sábado, 15 de agosto de 2015

Plano B

Imagem extraída do Facebook oficial do Palmeiras- https://www.facebook.com/sePalmeiras/



Certos estilos de jogo fazem tanto sucesso em campo que os times acabam se tornando reféns de tais estratégias.

O Barcelona de Guardiola e a Espanha de Vicente Del Bosque, por exemplo, tornaram-se tão dependentes do Tiki-Taka e desaprenderam a jogar de outras formas. Ambos os time continuavam obtendo sucesso a despeito de mudarem pouco seu estilo de jogo, o que ajudou a mascarar as fraquezas de tal estilo de jogo. E ambos acabaram sofrendo eliminações dolorosas diante de rivais que encontraram pontos fracos no magnífico futebol espanhol -as duas linhas de quatro postadas frente ao gol ou pressão na saída de bola.

O São Paulo de Muricy Ramalho foi campeão brasileiro três vezes seguidas utilizando uma tática oposta: o time permanecia recuado no campo de defesa e oferecia a bola para o rival jogar. Tudo o que o Tricolor precisava fazer, então, era tomar a redonda e armar um contra-ataque rápido aproveitando os espaços deixados pelos rivais. A alegria são-paulina durou até 2009, quando o esquema de três atacantes voltou a ganhar espaço no Brasil e isto sobrecarregou a defesa tricolor, inutilizando o 3-5-2 de Muricy.

É claro que os times precisam ter algum modus operandi em campo devidamente adaptado às características dos jogadores. Não adianta, por exemplo, uma equipe atuar no jogo aéreo se os homens de área forem baixinhos e/ou fracos no cabeceio. O treinador precisa ter bom senso na hora de adotar um esquema tático para sua equipe. Um erro comum de nossos técnicos, aliás, é justamente a sua falta de flexibilidade, uma vez que quase todos vêm com uma estratégia em mente ao invés de adotar um estilo de jogo de acordo com os jogadores que tem a disposição.

As equipes, no entanto, precisam conhecer mais de uma maneira de atuar. Um time estritamente defensivo, por exemplo, tende a jogar mais sem a bola do que com ela. E quando um rival se utiliza da mesma arma e obriga o time a jogar com a bola? O que fazer?

Foi o que aconteceu com o Corinthians em 2014. O Timão quase sempre levava a melhor sobre os rivais da parte de cima da tabela (Cruzeiro, São Paulo, Internacional, ...) porque tais adversários possuíam características mais ofensivas e facilitavam o trabalho do defensivo Coringão na hora de roubar a bola para articular um contra-ataque. O mesmo Corinthians, contudo, sempre tinha dificuldades para superar rivais da parte de baixo (Figueirense, Chapecoense, Criciúma, ...) porque estes adversários também eram estritamente defensivos e obrigavam o Timão a jogar com a bola, um estilo que o clube paulista não estava acostumado a adotar e o time de Itaquera perdeu muitos pontos diante desses oponentes na temporada anterior.

Estas ideias são justamente as defendidas pelo treinador do Palmeiras, Marcelo Oliveira (foto). Marcelo sempre elogiou o estilo de jogo do Palmeiras, que consiste em pressionar a saída de bola rival e articular um contra-golpe no próprio campo ofensivo.

O mesmo Marcelo, porém, já vinha alertando que o seu time também precisava adotar um segundo estilo de jogo: atuar com a bola nos pés. As palavras do treinador fizeram sentido nos últimos três jogos disputados pelo Verdão, quando a equipe do Palestra foi derrotada da mesma maneira: os rivais recuavam e obrigavam o Alviverde a jogar com a bola. Mesmo com tantos atletas bons de bola a disposição (Arouca, Cleiton Xavier, Dudu, ...), o Palmeiras não conseguiu atuar com a posse da redonda e foi presa fácil dos adversários mais defensivos.

A boa sequencia de sete jogos invictos haviam mascarado as fraquezas do Palmeiras, da mesma forma que estavam ocultando os pontos fracos das equipes mencionadas. As três derrotas seguidas foram a dura chamada à realidade para o Verdão, da mesma forma que aquela eliminação precoce na última Copa do Mundo foi o aviso de que a Espanha também precisava mudar. Até então, o Tiki-Taka também era "perfeito", mas hoje é considerado como "manjado".

Todos os times precisam ter um padrão de jogo. Mas os mesmos times também precisam estar preparados para atuar de outras maneiras, ou mesmo improvisar em campo se necessário, afinal os rivais nem sempre vão ficar estáticos e aceitando o ritmo das equipes. Do outro lado também há cérebros capazes de raciocinar e promover o chamado "nó tático", desmontando a estratégia das equipes.



Imagem extraída do Facebook oficial do Coritiba- https://www.facebook.com/coritibaoficial/



CAMINHÃO BASCO-LANTE

O Athletic Bilbao recebeu o Barcelona na primeira partida válida pela Supercopa de España. E os bascos deram uma tremenda surra nos catalães (4x0 para os donos da casa), a despeito do Barça contar com o elenco praticamente completo (apenas Neymar e Jordi Alba não estavam a disposição). Para a sorte do treinador Luis Enrique, haverá uma partida de volta a ser realizada no Camp Nou, mas agora ficou difícil cumprir a promessa do "Sextete" (a conquista dos seis títulos possíveis no ano).



ESBOÇO PARA A TEMPORADA

O Bayern ainda não atuou em sua plenitude e, mesmo assim, não teve absolutamente nenhuma dificuldade para golear o Hamburger (ou Hamburgo) por 5x0, na partida que abriu a Bundesliga 2015-16. E o jogo deixou evidente como será a expectativa para as duas equipes na temporada, com os bávaros lutando por mais um troféu e os Dinossauros brigando para não caírem.



ENQUANTO ISSO, NO PARAPAN...

O Brasil continua sobrando no Parapan após sete dias de competição. Estamos com nada menos do que 255 medalhas, sendo 107 de ouro, 74 de prata e 74 de bronze. Enquanto os paratletas estão fazendo bonito em Toronto e nos enchendo de orgulho, vejo pouquíssima atenção ao deficiente físico no Brasil. As calçadas ruins, ausência de rampas de acesso e a falta de respeito com o deficiente contrastam com o sucesso que nossos paratletas estão fazendo lá fora. É bom lembrar que eles não estão lutando apenas por medalhas. Eles também estão lutando por um mundo mais acessível ao deficiente físico.


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