Encerrou-se no último domingo a Eurocopa 2024. A competição, de modo geral, apresentou jogos emocionantes e de bom nível técnico. O campeonato, obviamente, não foi impecável e algumas controvérsias deixaram manchas no evento incluindo polêmicas de arbitragem, invasões de campo, objetos arremessados nos gramados e manifestações extremistas -por parte de alguns atletas e torcedores.
As seleções apresentaram muitas propostas criativas de jogo incluindo linhas de cinco para dificultar as jogadas adversárias pelos flancos e forçar cobranças de escanteio como resposta às marcações baixas. Muitos dos times, porém, pecaram no quesito objetividade e pareciam com mais medo de perderem a posse da bola do que a partida.
Os camisas nove balançaram pouco as redes durante a competição e a artilharia do campeonato acabou bastante "diluída" -certamente reflexo da marcação baixa (em duas linhas de quatro ou de cinco) que nega os espaços próximos à área ao mesmo tempo que incentiva os chutes de longe. E, a exemplo da Euro 2020, tivemos um grande número de gols contra (dez no total) indicando que os zagueiros estão se precipitando nos lances.
Vamos, por fim, aos destaques positivos e negativos da Euro 2024!
Melhor Time- Espanha: óbvio que a campeã seria a melhor equipe da Euro 2024. Com um futebol mais intenso e objetivo, a Furia se libertou do desgastado Tiki-Taka sem abrir mão do jogo bonito. Tudo isso sem descuidar da defesa que foi vazada apenas quatro vezes ao longo da competição graças ao ótimo trabalho dos volantes e laterais que recompuseram muito bem.
Pior Time- Sérvia: lenta, faltosa e burocrática. Os Orlovi tinham elenco para irem mais longe na competição mas apresentaram um futebol feio e sonolento.
Melhor Partida- Holanda 2x3 Áustria (3ª Rodada da Fase de Grupos): duas equipes ofensivas que buscaram jogo o tempo todo Foi uma partida disputada, com muitos lances bonitos e, claro, com muitos gols.
Pior Partida- Dinamarca 0x0 Sérvia (3ª Rodada da Fase de Grupos): quando até o narrador reclama do jogo, significa que há algo de muito errado em campo.
Surpresa- Turquia: os Yıldızlılar foram até as quartas-de-final graças ao renovado elenco que combinou talento com raça. O treinador italiano Vicenzo Montella também merece créditos por utilizar bem os garotos e pelas variações táticas apresentadas em campo. Menção para a estreante Geórgia que chegou às oitavas e deu muito trabalho até às potências como Portugal e Espanha.
Decepção- Croácia: a Hrvatska deu novos indícios de que o trabalho de Zlatko Dalić e a geração de Luka Modrić "bateram no teto". Bem, havia sido assim também na Euro 2020 e os Vatreni deram a resposta no Mundial seguinte ao alcançarem um inesperado terceiro lugar. Será que a história vai se repetir? Menções para Bélgica e Itália que tinham elenco para irem bem mais longe.
SELEÇÃO DO CAMPEONATO:
Goleiro- Diogo Costa (Portugal): foi vazado apenas três vezes na competição, realizou grandes intervenções com a bola rolando e defendeu três pênaltis contra a Eslovênia. Como ainda é jovem (apenas 24 anos), deve esquentar o mercado nos próximos meses.
Lateral-Direito- Kyle Walker (Inglaterra): foi um dos jogadores mais regulares da competição com pouquíssimos erros defensivos. Também foi bem no apoio quando o esquema foi alterado para 4-1-4-1.
Zagueiro- Antonio Rüdiger (Alemanha): teve de jogar por ele e por Kimmich, que voltava pouco para marcar. Muita solidez defensiva e nenhuma vergonha quando precisou dar chutões ou cometer faltas.
Zagueiro- John Stones (Inglaterra): mostrou porque é um dos melhores zagueiros do mundo. Muita segurança e muita versatilidade em campo.
Lateral-Esquerdo- Nuno Mendes (Portugal): uma das apostas de Roberto Martínez, o jogador do PSG entendeu-se bem com Rafael Leão e foi muito bem no apoio. Na defesa, fez sua parte.
Volante- Fabián Ruiz (Espanha): excelente trabalho no preenchimento de espaços. Prendeu a bola no campo de ataque e limitou os contra-ataques pelo meio. E ainda anotou dois gols na competição.
2º Volante/Meia Central- Marcel Sabitzer (Áustria): fez um pouco de tudo em campo. Foi cabeça-de-área, meia e falso nove. Distribuiu assistências e ainda fez um gol.
2º Volante/Meia Central- Granit Xhaka (Suíça): multiplicou-se em campo e parecia estar em todas as partes do gramado ao mesmo tempo.
Meia-Armador- Dani Olmo (Espanha): Olmo, que começou a competição como reserva, aproveitou muito bem os minutos que teve em campo e ganhou a titularidade com a lesão de Pedri. Distribuiu assistências e, de quebra, foi um dos artilheiros da competição com três gols.
Atacante- Bukayo Saka (Inglaterra): foi o jogador mais regular da Inglaterra com pouquíssimos erros ou jogos ruins. O atleta também se redimiu do pênalti perdido em 2021 com uma grande jornada na competição.
Atacante- Nico Williams (Espanha): velocidade, dribles, recomposição e muito talento em campo. Oficialmente anotou dois gols -o número só não foi maior porque a UEFA considera que alguns foram contra por terem desviado em adversários.
Treinador- Luis de la Fuente (Espanha): tinha a missão de renovar o elenco e libertar a Espanha dos vícios do Tiki-Taka. Cumpriu as duas metas com êxito e mostrou que é possível ser objetivo em campo sem abrir mão do futebol bonito.
REVELAÇÃO- Lamine Yamal (Espanha): eu estava entre Yamal e Arda Güler. A idade (17 anos) e o título pesaram para a escolha da joia catalã que demonstrou talento e muita personalidade em campo.
CRAQUE DA COMPETIÇÃO- Nico Williams (Espanha): o autor estava entre Williams e Fabián Ruiz. O atacante do Athletic foi eleito por ter feito mais gols (alguns foram dados como contra por terem desviado em rivais) e pelas exibições mais vistosas em campo enquanto o volante teve participação mais discreta.
BÔNUS- "SELEBOSTA" DA COMPETIÇÃO:
Goleiro- Altay Bayındır (Turquia): além de sido vazado três vezes em uma partida, levou um gol contra bizarro após dormir em bola recuada por Akaydin.
Lateral-Direito- Joshua Kimmich (Alemanha): foi a alegria dos ponteiros adversários durante a competição. Uma verdadeira avenida para os rivais.
Zagueiro- Ryan Porteous (Escócia): ficou perdido com os atacantes alemães e foi merecidamente expulso (e suspenso por duas partidas) após chutar a panturrilha de Gündoğan.
Zagueiro- António Silva (Portugal): a Geórgia agradece pelos serviços prestados. Errou feio nos dois gols anotados pelos Jvarosnebi.
Lateral-Esquerdo- Kieran Trippier (Inglaterra): existe uma grande diferença entre ser um jogador versátil e um "quebra-galho". E Trippier foi apenas um "quebra-galho" na lateral esquerda.
Meia- Antonín Barák (República Checa): além de não ver a cor da bola, conseguiu levar dois cartões com apenas vinte minutos de jogo.
Volante- Ádám Nagy (Hungria): deve estar procurando Gündoğan e Xhaka até agora. Levou um baile dos meias adversários.
Volante- Nicolò Fagioli (Itália): escalado para cobrir a suspensão de Jorginho, foi presa fácil dos meias rivais. Não obstante, errou quase tudo o que tentou.
Meia- Adam Hložek (República Checa): sua "mão boba" custou um gol para o seu time e também causou um pênalti para a Geórgia.
Atacante- Romelu Lukaku (Bélgica): o "inimigo do VAR" teve diversos gols anulados pelo "impedimento semi-automático". Não obstante, desperdiçou oportunidades claras e passou a Euro 2024 em branco.
Atacante- Bruno Petković (Croácia): mal tocou na bola e viu time melhorar depois que Budimir entrou em seu lugar. Não obstante, desperdiçou um pênalti e levou uma bronca do técnico pelo lance.
Treinador- Dragan Stojković (Sérvia): errou ao sacar Tadić e fez seus dois atacantes, Vlahović e Mitrović, baterem cabeça na área. Não obstante, seu time foi lento e burocrático apesar de contar com ótimos jogadores no elenco.
FLOP DA COMPETIÇÃO- Antonín Barák (República Checa): levou dois cartões evitáveis com apenas vinte minutos de jogo. Teve muita responsabilidade pela eliminação da República Checa ainda na fase de grupos.