domingo, 14 de janeiro de 2024

O Trote




Um ano havia se passado desde que eu comecei a fazer estágio no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB). Foi quando um colega de laboratório resolveu me passar um "trote", aquelas brincadeiras que veteranos fazem para pregar peças em novatos. Bom, eu não já era exatamente um iniciante mas caí como um patinho!

Meu colega pediu para ir até o laboratório 117 (sim, aquele do professor palmeirense!) buscar mitocôndrias -uma organela de células que, grosseiramente escrevendo, serve para gerar sua energia. Um amigo, que estava no ICB há bem mais tempo do que eu se ofereceu para ir junto comigo e pegamos um frasco para buscar as tais mitocôndrias.

Quando já estávamos no corredor, meu colega saiu gritando avisando que era "brincadeira". Não faço ideia por que ele mudou de ideia tão subitamente mas ele deve ter se arrependido, ou então ficou preocupado que eu e meu amigo fôssemos levar algum esporro no outro laboratório.






Descobri posteriormente que esse tipo de brincadeira era mais comum do que eu imaginava. Cerca de um ano depois, uma ingressante apareceu no laboratório onde eu trabalhava pedindo 10mL de ATP (o "combustível" das células que é bastante instável) e o meu chefe explicou que era "zoeira". E ele não perdeu a chance de tirar um barato da garota!

Uma pena que o pessoal mais "zoeiro" do laboratório tenha ido embora logo. Todos foram para o exterior realizar parte do doutorado em outros países enquanto eu ainda estava pleiteando um mestrado durante aquela época. Esses colegas, aliás, sugeriram que aquela garota que apareceu pedindo ATP levasse 10mL de ácido butírico, uma substância de odor extremamente desagradável -lembra o aroma de Cheetos Bola!

Eu fiquei surpreso com a brincadeira mas levei na "esportiva". Aliás, foi uma pena que ele não deixou o "trote" ir até o final! Como meu amigo estava junto comigo durante a ocasião, aquele colega teria pego dois patos com um tiro só!







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