segunda-feira, 20 de março de 2023

O Chefe

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Rogério Ceni sempre foi o centro das atenções no São Paulo. O ex-goleiro possui mais de vinte anos dedicados ao clube como jogador, foi um líder nato no elenco, era amado pelos torcedores e, verdade seja dita, gozava de muitos privilégios na instituição.

O treinador, porém, vem percebendo que o cenário mudou bastante durante esta segunda passagem pelo clube. A sua relação com torcedores e com o elenco é bem diferente dos tempos em que defendia as balizas do Tricolor. A idolatria desapareceu, as cobranças aumentaram e o paranaense é muito mais contestado pelos seus erros.

Ceni, como jogador, sempre teve autoridade para questionar os colegas no vestiário. Agora como treinador ele percebe que não mais pode cobrar os atletas como fazia em seus tempos de goleiro. O paranaense já sentiu isto na pele enquanto comandava o Cruzeiro e o técnico acabou derrubado próprio grupo quando peitou as lideranças do time celeste. E a história agora se repete com o incidente envolvendo o meia Marcos Paulo.

O treinador, mais do que ninguém, deveria saber o quanto os jogadores são poderosos e podem facilmente derrubar um técnico. O próprio Ceni já foi acusado de fazer "motim" contra Ney Franco em meados de 2013. Ademais, é sempre mais barato para um clube demitir o comandante do que vários atletas descontentes, lembrando que os futebolistas também são "ativos" da instituição e afastá-los ou dispensá-los significa a sua consequente desvalorização.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Ceni dificilmente será demitido pelo incidente com Marcos Paulo apesar dos riscos. Segundo o jornalista Cosme Rímoli, o ex-goleiro serve de "escudo" para seus dirigentes e, em razão disto, seguirá no comando. Isto ficou evidente durante o ano passado quando o treinador e o meia Patrick se desentenderam -o jogador, apesar de "perdoado", optou por deixar o Tricolor.

O ego de Ceni aliado ao seu excesso de poderes no clube, porém, ainda podem causar a ruína do time se os dirigentes não controlarem bem o seu ambicioso treinador. A perda do elenco é o primeiro passo para os resultados ruins e consequente crise na equipe. E, se isto acontecer, o presidente Julio Casares não terá outra saída senão abrir mão de seu precioso "escudo".

Ceni, justiça seja feita, sempre fez muito pelo São Paulo mas seu legado não o exime da responsabilidade pelos tropeços de sua equipe. Ademais, o ex-goleiro deve ter consciência: sua relação com os torcedores e, principalmente, com o elenco é muito diferente dos seus tempos de atleta. Descontentar os jogadores e os fãs pode trazer consequências graves, para o time e para o próprio treinador.



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