terça-feira, 21 de julho de 2015

De Ziadne a N'Gapeth

Imagem extraída de http://worldleague.2015.fivb.com/



1998. Ano em que a Seleção Brasileira, franca favorita ao pentacampeonato mundial, foi surpreendida pela França, dona da casa pelo inapelável placar de 3x0 na final. Aquele rapaz chamado Zinédine Zidane, filho de africanos (descende de argelinos) acabou com a partida ao anotar dois dos três gols naquela fatídica final no Saint-Denis.

2015. Ano em que o Brasil sediou a final da Liga Mundial de Vôlei. Seis times haviam se classificado para a fase final: Brasil (garantido nesta fase como país-sede), Sérvia, Itália, Polônia, Estados Unidos e França. Todos, com exceção dos franceses, eram considerados favoritos ao título. Os Bleus haviam acabado de subir de uma divisão inferior da Liga, mas haviam feito uma campanha magnífica, sem nenhuma derrota e apenas quatro sets concedidos.

Por coincidência, outro descendente de africanos, o ponteiro Earvin N'Gapeth (foto acima), havia feito toda a diferença em quadra e foi eleito o MVP da competição com méritos. Filho do ex-central camaronês Éric N'Gapeth, Earvin foi o grande responsável pela magnífica campanha que a "zebra" francesa realizou neste ano de 2015.

Foi impossível para este blogueiro não se lembrar da final de 1998 na Copa do Mundo, quando a França, que nunca havia vencido um mundial até então, goleou o Brasil naquela fatídica final. A Seleção Masculina de Vôlei também perdeu para a França por um placar semelhante -3x1 sets- e a derrota custou a nossa vaga para as semifinais. E me lembrei do carrasco Zidane quando vi N'Gapeth se destacando em quadra.



Imagem extraída de http://worldleague.2015.fivb.com/



Mas o que a França havia feito de tão especial para merecer o título? Tudo bem que N'Gapeth foi o destaque, mas no vôlei há pouco espaço para as individualidades. Havia algo "mágico" naquele grupo.

O comentarista e ex-jogador Carlão explicou tudo durante a transmissão da final da Liga Mundial no Sportv: com jogadores de estatura inferior a sérvios, poloneses ou norte-americanos, os franceses não poderiam competir em força ou no bloqueio contra os rivais de físico privilegiado. A França, então, investiu em técnica e na execução dos fundamentos.

Poucos atletas desta brilhante Seleção Francesa atuam em ligas de renome. Apenas o próprio N'Gapeth joga na Rússia. A grande maioria joga na própria França, país onde o vôlei ainda não é tradição.

O vôlei francês, com o título, deu um grande passo rumo ao crescimento da modalidade. Mais do que isso, mostrou que o vôlei não vive apenas de atletas altos e com cortadas poderosas para se consagrar. Isto, aliás, foi mais ou menos o que defendi em outro post, quando valorizei a importância dos atletas "baixinhos".

A vitória da técnica francesa sobre os grandões mostrou que o vôlei não precisa apenas da rede para fazer um time ser campeão. A leveza e a técnica dos Bleus derrubou os rivais grandalhões e, com certeza, fará com que as equipes encarem o vôlei sob novas perspectivas.



Imagem extraída de http://worldleague.2015.fivb.com/



"MARACANAZINHO"

Não bastou o Brasil ter ficado fora das finais em casa. Nenhum atleta brasileiro foi eleito para a seleção da Liga Mundia 2015. Os escolhidos foram:


MVP: Earvin N'Gapeth (França)

Melhor Levantados: Benjamin Toniutti (França)

Melhores Ponteiros: Earvin N'Gapeth (França) e Michał Kubiak (Polônia)

Melhores Centrais: Maxwell Holt (Estados Unidos) e Srećko Lisinac (Sérvia)

Melhor Oposto: Aleksandar Atanasijević (Sérvia)

Melhor Líbero: Paweł Zatorski (Polônia)


Ainda é cedo para se falar em uma "crise" no vôlei masculino, mas a eliminação precoce em casa deixa o sinal amarelo aceso na Seleção, afinal termos as olimpíadas no ano que vem e algo precisa ser feito, ou uma nova derrota em casa será inevitável.



ENQUANTO ISSO, NO FEMININO...

Imagem extraída de http://worldgrandprix.2015.fivb.com/

Se no time masculino o clima é de preocupação, no feminino é só festa. A Seleção venceu suas três partidas válidas pela terceira rodada do Grand Prix. Detalhe: das titulares, apenas a levantadora Dani Lins está atuou, uma vez que o treinador Zé Roberto e boa parte do elenco foi disputar os Jogos Panamericanos em Toronto. O Brasil fez a melhor campanha da fase de grupos com nove vitórias, nenhuma derrota e apenas dois sets concedidos. Os desfalques não foram sentidos e a equipe segue embalada para a fase final a ser disputada nos Estados Unidos. Pelo jeito, teremos muitas opções para cobrir eventuais desfalques nos próximos anos.


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