Sim, É Possível!

Lookman acabou com a invencibilidade do Bayer
(imagem extraída de twitter.com/EuropaLeague).

O que parecia impossível finalmente aconteceu. A Atalanta acabou com a invencibilidade do Bayer Leverkusen de 51 jogos sem derrota. E foi de maneira incontestável com a Dea vencendo por 3x0 (todos os gols foram anotados por Ademola Lookman) se mantendo fiel ao estilo que Gian Piero Gasperini adotou desde a sua chegada a Bérgamo.

Ambos os times foram a campo em 3-4-3 com atacantes mais móveis para ajudar na recomposição. Os italianos começaram o jogo com mais intensidade atacando pelos lados com De Ketelaere e Lookman, além do volante Éderson apoiando por dentro. Os alemães preferiram atuar na defensiva e tentar bolas longas às costas da zaga aproveitando as linhas altas da Dea.

O Leverkusen visivelmente entrou mais preocupado com o lado direito da Atalanta, tanto que escalou quatro jogadores que atuam pela esquerda -Tah, Hincapié, Grimaldo, Adli. Os Orobici, então passaram a forçar mais as jogadas pela outra ponta com Lookman realizando boas tabelas com Éderson e Ruggeri. Desta maneira, o nigeriano fez os dois gols no primeiro tempo e a Dea foi para o intervalo com a confortável vantagem de 2x0.

Os Werkself  conseguiram chegar com mais perigo ao final da primeira etapa aproveitando o cansaço dos Orobici, mas os três zagueiros italianos mais o volante Koopmeiners conseguiram anular os ponteiros rivais e o meia Wirtz.

Os dois times em 3-4-3. Atalanta ataca pelas pontas com De
Ketelaere e Lookman, além de utilizar Éderson como apoio
pelo centro. Leverkusen, recuado, tenta responder com
bolas longas às costas da defesa em direção a Adli
(imagem obtida via this11.com).

Xabi Alonso troca Stanišić por Boniface e adianta as linhas em busca da virada. Gasperini substitui Kolašinac (lesionado) por Scalvini e ordena a seu time para recuar visando os contra-ataques. Desta forma, o Leverkusen consegue chegar com mais perigo à área de Musso enquanto a Atalanta controla o jogo com faltas.

O treinador basco, sem alternativa, escancara a sua equipe nos minutos finais mas a Atalanta consegue resistir à pressão e dá o golpe final com Lookman novamente. Os alemães vêm para cima mas já estavam psicologicamente derrotados.

Leverkusen consegue adiantar as linhas no 2º tempo e troca passes,
mas a Atalanta consegue controlar o jogo negando espaços ou com
faltas. E Lookman, em contra-ataque, dá o golpe final nos alemães
(imagem obtida via this11.com).

Atalanta, enfim, consagra o treinador Gian Piero Gasperini após tantos anos de altos e baixos. O técnico, que encantou a Europa durante a temporada 2019-20, consegue o oitavo título da Dea (e apenas o segundo da elite europeia) e faz história no continente. Mesmo com as oscilações, o comandante se manteve fiel ao seu estilo ofensivo e teve competência para repor as muitas perdas no elenco.

Leverkusen faz campanha histórica mas a falta de experiência em grandes jogos parece ter cobrado seu preço. Não obstante, Xabi Alonso inventou demais no jogo decisivo quando deveria adotar uma escalação mais conservadora. Erros típicos para um treinador ainda jovem e que em nada tiram o brilho da temporada fantástica.

A Atalanta fatura a Europa League com diversas marcas a comemorar, afinal a Dea conquista seu primeiro título internacional e ainda descobriu uma fórmula para superar o invicto Leverkusen. Certamente Gian Piero Gasperini e seus comandados terão ótimas histórias para contar a respeito desta competição...

Imagem extraída de twitter.com/EuropaLeague

Os Dois Pilares

Reprodução Twitter

A geração 2010-2013 do Borussia Dortmund deixou muitas saudades ao torcedor aurinegro, afinal aquela equipe conseguira acabar com a hegemonia do poderoso Bayern München na Bundesliga e alcançara a final da Champions League em 2013 quando acabaram derrotados pelos próprios bávaros no Wembley Stadium na Inglaterra.

A realidade financeira do Dortmund, porém, impede que o clube mantenha seus elencos intactos a cada temporada e aquela geração foi sendo desmanchada no decorrer dos anos, seja porque os jogadores foram negociados, seja porque os atletas foram perdendo espaço pela idade. Um grande legado daquele time, porém, ainda permanece: o zagueiro Mats Hummels e o meia Marco Reus. E ambos terão a sua revanche onze anos depois no mesmo Wembley Stadum diante do Real Madrid.

Reus e Hummels são remanescentes daquela equipe fantástica de 2012-13 e atravessaram muitos altos e baixos desde aquela fatídica final. O zagueiro venceu a Copa do Mundo pela Alemanha em 2014, teve um breve retorno ao arquirrival Bayern (onde fora revelado) entre 2016 e 2019 e caiu em desgraça pela Mannschaft após muitas falhas na Eurocopa 2020 (realizada em 2021 devido à pandemia). O meia-atacante, por sua vez, desfalcou a Nationalelf várias vezes devido às muitas lesões, recebeu a faixa de capitão no Dortmund, perdeu a braçadeira para Emre Can e anunciou que deixará os Aurinegros ao término desta temporada.

Reus e Hummels foram titulares na final da Champions
em 2013 e terão sua revanche em 2024 (reprodução Twitter)

Hummels e Reus não conseguiram manter o desempenho daquela equipe de 2010-2013, tanto que o Dortmund faturou pouquíssimos títulos desde o fim daquela geração gloriosa. A dupla, porem, foi fundamental para liderar as safras subsequentes de jogadores e também para manterem vivas as memórias de uma equipe que encantou a Europa.

A profunda ligação da dupla com o clube foi fundamental para que o Dortmund se mantivesse competitivo no decorrer dos anos visto que os Aurinegros dificilmente conseguem manter seus elencos e os jogadores têm pouco tempo para criar identificação com o time. Se não fosse pelos dois capitães de facto (lembrando que Emre Can é quem utiliza a braçadeira), "milagres" como o desta temporada 2023-24 jamais teriam acontecido, quando os Schwarzgelben superaram rivais de maior poder aquisitivo e alcançaram a final da Champions contra todas as chances.

O Borussia Dortmund não é favorito ao título visto que o poderoso Real Madrid, com mais elenco e tradição, estará do outro lado. Mesmo que o troféu não venha, a milagrosa temporada 2023-24 já merece ser celebrada pela garra e determinação demonstrada pelos Aurinegros. E os dois líderes, Reus e Hummels, foram fundamentais para que os alemães chegassem à final da Champions apesar de todas as chances estarem contra os Schwarzgelben. 

Reprodução Twitter

O Dia Quando Eu Puxei o Mi!

Eu jamais vou esquecer o Interanos de 2019, afinal foi durante o evento que ocorreram grandes momentos da minha vida. Primeiro porque o encontro levantou muito o meu astral que andava baixo em decorrência de problemas pessoais. E segundo porque eu era o mais velho dos ex-alunos presentes na confraternização e eu tive a honra de puxar o "Farmácia Mi"!

O "Farmácia Mi" é um brinde realizado pelos alunos da faculdade durante as festas e confraternizações. Seu criador esteve presente em um outro encontro de ex-alunos e ele revelou que a música foi sendo "adaptada" com o passar dos anos para se adequar às mudanças da sociedade.

Acordei cedo como sempre e fui até o CEPEUSP encontrar o pessoal da Farmácia -acho que era um sábado. Não havia nenhum ex-colega da minha classe e estavam presentes alguns pouquíssimos alunos que eu monitorei durante a minha pós-graduação. Eu até encontrei alguns veteranos meus jogando futsal mas conversamos muito pouco e eles logo foram embora.

Também assisti a uma partida daquele estranho jogo chamado touch rugby que eu já mencionei em outro texto mas não entendi absolutamente nada de como funcionava. E continuo sofrendo para aprender as regras mesmo passados cinco anos desde aquele dia! Ficamos no CEPEUSP até cerca de 13h e subimos para o Centro de Vivência em um carro lotado -acho que havia seis pessoas a bordo! Aliás, eu me ofereci para ir a pé e deixar espaço no veículo para quem havia jogado visto que eu estava descansado, mas o pessoal insistiu para ir com eles!

Eu, como sempre, fui fazer novas amizades durante o churrasco de confraternização mas acho que passei mais tempo conversando com uma garota do futsal que eu já conhecia do ano anterior -lembro que falamos bastante a respeito de vegetarianismo. Também comprei uma caneca que passei a levar durante os encontros da faculdade -talvez eu escreva um texto a respeito dela no futuro.

Houve a tradicional premiação dos destaques do ano. Após a cerimônia, um amigo pediu para eu puxar o brinde visto que eu era o aluno mais velho presente. Confesso que me senti honrado e apreensivo ao mesmo tempo, afinal eu jamais fui um líder nato e sempre me preocupei mais em realizar funções secundárias, como tirar fotos dos eventos!

Fui para o centro da roda de alunos. Titubeei mas consegui me soltar e gritar o "Mi"! Não tive de fazer muito mais depois disto, afinal as coisas fluíram naturalmente depois que eu iniciei o brinde. Me senti muito orgulhoso após o término da celebração, afinal nunca havia tido a honra de liderar as comemorações da faculdade!

O Interanos 2019 acabou me marcando profundamente por eu ser o ex-aluno mais velho presente. Nunca imaginei que isso seria uma experiência tão divertida, afinal quase sempre fico na minha "zona de conforto" junto com meus ex-colegas de sala. E jamais pensei que eu teria a honra de puxar o "Farmácia Mi" algum dia, justamente eu que odiava festas e tinha tão poucos amigos no colégio!

Acasos do Combate

Com dois gols, Joselu foi o herói improvável da noite
(imagem extraída de www.facebook.com/RealMadrid).

Quem imaginaria que Alphonso Davies, que foi preterido pelo treinador Thomas Tuchel, entraria às pressas no jogo no lugar do lesionado Gnabry e abriria o placar para o Bayern? E quem acreditaria que Joselu, que foi contratado pelo Real Madrid apenas para compor elenco, seria o grande herói dos Merengues ao anotar os dois gols da virada? O aleatório sempre participando do futebol.

Carlo Ancelotti enviou seu Real novamente em 4-4-2 losango mas com Carvajal de volta no lugar de Vázquez. Thomas Tuchel, por sua vez, ousou em 4-4-2 linear com Pavlović no lugar de Goretzka, De Ligt no lugar de Kim e Gnabry no lugar de Müller.

O Real tomou a iniciativa utilizando o seu forte lado esquerdo com Kroos e Vini Jr. enquanto o Bayern, mais recuado, concentrou as ações em Kane pelo centro. Os mandantes, após uma confusão na reposição de bola, quase abriram o placar mas Neuer salvou no momento certo. Os visitantes ainda deram azar em perder Gnabry ainda no primeiro tempo e Davies entrou em seu lugar.

Real, em 4-4-2 losango, ataca principalmente pelas pontas.
Bayern, cauteloso em 4-4-2 linear, centraliza os contra-
ataques com Kane (imagem obtida via this11.com).

Davies, em um contra-ataque, é acionado às costas de Carvajal por Kane e fuzila Lunin em um petardo em diagonal. 1x0 Bayern. À frente no placar, Tuchel começa a recuar o time trocando Sané por Kim apesar de restarem mais de 15 minutos de jogo.

Ancelotti responde trocando Kroos, Rodrygo, Valverde e Tchouaméni por Modrić, Brahim, Joselu e Camavinga. O Real consegue igualar o placar mas Nacho acerta Kimmich no rosto e o gol é anulado. Tuchel recua ainda mais o time substituindo Kane e Musiala por Choupo-Moting e Müller, o que foi a senha para os mandantes avançarem.

Joselu, em uma falha de Neuer, pega um rebote e empata a partida. Minutos depois, o atacante vira a partida em lance polêmico -o juiz havia assinalado impedimento inicialmente mas o VAR confirmou o tento dos Merengues. Desorganizado e visivelmente abalado, o Bayern se lança ao ataque mas já estava mentalmente derrotado apesar dos mais de dez minutos de acréscimo à disposição.

Davies abre o placar para o Bayern mas Tuchel recua o time
cedo demais e Joselu vira a partida (imagem obtida via this11.com).

O Real, que caminhava para um ano melancólico devido às muitas lesões no elenco, reage nesta segunda metade da temporada e tem a chance de conquistar o 15º título da Champions League. Ao Bayern, resta planejar 2024-25. O clube bávaro paga o preço pela precipitação em 2023 e passará por uma grande reformulação com a saída de Thomas Tuchel e de vários atletas do grupo.

Poucos imaginariam que o encostado Davies e, principalmente, o reserva Joselu poderiam decidir uma partida tão importante. Por mais que a estatística demonstre que certos jogadores possuem maior probabilidades de resolverem um jogo, sempre há aquele percentual mínimo para que heróis improváveis surjam. O futebol é fascinante justamente porque é aleatório.

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague

30 Anos sem Ayrton

Imagem modificada de www.facebook.com/sennabrasil

Domingo, dia 1º de maio de 1994. O mundo assistia perplexo ao grave acidente que Ayrton Senna sofrera em Imola durante Grande Prêmio de San Marino daquele ano. O final de semana já havia sido marcado por uma batida violenta de Rubens Barrichello na sexta-feira durante os treinos livres e pela morte de Roland Ratzenberger no sábado durante a etapa classificatória.

Senna não resistiu à violência da batida e faleceu horas depois. As causas do acidente levaram anos para serem elucidadas e até hoje geram discussões -debatia-se a hipótese de uma falha mecânica no carro da escuderia Williams e também a possibilidade do piloto ter sido atingido na cabeça por algum objeto na pista.

A morte do brasileiro, que era ídolo em diversos países, gerou uma comoção mundial e motivou a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) a rever seus protocolos de segurança para que novos acidentes fatais não viessem a ocorrer. Foram estabelecidos limites de velocidades nos boxes, o aumento do peso dos carros e uma série de outras medidas visando a segurança dos pilotos.

"Seria bom se pudéssemos rir juntos novamente hoje" -escreveu o grande
rival Alain Prost nas redes sociais (reprodução www.instagram.com/a.prost).

A súbita partida de Senna deixou um grande vazio no esporte brasileiro visto que o piloto era a grande referência no país, sobretudo quando pouquíssimos atletas tinham a mesma competitividade ou desempenho durante aquela época. Não obstante, poucos possuíam o carisma ou o apelo midiático de Ayrton, o que tornou a comoção ainda maior.

Senna recebeu muitas e merecidas homenagens. E continua sendo muito idolatrado, não apenas no Brasil mas em todo o planeta. O desempenho nas pistas e o carisma junto ao público fez com que o brasileiro deixasse um legado no esporte muito maior que os três títulos (1988, 1990 e 1991) que conquistou.

Houve e ainda há muitos pilotos tão bons ou melhores do que Senna, seja pelos títulos conquistados, seja pelo estilo nas pistas. Nenhum deles, contudo, soube unir talento e carisma em uma única pessoa, sendo capaz de cativar pessoas não apenas no Brasil mas também em todo mundo. O brasileiro foi tão marcante que ele ainda mexe com o coração dos torcedores mesmo passados 30 anos desde a sua trágica despedida.

Senna e a Seleção Brasileira teriam feito um pacto para conquistarem
o tetracampeonato juntos em 1994. Os jogadores fizeram questão de
relembrar a promessa (imagem extraída de www.facebook.com/sitetrivela).