terça-feira, 24 de março de 2015

Três Zagueiros

Imagem extraída do Facebook oficial do Bayern München- https://www.facebook.com/FCBayern/



Era abril de 2014. O Bayern precisava vencer o Real Madrid por dois gols ou mais para chegar a mais uma final da Champions League. O cenário era totalmente favorável ao time bávaro, com o jogo sendo realizado na Allianz Arena, a equipe liderando com folga a Bundesliga, a base vencedora da temporada anterior mantida e o Real vivendo altos e baixos atrás dos rivais Atlético e Barcelona em La Liga.

Para a surpresa de todos, o Real de Ancelotti conseguiu imobilizar o Bayern de Guardiola e os Merengues golearam os bávaros por inapeláveis 4x0. A equipe madrilenha calou o Allianz Arena amarrando o rival alemão e articulando contra-golpes. Diria que foi apenas mais uma retranca de Ancelotti (algo que era típico do treinador italiano no Milan e PSG) caso o placar tivesse sido menor, mas uma goleada pro 4x0 indica que os espanhóis foram totalmente superiores. Não havia como contestar o resultado.

O segredo de Ancelotti? O treinador italiano "encaixou" o 4-3-3/4-2-3-1 do Bayern com o 4-4-2 típico, formação que estava caindo em desuso com a popularização do esquema de três atacantes ou um atacante e dois wingers. Ancelotti, com seu Real Madrid, e também Diego Simeone, com seu Atlético de Madrid, ressuscitaram o 4-4-2 e provaram a eficiência do esquema tático ao chegaram à final da Champions 2013-14.



Bayern no 4-2-3-1 e Real no 4-4-2: a formação anula o esquema
bávaro com duas linhas de quatro e possibilita contra-golpes
velozes pelas pontas com Bale e Di María (obtido via this11.com).



O esquema de Ancelotti não era eficiente apenas defensivamente: os avanços de Bale e Di María pela pontas faz os dois wingers se juntarem a Benzema e Ronaldo na frente, fazendo com que o Real atuasse com quatro atacantes. Por mais que o Bayern contasse com bons defensores, a marcação individual (chamada de "homem-a-homem") não tem mais a mesma eficiência do passado e a linha de zaga bávara sucumbiu ao quarteto ofensivo dos Blancos.

Guardiola, após o fracasso na Champions anterior, cogitou adotar um antídoto par ao 4-4-2: o esquema de três zagueiros. Esse esquema, bastante adotado nos anos 80 e 90, tinha como objetivo justamente anular o 4-4-2 popularizado pelos italianos. O treinador catalão espera justamente que, em caso de novo encontro com rivais que adotem o 4-4-2, consiga "encaixar" o esquema rival e levar a melhor em campo.



Bayern fazendo a transição do 4-3-3 para o 3-5-2: Müller recuaria para
o meio-de-campo enquanto Martínez recua para a zaga. O esquema
"encaixaria" o 4-4-2 do Real, dificultando os avanços de Bale e James
(imagem obtida via this11.com).



Guardiola já andou testando sua nova invenção na temporada. O esquema não deu certo imediatamente (veja abaixo), com o Bayern levando um banho do rival Borussia Dortmund na DFL-Supercup. O esquema de três defensores não funcionou contra o 4-2-3-1 do aurinegros justamente porque a marcação individual, mais uma vez, não teve eficácia contra três atacantes. E Guardiola viu seu primeiro troféu da temporada parar nas mãos de Sebastian Kehl.



"O primeiro beijo nem sempre sai direito": Guardiola testou sua nova
invenção contra o Borussia Dortmund, mas o rival atuava com três
atacantes e o esquema de três zagueiros não conseguiu segurar o BVB
na marcação individual (obtido via this11.com). 



Guardiola, provavelmente, ainda não terá como testar efetivamente sua "descoberta" na Champions. O Porto, próximo adversário, também joga com três atacantes e tende a sair bastante para o jogo ao invés de apostar nos contra-ataques.

Se os bávaros chegarem às semifinais, a prova de fogo para a invenção de Guardiola deve aparecer na próxima etapa. Tanto o Real quanto o Atlético atuam em 4-4-2. O treinador catalão terá a grande chance da desforra contra os espanhóis na próxima etapa. Porém, é bom lembrar: os adversários também estão de olho no Bayern e eles também estão preparando maneiras de tirar os bávaros da jogada.



SALVEM O CORINTHIANS

O Corinthians fará uma maratona de três jogos nesta semana: enfrenta a Portuguesa em casa hoje, recebe a Penapolense na quinta e termina visitando o Bragantino no domingo. O cidadão que organizou esse calendário provavelmente não entende nada de futebol e nem de condicionamento físico ao expor os jogadores a uma sequência de tantos jogos em um intervalo de tempo tão pequeno. Clube, jogadores e o técnico Tite deveriam protestar contra esse absurdo.



JESUS AINDA NÃO SALVA

O torcedor, visivelmente influenciado pela imprensa, exige que o treinador Oswaldo de Oliveira coloque o garoto Gabriel Jesus, revelando na própria base do Verdão, para jogar com mais frequência. É bom lembrar que Gabriel ainda é apenas um garoto de 17 anos (faz 18 em abril). Talvez ele seja realmente um craque, mas ainda é prematuro afirmar isto. Dou toda a razão ao treinador ao conter a euforia com relação ao menino.


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