quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Começar de Novo

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc/



Tiago Nunes, Odair Hellmann, Eduardo Coudet, Rafael Dudamel, ... Mais treinadores jovens, com idade inferior a cinquenta anos, ganharam espaço nos clubes que disputarão a Série A do Brasileirão neste ano de 2020. Isso sem mencionar os que já estavam à frente de seus respectivos times desde o ano passado, como Fernando Diniz, Rogério Ceni e Roger Machado.

A procura por treinadores mais jovens evidencia uma necessidade de nosso futebol que é a busca por novas ideias. Se ainda revelamos muitos talentos em campo, nós estamos estagnados no banco de reservas visto que nossos "professores", de modo geral, ainda apostam em filosofias que funcionavam nos anos 90 mas que hoje não têm mais eficácia.

Os dirigentes quase sempre buscavam medalhões porque acreditavam que eles repetiriam o sucesso do passado e também porque treinadores mais experientes teriam mais estofo para cobrar o elenco quando necessário.

O sucesso recente de treinadores estrangeiros (Jorge Jesus no Flamengo e Jorge Sampaoli no Santos) e de técnicos mais jovens (Fábio Carille no Corinthians e Tiago Nunes no Athletico Paranaense), contudo, foram provas cabais de que o futebol brasileiro precisava de novas ideias, sejam elas vindas do exterior ou de mentes mais arejadas.

Contratar treinadores mais jovens, porém, tem seus "efeitos colaterais". Muitos desses novatos têm dificuldade de se impor diante dos líderes do elenco, algo que aconteceu com Roger Machado quando dirigiu o Palmeiras em 2018. Os técnicos também demoram para implementar seus inovadores planos de jogo e a equipe oscila muito inicialmente, algo que acarretou a demissão de Fernando Diniz do Athletico (2018) e do Fluminense (2019). Pensando a curto prazo, é uma aposta menos segura do que investir em um comandante mais experiente.



Imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional/



É de nossa índole, de modo geral, sempre apostar nos caminhos já trilhados ainda que os destinos não tenham sido exatamente os melhores. Poucos gostam de arriscar porque "arriscar", como a palavra sugere, envolve "riscos", algo que poucos desejam correr em nome dos resultados a curto prazo.

O resultado é que o futebol brasileiro permanece na mesmice, com poucas ideias novas. Não obstante, são poucos os treinadores brasileiros que buscam se atualizar. Muitos de nossos "professores" acabam se acomodando respaldados pelas suas conquistas do passado e deixam de inovar. Como consequência, placares como o 7x1 sofrido diante da Alemanha não surpreendem mais.

Contar com treinadores mais jovens envolve riscos. Eles não têm muita experiência, raramente impõem respeito diante dos líderes do grupo e a maioria possui ideias arrojadas demais que levam tempo para serem assimiladas.

Treinadores mais jovens, por outro lado, nos oferecem justamente a ousadia e as inovações que nosso futebol precisa. Ademais, os medalhões não vão dirigir equipes pelo resto da vida. Algum dia será necessário conceder espaço às próximas gerações de técnicos. Por fim, ninguém adquire experiência se não recebe oportunidades.

Equipes como o Barcelona e o Real Madrid se viram obrigadas a apostarem em novos talentos no banco de reservas, com Guardiola e Zidane respectivamente. Os trabalhos sofreram oscilações iniciais mas os frutos vieram a longo prazo e hoje os dois estão entre os melhores treinadores do mundo.

O Brasil, lentamente, vem chegando à conclusão de que precisa de novas ideias no futebol. A busca por treinadores mais jovens demonstra o quanto estamos insatisfeitos com a mesmice e que, aos poucos, estamos aprendendo com nossos erros. Aos poucos...



Imagem extraída de www.facebook.com/atletico




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