sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Chega de "Ei, Juiz! Vai Tomar no C*"!

Imagem extraída do Facebook oficial do São Paulo- https://www.facebook.com/saopaulofc



"Ei, juiz! Vai tomar no c*"!

"Juiz ladrão! Filho da p***"!

Que atire a primeira pedra quem nunca proferiu estas frases quando o árbitro deixou de favorecer o seu time do coração em algum lance polêmico, independente de ter ou não razão.

O hábito de se insultar os homens do apito é tão corriqueiro que já faz parte de nossa cultura futebolística. Torcedores de todos os times, independente da idade, sexo, etnia e religião frequentam os estádios e raramente deixam de protestar contra a arbitragem utilizando palavras chulas.

Há, no entanto, uma pergunta bastante óbvia mas que nunca é feita: como o juiz se sente ao ser alvo das críticas e insultos proferidos pelos torcedores que vão ao estádio?

Nenhum profissional, obviamente, gosta de receber críticas negativas a respeito do trabalho que desempenha. Imaginem, então, como se sente um trabalhador que é insultado durante o exercício de sua profissão, independente do motivo.

O árbitro é sempre muito pressionado em campo. Cartolas, imprensa, treinadores e jogadores sabem que as decisões dos homens de apito têm o poder de definir uma partida. Os juízes, portanto, são sempre muito vigiados e cobrados por suas atitudes no gramado uma vez que o resultado de um jogo e até mesmo de um campeonato passa pelas mãos da arbitragem.

Há códigos de conduta no esporte que, de certa forma, protegem os árbitros das agressões -verbais ou físicas- desferidas por outros profissionais do meio esportivo. Os atacantes Dudu (do Palmeiras) e Emerson (do Flamengo), por exemplo, foram denunciados e julgados por desrespeitarem os juízes em campo.

Os árbitros, contudo, pouco podem fazer para se protegerem das ofensas vindas do torcedor. Frequentadores dos estádios se aproveitam do anonimato em meio às multidões e proferem dezenas de palavras -muitas delas obscenas- dirigidas ao times rivais, a jogadores "sem comprometimento" e, claro, ao juiz da partida.

O juiz, aparentemente, ignora os insultos. A pressão jogada sobre a arbitragem somada às ofensas, contudo, vão enervando os homens de apito até o ponto em que os profissionais não mais conseguem executar seu trabalho de forma apropriada. O árbitro, por nervosismo ou por puro desaforo, acaba cometendo erros em campo.

Existem, obviamente, juízes incompetentes e sem caráter. Mas também cabe ao torcedor se colocar no lugar do árbitro. Imagine você trabalhando duro, tendo de cumprir dezenas de metas, sob as ordens de um chefe rigoroso e ainda tendo de lidar com críticas alheias. A realidade de um homem do apito, portanto, não é muito diferente da sua, trabalhador de classe média, que precisa suar a camisa para manter as contas em dia e ainda ver o seu esforço sendo pouco reconhecido.

Antes de dizer que o juiz é um "safado" ou que ele "apita mal", o torcedor deve levar em conta também que aquele homem que está mediando o confronto também é um ser humano, que ele também comete erros e que ele também está sofrendo pressão de todos os lados.

Chamar o juiz de "filho da p***", infelizmente, faz parte de nossa cultura, mas é algo que deveria ser banido. Insultar uma pessoa, seja quem for e independente do motivo, não melhora seu desempenho profissional e ainda enerva o cidadão em questão.



Imagem extraída do Facebook oficial do São Paulo- https://www.facebook.com/saopaulofc


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