sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Tão Diferentes e Tão Iguais

Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc



Juro que não estou escrevendo isto por oportunismo, afinal é muito fácil criticar Fábio Carille neste momento. O treinador não obteve nenhuma vitória em seis jogos disputados (foram quatro empates e duas derrotas), cinco gols sofridos, um tento anotado e um revés por 3x0 diante do modesto Juventude. Mas, muito antes dele assinar com o Santos, eu já acreditava que o paranaense não seria o técnico adequado para o Peixe na atual situação, sobretudo se comparado com o antecessor Fernando Diniz.

Carille e Diniz diferem apenas no estilo de jogo: o paranaense prioriza a defesa de seus times enquanto o mineiro é um ofensivista convicto. Os perfis dos dois treinadores, porém, são bastante parecidos nos demais aspectos: ambos ainda são jovens, ambos ainda comentem alguns erros pela inexperiência e ambos deixaram o sucesso lhes subir a cabeça em algum momento, como veremos adiante.

O paranaense teve uma trajetória brilhante no rival Corinthians ao final da década anterior, com três títulos paulistas consecutivos (2017, 2018 e 2019) e um brasileiro (2017). Carille, mesmo com um elenco envelhecido e com poucas opções no banco, conseguiu obter grandes resultados. Como integrante fixo da comissão técnica, ele aprendeu quase tudo o que sabe com Mano Menezes e Tite, além de conhecer muito bem o time.

Carille, com o tempo, parece ter se deslumbrado com o sucesso. Passou a dar respostas atravessadas a repórteres, chegou a surtar porque não foi cumprimentado por um técnico adversário e entrou em conflito com dirigentes corinthianos. Ao enfrentar sua primeira crise no Timão em 2019, passou a "rifar" os jogadores durante entrevistas o que fez com que fez com que perdesse de vez o controle do elenco e, consequentemente, fosse demitido. Não foi muito diferente do que aconteceu com Diniz, que também foi ríspido com a imprensa durante alguns momentos e chegou a insultar seus próprios atletas publicamente.

O treinador, ademais, não tem experiência para atuar como "bombeiro". Tal missão deveria ser confiada a um técnico mais experiente, com mais "casca" e com mais trato com os jogadores. Isso sem mencionar que Carille é identificado demais com o rival Corinthians. O paranaense, a meu ver, foi uma aposta ousada demais dos dirigentes santistas para um momento em que o clube deveria ser mais conservador.



Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc



O ideal, a meu ver, seria fazer uma "aposta segura". Emerson Leão e Dorival Júnior seriam os nomes ideais. Os dois treinadores têm identificação com o clube, conhecem bem a instituição, possuem estofo para cobrar o elenco, são experientes, já ajudaram em outros momentos de crise e, principalmente, sabem utilizar a base. E o Santos vai precisar demais de seus Meninos da Vila neste momento, visto que dificilmente haverá contratações e o Peixe precisa fazer caixa com a venda de jogadores.

Não adiantaria, porém, demitir Carille agora que o trabalho já foi iniciado e com apenas seis partidas disputadas. Uma nova mudança no comando, além de injusta, significaria tumultuar ainda mais o ambiente e também mais uma multa rescisória ao Santos, que não pode se dar ao luxo de aumentar sua já milionária dívida.

O treinador precisará de apoio e respaldo mais do que nunca. Carille pegou o bonde andando, ainda está acertando o time e muitos jogos serão perdidos até que os resultados apareçam. O tempo, porém, será um adversário implacável e os santistas precisam ter frieza para não se precipitarem com a emoção do momento.

A troca de Fernando Diniz por Fábio Carille, portanto, foi realizada apenas em critérios técnicos, e não levando-se em conta os perfis dos treinadores. A escolha dos dirigentes santistas não foi muito feliz para o contexto atual mas uma nova ação precipitada (leia-se "demissão") poderia piorar ainda mais a situação do clube.



Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc




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