terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Quem Liga pras Finanças?

Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians



Lembro quando Felipe Neto tentou salvar o Botafogo do rebaixamento e da falência em 2020. O influenciador havia reunido empresários botafoguenses e levantado dinheiro visando saldar as dívidas do clube. Para a decepção do youtuber, ele foi informado que os recursos "seriam investidos no futebol" (provavelmente para a contratação de mais reforços) ao invés do saneamento das finanças e o comunicador se retirou do projeto.

Os presidentes do Corinthians e do São Paulo começaram muito bem o ano de 2024 sob o ponto de vista administrativo. O mandatário alvinegro, Augusto Melo, acertou um patrocínio master de cerca de R$ 120 milhões anuais, o que faz a camisa corinthiana a mais valiosa da América do  Sul. O cartola tricolor, Júlio Casares, não deixou por menos e também obteve muitos recursos para o seu clube: vendeu os naming rights do Morumbi por R$ 25 milhões anuais, também trocou o patrocinador master (mais R$ 52 milhões anuais), acertou parcerias para a realização de shows no estádio e está viabilizando a construção de uma arena multiuso.

Seria ideal que que a maior parte desse dinheiro fosse utilizado para sanar dívidas (ou amortizá-las, pelo menos) e evitar que vexames como atrasos na premiação ou calotes nas marmitas se repetissem. Infelizmente, o mais provável é que estes recursos sejam investidos em mais reforços visto que mandatários são quase sempre lembrados mais pelos títulos conquistados do que por manterem as finanças em ordem. Vide os casos de Paulo Nobre no Palmeiras ou de Bandeira de Mello no Flamengo.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



O dinheiro dos clubes não sai do bolso dos cartolas e muitos dos dirigentes o utilizam irresponsavelmente. Alguns até gastam mais do que podem o que justifica o endividamento dos clubes e os salários atrasados de jogadores. A imensa maioria dos torcedores, ademais, não se importa com os aspectos administrativos e só quer saber de troféus ou de reforços. E a imprensa, por fim, sempre dá mais destaque aos títulos do que para a situação financeira das instituições. Logo, responsabilidade fiscal é um fator secundário no futebol.

Melo e Casares, com o aumento substancial das receitas, têm a grande chance de fazer diferente de seus antecessores e deixar um legado muito maior do que troféus em seus respectivos clubes. Infelizmente, as pressões sempre serão maiores pelo desempenho em campo em detrimento aos aspectos financeiros. Os mandatários, além da responsabilidade fiscal, deveriam conscientizar seus torcedores, afinal uma instituição endividada não consegue contratar ou manter jogadores e tampouco lutar por troféus. 

A frustração de Felipe Neto em 2020, portanto, é totalmente justificável. Há torcedores que têm consciência de que os clubes precisam ser financeiramente sustentáveis para sobreviverem mas a maioria só quer saber de troféus a qualquer custo, mesmo que isto signifique endividar ainda mais as instituições e levá-las ao buraco a longo prazo.



Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians




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