quarta-feira, 14 de agosto de 2024

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Imagem extraída de twitter.com/championsleague



A UEFA Super Cup não deixa de ser um jogo festivo para celebrar o início de uma nova temporada ainda que haja um troféu em jogo. Chega a ser injusto cobrar desempenho dos participantes visto que a maioria dos jogadores ainda está "fria" -alguns acabaram de voltar de férias devido à Eurocopa ou à Copa América- mas a partida nos oferece algumas pistas de como o time irá se portar. E a expectativa era ainda maior sobre o Real Madrid após a contratação de Mbappé e a aposentadoria de Kroos. 

Carlo Ancelotti escalou o Real Madrid em 4-3-3 variando para 3-4-3 com Tchouaméni ajudando na "saída de três". Gian Piero Gasperini, por sua vez, foi de 3-4-3 com Pašalić atuando como um "falso nove" no lugar de Scamacca.

Os Merengues tomaram a iniciativa adiantando as linhas e utilizando a movimentação do seu trio de atacantes para confundir a marcação. A Dea, inicialmente recuada, foi pressionando a saída de bola madrilenha para tirar os espaços rivais e deu a resposta principalmente pela direita com Zappacosta e De Ketelaere. O equilíbrio marcou o primeiro tempo que terminou em um justo empate.



Real Madrid, em 4-3-3/3-4-3, adianta as linhas e faz com que seus
três atacantes troquem de posição o tempo todo para confundir a
marcação. Atalanta, em 3-4-3, responde pela direita com De
Ketelaere e Zappacosta (imagem obtida via this11.com).



Os Orobici retornam mais ofensivos para o segundo tempo e persistem na estratégia de adiantar linhas. Os italianos passam a utilizar mais o lado esquerdo com Lookman assistido por Ruggeri e Éderson, mas os Blancos aproveitam os espaços às costas da defesa para fazer contra-ataques pelas pontas. Valverde, após cruzamento de Vini Jr., abre o placar para os madrilenhos.

Gasperini troca Kolašinac e De Ketelaere por Godfrey e Retegui para buscar o empate, mas o Real dá o golpe final com Mbappé em novo contra-ataque. A Atalanta escancara o time mas os Merengues conseguem administrar a partida e garantem o primeiro troféu da temporada.



Atalanta adianta as linhas e utiliza mais o lado esquerdo
com Lookman para pressionar o Real mas se descuida
com os espaços atrás e sofre contra-ataques pelas pontas
(imagem obtida viaimagem obtida via this11.com).



Real confirma seu favoritismo e mostra todo o seu poder de fogo com o "ataque dos sonhos". A valente Atalanta, mesmo sem balançar as redes, expôs algumas fraquezas defensivas dos madrilenhos, algo que os rivais podem explorar ao longo da temporada e que Ancelotti terá de ajustar com os meses. 

A Dea mostrou sua força apesar da derrota. Gasperini e seus comandados não se intimidaram diante da tradição dos adversários, lutando de igual para igual. O elenco mais qualificado do Real, porém, fez a diferença e os italianos vacilaram ao adiantarem demais as linhas durante a segunda etapa. 

Resta saber o quanto os times irão evoluir ao longo da temporada, em especial o Real Madrid agora fortalecido com a contratação de Mbappé. As expectativas são enormes mas nem sempre um elenco qualificado se traduz em títulos. Os próprios Merengues demonstraram isto ao atravessarem um jejum de troféus entre 2003 e 2007 a despeito do grupo estrelado.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague




sábado, 10 de agosto de 2024

Quando o Dinheiro se Torna um Fardo

Mesmo com um elenco estrelado, Eduardo Coudet não conseguiu manter a competitividade
do Inter e acabou demitido (imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional).



Todo torcedor se empolga quando seu time do coração vai às compras e volta com um elenco recheado de estrelas, afinal contratações significam mais opções para cobrir desfalques ou oferecer variações táticas e também a possibilidade da equipe brigar por mais títulos. Por outro lado, a cobrança por resultados passa a ser muito maior visto que todos desejam que todo o investimento no grupo retorne na forma de troféus.

O Internacional, disposto a reviver seus dias de glória, investiu em reforços de peso (Alario, Borré, Thiago Maia, ...) para voltar a brigar por troféus. A equipe, porém, não conseguiu manter a regularidade ao longo da temporada. Houve o agravante das tragédias ocorridas no Rio Grande do Sul que prejudicaram os treinos do Colorado e o time teve de mandar suas partidas longe de sua torcida. O treinador Eduardo Coudet acabou pagando o pato e foi demitido em julho deste ano.

O Palmeiras passou a ser alvo de pesadas críticas e de protestos após a queda de rendimento durante os últimos meses. O Verdão também investiu pesado em reforços (Moreno, Caio Paulista, Giay, Felipe Anderson, ...) mas o Palestra passou por uma seca de vitórias o que despertou a fúria de fãs e de jornalistas "corneteiros" que não se conformavam com o fato do "clube mais rico da América Latina" atravessar tamanha crise.

O Flamengo, mesmo em bom momento, também foi alvo de "corneteiros" após Tite poupar jogadores contra o São Paulo no domingo para depois jogar com o regulamento diante do Palmeiras na quarta-feira. O Rubro-Negro, a exemplo de seus rivais, também foi às compras e trouxe um pacotão de reforços -Viña, De la Cruz e Léo Ortiz.



Nem Abel Ferreira escapou das críticas pela má fase do
Palmeiras (imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras).



Uma contratação, por mais "certeira" que aparente, sempre será uma "aposta" ou um "investimento", e como tal, sempre há riscos envolvidos. Jogadores são seres humanos e nem sempre ocorre a "lógica" por mais que analistas de desempenho atuem para diminuir a margem de erro dos negócios.

Reunir muitos bons jogadores não significa que haverá química entre eles em campo. Basta observar as seleções durante a última Eurocopa com diversos elencos muito bons no papel mas que não funcionavam como um time. O próprio Brasil, durante a Copa 2006, contava com um grupo teoricamente impecável (Dida, Cafu, Kaká, Ronaldo, Ronaldinho, ...) mas o que se observou foi uma equipe apática.

Os times também oscilam ao longo da temporada seja por desfalques, divergências internas ou pelo mérito dos adversários que conseguem neutralizar os pontos fortes das equipes. No caso específico do Palmeiras, observa-se o envelhecimento do elenco que não rende mais como há quatro anos atrás e há um certo esgotamento das ideias de Abel Ferreira que vem privilegiando a "hierarquia" no grupo em detrimento ao desempenho ou ao talento.

É óbvio que um elenco mais robusto reúne mais chances de resultados positivos e, consequentemente, maior possibilidade de títulos. "Probabilidade", porém, não é sinônimo de "certeza" e sempre há o risco do investimento não trazer retorno ao clube. Basta recordar do Paris Saint-Germain que, temporada após temporada, monta times estrelados que jamais conquistaram uma Champions League.



Nem a classificação para as quartas da Copa do Brasil livrou o Flamengo
da "cornetagem" (imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial).




quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Emily e Pia Tinham Razão?

O Brasil passou pela França e pela Espanha mesmo sem Marta, suspensa
(imagem extraída de www.facebook.com/selecaofemininafutebol).



Não estou acompanhando as Olimpíadas 2024 por questão de agenda visto que estou me dedicando a outras atividades. Eu, no entanto, aproveitei o desempenho da Seleção Feminina para trazer á tona um questionamento a respeito de Marta: a Rainha ainda é fundamental para a equipe?

Ninguém nega que Marta seja a maior jogadora do Brasil e uma das melhores do mundo -suas conquistas individuais e coletivas falam pela atleta. Ao mesmo tempo, sabe-se que a alagoana já ultrapassou os 30 anos de idade (está com 38) e seu desempenho já não é o mesmo de oito anos atrás quando recebeu seu último prêmio FIFA Best. As treinadoras Emily Lima e Pia Sundhage, percebendo isto, tentaram diminuir a participação da meio-campista, em vão visto que isto foi uma das justificativas utilizadas para a demissão das técnicas. 

O Brasil classificou-se às quartas-de-final das Olimpíadas por sorte -ficaram em terceiro lugar em sua chave e dependeram do desempenho das adversárias para avançarem ao mata-mata. Não obstante, Marta foi expulsa após quase chutar a cabeça de Olga Carmona e suspensa por duas partidas. Mas o que parecia ser uma catástrofe, foi um "mal que veio para o bem".

A Seleção, sem o talento de Marta, pode ter perdido a graça e a técnica em campo, tornando o futebol muito mais truculento e até feio. Em compensação, o time ganhou em mobilidade, imposição física e recomposição. Com isso, o Brasil conseguiu resistir às fortes francesas e espanholas, voltando a uma final olímpica após 16 anos.



Imagem extraída de www.facebook.com/selecaofemininafutebol



Os próprios jornalistas perceberam que o desempenho do Brasil melhorou sem a capitã e passaram a questionar se Marta deveria voltar à titularidade na final contra os Estados Unidos, a ser realizada no próximo sábado.

Emily e Pia não conseguiram impor suas ideias na Seleção Feminina mas o tempo provou que as treinadoras tinham razão quando o Brasil deveria depender menos de Marta, ainda que ela seja a maior jogadora do país. O futebol está muito mais exigente em termos de força e nem sempre o talento compensa a decadência física. Um bom exemplo foi Cristiano Ronaldo, um ano mais velho que a alagoana e realizando uma Eurocopa aquém do esperado.

Nada ou ninguém apagará os feitos que Marta realizou mas temos de admitir que a genial atleta já está beirando os quarenta anos e seu corpo, infelizmente, não performa como há oito anos atrás. A Seleção terá de aprender a atuar sem sua capitã por bem ou por mal visto que ela está prestes a se aposentar e não se sabe se surgirá alguma outra jogadora para preencher o vazio deixado pela alagoana.

Emily Lima e Pia Sundhage tinham razão no fim das contas. As duas treinadoras podem ter pago com seus empregos na Seleção por tirarem o espaço de Marta no time mas tudo o que as duas técnicas alertaram no passado vêm se concretizando nesta Olimpíada.



Imagem extraída de www.facebook.com/selecaofemininafutebol