quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Ainda Há Espaço para o Camisa 10?

Imagem extraída de www.facebook.com/ModricLuka10



A última Copa do Mundo evidenciou uma tendência do futebol atual: muitos dos times não estão mais utilizando meias-armadores preferindo lançar mão de volantes capazes de atuarem mais adiantados (como Alexis Mac Allister e Nicolás de la Cruz) ou de atacantes que possam recuar para buscarem a bola (como Griezmann e Rodrygo).

Trata-se de um legado deixado pelos finados Rinus Michels e Johan Cruyff que apreciavam jogadores versáteis e capazes de desempenhar mais de uma função em campo. Mesmo os times mais físicos compreendem a importância de tal filosofia e passaram a buscar atletas com esse perfil.

O principal motivo para tal tendência é a preocupação com o preenchimento de espaços caso o time perca a bola. Muitos dos meias-armadores não recompõem bem enquanto os volantes e os "falsos noves" voltam com mais frequência para marcarem. Isto explica porque atletas como Ganso, Özil e Xavi perderam espaço no futebol atual.

A grande maioria das equipes, ademais, não constrói suas jogadas pelo centro preferindo se aproximar da área adversária pelos flancos, seja triangulando bolas pelos lados, seja avançando em velocidade pelos "corredores" para se infiltrar em diagonal. Desta forma, a escalação de meias-armadores deixou de ser essencial.  Mesmo o versátil Kevin de Bruyne fez uma Copa do Mundo fraca em 2022 e sua ausência no City não tem sido muito sentida.



Imagem extraída de www.facebook.com/KevinDeBruyne



A mesma Copa de 2022, por outro lado, foi a consagração do jovem Jude Bellingham e também do veterano Luka Modrić que hoje, coincidentemente, são colegas no Real Madrid. Os dois meias, que também podem atuar recuados como segundos volantes, brilharam durante o último Mundial e demonstraram que o camisa 10 ainda pode fazer toda a diferença em campo, mas foram exceções honrosas em um campeonato onde os armadores fracassaram.

O meia-armador, porém, deixou de ser imprescindível com as mudanças do futebol durante as últimas décadas e, com o advento das jogadas pelos lados, a tendência é de que seja um tipo de jogador menos procurado durante as próximas janelas de transferências -no máximo, serviriam para compor elenco ou como opção no banco para surpreender rivais.

Resta aos meias tentarem se reinventar no futebol (como fez Toni Kroos) ou esperar que o esporte volte a oferecer espaço aos maestros, assim como aconteceu com os camisas 9. Ainda há alguns times que lançam mão dos armadores mas a atual tendência é de que eles não sejam muito acionados durante o presente contexto.



Imagem extraída de www.facebook.com/RealMadrid




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