sábado, 1 de fevereiro de 2020

Porco Escaldado

Imagem extraída de www.facebook.com/crefisa/



Inicialmente eu publicaria hoje um balanço do blog, afinal estamos completando um mês desde que retornamos às atividades, mas optei por postergar a postagem.

Resolvi, então, escrever um pouco mais sobre o Palmeiras, afinal foram poucos os posts sobre o alviverde desde que o blog voltou a receber atualizações -nosso único texto até o momento foi uma análise sobre o que esperar do Verdão em 2020.

O Palmeiras, como se sabe, firmou uma parceria com o banco Crefisa no início de 2015. Desde então, o parceiro tem investido pesado no clube que, por sua vez, vem montando elencos milionários graças aos recursos do parceiro.

Foi impossível para mim, no entanto, não lembrar de outras duas parcerias de sucesso do clube com outras empresas, mas que terminaram de forma trágica quando ambos os negócios foram desfeitos.

Eu cresci assistindo ao Palmeiras da década de 90. O clube, na ocasião, vivia um jejum de 17 anos sem títulos até que em 1992 a Parmalat fechou uma parceria com o Verdão. Desde então, chegaram muitos astros ao Palestra incluindo Clebão, Roberto Carlos, Cafu, Zinho, Mazinho, Alex Cabeção, César Sampaio, Edmundo, Evair e tantos outros craques. O jejum de títulos acabou e o alviverde conquistou a tão sonhada Libertadores em 1999. Mas a Parmalat passou a sofrer graves problemas financeiros no início dos anos 2000, a parceria foi desfeita, o clube ficou sem recursos para manter equipes competitivas e terminou rebaixado em 2002.

Houve outra parceria, em 2008, quando o fundo de investimento Traffic passou a injetar recursos no Verdão. O parceiro compraria jogadores e utilizaria o Palmeiras como vitrine para que os atletas fossem negociados posteriormente. Vários jogadores considerados promissores vieram ao Palestra, como Kléber Gladiador, Henrique, Keirrison, Diego Souza e tantos outros. Mas a parceria foi desfeita no ano seguinte e o clube, mergulhado em uma grande crise, agonizou até ser rebaixado novamente em 2012.



Imagem extraída de www.facebook.com/crefisa/


O que escrevi acima não significa que a parceria Palmeiras-Crefisa terminará mal como aconteceu com a Traffic ou a Parmalat, mas o Verdão é um gato que já foi escaldado duas vezes no passado e deveria se precaver para que a tragédia não se repita uma terceira vez.

O clube deveria aproveitar a situação econômica favorável e amortizar ao máximo ou mesmo liquidar eventuais dívidas. Não é necessário agir como Bandeira de Mello que melhorou a situação financeira do Flamengo em detrimento ao futebol (foram poucos os títulos conquistados durante a sua gestão), mas o clube deveria diminuir ao máximo a dependência da Crefisa e estar preparado caso a parceria seja desfeita.

Recursos, aliás, o Palmeiras possui muitos outros à disposição: há os lucros do Allianz Parque, o contrato com a Puma, as cotas de televisão (Globo e Esporte Interativo), programas de sócio-torcedor, jogadores que foram vendidos nos últimos anos, ... Utilizando e administrando bem o que há a disposição, o Verdão poderia sobreviver mesmo que o parceiro deixe o clube.

Resta saber se os dirigentes palmeirenses estarão prontos caso o pior aconteça -nas outras duas ocasiões, eles não estiveram.



Imagem extraída de www.facebook.com/crefisa/




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