Limites

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Não há dúvida de que a torcida é muito importante para o clube, afinal são os torcedores que pagam ingresso, que incentivam o time, que pressionam os adversários, que fazem festa quando a equipe ganha e que protestam quando há algo errado.

Muitos torcedores, porém, abusam do direito de se manifestar. Muitos agem com violência (física e verbal), praticam atos de vandalismo, ameaçam jogadores e dirigentes.

Há também torcedores que vigiam jogadores até 24 horas por dia. Atletas são monitorados em festas, baladas e até em redes sociais. Acreditam que os esportistas precisam estar "totalmente comprometidos" com o clube, esquecendo-se de que futebolistas também são seres humanos e que necessitam de momentos de lazer.

Pior são dirigentes que permitem que torcedores interfiram na política dos clubes. Dessa forma, cartolas acabam tomando decisões precipitadas ou até injustas apenas para fazerem média com a torcida. Há ainda aqueles que ao invés de resolverem os problemas da instituição pelos métodos legais, jogam o problema para a torcida. Quantos jogadores já foram obrigados a deixarem seus times após sofrerem ameaças de torcidas com a conivência de diretorias incompetentes?

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Sim, torcedor tem o direito de protestar, de cobrar e de se manifestar.

Não, torcedor não tem o direito de ameaçar, de depredar ou de cometer qualquer crime em nome do clube que ele diz amar.

O torcedor pode ficar insatisfeito com a postura do jogador ou do time, com alguma eliminação ou com qualquer rebaixamento. Mas isso não justifica destruir patrimônio alheio ou ameaçar a integridade física de alguém.

Imaginem como seria se um funcionário tivesse que pensar em seu trabalho 24 horas por dia, sem o direito de se divertir ou de descansar. Imaginem se este trabalhador tivesse sua vida constantemente vigiada e, caso fosse flagrado bebendo ou se divertindo, tivesse a sua integridade física ameaçada sob o argumento de que não está 100% comprometido com a instituição que paga seus salários. Muitos jogadores acabam se encontrando neste tipo de situação diante de sua torcida.

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Jogadores muitas vezes acabam sendo alvo de seu torcedor de forma injusta. Não foram raros casos de atletas que reclamaram publicamente de salários atrasados e passaram a ser perseguidos. Michel Bastos no São Paulo ou Thiago Neves no Cruzeiro, por exemplo, podem ter cometido seus deslizes, mas tinham todo o direito de protestarem por atrasos nos vencimentos. Ou, por acaso, jogar bola não é profissão?

Torcedores precisam respeitar seus limites e também os times para os quais torcem, da mesma forma que exigem isto de jogadores e dirigentes. É sabido que há cartolas e atletas que pensam apenas em si mesmos em detrimento aos clubes, mas nem tudo pode ser considerado desrespeito às instituições.

Torcedor também é parte do clube. Tem seus direitos mas também tem seus deveres. Não podem interferir livremente em todas as esferas da instituição.

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