terça-feira, 8 de setembro de 2020

Separação de Bens

Imagem extraída de www.facebook.com/Gremio/



Fanfarrão, boleiro, namoradeiro, ... A aparência descontraída e descompromissada de Renato Gaúcho ocultava um grande treinador, competente e vitorioso. O ex-atacante foi ídolo do Grêmio no passado quando conquistou Libertadores e Mundial durante os anos 80. Agora, no banco de reservas, quase repetiu o feito (conquistou o tricampeonato da Libertadores e foi vice no Mundial). Porém esta linda relação pode estar perto de um ponto final.

Renato começou a treinar clubes no Rio de Janeiro utilizando sua experiência em campo aliado aos ensinamentos de seu mentor Valdir Espinosa. E ele sempre fez isso utilizando a linguagem dos boleiros para ter proximidade de seus atletas. Seu potencial ficou evidente entre 2007 e 2008 quando foi campeão da Copa do Brasil pelo Fluminense e depois vice na Libertadores com o Tricolor. De lá pra cá, foram muitos altos e baixos em sua carreira no banco de reservas.

Quase oito anos depois, em 2016, Renato aceitou o desafio de tirar o seu Grêmio de uma crise e o resultado saiu melhor do que a encomenda, com o time conquistando Copa do Brasil e, posteriormente, Libertadores. O treinador demonstrou que havia amadurecido no banco sem deixar de lado sua fanfarronice. Suas equipes jogam um futebol que alia a ofensividade de Espinosa com o pragmatismo de um Felipão ou de um Mano Menezes. Outro segredo de seu sucesso é mesclar atletas jovens revelados no próprio clube (Luan, Pepê, Jean Pyerre, Everton, ...) com veteranos desacreditados (Barrios, Diego Souza, Léo Moura, Cortez, ...).

O repertório de Renato, porém, parece apresentar sinais de esgotamento em 2020. O seu Grêmio só venceu uma vez no Brasileirão. Sua equipe parece ter dificuldade de se impôr mesmo diante de rivais da parte de baixo da tabela e o Imortal vêm se aproximando da zona de rebaixamento com os resultados. Consequentemente, o treinador já vem sendo questionado pelo torcedor e sua demissão já passa a ser cogitada.


Imagem extraída de www.facebook.com/Gremio/



A má fase do Grêmio, porém, não pode invalidar o que Renato fez pelo clube nos últimos anos. As estratégias do treinador podem estar manjadas, mas o técnico ainda tem um bom elenco, opções no banco para tentar mudanças e, principalmente, ainda tem o grupo nas mãos. Seria prudente, portanto, aguardar uma reação do comandante.

O ideal seria aguardar o término da temporada 2020 para se discutir a permanência do técnico, bem como uma reformulação no grupo. Renato ainda possui três boas chances de terminar o ano com pelo menos um troféu (Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores), mas o treinador precisa ser cobrado pelos resultados apresentados. E também precisa tirar seus jogadores da zona de conforto.

A rescisão de contato do meia Thiago Neves, que sempre era defendido por Renato, foi um duro aviso da diretoria ao treinador.

Renato merece todo respeito e confiança do Grêmio por tudo o que fez pelo clube, seja como jogador, seja como treinador. Mas o técnico precisa ter consciência de que o futebol evolui e que o tempo passa para todos, inclusive para os ídolos.



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