basco, algo que o Barça também pratica em relação à Catalunha.  

As instituições, porém, nem sempre conseguem formar gerações competitivas de jogadores. Isto fica evidente nas seleções que nem sempre dispõem de atletas confiáveis para determinadas funções, o que justifica o desempenho inconsistente das equipes de campeonato para campeonato. Os clubes conseguem compensar tais problemas contratando atletas para suprir necessidades.

Ansu Fati é mais um jogador revelado pelo próprio Barcelona
(imagem extraída de www.facebook.com/fcbarcelona).

Seria necessário, portanto, um trabalho ainda mais esmero dos olheiros para garimpar jovens na base e também um pouco de "sorte" para que uma boa safra de atletas seja formada. O próprio Barcelona, durante o final da "Era Guardiola", havia tentado promover mais garotos de La Masia (Muniesa, Tello, Krkić, ...) para sucederem a geração de Messi algum dia, porém nenhum deles apresentou o mesmo talento ou consistência de Iniesta, Busquets ou Piqué.

Os torcedores, em especial aqui no Brasil, sempre preferem contratações em detrimento às categorias de base visto que a vinda de um atleta sempre empolga os fãs e ainda demonstra "poderio aquisitivo" de um clube. O talento pronto, ademais, costuma gerar resultados imediatos enquanto um jovem carece de amadurecimento nos times principais. Isso sem mencionar que há transações que são motivadas por interesses políticos ou de empresários.

A criação de uma equipe auto-suficiente, portanto, é possível mas ainda é muito mais um idealismo do que algo palpável. Nem sempre as categorias de base irão revelar boas safras de atletas por melhor que sejam os trabalhos de observação e de formação. O próprio Barcelona, durante os últimos anos, optou mais por contratar do que promover novos jovens, embora nomes como Ansu Fati, Balde e Gavi ainda demonstrem que o sonho seja possível. 

Gavi, de apenas 18 anos, é mais uma aposta criada no Barcelona
(imagem extraída de www.facebook.com/fcbarcelona).

Quem Perde?

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O Santos afastou o atacante Soteldo por indisciplina no último sábado. O venezuelano, segundo o portal GE, teria se recusado a treinar após o empate contra o Blooming e também teria pedido para deixar o centro de treinamento mais cedo sem justificativa. O jogador está emprestado ao Peixe pelo Tigres do México e sua compra estava acertada mas os problemas relacionados ao atleta devem melar o negócio.

O Peixe foi derrotado por 3x0 contra o Cuiabá em um confronto direto contra o rebaixamento. O Santos precisava punir Soteldo de alguma forma para servir de exemplo ao restante do grupo, mas a ausência do venezuelano em campo acabou sendo um tiro no pé visto que o elenco santista é fraco e o talento do camisa 10 talvez pudesse mudar o cenário da partida.

O jogador de futebol é o único tipo de funcionário que consegue inverter a relação chefe-subalterno aqui no Brasil visto que atletas têm força suficiente para demitir um treinador e ainda conseguem colocar seus próprios clubes nas cordas.

O Santos é a parte que mais tem a perder com o afastamento de Soteldo: a equipe sofre prejuízo técnico sem o atacante, paga salário para um jogador não entrar em campo, há o deterioramento da relação com o atleta (o que dificulta uma rescisão amigável e ainda pode resultar em um processo contra o clube) e o venezuelano provavelmente conseguirá assinar com outro time caso seja dispensado.

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O Peixe, não obstante, encontra-se em uma situação onde precisa muito mais de Soteldo do que o jogador necessita do clube: O Santos está muito endividado, o elenco é fraco e o time luta desesperadamente contra o rebaixamento. A equipe, portanto, não pode se dar ao luxo de prescindir do talento do venezuelano ou de, ao menos, obter algum lucro com o atleta.

Soteldo, caso realmente tenha cometido algum ato de indisciplina, precisa ser punido pela instituição mas de uma maneira racional. Afastar o jogador apenas irá aumentar a despesa do clube e ainda pode render processos ao Santos. O ideal seria multar o atleta ou simplesmente devolvê-lo ao Tigres.

Jogadores indisciplinados precisam ser punidos de alguma maneira mas o Santos, bastante endividado e ameaçado pelo rebaixamento, não pode se dar ao luxo de perder ainda mais dinheiro. Um clube jamais deveria ser refém de jogador mas, na atual situação, foi o Peixe quem mais perdeu com o afastamento de Soteldo.

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Camisa Perigosa

A camisa roxa do Corinthians sempre foi motivo de controvérsia
entre seus torcedores (imagem extraída de twitter.com/TimaoDados).

O Corinthians, desde 2008, passou a comercializar uma terceira camisa de cor roxa que representa o amor incondicional de seu fã pelo time -chamado popularmente de "torcedor roxo". O uniforme, contudo, foi motivo de muita controvérsia durante aquela época e muitas alas dentre as organizadas do clube eram radicalmente contra a vestimenta, algo que eu pude comprovar na prática.

2009. Fui ao aniversário de um amigo. Eu o encontrei na estação do metrô e fomos para a sua casa onde seria realizada a festa. Haveria no mesmo dia o clássico entre São Paulo e Corinthians e o meu colega, que é corinthiano, estava devidamente uniformizado para a ocasião com a camisa roxa versão 2009, que tinha listras pretas e estampas douradas.

As torcidas organizadas, naquele dia, estavam mobilizando suas caravanas rumo ao Estádio do Morumbi e acabamos cruzando com uma delas em Diadema, uma cidade-satélite de São Paulo. Meu amigo estava bastante apreensivo e precisamos desviar o caminho. Eu não compreendi a situação e simplesmente concordei com a mudança de itinerário.

A ficha só caiu depois que chegamos à casa do meu amigo e ele pôde explicar a situação com mais calma: nós corremos o risco de ser agredidos por aquela organizada porque aquela ala era contra a camisa roxa do Corinthians e meu colega estava com o tal uniforme justamente naquele dia.

O aniversário foi bastante divertido apesar de eu não estar no meu melhor momento na época. Também assistimos ao Majestoso que terminou em um empate morno por 1x1 -o São Paulo já enfrentava a crise devido às controvérsias do falecido presidente Juvenal Juvêncio e o Corinthians jogou de "barriga cheia" por ter vencido a Copa do Brasil.

Sempre fui alertado que era perigoso utilizar camisas de time mas confesso que aquela foi a primeira vez que corremos o risco de sermos agredidos por torcedores do próprio clube. Desde então, passei a tomar ainda mais cuidado com as cores das minhas roupas para não ser mal-interpretado e acabar arrumando uma briga.

Sim, o Dinheiro Justifica

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Durou pouco a alegria do botafoguense. Líder do Brasileirão com 30 pontos (sete a mais em relação ao vice-líder Palmeiras), o Glorioso se despediu ontem do treinador Luís Castro, grande responsável pela boa campanha. Os efeitos de sua saída já haviam sido sentidos na quinta-feira quando o português foi hostilizado pela própria torcida e o Fogão, bastante tenso, não passou de um empate em casa contra o já eliminado Magallanes, sendo obrigado a jogar os playoffs da Sulamericana contra o Patronato.

O lusitano aceitou a proposta do Al Nassr da Arábia Saudita onde receberá um salário astronômico (estimado em US$ 6 milhões anuais), irá residir em uma mansão e terá a honra de dirigir o atacante Cristiano Ronaldo -que teria indicado o compatriota para o clube árabe.

Resta ao Fogão encontrar um substituto o mais rápido possível para atenuar os prejuízos técnicos após a saída de Castro. Rogério Ceni e o português Bruno Lage, que tiveram seus nomes ventilados pela imprensa, seriam os favoritos à vaga. O ex-zagueiro Claudio Caçapa comanda interinamente o Botafogo até que um novo treinador seja anunciado.

Castro, como lembrou o articulista Paulo Cobos, tinha uma "dívida de gratidão" com o Botafogo após os proprietários do clube bancarem o treinador durante a crise após a má campanha no Campeonato Carioca. É compreensível, portanto, a mágoa do torcedor com o português após sua saída. Da mesma forma, ficam os temores de que o Fogão perca o prumo com a mudança repentina no comando técnico.

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Cobos, contudo, ponderou em seu mesmo artigo que o mais lógico seria que Castro aceitasse a proposta dos árabes, seja pelo dinheiro, seja pelo prestígio que o treinador terá ao comandar Ronaldo. Qualquer trabalhador no mínimo balançaria caso recebesse uma sondagem de alguma empresa concorrente oferecendo salários maiores, mais benefícios e melhores condições de trabalho, como eu escrevi há anos atrás.

O dinheiro, obviamente, não pode ser o único fator a nortear uma carreira profissional mas nós seres humanos sempre desejamos o melhor para nós mesmos e um maior poder aquisitivo significa uma vida mais confortável.

Cabe, por fim, lembrar que a grande maioria dos treinadores portugueses está aqui no Brasil em busca de recolocação no mercado. Muitos lusitanos vieram ao nosso país motivados pelo sucesso dos compatriotas Jorge Jesus e Abel Ferreira que se valorizaram com os títulos conquistados em terras tupiniquins. A saída de Luís Castro para uma liga mais rica aconteceria cedo ou tarde.

Foi realmente triste ver Luís Castro dar as costas ao Botafogo justamente em um momento tão bom e após os dirigentes do Glorioso bancarem o português, mas sua atitude foi totalmente justificável. Torcedores podem chamar o treinador de "mercenário" o quanto quiserem mas é o que a imensa maioria dos profissionais faria diante de uma proposta tão vantajosa.

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