domingo, 29 de junho de 2025

A Terrível Lixa do CEPEUSP

Esta era a "Lixa" do CEPEUSP antes da reforma (foto de 2018).



Havia, antes da pandemia, uma quadra localizada no Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPEUSP) bem ao lado dos módulos. O espaço se destacava devido ao piso composto por paralelepípedos ásperos enquanto as demais áreas destinadas a jogos possuíam chão de polipropileno. Devido aos ladrilhos, aquele local era conhecido como "Lixa", nome que escutei pela primeira vez em 2009 através da minha amiga Jujuba do ICB. 

A "Lixa" era constantemente evitada pelos frequentadores do CEPEUSP por motivos óbvios, afinal os tombos por lá eram bem mais doloridos devido ao piso duro e a aspereza dos ladrilhos poderia causar grandes ferimentos. Muitas vezes, porém, tínhamos de recorrer àquela quadra por falta de opções, afinal era o único espaço disponível durante a maioria das vezes.

Eu cheguei a disputar alguns jogos de futsal na "Lixa" enquanto trabalhava no ICB mas, felizmente, jamais levei um tombo por lá. Aliás, jamais presenciei algum acidente naquela quadra durante todos os anos que estive na USP. Acredito que os alunos adotavam uma postura mais cautelosa enquanto jogavam naquele espaço devido aos riscos envolvidos.

Posso afirmar por experiência própria que jogar na "Lixa" tinha lá suas vantagens! Eu já tive de disputar um jogo de futsal sob uma forte chuva e a partida transcorreu sem tombos, afinal o piso áspero oferecia aderência para corremos mesmo quando molhado! Ademais, os ladrilhos proporcionavam uma drenagem excelente, enquanto um chão de polipropileno impermeável seria mais propenso a escorregões!



Após a reforma, a "Lixa" ficou assim (foto de 2023).



Passei alguns anos sem visitar a USP devido à pandemia e, quando fui ao CEPEUSP novamente, percebi que todo o clube havia sido reformado durante o tempo que estive afastado. Os jardins estavam muito mais bonitos e a "Lixa" havia dado lugar a uma quadra bem mais segura, sem os ladrilhos ásperos e com um piso de polipropileno bem mais confortável.

A quadra se tornou muito mais apropriada para os jogos, principalmente para o vôlei onde os atletas, muitas vezes, precisam se jogar no chão para receber alguma bola. Assisti a algumas partidas da modalidade durante os Interanos e percebi como os jogadores se mostravam muito mais à vontade, sem o receio de voltarem para casa com ferimentos.

Tenho boas lembranças da "Lixa" devido aos jogos sob a chuva, mas um piso de polipropileno é muito mais seguro que os ladrilhos ásperos. As vantagens oferecidas pelos paralelepípedos não compensam os demais riscos envolvidos e, em decorrência disto, gostaria de parabenizar a administração do CEPEUSP pela reforma na quadra.







domingo, 22 de junho de 2025

Perdidos em Itaquá




Eu não conheço quase nada da zona leste de São Paulo. Eu já visitei o Tatuapé, o Parque Novo Mundo (que alguns consideram com zona norte) e a USP Leste; além de algumas cidades que fazem divisa como Guarulhos (aeroporto), Mogi das Cruzes e Itaquaquecetuba. Eu, aliás, vivia tirando sarro da região afirmando que "lá só havia bandidos"... Até que a região resolveu se "vingar" de mim!

2016. Um grande amigo meu iria se casar em uma chácara localizada na Serra do Mar, próximo à cidade de Mogi das Cruzes. Combinei de pegar carona com outro colega no Shopping Metrô Santa Cruz e juntos iríamos até o sítio. Eu não estava muito bem durante aquela época e até me esqueci de fazer a reserva para o alojamento onde iríamos pernoitar, mas o noivo resolveu a questão para mim.

Confesso que desconhecia totalmente o caminho que deveríamos pegar, eu apenas sabia que precisávamos seguir pela Rodovia Ayrton Senna para chegarmos até Mogi. Meu colega utilizou o Waze para se orientar mas o aplicativo nos conduziu até o meio de uma comunidade na cidade de Itaquaquecetuba -"Itaquá" para os íntimos!

Meu amigo não conseguia encontrar uma rota para sairmos e eu estava ficando em pânico, mas mantive a cabeça no lugar e disfarcei bem minha preocupação. Foi quando um herói improvável surgiu: o meu celular que pertencia à geração anterior e que utilizava uma internet capenga incapaz de funcionar em 4G! Calculei a rota com o meu aparelho e conseguimos chegar à chácara sem muitas dificuldades. Mesmo quando adentramos na Serra do Mar, onde o sinal é péssimo, meu telefone ainda funcionou razoavelmente.






Chegamos em cima da hora da cerimônia e chovia muito -felizmente, a lama não prejudicou o nosso deslocamento. Eu não estava muito animado durante aquele dia mas me esforcei para tentar me divertir. Acho que tirar as fotos ajudou a me sentir melhor. Também gostaria de agradecer muito à Fernanda (que ameaçou me jogar na piscina se eu dormisse!) por melhorar o meu astral.

Outros colegas prepararam uma surpresa para os noivos durante o dia seguintes: eles fizeram uma apresentação com músicas de bandas de rock dos anos 90 e 2000 como Nirvana, Offspring e Green Day. Fiz alguns registros e, a pedido do meu amigo, repassei as filmagens já durante aquela tarde.

Fui embora por volta das 17h. Confesso que não me lembrava de muita coisa daquele dia -eu sequer prestei atenção no caminho até São Paulo- mas as fotos e vídeos que fiz daquele casamento trouxeram as lembranças à tona.

Hoje eu guardo boas lembranças dos ocorridos, principalmente da hora quando nos perdemos em Itaquá. Juro que parei com as piadas com a zona leste (agora, apenas digo que "Tatuapé" é um tatu bípede!) e que respeito a região -até voltei mais vezes a Mogi das Cruzes e, recentemente, tive um passeio muito agradável ao Shopping Anália Franco. Mas eu jamais poderia imaginar que o local poderia "se vingar" de mim pelas gracinhas que faço desde 2003!







domingo, 15 de junho de 2025

Meu Primeiro Simpósio




Eu só me interessei em procurar estágio durante meu último ano de faculdade. Antes disso, nunca havia me envolvido com nenhum tipo de atividade acadêmica extraclasse. Não por acaso, jamais havia participado de encontros científicos como congressos ou simpósios até então. Tudo, porém, mudou em 2008 quando tive de ir a um evento organizado pelo meu chefe. E a experiência foi muito melhor do que eu esperava!

Cheguei muito cedo na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) onde o evento seria realizado. Como jamais havia participado de um simpósio, eu estava mais perdido que uma onça na cidade e demorou muito para eu compreender a importância de um encontro de tal magnitude. Aos poucos, porém, fui me adaptando à situação.

O grande destaque seria um professor de Cambridge -aliás, foi a primeira vez que eu conversei com um estrangeiro. A palestra que mais me chamou a atenção, contudo, foi a de um pesquisador cujo nome eu me esqueci (até peguei o livro de resumos do simpósio, mas não consegui confirmar) que apresentava os benefícios das gorduras trans! Pois é, tais lipídeos que eram bastante demonizados pela mídia durante os anos 2000 poderiam contribuir positivamente com a saúde humana, segundo aquele cientista!

Conheci, no mesmo dia, um docente da UNICAMP chamado Lício Velloso. Confesso que não me lembro do assunto de sua palestra, mas o pesquisador orava com uma convicção e eloquência tão grandes que fiquei paralisado enquanto assistia! No final, olhei para minha colega e disse "esse cara é bom mesmo"!






Tivemos, ainda, um maravilhoso almoço no restaurante Sweden (conhecido como "Taj Mahal" pela comunidade), localizado do outro lado da rua da FAU e que possuía fama de ser o mais caro da USP. A refeição foi bancada pela organização do evento e pudemos comer à vontade. Lembro que uma garota repetiu três vezes para nosso espanto!

Passei o resto da tarde lutando contra o sono quando eu tive uma brilhante ideia para me manter acordado: me sentei bem ao lado do meu orientador e fiquei conversando com ele durante as pausas entre as palestras. Aproveitei para elogiar aquele sujeito que explanou os benefícios das gorduras trans.

Fui embora por volta das 18h quando o evento se encerrou. Lamentei não ter tirado fotos naquele dia -eu não tinha máquina e meu celular não possuía câmera na época. Uma moça até fez alguns registros mas perdi o contato com ela.

Aquela palestra das gorduras trans mudou bastante minha maneira de pensar: aprendi a importância de se ouvir ideias que fogem do senso comum ou de nossas convicções. Eu mesmo passei a compreender melhor os treinadores retranqueiros após anos defendendo o futebol-arte aqui no blog. Desde então, passei a admirar cientistas que pensam "fora da caixinha" -e eu conheceria mais dois em futuras edições do mesmo simpósio.






BÔNUS: no dia seguinte ao simpósio, meu orientador me colocou pra conversar frente a frente com aquele docente de Cambridge! Eu ACHAVA que não sabia falar inglês naquela época mas o diálogo fluiu bastante -ficamos quase meia hora papeando! Saí de lá maravilhado com meu próprio desempenho! Eu sequer imaginava que tivesse tanto vocabulário e conhecimento para falar com um estrangeiro em seu próprio idioma!




domingo, 8 de junho de 2025

A Fúria do Leão




Estudantes nascidos fora de São Paulo não eram muito comuns na graduação da USP, diferente da pós-graduação onde conheci pessoas oriundas de todas as partes do Brasil, em especial do Nordeste do país. Mais do que isso, tive contato com torcedores de times que não possuem muitos fãs aqui no Estado como Sport, Grêmio e Internacional. Um desses amigos, natural de Pernambuco, me proporcionou uma das histórias mais engraçadas que eu ouvi no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB).

2008. Eu havia acabado de ingressar no Instituto como estagiário. Era uma quinta-feira após a final da Copa do Brasil que, na época, era um torneio bem mais curto -as equipes classificas à Libertadores não participavam e a final ocorria durante maio ou junho. O favorito Corinthians, que havia aberto uma confortável vantagem de 3x1, foi surpreendido pelo Sport no jogo de volta por 2x0 (havia a regra do "gol qualificado" durante a ocasião) e a taça ficou com o Leão.

Eu sequer imaginava que havia torcedores do Sport no Instituto mas conheci um deles justamente naquela quinta-feira. Soube que o fã havia feito uma aposta com o técnico do meu laboratório (que era corinthiano) e o perdedor teria de vestir a camisa do time vencedor. O funcionário não apenas vestiu o uniforme do Leão como também foi tudo devidamente registrado e as fotos foram amplamente divulgadas pelo edifício via e-mail!






Havia, ainda, um café de integração justamente às quintas-feiras no Instituto onde alunos, funcionários e docentes se reuniam semanalmente para descontrair. Foi justamente nesse encontro onde soubemos a respeito da aposta entre o aluno pernambucano e o técnico do meu laboratório. Eu, que não estava acostumado com toda aquela zoeira, ri até ficar sem ar! Não faço ideia de como não derrubei o café no chão enquanto eu me desfazia em gargalhadas!

Meu amigo torcedor defendeu seu doutorado no início de 2013 -eu estive presente em sua defesa e fui comemorar com ele depois. Hoje ele leciona em uma universidade no Maranhão e, esporadicamente, ainda nos falamos pelas redes sociais. Quanto ao técnico do laboratório, eu ne encontrei com ele pela última vez em meados de 2018 quando fiz uma breve visita ao Instituto mas não tive notícias suas desde então.

Esta foi uma das experiências mais interessantes que eu tive no ICB. Tive um maior contato com pessoas oriundas de outros Estados e pude conhecer melhor a cultura desses lugares, incluindo os times de futebol. Para mim foi como "furar a bolha" de São Paulo e abrir novos horizontes -uma pena que ainda não pude visitar meus amigos em suas respectivas cidades de origem. E, claro, pude levar muitas histórias divertidas como esta de recordação!







domingo, 1 de junho de 2025

Saudades da Marquise da Farmácia

Antigamente, o corredor da Farmácia possuía esta marquise.



Hoje eu estava me lembrando da marquise da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, uma gigantesca cobertura que se estendia por quase todo o corredor da instituição. Admito que a estrutura não era muito bonita sob o ponto de vista estético e que prejudicava a vista dos prédios. Por outro lado, a construção era providencial nos dias de chuva ou de sol forte.

A marquise tornou-se ainda mais útil com a reabertura do Bandejão das Químicas, afinal os alunos podiam formar as filas sob a estrutura devidamente protegidos do sol fortíssimo durante o meio-dia. Não obstante, o autor se recorda de algumas partidinhas de truco realizadas sob agradável sombrinha proporcionada pela cobertura.

Instituições como a Atlética e a Farmácia Acadêmica Social também tiravam bom proveito da marquise, afinal as entidades podiam instalar suas mesas sob a proteção da estrutura e vender seus artigos sem risco de alguma chuva molhar ou danificar seus produtos.



O tapume ao fundo encobre as obras de retirada da marquise.



Quando regressei à Farmácia após dois anos afastado devido à quarentena, a marquise havia sido totalmente retirada. O motivo da remoção provavelmente foi estético, visto que o próprio autor reconhece que a estrutura não era agradável sob o ponto de vista estético ou arquitetônico.

Reconheço que o corredor ficou muito mais bonito sem a marquise mas os pontos negativos de sua remoção puderam ser imediatamente notados: era dezembro de 2022 e o verão despejava um sol fortíssimo sob as cabeças dos egressos. Não obstante, estávamos quase todos de roupa social visto que estávamos em uma visita formal e sofremos ainda mais com o calor.

Compreendo totalmente os motivos da remoção da marquise mas o autor sentiu muito a falta da estrutura e da proteção proporcionada por ela. Era muito mais fácil transitar pelo corredor durante os dias de sol forte ou sob a chuva intensa. Isso sem mencionar as partidinhas de truco que tirei sob a sua agradável sombrinha.



O corredor da Farmácia atualmente: muito mais bonito sem a marquise,
mas os alunos também ficam mais desprotegidos das oscilações do clima.



ATUALIZAÇÃO 14:25h: acabei de ser informado que a marquise fora demolida devido a problemas estruturais e que a Faculdade irá construir uma nova em breve. Agradecimentos ao leitor Rafael Ferraro pelas informações!