quinta-feira, 30 de julho de 2020

E Agora, Tricolor?


Imagem extraída de www.facebook.com/DaniAlvesD2/



Acabou o sonho do torcedor são-paulino de ver o fim do jejum de títulos, pelo menos em 2020. A eliminação em pleno Morumbi diante do esforçado Mirassol foi um golpe duro, ainda mais levando-se em conta que o Tricolor vivia um excelente momento antes do futebol ser interrompido por causa da pandemia -o Soberano havia acabado de golear a LDU na Libertadores e de vencer o Santos antes da pausa.

A eliminação ilustra a situação atual do clube. Justamente o São Paulo que se orgulhava em ser um ícone de democracia e modernidade, e que hoje representa a soberba pelas conquistas passadas e do retrocesso com ideias que deveriam ter ficado nos anos 90.

Muitos apontam o atual presidente, Leco, como o grande responsável pela situação mas, a meu ver, os problemas começaram já no fim da década de 2000 com então presidente Juvenal Juvêncio. O finado mandatário instituiu a reeleição na entidade (algo que não havia no São Paulo), afastou aliados importantes, arranjou inimigos poderosos (Globo e CBF, entre eles) e indicou os dois últimos presidentes à sua sucessão, Carlos Miguel Aidar (que foi afastado em 2015, acusado de corrupção) e o atual, Leco.

O resultado foi que o São Paulo fez o caminho inverso de seus rivais. Os problemas que assolavam Corinthians e Palmeiras durante a década de 2000 foram observados no Morumbi, enquanto os rivais caminhavam rumo à modernidade. E tudo isso repercutiu em campo.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc/



A solução, porém, não passa por mudanças na comissão técnica ou nos jogadores, afinal o Tricolor já utilizou mais de dez treinadores nos últimos anos -quase todos renomados e de diferentes estilos de jogo- e bons atletas nunca faltaram no Morumbi. Não adiantaria, portanto, demitir Fernando Diniz e tampouco promover uma "caça às bruxas" no elenco.

Algo que falta ao São Paulo é blindar o elenco dos problemas políticos (isso quase rebaixou o clube em 2013) e também das interferências da torcida na administração -vários jogadores bons foram "expulsos" do clube por pressão do torcedor incluindo Maicon (volante que hoje faz sucesso no Grêmio), Casemiro (que era chamado de "Casemarra" pelos detratores), entre outros. Na situação atual, o Tricolor poderia até contar com Cristiano Ronaldo, Messi e Guardiola e, mesmo assim, não conseguiria resultados pela pressão exagerada que recai sobre o time.

Falta também paciência e visão a longo prazo ao clube. O São Paulo, a meu ver, não cumpre um planejamento há muito tempo e demite treinador ao primeiro sinal de crise. Nunca há tempo ao comandante para ajustar o time ou implantar uma filosofia de trabalho, algo que os comentaristas esportivos sempre mencionam. Montar uma equipe vencedora leva tempo e muitas batalhas são perdidas no processo antes de se chegar ao troféu.

Vale também recorrer ao ano de 2004, quando o Tricolor se reerguia de uma crise e conseguiu pavimentar o caminho para o tricampeonato da Libertadores no ano seguinte. Na ocasião, o clube soube criar um equilíbrio entre vendas e contratações, além de manter uma "regularidade" nas competições. O time não brigava por títulos, mas não criava expectativas exageradas e nem tomava decisões precipitadas.

A derrota de ontem para o Mirassol, a meu ver, foi mais pela quebra de ritmo (algo que já mencionei aqui no blog) do que por deficiências no elenco. Mas a eliminação pesou pela expectativa criada antes da paralisação somada à impaciência de dirigentes e torcedores por um troféu. Cabe também mencionar que os atrasos nos vencimentos e os cortes nos salários promovidos de maneira unilateral (sem consultar os jogadores) podem ter influenciado na queda de desempenho.




Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc/





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