sábado, 1 de agosto de 2020

Nem Jesus, nem Guardiola


Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial/



Foi anunciado ontem o novo treinador do Flamengo. Trata-se do catalão Domènec Torrent, ex-auxiliar de Josep Guardiola. O técnico deve desembarcar no Brasil no início da próxima semana e iniciar a preparação do time para a estreia no Brasileirão diante do Atlético Mineiro no próximo domingo, dia 9 de agosto.

O treinador terá pouco menos de uma semana para conhecer o elenco e implantar sua metodologia de jogo. O lateral Rafinha, que já trabalhou com Torrent no Bayern München, elogiou bastante o comandante em entrevistas e não escondeu a preferência pelo catalão diante das possibilidades apresentadas para suceder Jorge Jesus -os portugueses Leonardo Jardim e Carlos Carvalhal eram outros possíveis candidatos.

A expectativa com relação a Torrent é enorme. Tecnicamente, espera-se que ele seja tão bom quanto seu mentor e também que seja adepto da mesma filosofia -posse de bola, intensidade, ofensividade e um futebol de encher os olhos. Em termos de produtividade, dirigentes e torcedores esperam que o catalão mantenha a hegemonia do Flamengo na América do Sul com a manutenção dos títulos conquistados durante a última temporada e, claro, que o treinador leve o rubro-negro ao sonhado bi-mundial.

Torrent ganhou dezenas de títulos ao longo de sua carreira, mas apenas como auxiliar técnico de Guardiola. Em sua "carreira solo", o catalão dirigiu alguns times pequenos da Catalunha (Girona, Palafrugell e Palamós) e o New York City dos Estados Unidos. E não obteve nenhum troféu em seus trabalhos.

O Flamengo será, portanto, a grande chance de afirmação profissional. Como o futebol brasileiro está defasado em relação ao europeu, as ideias de Torrent poderiam fazer toda a diferença em um cenário atrasado como o nosso. Uma eventual conquista do Mundial de Clubes poderia até colocar o treinador na mira de grandes clubes europeus.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial/



O grande desafio de Torrent no Brasil será demonstrar que ele tem luz própria e fugir da sombra de seu mentor Guardiola ou de seu antecessor Jesus. As comparações e as expectativas exageradas podem transformar em pesadelo aquele que seria o grande salto em sua carreira emergente.

As comparações com Jesus ou Guardiola serão invitáveis e tudo isso pode se tornar uma grande armadilha em todos os sentidos. Os mandatários flamenguistas terão de blindar ao máximo o novo comandante para que toda a euforia inicial não se transforme em uma grande decepção, ou Torrent poderá acabar queimado de forma injusta.

O pouco tempo de adaptação ao Brasil também pode causar uma frustração inicial. Como mencionado anteriormente, Torrent terá menos de uma semana (se ele realmente chegar na próxima segunda-feira) entre o seu desembarque e a estréia do Flamengo no Brasileirão. Uma eventual derrota contra o Galo pode até pressionar o treinador -injusto, mas essa é, infelizmente, a cultura de nosso futebol.

Aconselharia que o novo treinador fosse apresentado e iniciasse os trabalhos apenas na próxima semana, deixando ao treinador interino Maurício Souza a missão de preparar e comandar o time para a estréia no Brasileirão, mas muitas matérias têm deixado claro que os dirigentes flamenguistas têm pressa. Não será surpresa, portanto, que Torrent tenha um batismo de fogo.

O mais importante, porém, é ter em mente que Domènec Torrent não é Josep Guardiola e nem Jorge Jesus. É um treinador diferente, talvez com ideias parecidas e que não merece ser pressionado pela expectativa criada.




Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial/




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