quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Colapso

Odair deixou o Fluminense seduzido por uma proposta do Al Wasl, dos
Emirados Árabes (imagem obtida de www.facebook.com/FluminenseFC)



Odair Hellmann deixou o Fluminense nesta semana. O treinador aceitou uma proposta do Al Wasl, clube dos Emirados Árabes Unidos, onde receberá mais do que o dobro de seu salário no Flu -cerca de R$ 600 mil mensais contra os R$ 250 mil atuais. O técnico explicitou durante entrevistas o quanto estava incomodado com as críticas ao seu trabalho, sobretudo àquelas vindas através de redes sociais.

Odair sofreu muitas críticas, algumas delas exageradas e injustas. O catarinense era sempre lembrado pelas eliminações sofridas e pela irregularidade de sua equipe no Brasileirão. O treinador raramente recebia algum reconhecimento pelos seus méritos: seu Fluminense faz uma boa campanha no Campeonato Brasileiro a despeito da instabilidade, há chances reais de vaga na Libertadores, sua equipe joga um bom futebol apesar do elenco curto e seu time conseguiu fazer frente até ao Flamengo de Jorge Jesus na final da Taça Rio mesmo com as discrepâncias entre os elencos.

Situação muito semelhante à de Eduardo Coudet quando estava a frente do Internacional. O argentino sempre era cobrado por não ter vencido nenhum clássico contra o Grêmio e também pela trajetória irregular de sua equipe. Poucos, porém, reconheciam que o time fazia um boa campanha no Brasileirão e na Libertadores a despeito do elenco curto. O Chacho, aliás, tinha plena consciência de que o grupo era insuficiente para aguentar três competições simultâneas e cansou de pedir reforços, mas a situação econômica do Colorado não permitia e o técnico aceitou uma proposta do Celta de Vigo para comandar o clube galego.

Ficou evidente que Coudet era o grande diferencial do Inter na temporada. Após a saída do argentino, o Colorado perdeu o rumo em todas as competições que disputava a despeito do Chacho ter deixado uma equipe montada a seu sucessor. Os gaúchos foram eliminados da Copa do Brasil diante do esforçado América Mineiro, o time despencou na tabela do Brasileirão (era líder e agora está em sexto) e a eliminação da Libertadores diante do Boca Juniors está quase consumada. Torcedores até fizeram campanhas nas redes sociais pedindo o retorno do hermano, mas foi em vão.



Eduardo Coudet trocou o Inter pelo Celta. E o Colorado desabou após a
saída do argentino (imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional)



A saída de Odair do Flu causou o temor de que aconteça com o Tricolor a mesma queda de rendimento ocorrida com o Inter após Coudet deixar o Colorado. Ainda que o catarinense tenha sido injustamente criticado, era fato que o treinador foi o grande responsável pela boa campanha do Nense no Brasileirão. O desempenho irregular se devia ao elenco curto e o técnico conseguia tirar leite de pedra da equipe, exatamente como o argentino vinha fazendo no time gaúcho.

Fica o aprendizado aos "corneteiros" que vivem valorizando os defeitos de suas equipes ao invés de enxergar os méritos. Odair e Coudet, contra todas as chances e limitações, conseguiram manter vivas as suas respectivas equipes. O devido reconhecimento aos treinadores só se deu justamente quando eles deixaram seus respectivos times. Os mesmos que pediam as cabeças dos técnicos agora lamentam as despedidas.

Os dirigentes do Fluminense apostam no interino Marcão para manter a boa campanha do time. O novo treinador tem a simpatia do grupo e é financeiramente viável para a realidade do Tricolor. A responsabilidade, porém, será muito grande visto que a vaga da Libertadores já era considerada uma realidade nas Laranjeiras e a saída inesperada de Odair foi um baque no clube. 



O interino Marcão comandará o Flu até o final da temporada
(imagem obtida de www.facebook.com/FluminenseFC)




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