terça-feira, 4 de julho de 2023

É Possível Criar um Time Auto-Suficiente?

Jordi Alba, Sergi Roberto e Sergio Busquets foram todos formados nas categorias
de base do Barcelona (imagem extraída de www.facebook.com/fcbarcelona).



Sou um defensor ferrenho das categorias de base. A meu ver, os clubes devem formar garotos para serem utilizados algum dia em seu time principal mesmo que seja apenas para compor elenco. Tal filosofia foi influência do Barcelona no início da década de 2010, que se orgulhava dos jogadores revelados em La Masia e que vislumbrava a possibilidade de montar uma equipe formada apenas por atletas criados em sua cantera. O falecido (e controverso) presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, também idealizava um grupo composto apenas por garotos nascidos no CT de Cotia após sua inauguração em 2007.

A ideia de criar uma equipe auto-suficiente (que não dependa de contratações) já foi defendida por diversos futebolistas. Johan Cruyff sempre pregou que os clubes devem primeiro investir em suas bases e depois adquirir jogadores apenas se fossem imprescindíveis, filosofia praticada até hoje no Ajax e no próprio Barcelona durante a "Era Guardiola". Equipes bascas como o Athletic Bilbao e a Real Sociedad também investem na formação de atletas para que tenham plena identificação com a província e compartilhem do sentimento de nacionalismo com o País Basco, algo que o Barça também pratica em relação à Catalunha.  

As instituições, porém, nem sempre conseguem formar gerações competitivas de jogadores. Isto fica evidente nas seleções que nem sempre dispõem de atletas confiáveis para determinadas funções, o que justifica o desempenho inconsistente das equipes de campeonato para campeonato. Os clubes conseguem compensar tais problemas contratando atletas para suprir necessidades.



Ansu Fati é mais um jogador revelado pelo próprio Barcelona
(imagem extraída de www.facebook.com/fcbarcelona).



Seria necessário, portanto, um trabalho ainda mais esmero dos olheiros para garimpar jovens na base e também um pouco de "sorte" para que uma boa safra de atletas seja formada. O próprio Barcelona, durante o final da "Era Guardiola", havia tentado promover mais garotos de La Masia (Muniesa, Tello, Krkić, ...) para sucederem a geração de Messi algum dia, porém nenhum deles apresentou o mesmo talento ou consistência de Iniesta, Busquets ou Piqué.

Os torcedores, em especial aqui no Brasil, sempre preferem contratações em detrimento às categorias de base visto que a vinda de um atleta sempre empolga os fãs e ainda demonstra "poderio aquisitivo" de um clube. O talento pronto, ademais, costuma gerar resultados imediatos enquanto um jovem carece de amadurecimento nos times principais. Isso sem mencionar que há transações que são motivadas por interesses políticos ou de empresários.

A criação de uma equipe auto-suficiente, portanto, é possível mas ainda é muito mais um idealismo do que algo palpável. Nem sempre as categorias de base irão revelar boas safras de atletas por melhor que sejam os trabalhos de observação e de formação. O próprio Barcelona, durante os últimos anos, optou mais por contratar do que promover novos jovens, embora nomes como Ansu Fati, Balde e Gavi ainda demonstrem que o sonho seja possível. 



Gavi, de apenas 18 anos, é mais uma aposta criada no Barcelona
(imagem extraída de www.facebook.com/fcbarcelona).




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