domingo, 20 de setembro de 2020

O Vizinho do 117




Passei um bom tempo no Instituto de Ciências Biomédicas entre estágio, pós-graduação e alguns trabalhos por fora. Inevitavelmente, acabei fazendo muitos amigos, incluindo outros estagiários, pós-graduandos, funcionários e docentes.

Eu trabalhava no laboratório 105. Meu orientador era muito amigo de outro docente, que ocupava o laboratório 117. Como ambos faziam muitos trabalhos juntos em colaboração, eu frequentava bastante o local. Fiz amizade com o pessoal de lá e também com o professor responsável.

O professor do 117 era palmeirense fanático, daqueles que não perdia a oportunidade de tirar um sarro dos outros times. Torço para o São Paulo e, inevitavelmente, fui vítima das gozações! Como o meu time não atravessava bons momentos durante o tempo que trabalhei no Instituto, nunca tive a oportunidade de dar o troco.

Lembro das vezes quando meu time perdia e eu "me escondia" do vizinho do 117. Em tom de brincadeira, eu evitava passar na frente de seu laboratório. Ou, então, deixava recados avisando que eu não estava. E, acreditem, como ele era muito próximo do meu orientador, as chances dele aparecer no lugar onde eu trabalhava eram bastante altas.






Deixei o instituto definitivamente em 2015 e estive lá em algumas poucas oportunidades desde então. Passei por alguns momentos difíceis e não me animei muito em realizar tantas visitas. Aliás, uma das poucas vezes que fui lá (acho que era 2017) eu senti um clima muito pesado no edifício. Soube que um aluno havia se suicidado dias antes daquela oportunidade. Meu ex-orientador também já não estava mais lá -soube que ele havia deixado o cargo há algum tempo.

Encontrei o vizinho do 117 uma única vez durante as visitas que realizei ao instituto, mas não houve tempo para conversarmos na ocasião. Talvez até melhor porque meu time estava na zona de rebaixamento naquela ocasião e o dele estava em lua-de-mel com a Crefisa.

Não tive mais notícias do vizinho do 117 desde então. Não faço ideia se ele continua na ativa ou se ele se aposentou. Ainda tenho contato com seus ex-alunos mas nunca perguntei nada a seu respeito. Aliás, nem do meu ex-orientador eu busquei informações a seu respeito. Nem tive a oportunidade de contar para os dois que eu encontrei me encontrei com o Leivinha, ex-atacante do Palmeiras pertencente à mesma geração de Ademir da Guia, em uma festa -meu ex-chefe também é palmeirense.  

Se eu encontrasse o vizinho do 117 neste exato momento, eu certamente pegaria todos os arquivos que eu recebi através WhatsApp (60% das mensagens são piadas a respeito do Palmeiras) e mostraria um por um só para me desforrar (mentira, afinal eu iria aproveitar a oportunidade para matar as saudades)!







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