2008. Eu havia chegado muito cedo para uma aula noturna na Farmácia e resolvi matar o tempo na Sala Pró-Aluno, um local com diversos computadores onde os estudantes podiam utilizar os equipamentos para seus estudos. Era permitido acessar redes sociais e Youtube mas a prioridade era a execução de trabalhos acadêmicos. Lá encontrei um "bixo" que estava monitorando o local e, por acaso, começamos a conversar a respeito de Magic the Gathering.
Magic é um jogo de cartas colecionáveis que eu conhecera durante minha adolescência. As estampas são comercializadas em pacotes sortidos como figurinhas, sendo que as mais poderosas são muito difíceis de serem obtidas e chegam a valer algumas dezenas de Reais. Era um passatempo muito caro, o que foi agravado com a alta do Dólar no recorrer dos anos e o autor deixou de jogar assim que terminou o ensino médio. Meu amigo, porém, "desenterrou" o assunto e combinamos de jogar no dia seguinte.
Levei dois baralhos na tarde seguinte e jogamos durante alguns minutos até o início da minha aula. Meu amigo era realmente muito bom e acabei derrotado pelo meu próprio set de cartas! Mesmo com a derrota, não nego que foi divertido reviver meus tempos de adolescência durante um breve período.
Combinamos de jogar durante a semana seguinte e o "bixo" trouxe seus próprios baralhos desta vez. Meu amigo me contou que ele era fissurado no passatempo e chegava comprar dezenas de pacotes. Se a surra anterior já havia sido grande, a humilhação foi ainda maior durante esta oportunidade e tomei uma grande lavada!
Não tivemos mais tempo para novas jogatinas e acabamos não nos encontrando mais. Aliás, fiquei bastante surpreso que havia mais entusiastas de Magic na Farmácia. Se eu soubesse disto antes, talvez organizasse grupos de jogos e até me esforçasse para comprar mais cartas para me divertir com os amigos -posteriormente, conheci duas garotas da faculdade que também gostavam do passatempo.
A última vez que eu joguei Magic foi em 2014 no laboratório onde eu trabalhava e, por acaso, começamos a conversar a respeito do assunto. Levei meus baralhos -as cartas do meu colega estavam em sua antiga casa em São Bernardo do Campo- e duelamos após o almoço na copinha. Não me lembro do resultado mas acho que levei mais uma surra das minhas próprias cartas!
Acabei perdendo contato com os dois parceiros: o colega do laboratório hoje reside em outro país e não possui perfil em redes sociais, enquanto o "bixo" da Pró-Aluno não tive mais nenhuma notícia a respeito de seu paradeiro. Foi realmente uma pena, mas foram duas ótimas e breve oportunidades para reviver os (poucos) dias felizes de minha adolescência.