quarta-feira, 1 de junho de 2022

Arte X Eficiência: o Eterno Debate

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



Olá, leitoras e leitores! Após vários meses sem escrever, senti vontade de compor algum texto e resolvi expor minhas opiniões sobre futebol novamente!

Assisti à final da Champions League 2021-22 durante o último sábado. Terminada a partida, fui ler a repercussão do jogo nas redes sociais e pouquíssimas pessoas pareciam concordar com o resultado do embate, incluindo jornalistas esportivos.

Não foi necessário ser analista de desempenho para resumir o jogo. É fato que o Liverpool encurralou o Real Madrid, teve muito mais posse de bola, buscou mais o ataque, teve as chances mais claras de gol e, mesmo assim, saiu como perdedor do Saint-Denis. Os Merengues, por sua vez, sofreram com os Red e se limitaram a utilizar o atacante Vini Jr. como desafogo mas o brasileiro aproveitou a única oportunidade que teve para dar aos espanhóis sua 14ª taça na competição.

Já fui um defensor ferrenho do futebol-arte -influência do articulista e ex-jogador Paulo César Caju- e provavelmente eu também criticaria o Real Madrid do defensivista Carlo Ancelotti há alguns anos atrás. Hoje, porém, vejo o esporte com mais frieza e menos passionalidade. Li alguns livros que mudaram a minha visão a respeito dos jogos e passei a enxergar os fatos de outras maneir.

O futebol não necessariamente premia quem tem mais posse de bola ou quem cria mais oportunidades de gols. Astúcia, leitura de jogo ou simplesmente sorte também fazem parte do esporte. Carlo Ancelotti sabia que os rivais do Liverpool dispunham de jogadores muito melhores fisicamente e de um repertório muito maior de jogadas. Preparou, então, seu Real Madrid para "sofrer" e atuar nos contra-ataques pelas pontas com Valverde pela direita e, principalmente, Vini Jr. pela esquerda. Os Merengues ainda contaram com ótimas intervenções do goleiro Courtois, eleito merecidamente o melhor atleta da partida.



Os dois times em 4-3-3. Liverpool encurrala Real e impede os
espanhóis de jogar com a defesa ou o meio-de-campo. Merengues
aceitam a pressão rival e contra-atacam principalmente com
Vini Jr. pela esquerda, além de utilizar Benzema para abrir espaços
para os companheiros (imagem obtida via this11.com).



Os detalhes fazem toda a diferença no esporte de alto desempenho. Um único momento de distração de Alexander-Arnold -que estava prestando atenção em uma bola levantada enquanto Vini Jr. estava totalmente livre às suas costas- foi suficiente para sacramentar o resultado da partida.

O estilo de jogo adotado pelo Real pode não ter sido o mais belo e nem o mais empolgante, mas Ancelotti foi certeiro ao lançar mão de uma maneira apropriada para utilizar seus envelhecidos atletas contra um rival com mais intensidade e força física. O treinador italiano sabia que enfrentar o Liverpool no mano a mano poderia ter consequências desastrosas e, então, optou por "sofrer" em campo.

As críticas que fiz ao elenco do Real Madrid durante temporadas anteriores, contudo, continuam valendo. A equipe que faturou quatro títulos continentais durante a década passada já está mais do que manjado pelos rivais e necessita de uma renovação. Ademais, ficou evidente que muitos dos seus jogadores já estão sentindo o peso da idade e não conseguem mais fazer a diferença no exigente futebol atual, em especial Kroos e Modrić que foram facilmente engolidos pela marcação rival.

O Liverpool, por outro lado, demonstrou que o técnico Jürgen Klopp e a atual geração ainda têm lenha para queimar. A equipe, que mostrava sinais de esgotamento, voltou a conquistar títulos durante a atual temporada e foi competitiva em todos os campeonatos que disputou. Pecou, porém, em pequenos detalhes que acabaram pesando durante os jogos decisivos da Premier League e da Champions League.

A final, por fim, demonstrou que não jogar um futebol bonito e ofensivo não é o mais importante em campo. O correto é adotar um estilo de jogo compatível com os atletas disponíveis no elenco e também que possa ser inserido no contexto da partida. Como explicado, o Real provavelmente seria derrotado para o Liverpool dada a superioridade física dos Reds, mas prevaleceu a experiência de Carlo Ancelotti que soube fazer a leitura correta da situação.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague

 


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