sexta-feira, 24 de julho de 2020

Reset


Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc/



Copa Libertadores 2010, setembro, fase semifinal. 

O São Paulo, após um primeiro semestre convincente na Libertadores, é eliminado pelo Internacional que, durante o mesmo período, vivia uma crise sob o comando de Jorge Fossati e arrancou para o bicampeonato já com o treinador Celso Roth. A competição havia sofrido uma interrupção de seis semanas para a realização da Copa do Mundo.

Campeonato Brasileiro 2019, julho.

O São Paulo, que passava por um jejum de vitórias durante o primeiro semestre (foram mais de seis jogos consecutivos sem um único placar positivo), consegue uma arrancada suficiente para assegurar o sexto lugar na tabela e uma vaga direta para a Libertadores 2020. O Brasileirão havia sofrido uma interrupção de quatro semanas para a realização da Copa América. Na mesma competição, o então líder Palmeiras caiu vertiginosamente de rendimento após a pausa e teve de se contentar com o terceiro lugar.

Os dois exemplos vivenciados pelo São Paulo não deixam dúvidas que a interrupção de um campeonato tem influencias no desempenho das equipes para o bem e também para o mal.

O futebol sofreu uma parada forçada em decorrência da pandemia do coronavírus e a maioria das competições foi suspensa até que a doença estivesse sob controle. Alguns dos campeonatos como o francês e o holandês nem chegaram a terminar com as federações decretando por encerrados os torneios locais.

Nos países em que os campeonatos foram retomados, ficou evidente como certas equipes voltaram diferentes após a pausa. A Lazio, por exemplo, ocupava a vice-liderança do Campeonato Italiano e chagou a ameaçar a líder Juventus mas não conseguiu manter o ritmo após o reinício e agora ocupa apenas a quarta colocação da competição. O Barcelona, que chegou a liderar o Campeonato Espanhol por um bom período, também retornou sem o mesmo ritmo (além dos problemas internos) e permitiu que o arquirrival Real Madrid se sagrasse campeão.



Imagem extraída de www.facebook.com/SSLazioOfficialPage



Eu me lembro quando em 2010 um amigo entusiasta do futebol me explicava o quanto a pausa para a Copa do Mundo seria nociva sobretudo aos times que viviam um bom momento utilizando o próprio São Paulo na época como exemplo.

As interrupções quase sempre quebram o ritmo dos times afetando a sequência do trabalho, a rotina de treinos e a concentração dos profissionais. Como resultado, as equipes raramente conseguem retornar da maneira como estavam até então.

As pausas também roubam o "momento" das equipes, aquela "boa fase" da qual os comentaristas sempre se referem quando os times conseguem muitos resultados bons seguidamente. Como é sabido, o tempo é algo impossível de se recuperar.

Equipes em má fase, por outro lado, acabam beneficiadas porque têm menos a perder com as interrupções e ainda conseguem se valer da quebra de ritmo dos rivais que passavam por um bom momento. Por este motivo, times em crise quase sempre conseguem reagir após uma parada. Na prática é como se a pausa causasse um reset nas agremiações e as obrigasse a começar novamente do zero.

Não estranhe, portanto, se aquele time que estava voando antes da quarentena passar a jogar um futebol ruim e destoante após o retorno, assim como aquelas equipes em crise podem muito bem surpreender agora que seus adversários estão longe do ritmo impresso anteriormente.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc/




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