quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Teorias da Conspiração

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague/



Passei alguns dias tentando buscar explicações para o desfecho da edição 2019-20 da Champions League, afinal neste ano eu escrevi uma teoria explicando por que times ingleses e espanhóis tiveram êxito na competição durante os últimos anos.

As semifinais da última edição contaram apenas com equipes alemãs (Bayern München e Red Bull Leipzig) e francesas (Paris Saint-Germain e Lyon), times cujas ligas estão entre as mais polarizadas da Europa, o que contradiz totalmente a teoria que esbocei no texto de janeiro.

A Ligue 1 da França tornou-se uma competição de um time só desde que um grupo catari adquiriu o Paris Saint-Germain em 2011. Desde então, a equipe parisiense só não venceu a competição em 2011-12 (quando o Montpellier faturou o troféu) e em 2016-17 (quando o Monaco, que pertence ao magnata russo Dmitry Rybolovlev, levou a taça).

A Bundesliga da Alemanha, da mesma forma, tem sido uma competição monopolizada pelo Bayern München há muito tempo. São raras as equipes que conseguem fazer frente ao colosso bávaro -a última foi o Borussia Dortumund durante as temporadas 2010-11 e 2011-12, na época comandado por Jürgen Klopp.

A falta de competitividade destas ligas foi considerada um fator determinante para os insucessos de times franceses e alemães na Champions. Muitos jornalistas e comentaristas esportivos apontavam a necessidade de competições nacionais fortes para a formação de equipes vitoriosas em nível internacional. Por que, então, esta aparente discrepância na temporada 2019-20?


Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague/



Comecemos pelo significado da própria palavra "teoria". Uma "teoria" pode ser refutada desde que se apresente argumentos sólidos ou provas que sustentem a resposta. Bem diferente de um "dogma", que é algo que não pode ser negado ou refutado. O texto de janeiro e qualquer outro que eu tenha escrito, portanto, podem ser rebatidos ou rejeitados.

A interrupção da temporada devido à pandemia de COVID-19 certamente influenciou alguns dos resultados. Equipes como a Lazio e o Barcelona atravessavam um bom momento antes da paralisação. Ambas, porém, não conseguiram manter o mesmo ritmo após a retomada das competições e sucumbiram em algum momento. Em contrapartida, o Bayern, que fazia uma campanha apenas "protocolar" antes da interrupção, decolou na Bundesliga e na própria Champions, deixando os concorrentes para trás na disputa pelos troféus.

Um outro fator a ser considerado foram as disputas em jogo único a partir das quartas-de-final. Sem a possibilidade de uma partida de volta, as equipes tiveram de ser ainda mais cautelosas uma vez que não teriam uma segunda chance para reverter eventuais revezes. Em situações assim, times com mais força mental ou que erram menos quase sempre têm mais sucesso. A apatia do Barcelona ou os erros individuais do Red Bull Leipzig, por exemplo, foram determinantes para a eliminação destas duas agremiações.

Há, por fim, a própria aleatoriedade do futebol, aquela que permite que equipes muito inferiores consigam triunfar sobre times com melhores elencos ou poderio econômico. Durante a própria edição 2019-20 da Champions o Lyon levou a melhor sobre o milionário Manchester City a despeito das discrepâncias financeiras e técnicas entre os dois clubes. A tal "aleatoriedade", chamada de "zebra" por nós brasileiros, é ainda mais frequente em jogos de mata-mata devido aos motivos que expliquei no parágrafo acima.

O fato da Champions 2019-20 ter um desenrolar atípico, contudo, não invalida os méritos das equipes participantes. Uma liga mais competitiva forma equipes mais fortes por obrigá-las a sair do comodismo mas não oferece garantia de sucesso.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague/


 
 

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