O Apressado Come Cru

Imagem extraída de www.facebook.com/FCBayern

A temporada 2022-23 tinha tudo para ser histórica em Munique, afinal o Bayern München sobrou na fase de grupos da Champions League (obteve 100% de aproveitamento em uma chave com o Barcelona e a Internazionale) e o time bávaro reinava na Alemanha como sempre. A fase era tão boa que o garoto Josip Stanišić (que hoje está no Leverkusen) botou o poderoso atacante Mbappé no bolso durante as oitavas da Liga dos Campeões. Uma terceira Tríplice Coroa era um objetivo mais do que viável.

Era sabido, no entanto, que o treinador Julian Nagelsmann não tinha boas relações com as lideranças do elenco, em especial o capitão Manuel Neuer. Os dois diretores de futebol do Bayern, Oliver Kahn e Hasan Salihamidžić, tomaram o partido dos atletas e promoveram uma mudança no comando, contratando Thomas Tuchel. A derrota para o Leverkusen foi a desculpa para a troca de técnico.

O Bayern não reagiu bem à mudança e foi eliminado dos dois mata-matas. Não obstante, os bávaros fizeram uma campanha instável no restante da Bundesliga a o time de Munique só foi campeão graças a um tropeço do Borussia Dortmund na última rodada. Kahn e Salihamidžić foram responsabilizados pela queda de rendimento e foram desligados do clube.

Veio a temporada seguinte e o Bayern investiu pesado em reforços, em especial o atacante Harry Kane. O time bávaro, porém, viu o fim de sua hegemonia de 11 temporadas consecutivas na Bundesliga com o título do Bayer Leverkusen e ainda caiu na DFB Pokal para o modesto Saarbrücken, que joga a terceira divisão da Alemanha. Tuchel não suportou a pressão e anunciou que deixará a Baviera ao término da atual temporada.

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Nagelsmann, por sua vez, não ficou muito tempo desempregado e foi chamado para assumir a Seleção Alemã no lugar de Hansi Flick ainda em 2023. A Mannschaft demonstrou instabilidade durante um primeiro momento mas o treinador conseguiu recuperar a equipe e a Nationalelf voltou a vencer jogando um futebol convincente durante os últimos confrontos.

Os fatos aqui explanados serviram para comprovar o quanto a precipitação do Bayern custou caro ao clube, que continua pagando o preço até hoje pela troca de treinador em 2023. Ficou evidente que havia algo errado nos bastidores mas em campo o time manteve o profissionalismo e seguiu competindo. Era possível, portanto, manter Nagelsmann até o final daquela temporada e só então discutir uma mudança.

O time já havia jogado fora uma provável Tríplice Coroa em 2022-23 e o castigo agora chegou a cavalo para o Bayern com a perda de hegemonia da Bundesliga (que foi muito mais mérito do Leverkusen do que demérito dos bávaros), além da eliminação vexaminosa para o Saarbrücken. O próprio Tuchel, indiretamente, admitiu o erro de seu clube ao anunciar sua saída em fevereiro deste ano apesar de ter contrato até 2025.

Resta ao Bayern tentar uma reviravolta na Champions League, algo que Tuchel já conseguira em 2020-21 com o Chelsea. O adversário será o Real Madrid que o treinador, coincidentemente, eliminara durante aquela temporada nas semifinais. Se passar, o técnico reencontrará seus dois ex-times (Borussia Dortmund e PSG) na final, ambos muito bem conhecidos pelo alemão. As chances, de salvar o ano, portanto, ainda existem.

O Bayern demonstrou o quanto a precipitação pode ser um erro fatal. O clube não quis passar vergonha na Bundesliga em 2023 mas acabou pagando um preço muito alto pela atitude. Futebol deve ser administrado com profissionalismo e seriedade, e jamais "no calor do momento".

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