sexta-feira, 31 de julho de 2020

Tempo


Imagem extraída de www.facebook.com/LiverpoolFC/



Quatro anos.

Este foi o tempo que o treinador Jürgen Klopp demorou para conquistar seu primeiro título pelo Liverpool. O alemão chegou pouco depois do início da temporada 2015-16 após a demissão do antecessor Brendan Rodgers. Klopp, que havia acabado de deixar o Borussia Dortmund após sete anos de trabalho, pretendia dar uma pausa na carreira, mas prontamente mudou de ideia para assumir os Reds.

A primeira temporada do alemão esteve longe de justificar o investimento no treinador. O Liverpool não conseguiu retornar à Champions League (terminou em oitavo na Premier League) e os Reds tiveram de se contentar com o vice na Europa League diante do Sevilla, clube com orçamento e elenco bem mais modestos se comparados ao dos ingleses. Se fosse no Brasil, Klopp provavelmente já estaria no olho da rua.

Vieram as temporadas 2016-17 e 2017-18. Novas decepções incluindo a dramática derrota na final da Champions diante do Real Madrid em 2018. O Liverpool ofereceu a Klopp nesse período autonomia quase total sobre o elenco, incluindo contratações e dispensas, mas os títulos não vieram. Por que, então, o clube inglês deveria insistir no alemão se os troféus não voltavam ao Anfield?

Klopp daria sua resposta na temporada seguinte, 2018-19. E em grande estilo com a conquista do hexa na Champions tirando o Liverpool de uma longa fila de 14 anos.



Imagem extraída de www.facebook.com/LiverpoolFC/



Muitos treinadores aqui do Brasil têm inveja de Klopp sem nenhuma dúvida. O alemão fracassou em suas três primeiras temporadas e, mesmo assim, o Liverpool deu todo o tempo necessário para que o técnico pudesse se aperfeiçoar no exigente futebol inglês e implantasse a sua filosofia de jogo. E o treinador também teve toda a liberdade para dispensar medalhões (Lucas Leiva e Kolo Touré, por exemplo) ou fazer apostas em jovens (Alexander-Arnold e Robertson).

Nem a surpreendente eliminação diante do Atlético de Madrid na Champions desta temporada foi suficiente para abalar o prestígio de Klopp. O treinador continuou sendo exaltado e adorado em Anfield, tanto pelo torcedor quanto pelos dirigentes. E o alemão ainda conseguiria tirar o Liverpool de outra fila, a do Campeonato Inglês cujo título não era conquistado desde 1990 -e o peso da conquista foi ainda maior visto que os Reds jamais haviam erguido o troféu na era da Premier League.

A lição que o Liverpool nos ensina atinge os times brasileiros justamente onde eles falham. Nós só enxergamos resultados a curto prazo e não hesitamos em buscar atalhos para tal. Nunca há paciência para esperar um treinador implantar suas ideias: se os resultados aparecem, o técnico é bom; caso contrário, ele já merece ser demitido.

A nossa falta de visão a longo prazo e de paciência (sim, nós torcedores também temos muita responsabilidade com essa cultura do "tudo pra ontem") impede que grandes trabalhos possam ser desenvolvidos e realizados aqui no Brasil. Treinadores e jogadores de potencial acabam queimados em seus clubes por pura falta de perspectiva de fãs e dirigentes. Planejamentos inteiros acabam rasgados pela nossa pressa.

Por que o nosso futebol está cada vez mais atrasado com relação ao europeu? O Liverpool nos deu uma pista ao manter Klopp apesar de todos os fracassos iniciais. Será que nossos dirigentes e torcedores seriam capazes de decifrar esse enigma?



Imagem extraída de www.facebook.com/LiverpoolFC/




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