terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Profissão Jogador

Imagem extraída de www.facebook.com/cruzeirooficial/



Quem não se lembra daquele áudio em que o meia Thiago Neves, hoje no Grêmio, revindica parte dos salários atrasados aos dirigentes do Cruzeiro? O áudio em questão foi amplamente divulgado e hoje virou meme na internet.

Muitos, na época, ficaram contra o jogador que, coincidência ou não, perdeu um pênalti no jogo seguinte após a divulgação do áudio. O meio-campista passou a ser ainda mais hostilizado e não mais entrou em campo pelo Cruzeiro desde então.

É muito raro ver jogadores e torcedores caminhando juntos quando o assunto é salário atrasado dos atletas. Na maioria das vezes, futebolistas que demonstram insatisfação com esse tipo de situação passam a ser hostilizados ou até mesmo perseguidos. O meia Michel Bastos que o diga durante sua passagem pelo São Paulo.

Já escrevi muitas vezes que jogar futebol é uma profissão. Atletas não jogam futebol apenas porque gostam, mas também porque é através do esporte que eles conseguem o sustento para suas vidas. Como em qualquer emprego, o jogador deseja que seu trabalho seja honrado da mesma forma que clube e torcedor querem que o futebolista honre seu salário e a instituição que representam.

É fato que muitos jogadores, principalmente os que defendem os grandes clubes, recebem salários muito acima da realidade da maioria dos brasileiros. Não é raro ver jogadores ostentando roupas caras, dirigindo carros importados, morando em casas de luxo e frequentando festas de alto padrão.

É fato também que jogadores têm pleno direito de exigirem o que está escrito no contrato que assinaram com o clube e protestarem quando a instituição não honra com a sua parte. E não importa se ganham cem ou cem mil Reais por mês, afinal nenhum jogador vai a campo arriscar sua saúde e se sacrificar apenas por "amor a camisa".



Imagem extraída de www.facebook.com/cruzeirooficial/



A culpa, obviamente, é das administrações irresponsáveis que oferecem contratos longos e salários acima do que o clube pode pagar aos jogadores. E quando a situação aperta quem paga as contas são os clubes.

São Paulo, Santos, Vasco, Fluminense e Botafogo foram mais alguns dos clubes que tiveram problemas de atrasos no pagamento dos atletas durante 2019. E parecem não ter aprendido mesmo com o triste caso do Cruzeiro. O Tricolor Paulista, por exemplo, já atrasou vencimentos e direitos de imagem equivalentes ao mês de janeiro deste ano.

Quando o rendimento do time cai em decorrência dos atrasos, os jogadores são chamados de "mercenários" e passam a ser ameaçados com frases como "joga por amor ou joga por terror". Que atleta gostaria de jogar em clubes que dão calote e ainda há ameaças quando o jogador protesta?

Enquanto as administrações do clube permanecerem amadoras e irresponsáveis, continuaremos a ver times grandes fazendo campanhas pífias, isso quando não passam a namorar com a zona de rebaixamento.

É muito fácil culpar apenas o jogador que está sempre exposto, mas é importante lembrar que times ruins quase sempre são reflexos de administrações ruins.



Imagem extraída de www.facebook.com/cruzeirooficial/



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